Exportação de gado em pé

Bovinos em barca
Bovinos em barca

Veterinária

28/05/2016

Sobre a bovinocultura de corte em relação ao efetivo do rebanho segundo levantamento de entidades que estudam a economia e outras áreas afins, o Brasil é considerado o país que possui o segundo maior rebanho bovino do mundo e um dos maiores rebanhos comerciais, onde países como Canadá, China, Austrália, Estados Unidos entre outros tem se destacado na produção de carne bovina.


De acordo com entidades que estudam a economia do país o Brasil no ano de 2009, possuía em torno de 200 milhões de bovinos e acreditasse que hoje em 2015 esse número seja maior, esse setor do agronegócio movimenta milhões de dólares por ano, no qual se tem um grande mercado consumidor fazendo movimentar a economia do país através da geração de renda, geração de empregos, desenvolvimento de regiões, fortalecimento da economia, implantação de indústrias, abertura de novos mercados consumidores etc.


Dentre essas e outras características a pecuária de corte merece destaque no cenário nacional e mundial, apresentando o país como um dos grandes produtores de alimentos tanto na parte animal quanto na parte vegetal e dentre outros fatores, tem-se que investir nessa área da pecuária de corte, por meio de iniciativas que fortaleçam o mercado, buscando melhorias em todos os setores envolvidos desde a criação do animal na propriedade até a carne que é o produto final que chega nas mesas dos consumidores, toda a estrutura do mercado necessita ser melhorada como marketing, logística, infraestrutura, transporte, mão de obra especializada dentre outras, para se produzir alimentos de qualidade e com bom valor comercial.


Dentre o que foi comentado sobre o Brasil em relação a pecuária de corte este possui grande potencial de crescimento devido a importantes características que favorecem a produção de gado de corte e algumas delas são: país de grande extensão territorial pois evita que ocorra competitividade em espaço com o homem. Além disso, por ser um país de clima tropical, o Brasil conta com água abundante e maior número de dias de pastejo, ou seja diferencia-se dos países de clima temperado pois tem uma elevada incidência de luz solar, temperaturas adequadas para o desenvolvimento de plantas forrageiras (pasto) durante todo ano que é a base da alimentação dos bovinos, tem uma variedade bem extensa de espécies forrageiras, permitindo adaptação de muitas raças ou cruzamentos de animais que são criadas no país. Inicialmente, a produção em sua maioria não adota muitas tecnologias, o que faz a carne brasileira ser de menor custo de produção quando comparado a carne de países que utilizam o concentrado (farelos) como base para alimentação animal para produção de carne, pois o bovino brasileiro em sua maioria é criado de forma extensiva, à base de pasto, exigindo maior área disponível. Mas também tem criadores que confinam os animais no período da entressafra em busca de melhores preços de mercado e disponibilizar os produtos (carne) em períodos de escassez quando os pastos não são suficientes para promover o desenvolvimento dos animais.


Existem alguns entraves para o setor tais como: política desorganizada, falta de planejamento, estoque alimentar no período seco (entressafra) ineficiente, baixos índices de natalidade, manejo inadequado, a não aplicação das práticas de bem estar animal, parte cultural pendente (social e econômica), aspectos tecnológicos (manejo do solo, equipamentos, alimentação, melhoramento genético, sanidade, construções, etc), mas há uma tendência visível de intensificação da produção e melhoria do setor.


Cenários globais presentes e previsíveis permitem afirmar que a pecuária de corte brasileira tem grandes possibilidades de se estabelecer como atividade competitiva nos mercados nacional e internacional, podendo ser, em muitas situações, conduzida em sistemas altamente intensivos, competitivos, sustentáveis e economicamente viáveis. Porém, que a produção de bovinos de corte não pode ser focada apenas no animal em terminação. Há necessidade que se estabeleçam programas que viabilizem todas as fases da pecuária, através de todo um manejo eficiente desde o nascimento do animal até o abate, com a utilização de boas práticas de produção, aplicando as técnicas de bem estar animal, promovendo a sustentabilidade desde o aspecto social até o de tratamento de resíduos, proteção de mananciais, rios etc. No tocante ao sistema de produção haverá necessidade de se fazer inversões de várias origens, especialmente, tecnológica. Sem inserção de adequadas tecnologias, nenhum segmento será capaz de vencer os desafios que são colocados pela globalização.

Sobre a exportação de gado em pé, esta atividade apresenta-se de forma geral como sendo de boa rentabilidade para os produtores e que contribui para movimentar a economia do país, o Brasil se enquadra como um dos países exportadores de gado em pé e outros países também exportam como Canadá, México e Austrália, pois efetua-se a venda de um determinado produto nesse caso matéria-prima (carne), que é a exportação do animal vivo (bovino) para outro país, este é abatido e destinado a alimentação humana, como fonte de proteína animal, porém no decorrer desse novo nicho de mercado que vem se destacando no cenário brasileiro é alvo de elogios e críticas sobre esta prática de exportação de gado em pé, onde esta atividade possui aspectos positivos e negativos que de uma forma geral precisam ser avaliados de forma crítica e objetiva, despertando o interesse da sociedade por estes e outros fatores que envolvem o país, não pode-se dizer que tal prática é a melhor ou pior mas pode-se chegar a uma ideia de equilíbrio, por meio de ajustes que ofereçam a realização eficiente da exportação de animais vivos e dessa prática que não venha a trazer prejuízos para o produtor nem para a indústria e muito menos para os animais.


A exportação de gado em pé apresenta vantagens e desvantagens de forma geral que serão expressas neste contexto para melhor entendimento por parte do leitor, onde apresenta-se:

Vantagens

A exportação o de gado em pé, no contexto social e econômico, aparece como uma alternativa de diversificação de serviços e investimentos, por exemplo, nos setores portuário e de insumos, sem falar na geração de outros postos de trabalhos indiretos;

A quantidade de empregos diretos e indiretos gerados, por exemplo, na indústria de insumos, que inclui os segmentos de produção de sementes, defensivos, fertilizantes, medicamentos, suplementos minerais, rações, produtos para reprodução, maquinários e equipamentos, entre outros;

Este valor é agregado ao pecuarista e, consequentemente, para a indústria de insumos. É fato que quando a pecuária vai bem, a indústria de insumos também ganha, pela possibilidade do pecuarista investir em tecnologia.


Desvantagens

As exportações de produtos primários sem definir preços justos levam a baixa renda do produto, preço de demanda pode ser desfavorável, pouca capacidade de reter benefícios;

Quando o transporte dos animais é feito de forma inadequada ocorre danos aos animais durante longas jornadas, valor da carne diminui, tem muitas lesões, diminui valor agregado do produto que atingem outras cadeias produtivas como indústria de alimentos, pecuária, comércio varejista e atacadista etc;

A não correta fiscalização de produtos destinados à exportação pode ocorrer o risco de contaminação (transmissão de doenças) em outros países e com isso o país importador para de comprar um determinado produto com isso levando a grandes prejuízos econômicos para o país exportador.


No contexto exposto foi colocado algumas vantagens e desvantagens da exportação de animais vivos, mas a grande problemática é continuar com essa prática que é o que os criadores do Pará estado da federação que mais vem se destacando além de outros na exportação de gado em pé, ou deve-se proibir essa prática que é o que as indústrias frigoríficas desejam juntamente com a World Society for the Protection of Animals (WSPA). É uma decisão difícil de ser tomada. Portanto eu Alberto na opinião de pessoa (cidadão) realizando uma visão crítica do assunto e que faço parte da sociedade acredito que essa prática deve continuar desde que sejam feitas inúmeras mudanças que envolvem todo esse processo de exportação.


Essas mudanças deveriam ser iniciadas muito antes dos animais serem exportados, deveriam se iniciar na propriedade, através de boas práticas de criação e manejo, a se iniciar lá na vaca que irá parir de fêmea ou macho que futuramente irá compor um rebanho ou não, devendo-se ser adotado todos os cuidados e deveres necessários que envolvem um correto desenvolvimento do animal, abrangendo todos os aspectos relacionados entre nutrição, manejo, ambiência, bem estar, manejo sanitário, cuidados pós porteira desde o transporte, abrangendo o carregamento, descarregamento dos animais, a chegada ao porto ou frigorífico, as condições do meio de transporte que o animal está inserido, as condições de instalações que o animal será colocado no navio ou frigorífico, como será o ambiente onde o animal será abatido, como será feito esse abate, etc. Muitas dessas mudanças que poderá ocorrer de forma mais efetiva num futuro um pouco distante para o Brasil, já está sendo cobrado por países europeus que venham a adquirir produtos como (animais), com fins para alimentação humana, onde as entidades de proteção animal podem impor normas que não chegam a se tornar obrigatórias para os países exportadores, porém estes não conseguem comercializar seus produtos a preços atraentes.
Mas como algumas dessas mudanças que foram expostas podem demorar um pouco para se concretizarem, precisamos de medidas mais próximas da nossa atual realidade e que venham a trazer melhorias rápidas e seguras para os animais e para todas as pessoas envolvidas nesse processo.


Considerando que todas essas mudanças ocorressem a longo prazo, dever-se-ia trabalhar na difusão do conhecimento dessas boas práticas aos produtores juntamente com a aplicação de novas tecnologias que seriam aplicadas pela mão de obra técnica (assistência técnica), incentivar os produtores a produzir tal produto e que as indústrias (empresas) poderiam bonificar tal produtor que produzisse um produto diferenciado dos demais, como por exemplo aumentar o valor pago de arroba @ ao produtor que cria seus animais com práticas de bem estar animal, sem violência, sem grito, sem animais com hematomas, sem animais feridos, produzindo um produto diferenciado dos demais.


Produzindo um produto de qualidade dentro da porteira este deve permanecer sua qualidade ao sair, e um ponto importante que merece destaque é a questão do transporte, envolvendo o carregamento dos animais na boiadeira (veículos automotores que transportam animais) e seu posterior descarregamento ao chegar no destino final, onde esses animais deveriam ser colocados dentro das boiadeiras, de forma a não estressar o animal, sem ferrões, sem machucados, sem choque elétrico, sem gritos, um exemplo a ser seguido é o do Professor Mateus Paranhos UNESP que informa de como lhe dar com animais (bovinos) apenas com uma vara tipo bandeira que movimenta os animais em uma seringa sem estressa-los, nas boiadeiras deveriam estas possuírem condições adequadas para transportar os animais, livres de espaços que venham a machucar os animais, livres de pisos quebrados, protuberâncias de formas pontiagudas que venha a perfurar a pele do animal, respeitando a lotação número de animais que cabe na boiadeira sem que ocorra superlotação, a forma de como o condutor da boiadeira deva dirigir adequadamente para o tipo de carga, por se tratar de carga viva deve-se ter um maior cuidado, realizar vistorias dos animais durante a viagem, ao se tratar de viagens muito longas deveria ter o pontos de parada onde os condutores pudessem estacionar a boiadeira em local seguro, onde os animais poderiam ser descarregados em local limpo seco com disponibilidade adequada de água e alimento e depois carregados novamente na boiadeira para seguir viagem.


Ao se chegar no destino final como por exemplo no navio os animais deveriam ser colocados dentro do navio com um mínimo de espera e de forma adequada sem o uso da violência, e em seu interior deveria proporcionar aos animais um ambiente tranquilo com uma correta ventilação, ambiente limpo e com disponibilidade de água e alimento, sempre respeitando a lotação (número de animais/m2), o pessoal que iria lhe dar com os animais deveriam ser treinados para não realizarem um manejo inadequado, os animais que viessem de uma mesma fazenda a depender da quantidade deveria ser colocados juntos em mesmos locais (curraletes) no interior do navio para evitar conflitos entre os animais de diferentes propriedades o que vem a ser um problema sério pois traz grandes prejuízos à carne do animal que será abatido, durante todo tempo da viagem os animais deveriam ser tratados de melhor forma possível, pois não adiantaria todo o trabalho que iniciou ainda na propriedade e no seu transporte até chegar ao porto, mas no processo de exportação (porto) o animal é deixado de qualquer forma e isso se expressa em um produto de péssima qualidade que será oferecido aos consumidores dos países importadores.


Então essa visão que a maioria das pessoas tem que o animal deve ser tratado de qualquer forma e passar longos períodos de tempo sem água e sem alimento é uma visão equivocada e precisa ser mudada para melhora-se todas as condições de exportação de gado em pé. Da mesma forma que foi relatado a importância dos cuidados com os animais desde a fazenda seu transporte para o porto e sua viagem até chegar no país comprador ao se chegar nos frigoríficos ou áreas onde os animais serão mantidos para recuperarem o peso perdido durante a viagem (currais de engorda), deve se ter todos os cuidados necessários que já foram expressos nesse contexto no que diz respeito a transporte adequado, manejo adequado, implantando as práticas de bem estar animal entre outros.


No frigorífico no ato de abater o animal este deve estar em um local seco, limpo e ventilado, respeitando todas as condições higiênicas impostas para realizar tal prática e o destino final dos componentes não carcaça deve ser feito de forma segura sem contaminar o meio ambiente. Com a implantação e realização de tais práticas acredito que a exportação de gado em pé deixaria de ser tratada como uma questão negativa por boa parte das pessoas e passaria a crescer de forma equilibrada e segura e consequentemente se destacar no cenário brasileiro.


Com base nas informações apresentadas, pode-se dizer que as exportações de gado em pé é mais uma forma de comercialização de produto que tem agregado valor ao setor pecuário e aos elos que o precedem. Este nicho de mercado, que se desenvolveu naturalmente, também existe em outros importantes países produtores e exportadores de carne bovina.


As exportações de gado em pé devem fazer parte da política e objetivos do país, já que representam ganhos para a pecuária do Pará e de outros estados exportadores.


As exportações de animais vivos podem ser vistas como uma forma de diversificar, criar um novo canal de negociação e diluir riscos, situação favorável especialmente diante de um cenário de crise econômica.


A agregação de valor no campo, é uma importante ferramenta de fixação do homem no campo e da geração de empregos no meio rural.
Diante do exposto, recomenda-se a exportação de gado em pé desde que sejam oferecidas condições adequadas a respeito das pessoas que se envolvem nesse processo, promovendo a sustentabilidade de forma ampla e segura como também aos animais e seguidas todas as normas de bem estar animal e regulação de transporte para que essa prática continue, trazendo lucros para os produtores e desenvolvendo econômico para o país e aumentando esse novo nicho de mercado que o Brasil tem de atendê-lo.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Alberto Jefferson da Silva Macêdo

por Alberto Jefferson da Silva Macêdo

Graduando em Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba / Centro de Ciências Agrárias campus II - Areia-PB com previsão de término para 2016. Estagiário no Laboratório de Forragicultura da referida universidade. Atualmente é Bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) / UFPB, auxiliando no desenvolvimento de pesquisas em Zootecnia.

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