Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO) em laticínios

Todas as condições de higiene operacional devem ser monitoradas
Todas as condições de higiene operacional devem ser monitoradas

Veterinária

16/09/2008

Introdução

A presença de microrganismos no ambiente de processamento dos alimentos pode levar à contaminação do produto acabado, reduzindo a sua qualidade. As fontes de contaminação do meio ambiente incluem alimentos, manipuladores, animais, insetos, além de equipamentos, utensílios e componentes estruturais do prédio mal higienizados. O ar ambiente, as embalagens primárias, as mãos dos funcionários, bem como os equipamentos e os utensílios, constituem pontos importantes que devem ser ajustados às Boas Práticas de Fabricação (BPF) de forma a não representarem risco de contaminação para o produto.

Recentemente, parte do programa de Boas Práticas de Fabricação, considerado pré-requisito para implantação do sistema APPCC (BRASIL, 1997), foi transformado em Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO). Os PPHO são alguns itens da BPF que, por sua importância para o controle de perigos, foram acrescentados de procedimentos de monitorização, ação corretiva, registros e verificação, para realmente possibilitar um controle efetivo. Fazem parte do PPHO, os programas de qualidade da água, higiene de superfície de produto, prevenção de contaminação cruzada, higiene pessoal, proteção contra contaminação do produto, identificação e estocagem de produtos tóxicos, saúde dos manipuladores e controle integrado de pragas.

Todas as condições de higiene operacional devem ser monitoradas através de análises laboratoriais e seus dados registrados, devendo-se adotar ações corretivas sempre que se observarem desvios, sendo que os mesmos deverão ser registrados (SENAI, 2000).

Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO)

Os PPHO constituem uma extensão do Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores/ Industrializadores de alimentos (MINISTÉRIO,1997), e visam reduzir ou eliminar riscos associados com a contaminação de leite e de produtos lácteos.

São procedimentos descritos, desenvolvidos, implantados e monitorizados, visando estabelecer a forma rotineira pela qual o estabelecimento industrial evitará contaminação direta ou cruzada e a adulteração do produto, preservando a sua qualidade e integridade por meio da higiene antes, durante e depois das operações industriais MINISTÉRIO..., 1997).

Etapas do PPHO

O plano PPHO deve ser estruturado em nove pontos básicos: segurança da água, condições e higiene das superfícies de contato com os alimentos, prevenção contra contaminação cruzada, higiene dos empregados, proteção contra contaminantes e adulterantes do alimento, identificação e estocagem adequada de substâncias químicas e agentes tóxicos, saúde dos empregados, controle integrado de pragas e registros.

Característica do programa PPHO

Deverá constar nos planos do programa todos os procedimentos de limpeza e sanitização, compreendendo: conservação e manutenção sanitária de instalações, equipamentos e utensílios; freqüência; especificação e controle das substâncias detergentes e sanitizantes utilizadas e de sua forma de uso; forma de monitorização e suas respectivas freqüências; aplicações de ações corretivas pra eventuais desvios garantindo, inclusive os eventuais destinos para os produtos não conformes; elaboração e manutenção do plano de implementação do PPHO, dos formulários e registros, dos documentos de monitorização e das ações corretivas adotadas. Todos os documentos deverão ser datados e assinados.

Conclusão

Os PPHO e as BPF são considerados parte dos pré-requisitos do sistema APPCC, devendo fazer parte do sistema de gestão de segurança de alimentos, podendo ser implantadas previamente ou em conjunto com este, dependendo da necessidade e realidade de cada organização (ABNT, 2002). A legislação determina a obrigatoriedade da implantação gradativa em todas as indústrias de leite e derivados sob o Serviço de Inspeção Federal - SIF, do programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Além disso, a adesão aos PPHO e às BPF constitui medida efetiva de controle da contaminação e da multiplicação microbiana em alimentos (LOPES JR al., 2000).

Colaboradores: Liliane Denize Miranda Menezes1, Leorges Moraes da Fonseca2
Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal
Escola de Veterinária da UFMG
1- Mestrado; 2- Professor

Para mais informações acesse o site: http://www.portaleducacao.com.br/educacao/cursos/cursos_detalhes.asp?id=156
Referências

ANDRADE, N.J.; MACÊDO, J.A. B. Higienização na indústria de alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1996. 182p.

APHA (American Public Health Association). Standards Methods for the examination of dairy products. 16 ed. Washington: APHA, 1992.

BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. Portaria SMSA/SUS-BH n.035 de 06 de novembro de 1998. Institui o roteiro de vistoria fiscal a ser utilizado na inspeção de estabelecimentos de produção e/ou comercialização de alimentos sediados no município de Belo Horizonte. Disponível em http://www.pbh.gov.br/smsa/vigilancia/idex.html. Acesso em 28 de outubro de 2003.

BRASIL. ANVISA. Resolução nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.
Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº 368, de 04/09/1997. Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e das boas práticas de fabricação nos estabelecimentos elaboradores/ industrializadores de alimentos. Diário Oficial, Brasília: Ministério da Agricultura, 1997.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 321 de 08 de agosto de 1997. Normas para desinfetantes domissanitários. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/legs/portarias/321_97. . Acesso em 28 de outubro de 2003.

FELIPE, M. R. et al. Manipuladores de alimentos portadores de Salmonella spp.: Implicações na produção de alimentação coletiva. Higiene Alimentar, v.9, n.40, p. 18-20, 1995.

HAZARD analysis and critical control point principles and application guidelines. Journal of Food Protection, v.61,n.9, p.1246-1259, 1998.

ICMSF (International Comission on Microbiological Specifications for Foods). Microrganismos de los alimentos 1: técnicas de análisis microbiológico. 2 ed. Moreno, B. et al., ICMF; tradução, CLARK, D. S. et al. Zaragoza: Acribia, 1982. 431 p.

IDFA. Dairy product safety system: a technical manual for entire dairy industry encompassing prerequisites, basic sanitation, good manufacturing practices, and focusing on Hazard Analisis Critical Control Points (HACCP). Washington, IDFA: 1996, 163 p.

LOPES, JR,J.E.F.; PINTO, C.L.O.; VILELA , M.A.P. Proposta de um manual de boas práticas de fabricação (BPF) aplicado à elaboração de queijo Minas Frescal. Leite & Derivados, ano IX, n. 54, p. 34-44, 2000.

LUCHEIS, S.B., LANGONI, H. Estudo da microbiota aeróbica e prevalência de Yersinia enterocolitica em caso de mastite bovina. Higiene alimentar. V.14, n.71, p. 41-47, 2000.

PINTO, C.L.O. Higienização na indústria de laticínios. Juiz de Fora: EPAMIG/CT/ILCT, 1999, 81 p.

SABINO A.M.N.F., SABINO A. J. Educação e saúde: concepções teóricas e práticas profissionais em um serviço de manipulação de alimentos. Higiene Alimentar. V.13, n. 61, p. 68, 1999.

SAYEED, S. SANKARAN, R. A study on the behaviour of air microflora in food industries. Journal of Food Science and Technology, v.27, n.5, p.340-344, 1990.

SBCTA - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Boas práticas de fabricação para empresas processadoras de alimentos. 4ed. Campinas: Profiqua, 1995a. 24 p.

SBCTA - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS. Higiene e sanitização para empresas de alimentos. 1ed. Campinas: Profiqua, 1995b. 14p.

SENAI. Guia passo a passo para implantação das boas práticas de fabricação. Brasília: CV Design Projetos de Comunicação Ltda/SENAI/SEBRAE, 2000.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

por Colunista Portal - Educação

O Portal Educação possui uma equipe focada no trabalho de curadoria de conteúdo. Artigos em diversas áreas do conhecimento são produzidos e disponibilizados para profissionais, acadêmicos e interessados em adquirir conhecimento qualificado. O departamento de Conteúdo e Comunicação leva ao leitor informações de alto nível, recebidas e publicadas de colunistas externos e internos.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93