Trypanosoma vivax - Família Trypanosomatidae

Este tripanossomo é encontrado na África, Ásia e nas Américas
Este tripanossomo é encontrado na África, Ásia e nas Américas

Veterinária

25/02/2013

Trypanosoma vivax é considerado o agente mais importante de tripanossomíase em bovinos e pequenos ruminantes. Esta infecção é importante por causar perdas econômicas significativas, devido à perda de peso e mortalidade.

O parasito é encontrado sob duas formas, tripomastigota e epimastigota. As epimastigotas são encontradas nos hospedeiros invertebrados, enquanto as tripomastigotas são encontradas nos hospedeiros vertebrados. As tripomastigotas são alongadas, mais largas na porção posterior e estreitas na anterior, possuem membrana ondulante pouco desenvolvida, cinetoplasto grande, em posição lateral, terminal ou subterminal, e núcleo centralizado ou em direção à extremidade anterior.

Aspectos Epidemiológicos

Este tripanossomo é encontrado na África, Ásia e nas Américas. No Brasil, a doença foi observada inicialmente na região norte do país, e mais há alguns anos no Centro-Oeste, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Alguns autores sugerem que a importância desta tripanossomíase deve ser mais bem estudada no Brasil, especialmente nos bovinos do Pantanal. Muitos animais são levados dessa região para vários locais do país, principalmente para recria e engorda, e poderiam representar um potencial de disseminação do agente.

Ciclo de vida e Patogênese

Na África, T. vivax é transmitido ciclicamente pela mosca Glossina, conhecida como mosca tsé-tsé, e mecanicamente por outros insetos. Nas Américas, acredita-se que a transmissão ocorra mecanicamente através de tabanídeos ou outros dípteros hematófagos.

No Brasil, os hospedeiros domésticos compreendem bovinos, caprinos, ovinos, equinos e bubalinos. Antílopes funcionam como reservatórios silvestres na África; nas Américas, sugere-se que cervídeos cumpram este papel.

O período de incubação é variável. Nos bovinos e bubalinos, vai de 3 a 30 dias, enquanto em caprinos e ovinos é de 6 a 10 dias.

Alterações Clínicas

Em bovinos e bubalinos, a infecção pode ser inaparente e não determinar perdas aos animais, quando há baixa parasitemia. Mas geralmente a doença se manifesta em uma das formas:

• Forma Aguda: relacionada a altas parasitemias, aparecem lesões hemorrágicas e a morte ocorre em poucas semanas;

• Forma Subaguda: de curso relativamente rápido, também leva à morte;

• Forma Crônica: caquexia, edemas da face, pescoço e ventre e períodos febris esporádicos.
Outros sinais observados incluem corrimento nasal, lacrimejamento, conjuntivite, mucosas hipocoradas, diarréia, emagrecimento progressivo e pneumonia secundária. Há descrições de aborto provocado por este hemoparasito. A doença se desenvolve de modo semelhante em caprinos e ovinos.

Nos equinos ocorre febre, polipnéia, taquicardia, edema dos membros, hidrocele, tremores musculares, icterícia, edema da bolsa escrotal, lesões urticariformes e anorexia.

Alterações Laboratoriais


Na forma aguda da doença em bovinos, uma alteração frequente e característica é a hipoglicemia. Na forma subaguda e crônica prevalece a anemia sobre a hipoglicemia. Nos equinos o principal achado também é a anemia severa.

Diagnóstico e Prognóstico

O diagnóstico das tripanossomíases pode ser realizado conciliando a anamnese aos achados clínicos, mas os exames laboratoriais são geralmente mais eficazes no diagnóstico.

O diagnóstico laboratorial direto pode ser feito utilizando-se sangue a fresco, esfregaço sanguíneo corado, punção de linfonodos, técnica de Woo, inoculação em cobaia e hemocultura. O resultado dos exames laboratoriais diretos pode variar com a espécie de Trypanosoma pesquisada, pois os métodos diferenciam em eficácia para o diagnóstico das diferentes espécies de parasita.

O exame de sangue a fresco é feito com uma gota de sangue em lâmina, coberta com lamínula, e examinada cuidadosamente em aumento de 40x no microscópio.

O esfregaço sanguíneo é realizado com a técnica convencional e corado com Giemsa ou outro corante para sangue. A lâmina deve ser lida em imersão no aumento de 100x. Esta técnica apesar da baixa sensibilidade tem a vantagem de permitir a diferenciação morfológica entre os tripanossomos.

Na punção de linfonodo, com o material coletado deve ser feito um squash, que é corado e lido da mesma forma que um esfregaço sanguíneo. Esta técnica é mais indicada para o diagnóstico em bovinos.

A centrifugação em microhematócrito, conhecida como método de Woo, também pode ser empregada. A técnica de Woo consiste em centrifugar uma amostra de sangue coletada com anticoagulante em um tubo de microhematócrito e verificar no microscópio em aumento de 40x se há tripanossomos na porção plasmática, logo acima da capa leucocitária.

A inoculação intraperitoneal em cobaias é uma técnica diagnóstica que vem sendo cada vez menos utilizada, devido aos avanços de outras técnicas e também a preocupação com a Ética e Bem-Estar Animal, ficando restrita à metodologia de pesquisa, quando necessária. A técnica se baseia em inocular 0,5 a 1ml de sangue suspeito no peritônio da cobaia e após 5 dias analisar uma amostra de sangue deste pela técnica de Woo. Os meios de cultivo também podem ser utilizados para o diagnóstico. Os principais meios usados são de NNN (Novy, Neal, Nicolle), LIT (Liver Infusion Tryptose) e outros similares. A técnica consiste em colocar algumas gotas de sangue no meio e então incubar o material em uma estufa a 23ºC. Após cinco dias devem ser montadas lâminas com o material da cultura e analisá-las no microscópio em aumento de 40x. Esta técnica é particularmente útil para o diagnóstico de T. theileri, que dificilmente é encontrado nos esfregaços sanguíneos.

Entre os métodos indiretos ou sorológicos, temos a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), aglutinação em cartão e imunoadsorção enzimática. O problema da sorologia para as tripanossomíases é que todos os testes, em maior ou menor porcentagem, apresentam reação cruzada entre T. evansi e T. vivax.

Assim, a alternativa que se tem destacado é a reação em cadeia da polimerase (PCR) que possui elevados índices de sensibilidade e especificidade. A maior vantagem, principalmente em relação à sorologia, é que a PCR permite a diferenciação entre os tripanossomos.

No caso, do Mal das Cadeiras, caso o animal não seja diagnosticado e tratado a tempo, o diagnóstico pode ser feito no ato da necropsia. As alterações frequentemente observadas são derrames compostos por exsudatos serofibrinosos nas cavidades pleural, peritoneal, pericárdica e articulações, hemorragia, hipertrofia e congestão do baço, nefrite hemorrágica e exsudato de aspecto gelatinoso no canal raquidiano.

Tratamento

O suramin (Naganol?) já foi muito utilizado, e atualmente foi substituído por outros medicamentos, especialmente porque T. vivax é resistente a esta droga. O medicamento deixou de ser fabricado em 2005.

Drogas atualmente recomendadas são o diaceturato (Ganaseg?, Diazeg?) e o diminazeno (Beronal?, Ganazene?), ambos na dose de 1ml para 20 kg de peso vivo, por via intramuscular profunda. A dose do diminazeno para cães pode ser calculada por 3,5 mg/kg, por via intramuscular.

Profilaxia

Como não há imunização para as tripanossomíases, os métodos profiláticos incluem previdências, tais como:

• Tratamento dos animais doentes;

• Combate aos vetores e uso de repelentes;

• Incineração de carcaças de animais mortos, a fim de evitar a contaminação de animais que possam se alimentar dessas carcaças;

• Evitar que os animais permaneçam em áreas propícias ao desenvolvimento dos vetores.

Deve-se estar atento à possibilidade de disseminação da doença quando se transporta animais residentes em áreas endêmicas para áreas onde não há casos de tripanossomíase.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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