Inseminação artificial em bovinos - Indução e sincronização do estro em vacas
Indução embrionária em vacas
Veterinária
14/02/2013
A indução e sincronização do estro em vacas é um ponto muito estudado atualmente, já que um dos principais problemas da não-popularização da inseminação é a dificuldade de detecção do estro.
A baixa taxa de detecção do estro acarreta comprometimento da eficiência reprodutiva com consequente aumento do período de serviço e do intervalo entre partos. Além disso, o custo da mão de obra para a detecção de estro também determina grande ônus à propriedade.
A observação de estro pode ser realizada por um funcionário bem treinado, sendo realizado por duas vezes ao dia durante 45 minutos. O rebanho pode ser separado em pequenos lotes para facilitar a observação e também se pode utilizar um rufião para auxiliar. Os sinais de estro são:
- Tentativa de montar nas outras fêmeas;
- Deixar ser montada;
- Cabecear; e
- Cheirar e lamber a genitália das outras fêmeas.
Para que o estro seja detectado, dois fatores têm que estar associados: o observador precisa de tempo suficiente, e as vacas precisam demonstrar sinais claros de estro durante a observação.
O sinal que deve ser considerado como animal em estro é “deixar ser montada”. As fêmeas em estro devem ser inseminadas 12 horas após a observação do cio, com isso, em via de regra, as fêmeas que apresentaram cio no período da manhã são inseminadas no período da tarde, e as fêmeas que apresentaram cio no período da tarde são inseminadas na manhã do dia seguinte.
Para minimizar a perda na observação de cio, podem-se utilizar métodos tecnológicos, como detectores de monta, pedômetros, verificação de alterações na resistência elétrica do fluido vaginal ou kits para dosagens de progesterona no leite. Entretanto, o uso desses equipamentos acaba elevando o custo da produção.
A alternativa para a observação de cio é a inseminação em tempo fixo (IATF), onde as fêmeas são tratadas hormonalmente fazendo com que a grande maioria delas ovule em um momento pré-determinado.
Diversos protocolos hormonais podem adotados na sincronização do estro em bovinos, variando de acordo com:
- A duração (tempo entre o início do tratamento e o aparecimento do estro);
- O custo (números de hormônios empregados e o custo de cada um);
- O número de manejos (número de vezes que o animal precisa passar pelo tronco para ser administrado o hormônio); e
- O tipo de inseminação que será empregada (se com a observação de cio ou IATF).
Apesar da sincronização hormonal ser uma rotina na bovinocultura, o estudo dos protocolos hormonais ainda persiste na tentativa de desenvolver um protocolo que induza um maior número de estro perceptível (nas inseminações com observação de cio) e/ou uma maior taxa de concepção com um menor manejo (principalmente nas inseminações por IATF). Abaixo, serão apresentados alguns protocolos muito utilizados na bovinocultura.
Prostaglandina
O protocolo utilizando prostaglandina F2α (PGF2α) ou análogos somente pode ser aplicado em sistemas de inseminação artificial com observação de cio, pois o intervalo entre a aplicação do último hormônio e o aparecimento do cio varia muito entre os indivíduos.
Este protocolo se baseia na atividade luteolítica da PGf2α, onde se administra a primeira dose de prostaglandina, ou um análogo, para regredir o corpo lúteo que possa estar presente em algumas fêmeas. As fêmeas que tiveram seu corpo lúteo regredido começam a apresentar crescimento folicular. As fêmeas devem ser observadas e as que apresentarem cio deverão ser inseminadas
A segunda dose da prostaglandina irá regredir os corpos lúteos não regredidos na primeira dose, ou por estar em fase refratária ou por não existir. O restante das fêmeas é colocado novamente para observação de cio, sendo que a observação deve ocorrer até sete dias após a última aplicação de prostaglandina.
GnRH / PGF2α / GnRH
O protocolo utilizando a combinação de um análogo de GnRH (Hormônio liberador de gonadotrofinas) com prostaglandina também é conhecido como protocolo Ovsynch®. O GnRH irá causar a ovulação do folículo dominante ou a sua luteinização. A prostaglandina irá regredir o corpo lúteo formado ou o corpo lúteo pré-existente. Já a segunda dose de GnRH irá induzir a ovulação do folículo dominante.
Já foram estipuladas algumas variações do protocolo Ovsynch® modificando alguns hormônios, ou momentos de aplicação. Devido a peculiaridades fisiológicas de raças leiteiras o protocolo Ovsynch® foi alterado para aumentar a taxa de concepção, com resultados expressivos.
O novo protocolo foi denominado Heatsynch®, e nele foi retirada a segunda aplicação do GnRH e adicionada uma aplicação de um éster de estradiol (ECP - cipionato de estradiol ou BE – benzoato de estradiol) 24 horas após a aplicação da PGF2α.
Progestágenos
O uso de implantes com progestágenos também tem sido muito difundido na bovinocultura. O princípio de sua aplicação é a manutenção dos níveis altos de progesterona circulante, por um período pré-determinado, mimetizando o corpo lúteo.
Os implantes podem ser vaginais ou auriculares, onde os que estão disponíveis no mercado são o PRID® (Progesterone Releasing Intravaginal Device), o CIDR® (Controlled Internal Drug Release), o DIB® (Dispositivo Intravaginal Bovino), o Progestar® e o Crestar®, sendo este último um dispositivo auricular. Os implantes irão variar quanto à quantidade de progesterona impregnada, ao material de fabricação, ao local de uso (auricular ou vaginal) e ao preço.
Todos os dispositivos foram fabricados para uso único, entretanto, já foi observado em experimentos que eles podem ser reutilizados uma vez (alguns até duas vezes), minimizando assim, os custos de sua utilização. Para a reutilização, após a retirada do dispositivo do animal, este deve ser lavado em água corrente e desinfetado com dióxido de cloro ou solução de iodo, embalado em papel alumínio e armazenado em geladeira até seu próximo uso.
O uso do progestágeno é associado a outros hormônios para diminuir o tempo entre o início do tratamento e o cio, além de propiciar uma maior taxa de concepção.
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por Colunista Portal - Educação
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