INVENTÁRIO TURÍSTICO: UMA FERRAMENTA PARA O MUNICÍPIO DE PIEDADE / SP

O turismo é uma das atividades mais promissoras da atualidade
O turismo é uma das atividades mais promissoras da atualidade

Turismo e Hotelaria

11/03/2015

Inventário Turístico – uma ferramenta fundamental


O turismo é uma das atividades mais promissoras da atualidade, neste sentido o planejamento é um dos atributos mais importantes numa perspectiva de gestão efetiva para o pleno desenvolvimento de uma localidade. O inventário da oferta turística, enquanto ferramenta de planejamento, oferece um panorama dos elementos e potencialidades que compõem ou podem vir a estruturar o trade turístico.

Quando tratamos de planejamento turístico, Bissoli (1999) nos ensina que o planejamento pode ser entendido como um processo que analisa a atividade turística de um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de atuação mediante o estabelecimento de metas, objetivos, estratégias e diretrizes.

Nesta perspectiva, o inventário se mostra uma ferramenta que auxilia o gestor de área na avaliação, previsão, discussão e orienta para ações a serem realizadas para o desenvolvimento de uma localidade, com vistas ao registro de suas peculiaridades e de seus pontos fortes, com vistas a formação de um produto turístico coeso e que gere fluxo ao local, consequentemente fortalecendo a economia e promovendo transformações de ordem social e cultural.

Devemos nos atentar para o fato de que cada cidade tem suas características próprias, uma história a ser contada, um espaço curioso, uma formação cultural ímpar, ou seja, existem elementos que a tornam únicas. O inventário turístico, desta forma, cataloga e caracteriza os múltiplos elementos que integram o trade turístico, permitindo um diagnóstico profundo do potencial turístico do município.

Diante do exposto, é fundamental ressaltar que o inventário não é um processo estanque, ao contrário, é um método dinâmico, participativo com dimensões multidisciplinares que demanda revisão e atualização dos dados de maneira constante.

De acordo com a metodologia apresentada por César e Veroneze (2006) o inventário turístico é dividido em duas sessões complementares: aspectos gerais e aspectos turísticos.

Os aspectos gerais, segundo os autores, dividem-se em: delimitação de área, aspectos legais e administrativos, aspectos socioeconômicos e infraestrutura básica urbana. Já os aspectos turísticos levam em conta elementos ambientais e atrativos naturais, os aspectos histórico-culturais, áreas e opções de entretenimento, os meios de hospedagem, os serviços de alimentação, outros serviços de turismo e de apoio ao turista e a gestão turística.

Esta é uma metodologia, que já foi adotada pelas primeiras escolas de turismo do país a exemplo da ECA-USP e SENAC-SP, que pode ser focado no desenvolvimento de um planejamento turístico municipal.

O município paulista de Piedade, localizado na recente Região Metropolitana de Sorocaba, é uma localidade que apresenta vocação para o ecoturismo, o turismo rural e o turismo cultural. Neste caso, o inventário turístico pode ser uma ferramenta de grande valia para o desenvolvimento do turismo, oferecendo informações importantes para a consolidação de estratégias e decisões pertinentes a este contexto.

 

Piedade: o turismo como potencial

 

O município de Piedade tem como origem, tal como outras cidades da região, o movimento Tropeiro. A feira de muares que saia de Sorocaba, durante muitos anos passou por Piedade, a época chamado de Distrito de Nossa Senhora da Piedade.

O povoado surgiu sob liderança de Vicente Garcia. Diz a tradição que entre 1831 e 1835 Garcia haveria recebido uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, o qual ergueu uma capela em seu louvor. Em 20 de maio de 1940 era inaugurada a capela em homenagem a santa que daria origem não apenas ao professar da fé local, mas também ao município.

A dependência com Sorocaba, em termos econômicos e logísticos, se estendeu até 1907. Desde a abertura de uma estrada carroçável, o município passou a gozar de maior independência na escoação de seus produtos e o fortalecimento de sua economia.

Piedade, em virtude de seu grande potencial agrícola, se tornou a maior produtora nacional de caqui-fuyu, modalidade inserida na região por imigrantes japoneses. Os mesmos imigrantes garantiram a cidade um clima oriental a partir do plantio de cerejeiras.

Por ter sido uma região que nasceu do tropeirismo, os caminhos outrora utilizados para o transito de muares, hoje pode ser redimensionada para ações de turismo rural em virtude de fazendas e pequenos sítios ao longo do trajeto, onde a cavalgada é uma possibilidade de integração com outros municípios com origem semelhante.

A pedra do Elefante e os mirantes naturais também são elementos que podem ser considerados num planejamento que preconiza o ecoturismo, com possibilidades de desdobramento em ações de educação ambiental.

As edificações antigas tal como a Casa da Cultura, que funcionou como primeira cadeia e sede legislativa, bem como a Igreja Nossa Senhora da Piedade que marca a origem do município, a Vila Élvio que representa um período áureo da área têxtil, são marcas do legado histórico-cultural.

Contudo, o município não dispõe até o momento de um inventário turístico. A ausência deste mecanismo de planejamento impede que o pleno desenvolvimento, seja a curto, médio e longo prazo, da atividade turística.

A não existência de pesquisas nesta perspectiva, pode gerar orientações equivocadas sobre o potencial para o turismo, bem como o não reconhecimento dos pontos fortes e fracos, das ameaças e oportunidades que o município apresenta realmente.

Tendo em vista que a ETEC Piedade, Escola Técnica que integra o Centro Estadual Paula Souza, dispõe de um curso de Turismo Receptivo, seria uma oportunidade ao poder público municipal estabelecer parceria para que o inventário turístico fosse realizado.

A partir desta premissa, é possível se estabelecer uma relação ganha x ganha entre o município e a ETEC, onde os alunos serão estimulados ao uso e prática desta metodologia de planejamento, ao passo que o poder público receberia os resultados do trabalho desenvolvido via o curso de turismo receptivo, com isso podendo reconhecer as potencialidades e desafios que a atividade turística implicaria à Piedade.

Vale ressaltar, que esta é uma aproximação e uma proposta de uso metodológico. A discussão não se esgota aqui, ao contrário, tem por função provocar discussões e analisar o planejamento turístico, via inventário, como ferramenta fundamental para nortear ações e estratégias do poder público e, inclusive, privado.

 


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

BISSOLI, Maria Ângela Marques Ambrizi. Planejamento Turístico Municipal com Suporte em Sistema de Informação. São Paulo: Futura, 1999.

César, Pedro de Alcântara Bittencourt. Inventário turístico: primeira etapa da elaboração do plano de desenvolvimento turístico / Pedro de Alcântara Bittencourt César, Beatriz Veroneze Stigliano. Campinas: Editora Alínea, 2006.

MTUR. Programa de Regionalização do Turismo Roteiros do Brasil - Diretrizes Políticas. Brasília: MTUR, 2004.

______. Projeto Inventário da Oferta Turística. Brasília: MTUR, 2006.

PETROCCHI, Mario. Turismo: planejamento e gestão. São Paulo: Futura, 1998.

http://www.turismo.gov.br/

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Felipo Luiz Abreu de Oliveira

por Felipo Luiz Abreu de Oliveira

Olá Pessoal, sou Felipo Abreu. Técnico em Publicidade pelo SENAC/SP, Turismólogo formado pela UNESPAR/PR e Licenciado em História pelo CEUCLAR. Especialista em Artes visuais pelo SENAC/RR e pós-graduado em Museografia e Patrimônio Cultural pelo CEUCLAR. Gestor em cultura e turismo desde 2005. Atualmente é docente e mediador do programa de regionalização do turismo no SENAC Sorocaba.

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