A interpretação dos dados da entrevista

O entrevistador deve estar atento a sinais de perigo.
O entrevistador deve estar atento a sinais de perigo.

Recursos Humanos

06/05/2015

A parte mais complexa de uma entrevista de emprego não é a formulação nem a aplicação das perguntas, mas, sem dúvidas, é a interpretação correta de todos os dados obtidos. Esses dados não são apenas as respostas dos entrevistados às perguntas, e sim suas atitudes, linguagem corporal, postura, etc.

Em muitos casos, as informações vêm de maneira fácil. Mas o entrevistador enfrenta alguns obstáculos como preconceitos e prejulgamentos que podem prejudicar e muito sua avaliação.

Segundo João Bosco Lodi (1977), o trabalho de interpretação pode ser comparado ao de um arquivador. Ele recebe, rejeita, cataloga e arquiva os dados, sendo o produto final uma lista de vantagens e desvantagens proporcionadas pelo candidato. Portanto, é muito importante para o entrevistador se atentar a:

Aceitação/rejeição das informações. A cada momento o entrevistador decide se o que foi dito é verdade ou está misturado com ficção. A entrada de informações está guardada exclusivamente pela intuição, sensibilidade e critérios subjetivos do entrevistador. A confiabilidade e sinceridade do candidato são estabelecidas a cada momento, de acordo com a profundidade crítica do problema e disposição revelada do candidato em fornecer a informação certa.

Para evitar ser enganado ou ser “levado na conversa”. O entrevistador deve estar atento a sinais de perigo. Estes são revelados pelas pausas forçadas, expressões faciais, respostas cautelosas, ênfase apenas sobre aspectos positivos com omissão dos negativos, inconsistências na história. Existem ainda os candidatos extremamente espertos que conseguem eliminar as pistas negativas e ganhar total confiança do entrevistador.

Catalogação de pistas. Cada afirmação ou resposta do candidato é examinada para buscar sinais que revelam traços positivos ou negativos. A informação mais importante é igualmente obtida de inferências (deduções), não de informação direta.

Organização de uma lista mental. Conforme a entrevista avança nas várias áreas – profissional, educacional, familiar e social – o entrevistador vai organizando mentalmente uma lista de fatores positivos ou negativos do candidato. Essa lista obtida nas várias áreas vai sendo confirmada ou desmentida. O processo de conhecimento do entrevistador é o de formar um padrão mental do candidato. Esse padrão mental, essa “estrutura pessoal” é traduzida ao papel imediatamente após o candidato sair da sala.

De fato, a interpretação dos dados não é uma tarefa fácil porque estamos lidando com personalidades próprias e distintas, além de histórias de vida únicas. Por isso, devemos tentar interpretar o entrevistado em um conjunto geral e não permitir que pequenos detalhes possam comprometer o todo.


Para uma eficiente interpretação é importante:

a) Questionar o porquê de o entrevistado ter escolhido esta orientação pessoal e profissional. As repostas podem revelar particularidades de conduta.

b) Criar contrastes entre as situações de vida (relacionamentos, locais, empregos, etc.) e o entrevistado analisando como ele se adaptou a estes meios.

Segundo João Bosco Lodi (1977), a perfeição do entrevistador é observada na medida em que ele sabe interpretar os dados da entrevista. Diversas são as habilidades que irão compor a capacidade de interpretar:


1ª condição - Habilidade em obter informações

• Atitude na entrevista.

• Manter o rapport (relacionamentos caracterizados pela harmonia, similaridade ou afinidade).

• Habilidade em perguntar.

• Habilidade em ouvir.

• Memorização de um roteiro.

• Exploração de todas as áreas.


2ª condição - Habilidade para interpretar as informações

• Aceitação ou rejeição da história contada pelo candidato.

• Catalogação das reações-chave.

• Organização da lista mental de dados favoráveis e desfavoráveis.

• Decisão final, sem dúvidas.

João Bosco Lodi (1977) afirma ainda que, desde o início da entrevista, o entrevistador deve decidir se o entrevistado está sendo sincero. São sintomas típicos de dificuldades em dar a resposta certa:

• a) Suas atitudes denotam reações defensivas.

• b) Sua história é inconsistente.

• c) Evita admitir erros e defeitos.

• d) Faz pausa perceptível antes de responder a uma pergunta desfavorável. Pensa na resposta.

• e) Realça seus sucessos e cuidadosamente evita qualquer indicação de deficiência.

• f) É um tipo extremamente esperto: admite pequenos erros para realçar grandes qualidades.
Portanto, o entrevistador deve dar mais importância às informações valorativas e menos às descritivas: atitudes e reações, nível de habilidades e qualidade das habilidades, conclui João Bosco Lodi (1977).

É claro que existem inúmeras técnicas avançadas para interpretação de dados em uma entrevista de emprego, como as dominadas por psicólogos ou especialistas em recursos humanos. Isso requer muito estudo e um acúmulo de grande experiência, além de muita teoria e prática.

Mas, estamos pensando em técnicas básicas para entrevistadores que não sejam experts e dominem todo o aspecto psicológico que envolve um planejamento, condução e interpretação de uma entrevista. Desenvolvemos este Curso para quem tem o interesse de ser um entrevistador, já realizou algumas entrevistas e teve muitas dificuldades ou ainda quem sabe que hora ou outra terá que fazê-las com alguém.

O entrevistador deve se lembrar dessas técnicas e, sempre que possível, aplicá-las em suas entrevistas. Mas, de preferência, não deve desenvolver um manual padronizado de técnicas, perguntas e repostas para aplicá-los em qualquer tipo de candidato, em qualquer tipo de entrevista. É muito importante entender as diferenças de entrevistado para entrevistado.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


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