UMA LEITURA SÓCIO-TEOLÓGICA BASEADA EM 1 CORÍNTIOS

Recursos Humanos

21/11/2014

 UMA LEITURA SÓCIO-TEOLÓGICA BASEADA EM 1 CORÍNTIOS[1]

A SOCIAL-THEOLOGICAL READING BASED ON 1CORINTHIANS

Maria Liliane Silva de Oliveira[2]

 

Resumo:O presente artigo aborda a questão dos conflitos que assolam as relações sociais, os quais nos são possíveis percebê-los pelo viés da economia, da política e das ideologias. Sendo estes, locais privilegiados para encontrar e compreender a vida de um terminado povo. O mesmo ainda, nos conduz através de uma metodologia de leitura específica: sociológica/teológica. Bem como, nos proporciona concepções culturais, as quais nos porta a refletir sobre o valor do corpo tanto na visão antropológica como na teológica. Por fim, ele nos permite uma leitura atualizada para a sociedade contemporânea.

 

Palavras-chave:Comunidade. Cultura. Corpo. Contemporaneidade.

 

Abstract: The present article addresses the question of conflicts which affect social relations which can be recognized in  economy, politics and ideologies, since these are privileged areas for uncovering and understanding a particular people. The article also leads us to a methodology based on a specific socio-theological reading. Also it offers cultural conceptions which bring us to reflect on the value of the body in an anthropological view as well as a theological view. Finally, we can make an actualized reading for contemporary society.

 

 Key-Words: Community. Culture. Body. Contemporanity.

 

Introdução

Neste artigo, quero trazer presente uma metodologia de leitura sociológica mediante as diversidades de membros que existem em nosso corpo e o torna integral (1 Cor 12,12). [3]Neste método de leitura, se faz necessário olharmos para os aspectos da economia, da política e das ideologias que são formidável e categóricos, onde, está inserida a vida do povo.

Através de uma leitura antropológica, a qual nos situa no contexto que está sendo abordadas nos serão apresentado concepções acerca do ser humano. Prosseguindo, encontraremos uma analogia do corpo comunitário como membro do corpo de Cristo. Queremos aqui, fazer uma leitura resignificativa de cada membro que forma nosso corpo, que estes membros, representam talentos na vida da comunidade igreja, e, que com sua especificidades enriquecem a vida comunitária com seu serviço; dom gratuito que está vinculado a Cristo. Nele e a partir Dele todos os membros são essenciais e neste ponto de vista nos é apresentado o valor da unidade.

Esta leitura sociológica não quer nos prender a si mesma, mas procura nos envolver através dos nossos questionamentos dos reflexos corintiano que nós percebemos hoje, aonde os corpos estão coabitados. Embora estejamos em um contexto tão distante, num lugar que tem o seu próprio cenário.  Surge em nós o seguinte questionamento: nos deparamos com muitas deficiências,aonde, a presença da autossuficiência se torna cada vez mais intensa com o seu “poder” reinante e juntamente uma visão excludente de “fortes” e “fracos”, como se a comunidade fosse singular e Cristo nos tratassem tão distintamente?

 

1 Compreensões de leitura econômicas-políticas-sociais e ideológicas

 

A causa maior dos conflitos numa sociedade está atrelada às questões no que diz respeito à economia, a política, as relações sociais e a ideologia que se dá pela concepção de cada indivíduo. Com estas compreensões nos deparamos com subversão e também possibilidade de inclusão entre as diferenças. Nesta leitura sociológica, Ana Flora Anderson e Gilberto Gorgulho, nos introduz com os seguintes passos:

“A leitura parte da base material da vida social: a produção e o trabalho. Aí se encontra o germe de vida ou de morte que irá aparecer no conjunto do tecido das relações sociais. E esta base das relações sociais mostra ainda que o eixo e o centro das relações sociais é a busca da Vida em todas as suas dimensões, fato que constitui a realidade da realidade e o sentido do ser social que é o povo.

A divisão do trabalho suscita e forma grupos sociais com sua consciência e com sua prática específica a fim de assegurar os seus interesses e o seu projeto. Aí está o fundamento das relações sociais e o eixo de sua organização. A defesa dos interesses de cada grupo faz surgir o conflito no qual se insere a dimensão ética: o relacionamento dos grupos se faz na justiça ou na injustiça, na solidariedade ou na marginalização. A sociedade se integra ou se desintegra, e o seu projeto é de morte, ou é um projeto de vida em comum no qual todos têm a mesma participação. Aí se inserem, então, os valores da verdade, da justiça e da solidariedade na igualdade e na participação de todos.

A dimensão política apresenta o poder como força que articula a organização social e sua estruturação na história. A política e o sistema jurídico manifestam a articulação das mediações necessárias para garantir a vida social do povo. A dimensão política leva a compreender as categorias de raça, nação, estado e a originalidade do povo como o ser social que se constrói na liberdade, superando as dominações, na participação e na comunhão fraterna.

A ideologia é o ápice da codificação que se apresenta como justificativa e cimento para o conjunto das relações sociais. Ela se manifesta na mentalidade, nas estruturas mentais, na cultura, na filosofia e na prática religiosa. Ela se reveste de uma força sagrada e natural para justificar determinada organização social. Assim, a ideologia é a expressão dos interesses mentirosos e injustos de um grupo social ela é germe de morte e de dominação para o conjunto da sociedade, a partir dos interesses e do poder de um determinado grupo. [...], a ideologia pode ser vista como manifestação peculiar da verdade e da justiça que instauram uma crise no conjunto social e é apelo para o discernimento e para a mudança do conjunto das relações sociais que formam a vida do povo. A ideologia é um espírito que sustenta ou a reprodução ou a mudança da vida social; ela afeta e determina a prática social que leva ou para a integração ou para a desintegração do todo social. A ideologia é um espírito que escraviza e mata, ou é um espírito de verdade que liberta e que dá vida. O discernimento da vida social está, pois, no discernimento do conteúdo e da finalidade das ideologias”.[4]

Esta metodologia de leitura “são determinantes e de suma importância dentro da vida de um povo”.[5]Faz-se necessário “beber” da água e conhecer sua fonte, pois se não fizermos isso seremos sempre individualistas (pensar ser o único a ter a verdade), quando, no entanto, todos estamos neste caminho de busca da verdade, e, aqui poderá ser lembrado o conflito da materialidade por estarmos incluindo a participação de mais alguém no grupo e valorizando suas ideias. Jesus na história da humanidade desestruturou certos conceitos de exclusão e de poder, por serem estes uma grande causa de domínio.

O texto de 1Coríntios 12,12-31[6] nos possibilita a fazer “Exercícios de Leitura através dos quatros lados” [7]nos apresentado por Ana Flora Anderson e Gilberto Gorgulho. [8]

 

 

2 Concepções do ser humano

 

Corinto era na antiguidade uma cidade privilegiada pela posição geográfica: seus dois portos, abertos a dois mares, abriam-se ao nascente e ao poente, convertiam-se em encruzilhada ou ponte comercial e cultural entre Ásia e Europa. Arrasada pelos romanos (147-146 a. C.), foi reconstruída com grande esplendor (45 a.C.), dotada de edifícios suntuosos e facilidades portuárias. Foi reprovada em grande parte por colonos da Itália, aos quais se somavam rapidamente cidadãos de muitas nações. Tanto assim que os gregos eram minoria. Era uma cidade cosmopolita, com um número muito elevado de escravos, e com a presença considerável de judeus. Em 27 a. C. foi nomeada capital da província romana da Acaia (Grécia). À prosperidade econômica se unia a vida licenciosa: seu principal templo era dedicado a Afrodite, e nele se praticava a prostituição sagrada (a isso alude 6,15-20) [9]; Corinto era a cidade do prazer. Aí se celebravam periodicamente os jogos ístmicos. Era também confluência de religiões e cultos díspares, levados por moradores heterogêneos e por pregadores itinerantes.[10]Nessa diversidade de culturas percebemos alguns pontos de vista. Segundo Ferreira[11],na mentalidade helênica o ser humano se dividia em corpo e alma e nesta divisão o corpo era considerado como algo que contamina, portanto, não poderiam estar junto.  Já na compreensão semita, ambos eram visto como conjunto que forma o ser humano.

 É preciso nos perguntar diante destas compreensões, como o ser humano é considerado na visão bíblica? “A bíblia vê a pessoa humana numa grande unidade” [12]. “Ela não tem um termo para alma sem corpo, nem para corpo sem alma. Cada conceito que se faz da pessoa humana compreende a pessoa toda inteira”.[13] É dentro deste contexto histórico que Paulo vai interagindo e sua concepção de ser humano não é diferente da visão bíblica, ainda que ele habite e conviva num ambiente helenista, “quase sempre dualista, sendo ele mesmo judeu helenista” nos diz Ferreira.[14]

Tudo isto, nos informa, que Paulo percebia uma integração antropológica do ser. “Sua visão de corporeidade é uma unidade incrível. Nele a expressão de corpo tem o sentido popular, designando por meio da pessoa toda, o ser humano em si mesmo”.[15]

 

Em Paulo, parte-se do pessoal para o comunitário. Ele tem uma visão unitária da pessoa humana. Isso é corporeidade. Cada pessoa é vista numa grande unidade. Nessa unidade pessoal cada ser humano se realiza numa unidade mais ampla que é a comunitária. Ele compreende isso como unidade em Cristo, ou unidade eclesiológica.[16]

 

 

3Valor do corpo comunitário como membros do corpo de Cristo

Neste tópico, queremos intensificar o acento teológico no que vínhamos refletindo. “Exatamente porque em 1 Coríntios o “corpo” toma um significado comunitário: um conjunto de membros diferentes de desigual valor, composto por Deus (1 Cor 12,12-14) tem de servir para glorificar a Deus (1 Cor 6,20)”.[17] É necessário conhecer bem o corpo para compreendermos o seu valor que perpassa para o âmbito comunitário. Vejamos:

Corpo lembra: desejo; forma e contorno; possibilidade e limitação; sagrado e profano; fome e saciedade; sexo e amor; dor e prazer. O corpo lembra o mais concreto, o primeiro contato, a primeira descoberta, o primeiro eu. É o lugar, templo, riacho, casa, onde tudo acontece. Não é uma cabana isolada, perdida na selva, mas uma cabana em um vilarejo, um braço fluvial em um delta. O corpo humano é social: não apenas porque tem sexo e as capacidades de falar, de pensar e de se relacionar, mas porque precisa de outros corpos para sobreviver, sendo esta a interação na qual ele se percebe, conhece, descobre e cria sua identidade.[18]

Segundo Ferreira, Paulo percebe esta identidade numa integração entre os seres humanos e Cristo “ao chamar a comunidade de Corpo de Cristo” [19] sendo assim, “Paulo identifica-a como a presença física de Cristo no mundo. [...] Sua unidade é orgânica. Seus membros compartilham uma existência comum, fundamentada no amor (1Cor 13,2)”.[20]

Se temos variedades de membros e se estes são importantes na formação do corpo na participação comunitária e são estes que auxiliam segundo as necessidades, não obstante será assim, para Cristo. Todas estas imagens de corpo nos faz deparar com valores encontrados no âmbito da Igreja, onde, cada pessoa, atenderá as precisões de sua comunidade conforme seu dom específico. “Afinal, todos são membros de um só corpo (1Cor 12,12-31)”.[21]Como podemos perceber Corinto era uma cidade cosmopolita, nesta sociedade nos deparamos com muitas diversidades: culturas, costumes, crenças... “Aqui a imagem do corpo é usada para que os coríntios compreendam a dinâmica da unidade. [...]. Essa unidade, de um modo misterioso e visível, açambarca a diversidade e solidariedade”.[22] Mesmo sendo, judeus e gregos, escravos e livres (1 Cor 12,13)[23] são congregados em só corpo, pois estes estão unidos “pelo batismo, dentro da mentalidade do Espírito”.·.

Então, a perspectiva cristã de construção da comunidade se fundamenta na unidade. [...] Portanto, se, de um lado, cada membro da comunidade louva a Deus no seu corpo individual, porque é templo de Deus, por outro, faz parte da comunidade maior que é, justamente, o corpo de Cristo (1 Cor 12,27). A mística individual toma sentido quando se envolve, totalmente, com a vida da comunidade, o corpo de Cristo.[24]

 

Esta consideração do valor das imagens do corpo na vida da comunidade se deve a percepção de como estas diversidades são rejeitadas e, por isso, precisam ser feita uma reflexão que nos permitam ver os diferentes membros não como algo indiferente e sim adequado as necessidades. Mas para captar o significado de cada membro precisamos trilhar um caminho que está dentro de nós mesmo e “Bauman sugere que se tome a máxima judaico-cristã de que é preciso ‘amar o próximo como a si mesmo’”.[25]

O Apóstolo Paulo, vai interagindo na vida da comunidade e ele apresenta-nos situações aí vividas, fazendo-nos questionar sobre a vida social das pessoas em suas dimensões. “Na e pela comunhão, as pessoas são libertadas da solidão da redução mercadológica para a autêntica vida em comunidade”.[26]Segundo Wegner, devemos acreditar que no centro da vida “das primeiras comunidades cristãs a fonte mais expressiva de poder participativo advém do fomento para o uso comunitário dos dons” [27] e que Jesus como também seus apóstolos “convidaram os discípulos e as comunidades para não serem unicamente receptivas e passivas frente à religião, e sim, participantes do poder do evangelho mediante a vivência e aplicação dos dons do espírito”.[28] Para isso, cuidaram para que o domínio “do Sagrado e os meios de produção religiosa não permanecessem acumulados por uma hierarquia minoritária e sim, estivessem à mercê do povo como um todo”.[29]

 [...] Para Leonardo Boff uma igreja hierarquizada se caracteriza pela “rigidez e a falta de alegria evangélica”... empobrecer por seu espírito capitalístico de tudo acumular... dando origem ao medo e à multidão de medíocres de espírito subserviente... Bem diversa é a Igreja onde o Espírito não é afogado; aflora a criatividade... pessoas se sentem efetivamente membros e não meros fregueses de suas comunidades propicia-se espaço para a realização religiosa de todos com suas várias capacidades (carismas) postas a serviço de todos e do evangelho.[30]

 

4 Reflexos para o dia de hoje

“A Bíblia relata relacionalidades. Seja relacionalidade entre os seres humanos, entre os seres humanos e Deus seja entre Deus e os seres humanos”.[31]Nossos dias de hoje não é tão diferente do que nos apresenta o contexto da comunidade de Corinto, o ser humano deste século também se depara com muitos problemas. As situações econômicas, políticas, as ideologias interferem nas relações sociais. Com a multiplicidade de pontos de vista, onde, alguns, sobressaem sobre os demais acaba gerando desconfortos e injustiças e, deixando os “menores” a margem da sociedade. Essa concepção de superioridade e inferioridade é bem visível no tratamento entre seres humanos. 

A autossuficiência não cria comunidade. A autossuficiência é atitude reflexa da solitária vida das mercadorias. Abandonados pelo mundo do trabalhão à própria sorte, a possibilidade de se manter com profissional competitivo está vinculada à capacidade individual de gerir com sucesso a própria carreira.[32]

 

 

Por outro lado, temos “A palavra de Deus”,[33] ela vem ao nosso encontro” pela ação do Espírito Santo, arranca da solidão para a comunhão, cria comunidade, igreja. O Batismo insere na comunhão, amarra a Cristo e à comunidade”.[34] Isto nos desafia a cultivar nossa vida comunitária, tornando-a mais fraternal. Sendo assim, a Palavra de Deus quer nos conduzir para um caminho onde a vida social adquira sua vitalidade com o outro. No e pelo corpo de Cristo “É possível, portanto, dizer que a “Koinonia” cristã é exclusiva, mas jamais excludente”.[35]Com esta visão podemos direcionar nosso olhar para tantas pastorais e movimentos que temos hoje presente na Igreja, nos aponta a riqueza de diversos membros que constituí a Igreja quando cada membro coloca seu dom à serviço da comunidade.

Enquanto pessoa, somos convidadas a refletir para perceber o que nos torna um ser íntegro para reconhecer que todos os membros nos é necessário com sua específica função, para assim, podermos iniciar nosso processo de valorização e trilharmos um caminho que nos conduz ao encontro do outro. Esta “ponte” com os demais só será possível, quando começarmos esta socialização comigo mesma (aceitando-me como sou). Eis a importância do nosso corpo como comunidade.

Contemplando Cristo, sua comunhão com todos os seres humanos, somos convidados enquanto membro comunitário, nos abrirmos para as diferenciações, às diversidades e contemplar a beleza, a dinâmica e a riqueza e, é isto, que dá sentido o corpo comunitário, para expressar a imensidade deste valor. O apóstolo Paulo nos revela Cristo como aquele que convive com todos quando nos diz: “Assim também acontece com Cristo” (1Cor 12,12).[36]Na realidade em que vivemos hoje queremos recordar aqui

alguns dos aspectos mais significativos da apresentação de Jesus por Paulo. Em primeiro lugar, Jesus vem suprimir tudo o que separava judeus e pagãos, todas as barreiras de uma suposta lei de Deus que impediam a entrada dos outros povos, como se o povo de Deus se identificasse com aquele povo histórico de Israel que estava estabelecido na Palestina, embora muitos tenham emigrado na diáspora. Todos são iguais. Já não há distinção entre judeus e pagãos, homens e mulheres, livres e escravos.

Em segundo lugar, Paulo destaca aquilo que já era visível nos evangelhos: Jesus rompe com uma concepção cultual do povo de Deus. O que faz o povo de Deus são os atos materiais realizados na sociedade humana: os atos de amor positivo, construtivo, de um amor eficaz que constrói uma sociedade de iguais.

Em terceiro lugar, o povo de Deus é feito de pobres. Os pobres são os que o constroem com as suas fraquezas humanas e com a força do Espírito. Dessa maneira fica claro que o povo de Deus não se constrói com os poderes que dominam: não se constrói com o poder econômico, com o poder político ou com o poder da cultura. [...] A história da cristandade é feita de alianças com os poderes econômicos ou políticos ou culturais.

Em quarto lugar o povo de Deus é povo de liberdade. Nesse povo todos são igualmente chamados à liberdade. A liberdade faz com que todos possam criar, fazer a sua vida, tecer relações de amizade e colaboração com os outros. Paulo bem sabe que as comunidades vivem numa sociedade regida por leis imperiosas. Não prega a revolta contra o Imperador com armas iguais porque tomar o lugar do imperador não mudaria nada. O que Jesus quis foi criar uma sociedade em que esse imperador seria impossível. Um dia deve vir em que o imperador seja o servidor do povo. Isto poucas vezes aconteceu na história da cristandade, mas aconteceu e deve acontecer de novo.[37]

“O mal-entendido e a discussão continuam entre Jesus e os seus discípulos atuais. O problema é sempre o mesmo: o poder”.[38]

“Os coríntios valorizavam os dons espetaculares, sobretudo o falar em línguas e o profetizar. Os que possuíam esses dons consideravam-se donos da comunidade. Portanto, temos mais uma vez o conflito entre “fortes” e “fracos””. [39] É a partir destas compreensões que queremos refletir sobre os dias atuais. Pois,“os fortes pretendiam manter seus privilégios e posição social. A dominação deles pervertia o sentido das celebrações e a vida da comunidade”. [40]Bortolini para nos expressar melhor esta distinção no âmbito da vivencia comunitária, sobre estes relacionamentos traz presente uma comparação dos membros existente no corpo humano. Os membros que eles consideravam mais importantes deviam reprimir aqueles que para eles eram insignificantes, e estes, devem escutá-lo e ser submissos.

 

Conclusão

No decorrer desta leitura constatamos a situação do ser humano no espaço da economia, política e ideologia, estas, causam constantemente series de conflitos nas relações sociais. Através da concepção do ser humano, fica para nós um convite de nos questionarmos, qual o meu conceito de corpo.

A comparação do valor do corpo comunitário como membros do corpo de Cristo, com sua visão teológica nos possibilita ir mais além com a nossa interpretação dos membros que forma o corpo na sua integridade. Aqui, temos outra percepção, que nos permite enxergar e conhecer valores diversos e enriquecedores para a vida da comunidade que adquire grande sentido em Cristo.

Chegamos a esta compreensão mediante o texto 1 Coríntios, especificamente o capitulo 12,12-31[41] que nos possibilitou fazer esta leitura sociológica, nos apresentando assim, a dinâmica da vida da comunidade a partir de cada integrante.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas

 

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WEGNER, Uwe. “A leitura bíblica por meio do método sociológico” em Mosaicos da Bíblia, São Paulo: CEDI, 1993, p.5, n.12,28p.



[1] Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada na disciplina Métodos da Interpretação da Bíblia com a professora Kathlen Luana de Oliveira.

[2] Acadêmica do curso de teologia no Instituto Missioneiro de Teologia (URI/IMT). Contato: ir.lilianeoliveira@hotmail.com

[3] BÍBLIA, Tradução Jerusalém. Antigo e Novo Testamento. Cf. 1 Coríntios 12,12. São Paulo: Paulus, 4º impressão, 2006.

[4] ANDERSON, Ana Flora e GORGULHO, Gilberto. “A leitura sociológica da Bíblia” em      Estudos bíblicos, Petrópolis: Editora Vozes, 1987, p.6-7, n.2, pp.6-10.

[5] WEGNER, Uwe. “A leitura bíblica por meio do método sociológico” em Mosaicos da Bíblia, São Paulo: CEDI, 1993, p.5, n.12,28p.

[6] BÍBLIA, Tradução Jerusalém. Antigo e Novo Testamento. Cf.1Coríntios 12,12-31. São   Paulo: Paulus,4ª impressão, 2006.

[7] WEGNER, Uwe. “A leitura bíblica por meio do método sociológico” em Mosaicos da Bíblia, São Paulo: CEDI, 1993, p.6, n.12,28p.

[8]  No item 4.

[9]  Cf. 1 Coríntios 6,15-20.

[10] Contexto baseado: BÍBLIA, Tradução Peregrino. Antigo e Novo Testamento. Introdução à Primeira Carta de 1 Coríntios. 3ªed. São Paulo: Paulus, 2011.

[11]  FERREIRA, Joel A. A corporeidade em 1 Coríntios: O embate entre as culturas  semítica e  helênica. Interações. Cultura e Comunidade, v.3.n.3.p.45-59, 2008, p.46. Disponível em:http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/revistainteracoes/article/viewFile/44/37. Acesso em: 8 maio 2013.

 

[12] FERREIRA, Joel A. A corporeidade em 1 Coríntios: O embate entre as culturas semítica e   helênica. Interações. Cultura e Comunidade, v.3.n.3.p.45-59, 2008, p.46. Disponível em:http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/revistainteracoes/article/viewFile/44/37. Acesso em: 8 maio 2013.

[13]  Idem item 12.

[14]  Idem item 13, p.47.

[15]  Idem item 14, p.50.

[16]  Idem item 15, p.51.

[17]  Idem item 16.

[18]  REBLIN, Andréas Yuri. Para o alto e avante: uma análise do universo criativo dos surper-heróis. Porto Alegre, RS: ed. Asterisco, 2008, p.44.

[19] FERREIRA, Joel A. A corporeidade em 1 Coríntios: O embate entre as culturas semítica e helênica. Interações. Cultura e Comunidade, v.3.n.3.p.45-59, 2008, p.52. Disponível em:http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/revistainteracoes/article/viewFile/44/37. Acesso em: 8 maio 2013.

[20] Idem item 19.

[21] Idem item 20.

[22] Idem item 21.

[23] BÍBLIA, Tradução Jerusalém. Antigo e Novo Testamento. Cf.1Coríntios 12,13. São Paulo:            Paulus, 4ª impressão, 2006.

 

[24]  Idem item 23.

[25] SCHAPER, Valério Guilherme. Koinonia: a força profanadora da comunhão. Estudos   Teológicos, São Leopoldo v. 51 n. 2 p. 261-274, jul./dez. 2011. Disponível em: <http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/article/view/207/226>. Acesso em: 08Mai. 2013, p. 262.

[26]  Idem item 25, p.272.

[27]  WEGNER, Uwe. “A leitura bíblica por meio do método sociológico” em Mosaicos da Bíblia, São Paulo: CEDI 1993, p.17, n.12,28p.

[28]  Idem item 27.

[29]  Idem item 28.

[30]  Idem item 29.

[31] OLIVEIRA, Kathlen L. Antropologia Feminina no Antigo Testamento: Mulher Estrangeira  como Personificação do Mal em 2 RS 9.30-37. Artigo disponível em: www3.est.edu.br/nepp/revista/016/16. Acesso em: 22 Set. 2013.

[32] SCHAPER, Valério Guilherme. Koinonia: a força profanadora da comunhão. Estudos Teológicos, São Leopoldo v. 51 n. 2 p. 261-274, jul./dez. 2011. Disponível em: <http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/article/view/207/226>. Acesso em: 08Mai. 2013, p. 272.

[33] Idem item 32.

[34] Idem item 33.

[35] Idem item 34, p.273.

[36] BÍBLIA, Tradução Jerusalém. Antigo e Novo Testamento. Cf.1Coríntios 12,12. São Paulo:  Paulus, 4ª impressão, 2006.

[37] COMBLIN, José. A Bíblia e o compromisso social em Estudos Bíblicos, 95, Petrópolis: Vozes, pp.9-16, 2007, p. 14.

[38]  Idem item 37.

[39] BORTOLONI, José. Como ler a primeira carta aos coríntios: superar os conflitos em comunidade. São Paulo: Paulo, 5ª edição, 2003, p.58.

[40]  Idem item 39.

[41] BÍBLIA, Tradução Jerusalém. Antigo e Novo Testamento. Cf.1Coríntios 12,12-31 São Paulo: Paulus, 4ª impressão, 2006.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Maria Liliane Silva de Oliviera

por Maria Liliane Silva de Oliviera

Graduanda do 2º ano, cursando Teologia no Instituto Missioneiro de Teologia vinculado a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, no Campus de Santo Ângelo - RS. Irmã Religiosa na Congregação Apóstolas da Sagrada Família, trabalho com crianças tendo em vista o trabalho de assistência social e evangelização e acompanhamento a um grupo de catequistas em sua própria comunidade

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