O CAPS e o tratamento para pessoas em uso de álcool e drogas

Tratamento para pessoas em uso de álcool e drogas
Tratamento para pessoas em uso de álcool e drogas

Psicologia

25/04/2015

Atualmente o funcionamento do CAPS em nosso município trouxe a possibilidade de tratamento para as pessoas com problemas devido ao uso prejudicial de álcool e outras substâncias, sem a necessidade de afastá-las de seu emprego, família e vida social, e é fato que já estamos atendendo estes pacientes que nos procuram em busca de ajuda espontaneamente. Isto é extremamente gratificante porque a força de vontade para viver uma vida saudável, sem o uso de drogas ou pelo menos buscando reduzir danos é o que traz resultados nesta luta diária.


Segundo Figlie e Fontes (2004) a redução de danos é uma alternativa de saúde pública para os modelos moral, criminal e de doença. A RD é um movimento internacional que surgiu na década de 1980 em resposta à crescente crise da AIDS e visava reduzir os riscos de transmissão do vírus do HIV entre os usuários de drogas injetáveis. O princípio que fundamenta a RD é o respeito e a liberdade de escolha dos usuários, visando sempre reduzir ou minimizar riscos decorrentes do uso para aqueles que ainda não conseguem cessar o uso de substâncias psicoativas ou álcool, e no tratamento, oferece várias opções de políticas e procedimentos que visam reduzir as consequências negativas da adicção, estimula a diminuição gradativa para reduzir as consequências prejudiciais do álcool ou drogas. Quando o dano é reduzido progressivamente, os usuários podem ser incentivados a atingir submetas rumo à moderação ou abstinência. Um exemplo da redução de danos é a reposição da nicotina para os fumantes, que pode ser aplicada através dos adesivos transdérmicos.


Em relação às bebidas alcoólicas, o controle local e a intervenção comunitária são políticas de redução de danos, através da conscientização e o cumprimento das leis que regularizam horários e locais de comercialização e a responsabilidade dos pais e comerciantes, como é o caso da Lei 13.106 sancionada em 18 de Março de 2015 que alterou o Estatuto da Criança e Adolescente e passa a considerar crime a venda de bebidas alcoólicas à menores de 18 anos.


Ainda assim, são muitas pessoas que tem nos questionado a respeito das internações, involuntárias ou compulsórias, para pessoas com problemas com o uso de substâncias psicoativas e a função do CAPS nestes casos, então seguindo o raciocínio do artigo anterior informamos que nem todos os casos são para internação, e que se seguirmos a Política de Luta Antimanicomial nenhum caso deveria ser encaminhado para este tipo de internação que na maioria das vezes é solicitado pela própria família que quer se ver livre do problema ou não sabe lidar com os problemas decorrentes dele.


No entanto, considero a importância de uma avaliação criteriosa para cada caso, considerando a internação apenas como um último recurso. As internações compulsórias e involuntárias são permitidas após uma avaliação criteriosa do Médico Psiquiatra do CAPS, que emitirá um Laudo atestando a necessidade de internação apenas quando todas as outras tentativas estiverem sido esgotadas e a vida da pessoa e/ou da sua família estiver em risco devido ao uso descontrolado.


O CAPS I Chapada está à disposição de todos, inclusive da família, para orientá-los e juntos encontrarmos alternativas de auxílio e tratamento para cada caso, a partir do mês de Maio as ‘Reuniões da Família’ terão início e convidamos todas as famílias que participem, ainda que o seu familiar não tenha iniciado ou aceito o tratamento, pois a participação da família neste processo é fundamental. Em nossas reuniões ofereceremos além de informações, orientações e apoio emocional para que juntos possam unir forças para esta luta diária que causa tanta dor e sofrimento.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Sani Raquel de Souza Neves

por Sani Raquel de Souza Neves

Sani Raquel de Souza Neves. Psicóloga, graduada pela Universidade Católica Dom Bosco. Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade Federal de Mato Grosso. Pós graduanda em Dependência Química na Faculdade Afirmativo de Cuiabá-MT e em Saúde Mental na UCDB-Portal Educação. Já trabalhou com Adolescentes em conflito com a Lei no Sistema Socioeducativo, Psicologia Clínica e CAPS.

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