Tortura física e psicológica pode levar à morte ou provocar sequelas

Tortura: há como se defender?
Tortura: há como se defender?

Psicologia

27/08/2014

Segundo Penna (1989) o corpo ideal é uma abstração, um clichê aprendido e incorporado, e certas regiões do corpo podem ficar mais sujeitas a críticas por se afastarem do ideal esperado.


Uma imagem corporal alterada pode causar infinitos transtornos que serão intensificados quando esse corpo apresentar algum tipo de mutilação, como é o caso de pacientes acometidos por câncer de cabeça e pescoço. A imagem corporal envolve a percepção do indivíduo e os seus anseios. É um componente importante em todo o complexo mecanismo de identidade pessoal. As alterações da imagem corporal podem abalar a autoconfiança do indivíduo, inabilitando-o a uma vida social satisfatória.


As transformações provocadas pela doença e ou pelo tratamento prejudicam de forma intensa a relação que o paciente tem com a sua imagem corporal, com a confiança e a estima que sente por si mesmo. Em geral, os pacientes com câncer sofrem alguma alteração na imagem corporal ocasionada pelas sequelas do câncer e ou pelo próprio tratamento, gerando sentimentos de baixa autoestima, isolamento social e dificuldades nos relacionamentos sociais.


Rodin (1982) afirma que uma pessoa mutilada está feia, precisa ser reintegrada a si mesma e ao conjunto das coisas, está malfeita, tem um defeito. Nos casos de uma mutilação ocorrida em decorrência de um câncer, as inseguranças e medos despertam preconceitos introjetados, tais como: a rejeição e exclusão social que podem ser vivenciadas com um intenso sofrimento pelo indivíduo.


Por tudo isso, ao seu rosto “estranho” impõe-se elaborações psíquicas, incluindo um trabalho de luto e ressignificações. O suporte psicológico permite ao paciente reencontrar-se, reestruturar-se em relação à sua própria imagem corporal e com a sua nova realidade de vida.


A atuação da Psicologia deve se adequar à demanda que lhe é feita, traçando intervenções que possam ter efeitos positivos no enfrentamento da doença e dos tratamentos. Sua prática visa possibilitar a paciente com câncer uma melhor qualidade de vida.


Os pacientes com câncer na região da face e pescoço podem se beneficiar do acompanhamento psicológico, já que a desfiguração numa parte tão visível e importante do corpo humano é um fator de intenso sofrimento e ansiedade, sendo crucial o acolhimento e a oferta de um espaço para refletir e elaborar o evento traumático ocorrido.


Brandão et al. (2004) pontuam que acontecem alterações na imagem corporal dos indivíduos principalmente em situações de crise, como, por exemplo, doenças. Neste sentido, compreende-se que o adoecer de câncer, em especial o de cabeça e pescoço, atinge o paciente em sua integralidade, sendo, portanto, essencial à possibilidade de acompanhamento psicológico a esses pacientes.


Ainda assim, Bittencourt et al. (2009) evidenciam a falta de estudos científicos relacionados à temática da imagem corporal e câncer. Dessa forma, a escassez de trabalhos, possibilita um amplo campo de investigação para a Psicologia.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Tânia Damasceno

por Tânia Damasceno

Tânia Damasceno é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e licenciada em letras (português/inglês) pela Universidade Nove de Julho de São Paulo. Sua experiência profissional concentra-se nas áreas de comunicação e idiomas.

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