Linguagem musical na Educação Infantil

A criança se expressa espontaneamente sonora e corporalmente
A criança se expressa espontaneamente sonora e corporalmente

Psicologia

17/04/2014

Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria.

Enfim, o que podemos conceber, por intermédio da música é que efetivamente a prática dessa estratégia de trabalho seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela apreciação, potencializa a aprendizagem cognitiva, especialmente no tocante ao raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato.

Sendo um lugar privilegiado para o desenvolvimento da atividade musical, já que a criança se expressa espontaneamente sonora e corporalmente, a educação infantil é o momento mais indicado para se iniciar o trabalho sistemático com música.

A música é uma área de conhecimento, uma linguagem com códigos específicos, uma forma de comunicação, através da qual o indivíduo vai dispor de meios para expressar-se.

Para que isso ocorra, como em qualquer linguagem, a capacidade de compreensão da música está relacionada com o domínio dos códigos musicais, que por sua vez prescindem de uma sensibilização auditiva, pois somente assim a alfabetização musical será efetiva. Não basta apenas ouvir, é necessário compreender o que ouve. Quanto mais cedo a criança tiver a oportunidade de compreender o mundo sonoro em que ela está inserida, entrar em contato com músicas que tenham significação para ela, maior e melhor será a sua percepção e sua sensibilidade com relação as sonoridades que a cercam.

Educar musicalmente é promover atividades onde haja a audição, a produção e a fruição dos sons, sejam eles musicais ou não e com eles interagir para expressar-se e comunicar-se, é uma linguagem que apresenta a todos a possibilidade de aprender a apreciar e envolver-se com a realização dos mais variados gêneros musicais e também de desenvolver habilidades de fazer música, se utilizando de instrumento e/ou a voz estaremos possibilitando o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com necessidades especiais pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, não apresentam pressões nem cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição, contribuindo então para o envolvimento social, e despertando noções de respeito e consideração pelo outro, e abrindo espaço para outras aprendizagens.

Segundo Garcia (200, p.12) é importante trabalhar a música para deixar fluir, a imaginação, a intuição e a sensibilidades dos alunos, pois, só assim lhes será oferecida a possibilidade de diversidade de pensamentos linguagem. Desse modo a linguagem musical chega a ser um conhecimento que se constrói e possui estruturas e características próprias como a produção, à apreciação e a reflexão.
Desde o nascimento, a criança tem necessidade de desenvolver o senso de ritmo, pois o mundo que a rodeia, expressa numa profusão de ritmos evidenciados por diversos aspectos: no relógio, no andar das pessoas, no voo dos pássaros, nos pingos de chuva, nas batidas do coração, numa banda, num motor, no piscar de olhos e até mesmo na voz das pessoas mais próximas.

Existem várias possibilidades para trabalhar com linguagem musical podemos destacar: estímulo ao desenvolvimento do instinto rítmico (com ordens para andar, correr, rolar, balançar); marcação da pulsação com palmas e com os pés, dramatizações simples como imitação de animais (seus movimentos e sons); relacionamento do pulso musical à pulsação do coração, fazendo a criança ouvir o coração do amigo, em repouso e depois de correr; apresentação de canções que sugiram movimentos de acordo com a pulsação da música.·.

Compreender a música como linguagem é forma de conhecimento e leva a ver a criança não como um ser estático e sim como alguém que interage o tempo todo com o meio, organizando suas ideias e pensamentos. Os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que a criança comece a entender o que é linguagem musical, e aprender a ouvir os sons e a reconhecer diferenças entre eles.
Em qualquer ambiente que a criança esteja exposta deverá ser estimulada a prestar atenção aos sons que com certeza estão acontecendo e se possível identificá-los relacionando-os e nomeando-os.

A partir do momento em que a criança entra em contato com a música, seus conhecimentos se tornam mais amplos e este contato vai envolver também o aumento de sua sensibilidade e fazê-la descobrir o mundo a sua volta de forma prazerosa. Seus relacionamentos sociais serão marcados através deste contato e sua cidadania será trabalhada através dos conceitos que inevitavelmente são passados através das letras das canções. A música na educação pode envolver outras áreas de conhecimento.

Na matemática a música também esteve presente: quando marcamos um ritmo, temos que saber quantidade para tocarmos. Além disso, há várias letras de músicas que nos ajudaram a facilitar a aprendizagem de números, quantidade, classificação e seriação.

O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material é feito o objeto (metal, plástico, vidro, madeira) ou como o som foi produzido (agitado, esfregado, rasgado, jogado no chão).

Assim como são de grande importância as atividades onde se busca localizar a fonte sonora e estabelecer a distância em que o som foi produzido (perto ou longe). Para isso o professor pode pedir para que as crianças fiquem de olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele, ou ainda, o professor pode caminhar entre os alunos utilizando um instrumento ou outro objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento do som com as mãos. Através dessas atividades o educador pode perceber quais os pontos fortes e fracos das crianças, principalmente quanto à capacidade de memória auditiva, observação, discriminação e reconhecimento dos sons, podendo assim vir a trabalhar melhor o que está defasado.

Jeandot (1997) traz o lúdico como um fator determinante na aprendizagem e no desenvolvimento da criança, o ensino utilizando-se da música como forma lúdica criaria ambiente gratificante e atraente, servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. Por esta razão a música integra o âmbito do universo lúdico e deve integrar as práticas pedagógicas com crianças. Segundo Piaget (apud Jeandot, 1997, p.42).

A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso indispensável à prática educativa, acreditamos que através da ludicidade, a criança constrói e reconstrói os seus conceitos e internaliza de maneira natural, ela consegue expandir os limites de seus entendimentos por meio da integração de símbolos elaborados nas músicas e nas atividades artísticas.

A música na educação alia-se com o brincar, a vivência com a música desenvolve expressões de gestos e movimentos, o canto, a dança e em especial apreciação musical. O que favorece o processo de socialização, a aproximação com o saber artístico, o lazer, prazer em interagir e experimentar, encontrar significados para suas necessidades emocionais, socioculturais, físicas e intelectuais, a música favorece na respiração, pois quando canta a criança desenvolve a linguagem verbal.

Na educação infantil, a música sempre foi trabalhada como suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos e comportamentos, como lavar as mãos, escovar os dentes, marcar rotinas, atividades, etc., ou ainda a realização de datas comemorativas, com canções que costumam ser acompanhadas por gestos corporais.

O processo de musicalização dentro da educação infantil, não pode acontecer de qualquer forma sem planejamento, deve-se tomar muito cuidado na aplicação de atividades musicais, para que não possa privilegiar poucos e sim promover um bom desenvolvimento dos alunos a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimento mais importantes a serem trabalhadas na educação infantil, ao lado da linguagem oral e escritas, raciocínio lógico-matemático, artes cênicas, etc.

Assim, o ensino de música nas escolas é uma forma de propiciar aos alunos o entendimento e desenvolvimento desse domínio, que, por ser especializado, poderá contribuir para o seu desenvolvimento global. As justificativas dos profissionais, entretanto, sugerem que o entendimento e desenvolvimento da música como domínio único não parece algo relevante em si mesmo.

A linguagem musical deve estar presente no contexto educativo, envolvendo atividades e situações desafiadoras e significativas que favoreçam a exploração, a descoberta e a apropriação de conhecimento. A ludicidade evidenciada nas atividades de sala de aula ou até de Educação Física possibilita que o professor oportunize a criança um programa de atividades motoras. (FERREIRA et al, 2007)

Portanto, a noção do conhecimento musical, surge da ação da criança com a música, cuja característica primordial é o movimento simultâneo e sucessivo de seus elementos.

Assim, dentro de um processo ativo e lúdico a criança poderá construir seu conhecimento musical, quando interagir com objetos sonoros existentes em seu contexto social.

Em pesquisa realizada na Universidade de Toronto, no Canadá, comprovou algo que muitos pais e educadores já imaginavam: os bebês tendem a permanecerem mais calmos quando expostos a uma melodia serena e dependendo da aceleração da música, ficam mais alertas e espertos.

Por isso, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimento mais importantes a serem trabalhada na educação infantil, ao lado da linguagem oral e escrita, raciocínio lógico-matemático, artes cênicas, etc.

Assim, o ensino de música nas escolas é uma forma de propiciar aos alunos o entendimento e desenvolvimento desse domínio, que, por ser especializado, poderá contribuir para o seu desenvolvimento global. As justificativas dos profissionais, entretanto, sugerem que o entendimento e desenvolvimento da música como domínio único não parece algo relevante em si mesmo.

Não se trata de questionar a capacidade da música em contribuir com o desenvolvimento da personalidade, sensibilidade, corpo e intelecto ou com a aquisição de conhecimento em outras áreas curriculares, uma vez que a música não parece se justificar como disciplina escolar específica, visto que seus valores e benefícios também poderiam ser desenvolvidos por outros componentes curriculares. A música pode ser algo benéfico aos alunos e não algo necessário ou fundamental à formação dos mesmos. A ideia de que a educação musical escolar deveria servir a algum fim que não ela própria, às atividades educativo-musicais deveria conduzir ao desenvolvimento de algo diferente da própria música.

Dito de outra forma a música deveria contribuir para reconhecer algo valoroso no desenvolvimento da capacidade de compreender e vivenciar as atividades lúdicas dentre as várias práticas humanas, como uma dimensão fundamental da cultura, algo que permeia a vida de seus alunos, tanto na escola quanto fora dela.

Muitas são as possibilidades de se trabalhar com a linguagem musical na Educação Infantil. Proporcionar à criança situações em que ela possa expressar-se e desenvolver sua criatividade é papel da escola e do professor.

Cada atividade, em suas diferentes especificidades, favorece o processo de aprendizagem da criança à medida que oferece a ela a oportunidade de externar suas emoções e construir significados para cada nova vivência adquirida.

As aulas em que se utilizam desse recurso devem ser feitas de forma a introduzir a magia dos sons, permitindo as crianças a criação e a execução de atividades musicais de maneira lúdica e prazerosa. Nessas aulas os alunos podem construir instrumentos musicais com materiais sucateados, desenvolvendo a coordenação motora enquanto se descontraem cantando e se divertindo, além de ampliarem o vocabulário a música permite o convívio social. (SOUSA; VIVALDO, 2010)

De acordo com Jeandot (1997), ao estimular a criança a construir seus próprios instrumentos e utilizá-los, desperta nela a vontade de explorá-los, e isso lhe proporciona prazer. No entanto, é preciso ter muito cuidado quando se trabalha com a música na Educação Infantil, pois é fundamental que o professor saiba como trabalhar com ela de forma que exista um planejamento prévio, onde as canções sejam escolhidas e relacionadas à idade das crianças, do contrário este pode ser absorvida de maneira negativa pelo educando.

Alguns elementos estão presentes nas práticas escolares que se apoiam ou se expressam mediante a linguagem musical, tais como os jogos, a dança, a dramatização, o canto, a bandinha rítmica os brinquedos infantis e a mais comum de todas as práticas musicais na Educação Infantil são as cantigas de roda que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento cognitivo, social e musical da criança na educação infantil. As atividades com cantigas de roda podem desenvolver a conduta musical e social da criança, na medida em que tarefas com objetivos definidos são propostas, a fim de oportunizar a sensibilização musical de cada criança.

“As brincadeiras de roda integram poesia, música e dança, sendo também muito apreciadas pelas crianças, principalmente por causa do movimento” (FERREIRA et al, 2007).

Por isso, as atividades como cantar com gestos, dançar, bater palmas, pés são experiências importantes para criança, pois ela permite que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo e aquisição de leitura e escrita (PIAGET, 1996, p. 34).

Na Educação Infantil, o contato com pessoas diferente do meio familiar possibilita que ela estabeleça novas relações e adquira novos conhecimentos.

A música na educação auxilia a percepção, estimula a memória e a inteligência, relacionando-se ainda com habilidades linguísticas e lógico-matemáticas ao desenvolver procedimentos que ajudam o educando a se reconhecer e a se orientar melhor no mundo.

As crianças na etapa da educação infantil têm necessidade de aprender através do concreto, manuseando objetos, vendo, sentindo, ou seja, experimentando sensações e movimentos.

Ouvir música aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos são atividades que despertam, estimula e desenvolve o gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais dessa linguagem.

Bréscia (2003) diz que, ao trabalhar com diferentes sons, a criança aguça sua audição, ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção, ao cantar ou imitar sons ela está estabelecendo relações com o ambiente em que vive.

No entanto a música está presente em todos os momentos da nossa vida. É uma das formas mais importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente e a voz por ser um instrumento musical delicado que precisa de cuidados especiais se utilizada mal, corremos o risco de perdê-la ou machucá-la. Prestar atenção à voz falada e cantada dos alunos é uma atividade corriqueira dos professores. Nesse caso, se observarmos qualquer problema com a voz das crianças, uma rouquidão constante, palavras pronunciadas de forma diferente ou perda de voz, devemos encaminhá-la a um fonoaudiólogo.

A educação musical não deve objetivar a formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje, conscientes e reflexivas quanto ao fenômeno musical.

Precisamos entender que a educação musical não visa a formação do músico profissional. Um professor que canta com seus alunos sala de aula está oferecendo um tipo de vivência, mas essa vivência não pode se limitar apenas a essa atividade. É importante destacar que a música deve estar presente na escola como um dos elementos formadores do indivíduo.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Rosana Sardo Kreusch

por Rosana Sardo Kreusch

Professora de Educação Infantil

Portal Educação

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