Percepção dos professores sobre a indisciplina dos alunos e seus posicionamentos

A pesquisa é focada no professor. Confira!
A pesquisa é focada no professor. Confira!

Psicologia

16/04/2014

INTRODUÇÃO

A questão disciplinar é, atualmente, uma das dificuldades fundamentais quanto ao trabalho escolar. Segundo os professores o ensino tem como um de seus obstáculos a conduta desordenada dos alunos, trazida em termos como: bagunça, tumulto, maus comportamentos, desrespeito às figuras de autoridade.


A pesquisa é focada no professor, a fim de investigar como ele compreende a indisciplina e quais medidas são tomadas para trabalhar essa problemática que, suposta e queixosamente, está presente em todo o ambiente escolar. Acredita-se que a relação professor

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¹Trabalho de pesquisa apresentado como requisito para conclusão da Disciplina de Pesquisa B do Curso de Psicologia- URI- Campus Santo Ângelo

² Acadêmica do 9° Sem. do Curso de Psicologia

³Professora orientadora da pesquisa e aluno,no contexto da sala de aula, é elemento marcante para o sucesso da aprendizagem e revelador de uma instituição capaz de promover um ambiente de relações saudáveis.


A indisciplina nas escolas públicas e privadas é decorrente de diversas causas, e um dos fatores que contribuem para que ela aconteça é a atuação da própria escola, através de seus professores, que muitas vezes não administram as diferenças, não favorecendo um clima de confiança entre eles, gerando em contrapartida, comportamentos resistentes, que operam por meio da indisciplina. A indisciplina, além de comprometer as relações interpessoais, compromete também o processo de ensino-aprendizagem.


O presente artigo foi realizado na perspectiva de responder as questões: Qual a percepção dos professores sobre a indisciplina dos alunos? Existem diferenças de percepção nos professores de escolas públicas e privadas? Como o professor se posiciona diante da indisciplina dos alunos? Sendo que essa relevância situa-se no fato da indisciplina ser pautada como um problema recorrente nas escolas. A necessidade de estudar e desenvolver uma pesquisa sobre a percepção dos professores acerca da indisciplina surgiu a partir da realidade encontrada nas escolas e o crescente número de queixas dos professores, que buscam por atendimentos psicológicos a estes alunos, ditos indisciplinados.


A pesquisa foi desenvolvida com os seguintes objetivos específicos: compreender o conceito de indisciplina trazido pelos professores; identificar quais as causas que os professores atribuem aos ditos comportamentos indisciplinados dos alunos; descrever as principais manifestações de indisciplina na visão dos professores; conhecer os mecanismos utilizados pelos professores no manejo das situações indisciplinares; comparar as diferenças de percepção dos professores de uma escola privada e de uma pública.

METODOLOGIA

A pesquisa é do tipo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo que segundo Mayan (2001) explora a experiência das pessoas na vida cotidiana, pois busca compreender questões da realidade que não podem ser quantificadas, tais como explorar, conhecer, entender e interpretar um fenômeno, situações e eventos, quer sejam passados ou presentes.


A pesquisa pautou-se em um estudo de caso múltiplo, que consiste num estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Seus resultados são apresentados em aberto, ou seja, na condição de hipóteses, não de conclusões (GIL, 2010).


Fizeram parte deste estudo professores, tanto do sexo feminino como masculino, que estivessem atuando em turmas de anos intermediários (quarto e quinto ano), dois de uma escola pública e dois de uma escola particular, totalizando quatro sujeitos no município de Santo Ângelo.


O contato com os sujeitos foi realizado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade e a entrevista foi realizada depois de os sujeitos estarem a par do que se tratava a pesquisa, que suas identidades seriam preservadas, tirarem suas dúvidas, e terem aceitado participar da pesquisa. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, solicitou-se a permissão para gravar a entrevista, esclarecendo que após a transcrição, a mesma seria descartada.


O instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada contendo nove perguntas abertas, o que confere uma maior liberdade de formular as perguntas e organizar sua sequência possibilitando a obtenção de informações acerca das percepções subjetivas do sujeito (CUNHA, 1993). Essa mobilidade de entrevista possibilita ao pesquisador quando não satisfeito com as respostas dadas anteriormente poder concluir com um número maior de perguntas, logo de respostas também, do que inicialmente havia proposto. Respeitando a linha dorsal traçada e tida como base (TRIVIÑOS, 2001).


Após os dados advindos das entrevistas foram analisados através da análise de conteúdo, que segundo Bardin apud Triviños (2001) é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos das mensagens. Permite-nos a análise das entrelinhas, pausas, risos, silêncio o que pode denunciar e ser relevante aos intentos da pesquisa. Os elementos recorrentes da fala dos sujeitos são interpretados analiticamente juntamente com a teoria.


O princípio da análise de conteúdo é definido na demonstração da estrutura e dos elementos desse conteúdo para elucidar inéditos caracteres e remover sua significação (SILVA, GOBBI e SIMÃO, 2004).A análise passa primeiramente pela etapa do recorte, onde os relatos são decompostos para posterior recomposição para melhor expressar sua significação. Estes devem atingir o sentido profundo do conteúdo e ou das ideias primordiais. Sendo os elementos agrupados por parentesco de sentido irá se organizar sob as devidas categorias analíticas de modelo misto onde as categorias são nomeadas no início, porém o pesquisador se permite modificá-la em função do que emergirá da análise (SILVA, GOBBI e SIMÃO, 2004).


RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de obter-se uma melhor análise das informações coletadas, foram constituídas quatro categorias, sendo elas: conceito de indisciplina, causas, manifestações e mecanismos de manejo apresentadas a seguir:


Caso 1- A (Escola Pública)

Sexo feminino, 49 anos, sendo que atua no magistério há vinte e três anos, destes vinte e dois anos na mesma escola. Leciona no quarto ano do ensino fundamental.


Conceito de indisciplina
: “atitudes erradas...”; não ter e/ou não seguir as regras, fazer o que tem vontade.


Causas: “falta de uma religião, faltam diálogos e limites...”; “as famílias desestruturadas, hoje em dia não é normal se separar, a mãe tem filhos com um pai, com outro pai, sabe assim, então eles não são irmãos, são diferentes, as famílias são diferentes hoje, eu acho que está aí os problemas as famílias...”; “os alunos assistem muita TV, assistem qualquer tipo de programa, desenhos violentos...”; “vão dormir muito tarde e acordam meio dia, vão dormir meia noite e isso não é horário de crianças irem dormir...”; “os pais trabalham e as crianças ficam sozinhas, largadas, recomendam e tudo, mas ficam sozinhas...”; “principalmente os meninos estão muito indisciplinados e pra mim o problema maior, o maior problema vem de casa, porque nós professores, nós temos o dever de passar, transmitir conhecimento e a educação vem de casa e não está acontecendo isso, as famílias estão deixando muito pra escola...”; “o exemplo do pai e da mãe, eles estão refletindo na escola, então é difícil...”.


Manifestações:
através de “brigas, agressões”.


Mecanismos de manejo: “é eu estou tentando colocar disciplina, normas na sala de aula, mas tá difícil...”; “faço eles lerem as normas de convivência todos os dias, o contrato pedagógico que agora se diz, converso com eles...”; “trabalhamos com projetos e isso ajuda...”; “faço círculos, faço brincadeiras lúdicas e interativas, determino o espelho em sala de aula, trago jogos para que eles gostem do conteúdo que vai ser trabalhado...”.


Caso 2- A (Escola Pública)

Sexo feminino, 35 anos, sendo que está formada há dez anos e destes três anos na escola. Leciona no quinto ano do ensino fundamental.


Conceito de indisciplina:
“modos inadequados na sociedade ou em qualquer lugar que vai...”;“não ter respeito às normas de convivência”.


Causas: “a maioria dos pais acho que trabalham, tem crianças que ficam em casa o dia inteiro sozinhas, tirando a parte que vem pra escola, não tem regras, não tem aquela cobrança, criança sem limites, então tudo isso ajuda, onde tem a presença da mãe ou do pai ou da mãe no turno que ela não vem pra escola é mais fácil de você cobrar, e os pais que trabalham o dia todo daí fica uma criança mimada, sempre cheia de regalias e acaba prejudicando depois na sala de aula...”.
Manifestações: “ofensas, apelidos e brincadeiras de maldade”.


Mecanismos de manejo
: “eu converso com eles né e tento explicar que esse aluno ofendeu o colega que se coloca no lugar do colega e como o colega não gostou e o que fez também não ia gostar, tendo um bom relacionamento, não colocar apelido, sem tá brigando, estou sempre conversando com eles e eles entendem...”; “procuro incentivar eles, levar para o pátio o conteúdo da sala de aula, do pátio trazer para a sala de aula, fazer essa ligação...”.

Caso 1-B (Escola particular)

Sexo feminino, 32 anos, sendo que na escola está a três anos, destes está há um ano como regente em anos iniciais. Leciona no quarto ano do ensino fundamental.


Conceito de indisciplina:
“É aquela pessoa que não sabe esperar, que não tem paciência, que não sabe ouvir...”;“é não saber respeitar o limite e o tempo do outro...”.


Causas: “quando as aulas não são mais atrativas aos alunos”... ; “o conteúdo não chama mais a atenção...”. “quanto às aulas são maçantes, quando a professora só passa no quadro ou só traz textos...”.


Manifestações:
“brincadeiras, conversas entre os colegas, quando uns estão fazendo as atividades e outros não, isso gera conflitos”.


Mecanismos de manejo: primeiro as conversas, “coloco o nome no quadro, quem tiver o nome por três vezes vai bilhete para os pais e a gente precisa conversar...”; “passar o conteúdo de uma forma lúdica, colorida e atrativa aos alunos...”; “ver o que está acontecendo se a criança sempre foi assim, se está passando por uma fase transitória agora, quando tá demais a gente manda bilhete e chama os pais, são os conflitos em casa? por que está sendo transmitido na sala de aula, quando a gente não consegue resolver os conflitos aqui dentro e vê que não é aqui dentro aí a gente precisa ver se é lá de fora, porque não adianta a professora dizer que é por causa das coisas que estão acontecendo lá fora e os pais dizendo que é por causa da escola, daí ficam um empurra-empurra, onde ninguém resolve à vida de ninguém a criança vai passando, vai rodando e vai ficando...”.



Caso 2-B (Escola Particular)


Sexo feminino, 33 anos, sendo professora regente há quatro anos, e monitora há dois anos, trabalha na escola há três anos.
Conceito de indisciplina: “são todos os atos que de certa maneira prejudicam a sociedade, as pessoas que estão na sociedade”...; “pessoas que não agem de acordo com as normas, leis do lugar onde estão inseridas prejudicando os outros...”.


Causas: “eu acho que a indisciplina no cotidiano escolar está totalmente ligada às questões familiares, a questões fora do ambiente escolar, porque as crianças já vem pra escola com um pré-conceito mesmo, sobre tudo, quando elas chegam na escola demonstram aquilo que elas aprendem e aonde que elas aprendem, quem é que tem que dar limites, tem que ensinar o que é certo e o que é errado, então eu acho que a indisciplina, ela vem de casa, assim como a disciplina, o respeito, como todos os outros conceitos ela também vem de casa...”.


Manifestações:
“a escola de hoje não é como a escola de antigamente, antigamente os alunos chegavam, sentavam e estavam ali prontos pra receber o conhecimento, hoje não, a gente sabe que eles trazem muito conhecimento, então acho que muitas vezes é confundido indisciplina com ensino-aprendizagem talvez, porque eles aprendem interagindo, interação com a indisciplina também...”; “falta de respeito com os colegas e com o professor...”. “discriminação com colegas especiais...”.


Mecanismos de manejo: “dinâmicas e conversas...”; “a gente trabalha muito nos períodos de religião e no dia a dia, a gente faz interferência a respeito de comportamentos levando a conscientização...”; “sempre buscando novas atividades” “estou sempre procurando uma maneira que seja melhor, que eles entendam mais, que vai agradar mais eles, que vai tornar as aulas mais prazerosas, sempre paralelo as atividades do livro que a gente tem que trabalhar, desenvolver outros projetos, que eles gostam, que sejam pertinentes de acordo com a manifestação dos desejos deles e tudo, sem falar de cursos de aperfeiçoamento pós-graduação que a gente termina um e começa outro...”.

A concepção de indisciplina trazida pelos sujeitos entrevistados, tanto da escola pública como particular, foram semelhantes, tais como não respeitar e/ou não seguir as regras, as normas de convivência, atitudes erradas, modos inadequados, fazer o que tem vontade, não saber esperar, não respeitar o limite e o tempo do outro, atos que prejudicam a sociedade.


A indisciplina é sempre o descumprimento da regra, em qualquer situação sendo que Goulart (1993) define como a situação em que o aluno que está sempre ocupado com alguma atividade diferente daquela determinada pelo professor.
Do mesmo modo para Meletti (2010) os alunos classificados como indisciplinados representam uma ruptura, um distanciamento acentuado daquilo que se espera do aluno ideal, daquilo posto como normal.


Magalhães (1989, pág. 40), também vai trazer que “a indisciplina não se define por si, a mesma surge como negação de qualquer coisa, seja essa coisa norma ou padrão socialmente aceito ou regra arbitrariamente imposta”.


Quanto às causas da indisciplina, três dos quatro casos atribuem as causas da indisciplina a algo externo a escola, o contexto familiar.


Garcia (1999) nos faz refletir ao indagar que “além de constituir um problema”, a indisciplina na escola tem algo a dizer sobre o ambiente escolar e sobre a própria necessidade de avanço pedagógico e institucional. O autor nos faz pensar que os sistemas educacionais usados nas escolas não estão sendo mais eficazes com as novas realidades, exigindo que mudanças sejam feitas.


Já no Caso 1-B a indisciplina acontece em sala de aula, quando as aulas não são mais atrativas aos alunos, o conteúdo não chama mais atenção e as aulas são maçantes. Garcia (1999), trás que na relação entre professores e alunos podem habitar motivos para a indisciplina e as formas de intervenção disciplinar que os professores usam pode reforçar ou mesmo gerar modos de indisciplina. No entanto é muito fácil atribuir a causa para a família, como se essa fosse à solução.


Nos casos 1-A e 2-A os entrevistados trazem que os pais trabalham e acabam deixando as crianças sozinhas, com isso os filhos/alunos acabam fazendo o que querem, tornam-se sem limites. Em momento algum as entrevistadas se colocam como “responsáveis” pelos atos indisciplinados de seus alunos. Aquino (1996) assegura que a indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono á habilidades das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel, evidenciado corretamente na ação em sala de aula, que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor.


No caso 1-A a entrevistada comenta que a educação dos alunos vem de casa e que os pais não estão fazendo isso e acabam deixando essa responsabilidade para o professor. Para Macedo (2005) a indisciplina, como qualquer outra competência escolar, deve ser ensinada pelo professor e não pela família como a entrevistada acredita.


Uma das causas da indisciplina citadas no caso 1-A são as famílias “desestruturadas”, onde os filhos/alunos assistem muita televisão, vão dormir tarde, acordam ao meio dia e vem para a aula “agitados” e, qualquer coisa que um falar para o outro produz brigas. O grande problema talvez esteja no fato de o professor se concentrar apenas na sua posição normalizadora, achando que com isso ele conseguirá eliminar os conflitos. Mas a sala de aula marcada pela diferença, pela instabilidade, pela precariedade, aponta para a inutilidade de um controle totalitário, pois os alunos buscam de modo espontâneo e não planejado o querer viver que, por ser irreprimível, impede a instalação de qualquer tipo de autorismo. (AQUINO, 1996).


De acordo com os sujeitos da pesquisa existem diversas manifestações da indisciplina. Aquino (1996) diz que a classe é o lugar onde se tece uma complexa rede de relações. Mas, na medida em que o professor não consegue perceber essa teia, ele concentra os conflitos ou na sua pessoa, ou em alguns alunos, não os deslocando para o coletivo. O autor quer dizer que, quando não há uma reversibilidade de posições, forma-se uma rígida divisão entre aquele que sabe e impõe, e aquele que obedece e se revolta e, dessa forma, cada um passa a ser movido por uma ordem, por uma obrigação, que é imposta e não incorporada.
Quanto aos mecanismos de manejo da indisciplina, os quatro sujeitos referem-se ao contexto da sala de aula. Buscam diferentes formas de atrair os alunos, com diálogos, brincadeiras lúdicas, atividades atrativas. Aquino (1996) aponta que, com vistas a manejar a indisciplina, é preciso rever os vínculos da relação professor-aluno, sobretudo a maneira que um se posiciona perante o outro, produzindo preferencialmente, relações de respeito, afeto, compromisso social.


Para os professores 1-A a indisciplina se manifesta através de brigas. Do mesmo modo, Aquino (1996) diz que o professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela manutenção da ordem, mas a diversidade dos elementos que compõem a sala de aula impede a tranquilidade da permanecer nesse lugar.


De acordo com o sujeito 1-B, ocorre a tentativa de resolver a indisciplina de seus alunos, primeiramente na escola, se não resolver e observar que não é a escola a causadora da indisciplina, a mesma busca o auxilio dos pais. Garcia (1999, p. 104) menciona que mesmo com a indisciplina presente nas escolas, “encontramos hoje certa ausência de uma cultura disciplinar preventiva nas escolas, bem como a falta de preparo por parte dos professores em lidar com distúrbios de sala de aula”, sendo que as medidas são tomadas após ocorrerem casos de indisciplina e não antes que ela possa acontecer.


Segundo Garcia (1999) a indisciplina apresenta-se como fonte de estresse nas relações interpessoais, particularmente quando associadas aos conflitos em sala de aula.


Os quatro casos colocam o diálogo como mecanismos de manejo, além de atividades novas e atrativas. Freire afirma que
O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar, seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (1996, p.96).


Outro mecanismo de manejo utilizado pelos sujeitos 1-A e 2-A são as normas de convivência. Aquino (1996) orienta que precisa haver clareza e fidelidade as regras estabelecidas, além de flexibilidade para mudanças, visto que o aluno obriga os professores a repensarem suas práticas.


Segundo Filho (2009, p.274) precisamos deixar de ensinar “o que pensar” para começar a ensinar “como pensar” – como trabalhar em equipe. O que não faltam são ideias criativas e inovadoras para uma reforma escolar. Devemos escolher os programas que funcionam; devemos programar as estratégias que já provaram sua eficácia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se contatar que a indisciplina está presente indistintamente tanto nas escolas públicas como nas escolas particulares. Enganam-se aqueles que a supõem, mais ou menos, presentes apenas em um determinado contexto. Aquino (1996) aponta que embora diferentes significados sejam atribuídos à problemática e até mesmo os próprios objetivos educacionais subjacentes possam ser distintos, eles passam a sofrer o mesmo tipo de efeito.


Percebeu-se também que a maioria dos professores não reconhece a indisciplina como problemática construída na sala de aula atribuindo assim ao contexto externo a responsabilidade pela produção da mesma.


A indisciplina tem uma estreita ligação com a relação professor-aluno na medida em que a escola grandemente representada nas relações professor-aluno funciona como instituição que exclui, marginaliza, que não acredita no potencial do aluno e que também não cumpre seu papel de trabalhar de forma eficaz.







REFERÊNCIAS

AQUINO, JulioGroppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e praticas. São Paulo: Summus, 1996.

FILHO, Luiz Frazão. Estratégias para auxiliar o problema de evasão escolar. Rio de Janeiro: Dunya E, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessáriosá pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GARCIA, J. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva.Revista paranaense de desenvolvimento. Curitiba, 1999.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GOULART, Silvia Moreira. A sala de aula como universo da construção do conhecimento. Rio de Janeiro: UERJ, 1993.

MACEDO, Lino de. Disciplina é um conteúdo como qualquer outro.Nova Escola, v.5. São Paulo, 2005.

MAGALHÃES, O. A causa das coisas: Indisciplina e Escola. São Paulo: Aprender, 1989

MAYAN, M. J. Uma introducion a los métodos cualitativos: módulo de entrenamiento para estudiantes y profissionales. Tradução César Cisneros Puebla. México: Universidade Autônoma Metropolitan, 2001.

MELETTI, S.M.F. Indisciplima como condição de desvio no cotidiano escolar. In: ENNING, L.M.F.; ABUDD, M.L.M (Org.). Violência, indisciplina e educação. Londrina: Eduel, 2010.

SILVA, R. C.; GOBBI, C. B; SIMÃO, A. A. O uso da análise de conteúdo como uma ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organizações Rurais Agroindustrial, Lavras, v.7.n.1, 2004.

TRIVIÑOS, A. N. S. Bases Teóricas – Metodológicas da Pesquisa Qualitativa em CiênciasSociais. Volume IV 2. ed. São Paulo: Ritter dos Reis, 200

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Magali Mariana Andreola

por Magali Mariana Andreola

psicóloga

Portal Educação

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