Psicossexual: Fases do desenvolvimento

Para Freud, o instinto sexual é uma força que nos excita e atua continuamente
Para Freud, o instinto sexual é uma força que nos excita e atua continuamente

Psicologia

28/01/2014

Os estudos de Freud sobre o sexo levaram-no a fazer uma série de afirmações que escandalizou a sociedade de sua época. As ideias novas são sempre combatidas quando surgem pela primeira vez, principalmente quando vêm se chocar contra velhos preconceitos.

A grande ênfase da teoria freudiana, quanto ao processo da evolução psicológica do homem, concentra-se nos primeiros anos de vida. Daí o fato de que, até recentemente os estudos da psicologia do desenvolvimento, que sofreram durante muito tempo grande influência da psicanálise, limitavam-se à infância e à adolescência. A rigor, a psicanálise clássica não tem muito a dizer sobre o desenvolvimento da personalidade após a adolescência, pois o estágio genital representa, praticamente, o ponto final e até mesmo, ideal da evolução psicossexual do ser humano. Mais tarde, Freud tentou ampliar a extensão desse processo evolutivo, ao elaborar a teoria do impulso para a morte, ou, mais especificamente, a teoria do comportamento agressivo, porém não chegou a deixar marcas significativas (FREUD, 1996).

Para Freud, o instinto sexual é uma força que nos excita e atua continuamente: essa força nos dá um tipo especial de prazer todas as vezes que a satisfazemos de uma maneira acertada. O instinto existe e atua visando a realização de um determinado objetivo. Assim podemos dizer que a finalidade para a qual existe o instinto sexual é a conservação e perpetuação da espécie humana. Esse objetivo pode ser facilmente alcançado pelo fato de que a satisfação do instinto provoca em nós uma sensação de prazer. Se não sentíssemos prazer ao satisfazer nossos instintos certamente eles desapareceriam (FREUD, 1996).

Freud deixa bem claro que há uma diferença dizer fatos sexuais e fatos genitais. Para que o instinto sexual realize seu objetivo, ou seja, para que se verifique a reprodução da espécie humana, é necessário que aconteça uma série de coisas. Uma delas é o coito, ou seja, o ato genital propriamente dito. Quando um casal está tendo relações genitais o instinto sexual está realizando seu objetivo que é a reprodução da espécie. Mas as relações genitais são apenas uma parte da vida sexual: as sensações sexuais não se limitam apenas as sensações genitais (FREUD, 1996).

De fato, para que um casal chegue a praticar o coito, é preciso que antes seja estimulado por uma série de sensações sexuais preliminares que vão produzindo um estado de excitação que acaba no coito. É muito grande o número dessas sensações anteriores ao prazer genital propriamente dito. Antes de entrarmos numa relação genital, experimentamos uma enorme quantidade de processos psíquicos como, por exemplo, esperanças e temores, desejos e atrações, encantamentos e ternuras, ansiedade e agressividade, etc. Todos esses processos psíquicos são sexuais e não genitais. A diferença entre ambos está em que as sensações sexuais têm por função desencadear os fenômenos genitais graças aos quais se faz a reprodução da espécie humana. As emoções sexuais são, portanto, processos psíquicos que, normalmente, conduzem aos fenômenos genitais (FREUD, 1996).

Não é só nesse sentido que o sexo se distingue das funções genitais. Além de se manifestar nas sensações sexuais o sexo pode se manifestar também em outros órgãos além dos órgãos genitais. Essa segunda distinção também é muito importante para compreendermos o verdadeiro significado da teoria de Freud.

Cinco estágios da evolução psicossexual:

- Fase oral: Período da vida em que, praticamente, a única fonte de prazer é a zona oral do corpo, e que apresenta como principal característica psicológica a dependência emocional. Representado pela boca, experimentamos o prazer e sensações gustativas como o comer e o beber e, às vezes, utilizamos para obter prazeres sexuais, como o beijo. Qualquer parte do nosso corpo pode ser utilizada de duas formas: ou para nos dar prazeres específicos, como os gustativos ou para dar prazeres sexuais.

Todas as vezes que uma determinada parte do corpo é transformada em fonte de excitação sexual, Freud dá a essa parte do corpo o nome de zona erógena, ou seja, zona que é capaz de gerar erotismo.

- Fase anal: Caracterizada pela retentividade.
- Fase fálica: Na qual surge o Complexo de Édipo, e o que se caracteriza pelo exibicionismo.
- Fase latente: Em que a energia libidinosa é canalizada para outros fins. É no período de latência que aparecem as forças do superego que provocam a sublimação do instinto sexual. Nessa fase surgem os sentimentos de vergonha e de pudor em relação ao sexo.
- Fase genital: Que representa o alvo “ideal” do desenvolvimento humano.

No processo evolutivo o indivíduo pode parar numa fase imatura. Nesse caso se diz que houve uma fixação. O indivíduo pode, também, voltar a formas imaturas do comportamento, em cujo caso se diz que houve uma regressão. Mecanismos de defesas são formas pelas quais o eu procura manter sua integridade. Dentro de certos limites são considerados normais. Quando, porém, ultrapassam esses limites, tornam-se patogênicos.

Freud declara que as crianças experimentam desde o seu nascimento, uma série de processos psíquicos de natureza sexual, ele não estava querendo dizer que as crianças praticam atos genitais da mesma forma como o fazem os adultos. Tanto é assim que ele chama nossa atenção para as fases de desenvolvimento do instinto sexual. O sexo tal como se manifesta nos adultos é o resultado de um longo processo de evolução que começa desde o nascimento. Como poderíamos quando adultos praticar atividades sexuais se o instinto sexual não existisse em nós desde que nascemos? O instinto sexual vai se desenvolvendo em nós pouco a pouco, vai passando por uma série de fases em sua evolução até atingir o estado normal da maturidade, que caracteriza a idade adulta. É exatamente quando essa evolução não se processa normalmente que aparecem os casos de perversão sexual. Se tudo corre bem, nosso instinto sexual vai se tornando adulto e normal à medida que nos desenvolvemos. Se, entretanto, aparece um fator qualquer que cria um obstáculo ao desenvolvimento do instinto, surge então uma anomalia, uma aberração sexual. Assim sendo, a existência do sexo nas crianças não deve causar espanto a ninguém. O que é anormal é o sexo das crianças não evoluir de maneira regular e adequada (FREUD, 1996).

O primeiro período da sexualidade infantil vai desde o nascimento até a idade de cinco anos. Ao chegar a essa idade o instinto sexual entra em um novo período denominado por Freud período de latência, período em que o sexo infantil não se manifesta abertamente, mas fica, por assim dizer, incubado, ou é desviado para outras atividades. Durante o período da latência a energia sexual deixa de ser utilizada como energia sexual e passa a ser aplicada para outras finalidades (FREUD, 1996).

Já na puberdade, o instinto sexual se robustece e como que desperta outra vez para a vida passando a se manifestar abertamente. Inicia-se aí outra fase de evolução. O aparelho genital começa a funcionar e as manifestações sexuais já são diferentes do sexo de caráter genital. Com a puberdade começa uma nova fase preparatória da sexualidade adulta normal (FREUD, 1996).

Para Freud, faz parte do instinto sexual infantil uma série de sensações de prazer experimentadas pela criança. Em primeiro lugar, aparecem as sensações bucais. Em grande parte, essas sensações são manifestações do sexo da criança, o que é explicado por aquela teoria da dupla função que estudamos acima. A boca é uma zona erógena e o prazer que a criança sente ao chupar é um prazer sexual. Os psicanalistas dão a esse fato o nome de erotismo bucal ou erotismo oral. A segunda fase atravessada pelo instinto sexual na infância é aquela em que o ânus aparece como fonte de prazer sexual. Esse período foi chamado por Freud de fase anal. Os prazeres experimentados na região do ânus como, por exemplo, a sensação de alívio que nos dá o ato de defecar representou para Freud prazeres de natureza sexual. Segundo seu modo de pensar, se esse prazer não existisse desde a infância não poderia haver o coito anal entre os adultos que é uma perversão sexual comum em todos os povos da terra. Freud repete aqui o mesmo tipo de raciocínio feito acima: a perversão sexual só pode existir baseando-se em algum tipo de atividade que foi normal durante a infância (FREUD, 1996).

O indivíduo normal é aquele que passa pela fase anal e depois ingressa na outra fase seguinte e vai assim evoluindo. O indivíduo anormal é aquele que, por um motivo ou por outro, não consegue prosseguir nessa evolução normal e fica parado ou atrofiado em uma das fases da evolução do instinto sexual.

A teoria de Freud confirma que as crianças até cinco anos de idade vivem uma vida sexual intensa. Todos nós sabemos que as crianças são capazes de experimentar sentimentos afetuosos inteiramente puros, sem qualquer relação com sexo. Entretanto, as crianças são capazes de ter sentimentos amorosos de natureza sexual.

De três a oito anos de idade os sentimentos amorosos se manifestam da seguinte forma. O menino e a menina se abraçam, dão beijinhos um no outro, sentam-se sempre lado a lado, se procuram entre si e não procuram os demais, ficam pequenos presentes um ao outro. Essas manifestações tão comuns decorrem ao que tudo indica instinto sexual das crianças.

A puberdade não é o momento em que nasce o instinto sexual. Ao contrário, é justamente o momento em que o instinto sexual adquire sua forma definitiva, o momento em que ele se torna maduro e adulto.

A passagem para puberdade não se faz da mesma forma no homem e na mulher. No homem a passagem é direta e na mulher há duas fases. Na primeira a sensibilidade se localiza no clitóris e só depois de algum tempo é que ela passa a se localizar na vagina. O fato de ter que passar por duas etapas genitais coloca a mulher numa situação de inferioridade, pois nela são maiores as probabilidades de haver uma interrupção no processo normal de desenvolvimento (FREUD, 1996).

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Colunista Portal - Saúde

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