A não aceitação e frustrações das mudanças sexuais do homem na terceira idade

A sexualidade é reconhecida como um aspecto importante da saúde e, se for vivida satisfato
A sexualidade é reconhecida como um aspecto importante da saúde e, se for vivida satisfato

Psicologia

11/11/2013

A prova social da sua masculinidade e a necessidade de status na sociedade superior a da mulher, faz com que o homem viva em constante demonstração do seu comportamento sexual para se autoafirmar socialmente (CARDOSO et al., 2012, p.37).

A disfunção erétil (DE) é considerado um problema de saúde pública devido às altas taxas de prevalência na população. Um estudo de Abdo et al. (2006, p. 426) demonstra as dificuldades sexuais dos homens relatadas em um questionário anônimo, várias situações negativas foram colocadas, como, baixa autoestima, problemas no relacionamento com a parceira, com os filhos e os amigos, no trabalho e no lazer, quando comparado a homens com outras disfunções sexuais, ejaculação rápida, falta de desejo sexual e disfunção orgástica.

Em relação ao declínio da função sexual Vasconcellos et al. (2004, p. 414) revelam que por volta dos 50 anos acreditava-se que era inevitável passar pela queda da função sexual por conta da menopausa feminina e da instalação progressiva das disfunções da ereção masculina.
O sentimento de culpa, de impotência e baixa autoestima de não conseguir um desempenho sexual desejado e satisfatório como antes, faz com que o homem evite ter ou manter relação sexual. Esta reação é gerada em função da vergonha, da frustação ou do receio de não conseguir uma ereção (VASCONCELLOS et al., 2004, p. 415).

Segundo Gradim, Sousa e Lobo (2007, p. 208), com o envelhecimento, o homem precisará de mais tempo para chegar ao orgasmo, ou seja, será necessário um intervalo maior entre uma ejaculação e outra e o volume ejaculado será reduzido. Nos depoimentos masculinos no estudo desses três autores foram verificadas essas alterações sexuais nos relatos de alguns idosos:

“Quando eu era mais jovem, eu me relacionava sexualmente e, suponhamos, alguns minutos após eu completava o ato sexual. O orgasmo era completo. Até tinha a capacidade de segurar para que a parceira também sentisse satisfação... Hoje, eu não sou mais capaz de fazer isso. Quando a gente chega a fazer o ato sexual, daí a alguns instantes o membro não fica mais ereto. Isso não é só propaganda não, isso é verdade” (Simão, 72 anos). [...] “A potência piorou um pouco. Mudou muita coisa. Agente tinha mais desejo, praticava mais atos. Agora, de uma hora para cá, a gente vai diminuindo, vai chegando a um ponto que vai morrendo devagar” (Toninho, 75 anos). [...] “Quando eu falo, a libido, é o tesão. Isso eu nunca perdi. Até escutar uma voz de uma pessoa me excita! Mas a frequência diminui, porque o meu próprio organismo, meus braços, meus membros, tudo em mim hoje, ele está mais enfraquecido! Porque aí também hoje já advém a doença. Hoje eu faço uso de medicamentos que interferem na parte orgânica. Antes eu não tomava [...] hoje eu tomo cinco medicamentos” (Lúcio, 61 anos). (GRADIM, SOUSA e LOBO 2007, p. 209).

Além dos problemas das disfunções eréteis presentes em homens a partir da meia idade, o uso de certas medicações para controle de algumas patologias também contribui para este problema.

Vários estudos confirmam que a satisfação no relacionamento sexual melhora a autoeficácia dos problemas de ereção. A satisfação está interligada com a segurança, autoestima e a felicidade na relação, fator este que indivíduos com disfunção sexual precisam para conseguir ultrapassar este problema. Neste contexto, os autores Finotelli e Capitão (2011, p. 46) explicam que as avaliações das disfunções sexuais têm que ser investigadas com foco principal no funcionamento sexual do indivíduo, seu desempenho e sua satisfação no relacionamento.

No Estudo da Vida Sexual do Brasileiro - EVSB (2003 apud ABDO, 2006, p. 425), realizado com 2.862 homens de todas as regiões do Brasil participantes de um questionário de 87 itens, o problema com a disfunção erétil teve uma maior predominância em pessoas as seguintes características: raça branca, empregados, doença como hipertensão arterial, que seguiam alguma religião ou tinham ensino superior.

O homem com disfunção erétil altera a sua condição emocional. A depressão e a ansiedade são fatores de risco que podem tanto provocar ou ajudar na DE. Segundo Britto e Benetti (2010, p. 244), o desempenho sexual é um dos aspectos com importante contribuição para o bem-estar psicológico, sendo a sexualidade tanto fonte de prazer, quanto de frustação, afetando assim diferentes âmbitos da vida do indivíduo.

Um relato de um paciente com queixa de disfunção sexual no estudo Grassi e Pereira (2001) mostra a sensação de fracasso e o sentimento de culpa masculina diante desse problema:

“É, eu nem tenho falhado agora, mas a angústia continua, não sei, não me larga. Eu não me sinto seguro com isso, mesmo que eu tenha conseguido eu fico pensando que na próxima vez pode ser que eu não consiga, eu não confio em mim mesmo, sei lá” (Benedito) (GRASSI; PEREIRA; 2001, p. 63-66).

Para Ferreira (2009, p. 113) “a sexualidade é reconhecida como um aspecto importante da saúde e, se for vivida satisfatoriamente, é fonte de equilíbrio e harmonia para a pessoa, favorecendo uma atitude positiva em relação a si mesmo e aos outros”.

Para que se possa compreender a problemática da sexualidade no idoso em geral, é preciso levar em conta os fatores principais que afetam o comportamento e a resposta sexual na terceira idade. As dificuldades, manifestações, atitudes, a situação da vida cotidiana e conjugal também são fatores de abandono ou interrupção da sexualidade nesta fase.

Infelizmente, mesmo com os avanços nos conceitos de sexualidade na visão e na rotina dos idosos, o sexo ainda é um assunto que passa despercebido diante dos profissionais de saúde. Os “tabus” em abordar ou orientar grupos da terceira idade sobre sexualidade ainda persistem entre estes profissionais, pois muitos não percebem que hoje os idosos estão mais abertos e querem viver a sexualidade nesta fase da vida.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Saúde

por Colunista Portal - Saúde

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