Companheirismo ou sexo para a terceira idade?

A velhice, diferente da juventude, procura o companheirismo em vez de novas aventuras
A velhice, diferente da juventude, procura o companheirismo em vez de novas aventuras

Psicologia

11/11/2013

A sexualidade na velhice muitas vezes não está resumida somente no ato sexual, mas no afeto como em um abraço, em um beijo, um carinho. A velhice, diferente da juventude, procura o companheirismo em vez de novas aventuras. Apesar de vários estudos demonstrarem algumas mudanças no perfil do novo idoso brasileiro, como mais interesse pelo sexo e continuação da sua atividade sexual principalmente pela classe masculina, para se relacionar sexualmente precisa ter um vínculo afetivo com o companheiro(a).

Segundo Schimidt e Giugliani (2004 apud MOURA; LEITE; HILDEBRANDT, 2008, p. 132), 74% dos homens casados e 56% das mulheres que possuem vínculo conjugal mantêm vida sexual ativa após os 60 anos de idade. E mesmo que não tenham vida sexual ativa, todos expressam de algum modo sua sexualidade, seja por um olhar, seja por um abraço, um toque de mão, um sorriso, como referem no estudo.

“Antes era muito bom. Temos duas, três ou quatro relações... por mês, eu não aguento mais não” (risos).

“Mesmo sem sexo vivemos o nosso amor, nunca brigamos.” (Eros)

“Nós conversamos muito, somos unidos. O amor e o bem querer é o mesmo.” (Ariadne)

“Eu nem sei... É amor, amizade, querer bem. Muitas pessoas dizem que para ser feliz no casamento tem que ter sexo. A gente tem uma relação sexual por semana, mas porque ele quer. Homem é homem. Parece que quando a gente vai ficando velha, o fogo se apaga.”
(MORAES, 2011, p. 794).

Para Vasconcellos et al. (2004, p. 415), a regularidade que acontece as relações sexuais depois dos 50 anos de idade está muito ligada à oportunidade que é demonstrada pela situação conjugal. As justificativas desta falta de oportunidade estão relacionadas muitas vezes pela falta de interesse de um dos cônjuges, pela invalidez de um dos parceiros ou pela viuvez. Na maioria desses casos, o desejo sexual ainda permanece no indivíduo que foi obrigado a encerrar sua atividade sexual por falta da disponibilidade dos seus parceiros ou pela falta de novos companheiros disponíveis.

Doenças como as disfunções sexuais relacionadas às patologias presentes na terceira idade e as mudanças fisiológicas do homem, como a chegada da andropausa, e da mulher, a menopausa, a maioria das vezes atuam como fatores complicadores. Estas questões também fazem com que o casal idoso interrompa a sexualidade e passe a viver o relacionamento mais como companheirismo (STEIN; HOHMANN, 2005, p. 61).

Moraes (2011, p. 788) explica que entre tantos mitos contraditórios encontra-se o que diz que o idoso não mais vivencia a sua sexualidade, como se o envelhecimento carregasse consigo o desinteresse pela vida e sexualidade. O autor também refere que é importante notar que a sexualidade não se resume somente no ato sexual, como o coito ou a procriação/reprodução, mas vai mais além, como o prazer, o carinho, o respeito, a comunicação e o companheirismo.

Catusso (2005, p. 2), em seu trabalho com pessoas da terceira idade que pertenciam a um grupo de convivência no município de Palmas (PR), pesquisou quais eram os fatores que interferiam na sexualidade desses idosos. O autor observou através dos relatos que a família influencia na sexualidade das pessoas idosas de forma negativa e que o grupo de convivência e a religião eram importantes porque estimulavam o direito de relacionar-se com os outros. Segundo este autor, várias são as expressões positivas do idoso em relação à sexualidade, pois mostra ainda o interesse pelo companheirismo e a continuação da atividade sexual na velhice.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Saúde

por Colunista Portal - Saúde

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