Dificuldades e contraindicação do sexo na terceira idade

As doenças crônicas podem interferir neste bem-estar
As doenças crônicas podem interferir neste bem-estar

Psicologia

11/11/2013

Apesar dos avanços da medicina terem proporcionado uma evolução significativa na expectativa de vida e inclusive na qualidade sexual do idoso, as doenças crônicas, dentre outras mais presentes na velhice, podem interferir neste bem-estar. Neste contexto, segundo o estudo de Stein e Hohmann (2005, p. 61), para que aconteça a relação sexual é necessária uma série de alterações cardiovasculares, neurais e metabólicas, ou seja, a pressão arterial e a frequência cardíaca estão associadas à ereção peniana.

Um dos exemplos de comprometimento na atividade sexual no idoso decorrente das dificuldades e da contraindicação da sexualidade é o problema cardiovascular. As limitações na atividade sexual desses indivíduos são derivadas de várias complicações, como psicológicas, pelo fato da ansiedade, restrições a esforço físico, o medo da morte ou também pelos efeitos adversos dos fármacos utilizados, que provocam a diminuição da libido e causam a disfunção erétil (STEIN; HOHMANN, 2005, p. 61).

Em relação ao assunto do parágrafo anterior, Moura, Leite e Hildebrandt (2008, p. 136) demonstram, através de alguns relatos de pacientes idosos, as dificuldades na atividade sexual devido à sua patologia ou à terapia medicamentosa, assim como a falta de orientação e apoio do profissional da saúde sendo neste caso o profissional médico, em relação à orientação ao uso correto da medicação.

“Não é aquilo mais que era! Este fato é, porque isso... você vê, faz dois anos que eu adoeci do coração. Aí a coisa ficou mais difícil, que daí a gente tem problema agora. Apesar que eu, como homem, a gente insiste, um pouco... às vezes um pouquinho, mas insiste, sobre isso. Eu, pelo menos, encaro isso, assim, como meio ruim sabe? Sobre sexo, essas coisas”.(Sujeito 12). [...] “Ele está sempre abaixo de remédio. Tom cálcio, ele toma... ele tem osteoporose também. Então, ele toma um remédio por semana da osteoporose, sempre abaixo de remédio... É remédio da pressão, toma dois por dia, que nem (o médico) explicou pra ele, é por causa dos remédio também. Por causa dos remédios. Ele diz: “Daí vou ao médico pedir um remédio para me dar mais sensação.” Eu digo, tu que sabe, não estou te cobrando. (Sujeito 4). (MOURA; LEITE; HILDEBRANDT, 2008, p. 136).

O esforço físico, o gasto energético, e também o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial durante o ato sexual, com o casal na posição missionário (mulher por cima ou homem por cima), podem ser comparados a de muitas atividades físicas como é demonstrado pelos os autores Stein e Hohmann (2005, p. 62).

As doenças neurológicas frequentemente também alteram as respostas sexuais, como é o caso do Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estudo de Monteiro et al. (2012, p. 463) relata que além das sequelas deixadas por esta patologia como as limitações motoras, sensitivas, sensórias, de compreensão e expressão de pensamentos, traz dependência e impossibilita o indivíduo de administrar a sua vida pessoal e familiar, além de interromper o seu relacionamento sexual satisfatório. Segundo esta pesquisa, em pacientes com AVC, normalmente são encontrados problemas como a diminuição da libido, diminuição da lubrificação vaginal na classe feminina, disfunção erétil e ejaculação precoce nos homens. Essas complicações sexuais são decorrentes das lesões nas partes do cérebro do indivíduo.

Ainda em relação ao assunto anterior, Monteiro et al. (2012, p. 464) explicam que quanto maior a idade do paciente na ocorrência de um AVC, menor o desejo sexual, e mais prejudicadas são as funções erétil e jaculatória. Em relação ao tratamento do AVC, é mais complicado em pacientes com idade mais avançada.

A atividade sexual em paciente diabético e/ou hipertenso também está sujeita à disfunção sexual, devido não somente à doença em si, mas principalmente pelos efeitos adversos dos fármacos anti-hipertensivos utilizados no tratamento.

Alguns estudos revelam que certos medicamentos anti-hipertensivos mais antigos à base de guanitidina provocavam tonturas e interferiam na função sexual, fazendo com que o paciente fuja do tratamento. Hoje, segundo estudos mais recentes, os novos medicamentos para pressão arterial sem esta substância já não interferem na qualidade sexual masculina.

Cavalcante et al. (2007, p.249 ) revela no seu estudo que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade da população brasileira, sendo a hipertensão arterial (HA) a de maior prevalência. Mesmo com este aumento no número de casos de hipertensão arterial na sociedade brasileira, há muitos pacientes que não aderem ou até mesmo abandonam o tratamento medicamentoso devido ao comprometimento sexual, principalmente em indivíduos mais idosos depois do uso de anti-hipertensivos.

Infelizmente, não é prática nas consultas os profissionais de saúde questionarem sobre os aspectos ligados à sexualidade e à prática sexual, principalmente dos idosos. Muitas queixas importantes passam despercebidas, as quais serviriam para que o profissional pudesse mudar talvez sua estratégia de tratamento ou até mesmo buscar novas alternativas que não interferissem tanto na qualidade de vida do paciente, inclusive na qualidade sexual.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Saúde

por Colunista Portal - Saúde

O Portal Educação possui uma equipe focada no trabalho de curadoria de conteúdo. Artigos em diversas áreas do conhecimento são produzidos e disponibilizados para profissionais, acadêmicos e interessados em adquirir conhecimento qualificado. O departamento de Conteúdo e Comunicação leva ao leitor informações de alto nível, recebidas e publicadas de colunistas externos e internos.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93