Os fatores que estão implicados no uso de álcool e drogas

Os fatores que estão implicados no uso de álcool e drogas.
Os fatores que estão implicados no uso de álcool e drogas.

Psicologia

07/05/2013

INTRODUÇÃO
O álcool e as drogas são temas diários de telejornais, temas que envolvem, principalmente, adolescentes. Todos os autores pesquisados relacionam o inicio da dependência com a adolescência. O álcool é também um símbolo de vitórias: é usado para todo tipo de comemoração para celebrar conquistas, passos importantes, datas significativas, boas noticias. (Gikovate, 2009, p. 11).

Graef (1989) relata que as causas do alcoolismo parecem ser múltiplas, alinhando-se, como sempre, fatores: biológicos, sociais e psicológicos. (p. 110)

O uso e o abuso de substâncias na adolescência continuam sendo uma preocupação séria em relação à juventude de hoje. Estudos considerando o uso de álcool e drogas ilícitas por adolescentes como transtornos psiquiátricos demonstram maior prevalência de adição entre filhos biológicos de alcoolista do que entre jovens adotados. (Kaplan & Sadock, 2007, p. 1373).


DESENVOLVIMENTO

O abuso de substâncias refere-se a um padrão mal adaptativo de uso da substancia levando prejuízo ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por um ou mais dos seguintes sintomas dentro de doze meses, segundo Kaplan & Sadock (2007): “Uso recorrente de substância em situações que causam dano físico ao usuário, uso recorrente da mesma independente de prejuízo evidente na escola ou no trabalho, uso recorrente de substância a despeito de problemas legais resultantes ou uso recorrente a despeito de problemas sociais ou interpessoais.” (p. 1375)

Ao que parece, na maioria das vezes a droga era usada como remédio, para diminuir o sofrimento das pessoas. Gikovate (2009) relata que o álcool também foi – e ainda é- uma espécie de analgésico para a miséria e a fome. Ate hoje é a “droga preferida” dos mendigos das ruas de todas as grandes cidades. (p. 09)

Segundo Schuckit (1991) o abuso de drogas é o uso de substância que altera a mente de um modo que defere as práticas médicas ou sociais geralmente aprovadas. (p. 24).

O grande problema relacionado com os vícios é o da dependência psicológica. Ela é muito mais forte e mais difícil de tratar do que a dependência física. (Gikovate, 2009, p. 23)

Gikovate (2009) Prefere definir dependência psicológica como o estabelecimento de uma relação afetiva, amorosa, entre a pessoa e determinado objeto. (p. 26).

O fato de que apenas uma parcela da população exposta as drogas se torne dependente destaca a importância dos fatores psicológicos individuais no desenvolvimento da dependência. No outro extremo da população há pessoas tão propensas a dependência farmacológica, que mesmo vivendo em condições relativamente favoráveis, passam a recorrer as drogas para vencer a monotonia, combater a depressão ou ansiedade crônicas ou simplesmente para obter um prazer fácil, rápido e a qualquer custo. (Graelf, 1989, p. 102).

Assumpção (2002), faz uma relação entre o adolescente e o uso de álcool e outras drogas, sugerindo uma possível causa do grande índice de adolescentes usuário de drogas e álcool.

“a curiosidade natural do adolescente o impulsiona a experimentar novas sensações e prazeres. O adolescente vive o “aqui e agora”, em função da realização a curto prazo, e a droga proporciona isso.” (p. 253).

O diagnóstico de uso de álcool ou drogas é feito mediante entrevista cuidadosa, observação, achados laboratoriais e historia fornecida por fontes confiáveis. Muitos sinais não específicos podem apontar para o uso de álcool e drogas e o profissional deve ser cuidadoso ao confirmarem intuições antes de tirarem conclusões precipitadas. (Kaplan & Sadock, 2007, p. 1375).

Em seu compêndio de psiquiatria Kaplan e Sadock (2007) lista alguns sinais que podem ser observados em pessoas que utilizam álcool e drogas, com ou sem dependência, são elas:

“alterações do desempenho acadêmico, indisposição física inespecífica, mudança de relacionamentos com membros da família, mudanças de grupo, telefonemas inexplicados ou mudança na higiene pessoal, podem indicar o uso de substâncias na adolescência. (p. 1375)

O consumo de substâncias está relacionado a uma variedade de comportamentos de alto risco, incluindo o uso de armas, comportamentos suicidas, experiência sexual precoce, direção perigosa, música heavy metal ou alternativa e, às vezes, envolvimento em cultos ou satanismo. Mesmo que nenhum destes comportamentos seja prognostico de uso de substancias, podem provocar suspeitas. (Kaplan & Sadock, 2007, p. 1375).
A identificação do abuso de álcool ou de drogas requer intervenção ou tratamento para minimizar as disfunções causadas por ele, assim como para prevenir futuras consequências prejudiciais.

De modo geral, os programas existentes incluem tipos diferentes de tratamento, que variam de acordo com a intensidade do auxílio de que o paciente precisa. Os regimes de tratamento são, basicamente: tratamento hospitalar em regime de internação, seguido de acompanhamento ambulatorial, tratamento ambulatorial/hospital-dia; e tratamento em comunidades terapêuticas. (Assumpção, 2002, p. 256).

Considerando que as metas do tratamento são a retomada do desempenho normal e sua capacidade par uma vida normal, o tratamento ambulatorial seria o mais indicado, segundo autores pesquisados.

Também fica claro o papel da família, que pode ser um fator de risco ou protetor contra o uso de substâncias psicoativas. Em primeiro lugar, temos o fator genético: filhos de pais dependentes de álcool e/ou drogas apresentam quatro vezes maior risco de também se tornarem dependentes.

Dentre os vários tipos de psicoterapia existentes para o tratamento de vícios a abordagem familiar é importante no tratamento de fármaco dependenteem geral, mas no tratamento de adolescentes usuários de drogas, a terapia familiar é fundamental. (Assumpção, 2002, p. 261).

O termo psicoterapia descreve um tratamento psicológico que visa a mudar pensamentos, sentimentos e comportamentos problemáticos, criando uma nova compreensão dos pensamentos e sentimentos que parecem ter relação causal com o problema, e levando o paciente a questionar o porquê do uso de drogas? (Gabbard, 2007, p. 327).

A psicoterapia aborda os comportamentos básicos da drogadição e os pensamentos e sentimentos que parecem promovê-los, mantê-los ou ocorrer como resultado deles.

Abordagens cognitivo-comportamental de adolescentes que abusam de substância requerem que os mesmo esteja motivados a participar do tratamento e abstenham-se do consumo. A terapia focaliza-se na prevenção de recaídas e na manutenção da abstinência. (Kaplan & Sadock, 2007, p. 1375).
Segundo Gabbard (2007) o objetivo da psicoterapia: “é ajudar o paciente a resolver alguns dos problemas associados, de modo que não precise se automedicar sentir alívio. Juntamente com o objetivo de cessar a autoadministração da droga, a psicoterapia aborda questões relacionadas com outros aspectos problemáticos das vidas dos pacientes, passado e do presente, independentemente de contribuírem ou não para o abuso de droga.” (p 327)

Diversamente da psicoterapia, o aconselhamento para a drogadição é a intervenção mais usada no tratamento do abuso de substâncias. Ele difere da psicoterapia por ser bastante diretivo e concentrar-se em tratar os problemas atuais relacionados ao uso de droga, ou invés de explorar processos intrapsiquicos. (Gabbard, 2007, p. 327).

Visto que a comorbidade influencia o resultado do tratamento, é importante prestar atenção a condição como transtornos do humor, transtornos de ansiedade, transtorno da conduta ou transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade durante o tratamento de transtornos por uso de substâncias. (Kaplan & Sadock, 2007, p. 1375).

Conforme Gabbard (2007): “o aconselhamento para a drogadição significa o controle da drogadição, proporcionando apoio e estrutura, monitorando o comportamento, estimulando a abstinência e oferecendo serviços concretos, como indicação para orientação ocupacional, serviços médicos ou auxilio jurídico.” (p. 327)

Muitos drogaditos usam drogas para reduzir o estresse, essa mesma constelação de sintomas pode ser abordada de forma mais adequada com psicoterapia.

Fatores psicológicos como raiva, depressão, ansiedade, podem estimular o uso de drogas na tentativa de escapar de experiências subjetivas dolorosas.

Os programas de tratamento para drogas variam muito em aspectos básicos de prestação do serviço, como a disponibilidade de serviços psiquiátricos e médicos, o controle de problemas comportamentais, o nível de uso de drogas ilícitas, tipo de instalações físicas, uso de drogas psicotrópicas, nível de empenho da equipe, nível educacional da equipe e os tipos de pacientes que recebem o tratamento. (Gabbard, 2007, p. 329). Esses aspectos podem fazer diferenças no resultado final do tratamento.
CONSIDERAÇÕES
Em outras palavras, os adolescentes tornam-se dependentes do uso de drogas para manter seu equilíbrio psicológico e algumas vezes fisiológico, a ponto de serem levadas a se afastarem das normas e padrões culturais para manter a dependência, enfrentando a doença, perdas afetivas e financeiras, além da repressão legal ao tráfico de drogas. (Graelf, 1989, p. 102).

Resumidamente, as indicações de internação são: risco de comportamento auto/ou heteroagressivos ou de comportamento suicida; risco de desenvolver síndrome de abstinência ou outras complicações clínicas, necessidade de tratamento de outras comorbidades psiquiátricas; e falência da tentativa de tratamento ambulatorial. (Assumpção, 2002, p. 257).

As psicoterapias mais utilizadas no tratamento de drogaditos, são: a cognitivo-comportamental, aconselhamento individual, suportiva/expressiva e motivacional, porém os autores pesquisas em geral frisam a importância da família nesse processo, e a terapia familiar.

REFERÊNCIAS
Assumpção Junior, Francisco Baptista. Práticas Psicoterápicas na infância e na adolescência. Diva Reale. Barueri: Manole, 2002. 253 – 264.
Gabbard, Glen O. Compêndio de psicoterapia de Oxford; trad. Magna França Lopes, Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2007. 327-339.
Gikovate, Flávio. Drogas: a melhor experiência e não usá-la. Colaboração de Márcio Vassallo. 3 ed. Reform.- São Paulo: Moderna, 2009.
Graelf, Frederico Guilherme. Drogas psicotrópicos e seu modo de ação. 2 ed. Rev. e ampl. São Paulo: EPU,1989.
Sadock, Benjamim Janes. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clinica. Trad. Claudia Dornelles...[ et al.]. 9 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 1373-1376.
Schuckit, Marc. Abuso de álcool e drogas. Trad. De Ane Rose Bolner. Porto Alegre: Artes Medicas, 1991.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Maria Antonia Ferreira Costa Pinto

por Maria Antonia Ferreira Costa Pinto

formação: Psicologia Especialização: Saúde Mental

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