Transtorno do pânico

Esses ataques ocorrem de maneira inesperada
Esses ataques ocorrem de maneira inesperada

Psicologia

20/02/2013

Segundo o DSM-IV, um ataque de pânico pode ser caracterizado por um período de medo ou desconforto intenso, o qual surge subitamente e aumenta progressivamente. Esse pavor súbito e crescente atinge um pico rapidamente (10 minutos ou menos, em geral) e é frequentemente acompanhado por uma sensação de perigo e morte iminentes, e de urgência de fuga. A sensação de pavor é acompanhada por, no mínimo, 4 a 13 sintomas somáticos ou cognitivos, geralmente associados a uma hiperativação autonômica, incluindo: palpitações; sudorese; tremores; sensação de falta de ar ou sufocamento; sensação de abafamento; dor ou desconforto torácico; vertigens; despersonalização; medo de perder o controle ou de “estar ficando louco”; medo de morrer; parestesias; arrepios ou ondas de calor. Em um ataque de pânico, podem não ocorrer todos esses sintomas, mas sempre um mínimo de 4 deles estará presente. Esses ataques ocorrem de maneira inesperada, recorrente, sendo frequentemente seguido por pelo menos um mês de preocupação e medo persistentes a respeito da possibilidade de se ter um novo ataque e de não ser capaz de controlá-lo, caso venha a ocorrer.

O transtorno do pânico, com ou sem agorafobia (medo de lugares abertos, públicos e de multidões), tem sido considerado como um dos transtornos de ansiedade mais incapacitantes, tanto em função da sensação experimentada por quem o apresenta como pelas constantes buscas por tratamento e hospitais. Na tentativa de controlar o transtorno ou simplesmente de evitar que novos ataques aconteçam. Os relatos mais frequentes de pacientes, com relação à sensação experimentada em um ataque de pânico, dizem respeito ao medo intenso de morrer, e à sensação de que realmente irão morrer naquele instante. Isso faz com que essas pessoas criem uma expectativa de que isso pode ocorrer a qualquer momento, e que da próxima vez não haverá escapatória. Portanto, é fácil perceber a intensa angústia e sofrimento causados por esse transtorno.

Outra característica relevante desse transtorno relaciona-se ao comportamento de evitação que a pessoa passa a desenvolver. Isso significa que, tendo ocorrido um ataque de pânico em um determinado local, a pessoa passa a evitar esse local ou outros que remetam àquele em que um ataque tenha ocorrido. Isso porque ela passa a acreditar que aquele contexto pode, novamente, desencadear uma nova crise. Esse comportamento acaba por limitar drasticamente a autonomia e a vida cotidiana desses pacientes, uma vez que passam a não querer mais realizar tarefas sozinhos, por medo de que ocorra um novo ataque e de que ninguém possa socorrê-lo. Em função dessa característica, a vida social e profissional de pessoas que sofrem com o transtorno do pânico pode se tornar muito comprometida, uma vez que eles passam a desenvolver uma ansiedade antecipatória a qualquer evento ou situação pelos quais precisem passar.

Em alguns casos, o uso de substâncias psicoativas pode desencadear um ataque de pânico em pessoas que nunca o havia apresentado. É o caso da maconha, de alguns alucinógenos e de substâncias psicoestimulantes como a cocaína e algumas anfetaminas. No entanto, esses casos não caracterizam a existência de transtorno do pânico e, sim, um ataque de pânico secundário, induzido por substância.

Na comunidade norte-americana, parece haver uma prevalência do transtorno do pânico da ordem de 3,2% nas mulheres e 1,3% nos homens. Outros levantamentos, no entanto, sugerem que as mulheres apresentem ainda maiores prevalências de ocorrência do transtorno do pânico: 4 mulheres para cada homem com relação ao transtorno do pânico com agorafobia e 1,3 mulheres para cada homem com relação ao transtorno do pânico sem agorafobia. Existem dados que indicam que, ao longo da vida, exista uma prevalência de transtorno de pânico da ordem de 3,5%, considerada relativamente alta quando comparada a outras doenças incapacitantes.  

Essas proporções são similares ou maiores que as de outros distúrbios médicos comuns, como a hipertensão, o que sugere a relativamente alta ocorrência do distúrbio nessa população. Pacientes com transtorno do pânico, assim como os pacientes com ataques de pânico, mas que não se enquadram no critério para o transtorno do pânico, tendem a ser grandes usuários de serviços médicos. Uma explicação para o fato é que estes pacientes são predispostos a considerar sua saúde como estando sempre frágil e necessitando de consulta e tratamento médico. Isso representa enormes custos anuais aos programas de saúde.

Com relação à idade de aparecimento dos sintomas, alguns levantamentos sugerem que os primeiros sintomas do transtorno do pânico surjam entre o final da adolescência (por volta dos 17 anos) e o início da idade adulta (em torno dos 25 anos), embora muitas variações individuais ocorram. Alguns estudos indicam que existe uma correlação positiva entre a ocorrência de transtornos de ansiedade na infância e o desenvolvimento de transtorno do pânico na idade adulta. Isso quer dizer que, em grande número de casos, pacientes adultos com ataques de pânico podem ter sido crianças dependentes, medrosas, com intensa ansiedade e, muitas vezes, que tenham apresentado dificuldades no período escolar.

Sugere-se, inclusive, que indivíduos que tenham apresentado ansiedade de separação na infância (ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou de seus substitutos. Não adequada ao nível de desenvolvimento da criança) tenham maior probabilidade de desenvolver ataques de pânico (bem como fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo) na vida adulta quando confrontados com situações de perdas ou separações.

Mas quais são as causas do transtorno do pânico? Muitos trabalhos encontram-se atualmente em curso, nas mais diferentes áreas do conhecimento, na tentativa de se responder a esse questionamento. Acredita-se que a etiologia do transtorno, como a maior parte dos transtornos de ansiedade, seja de ordem multifatorial; ou seja, não pode ser explicada em termos de apenas uma causa e, sim, como um conjunto delas. Nesse contexto, incluem-se fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais e cognitivo-comportamentais, os quais, em conjunto, contribuem para o seu aparecimento.

O tratamento do transtorno do pânico baseia-se numa combinação do uso de medicamentos e técnicas psicoterapêuticas comportamentais. Considerada muito eficaz, a terapêutica farmacológica é baseada nos antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, inibidores da enzima monoaminoxidase e em alguns benzodiazepínicos. As principais drogas utilizadas no tratamento do transtorno do pânico têm sido a imipramina, a qual é considerada como a droga referência para comparação de outros medicamentos.

A clomipramina, que parece ser tão eficiente quanto à imipramina, mas atuando em doses menores, benzodiazepínicos como o alprazolam e inibidores seletivos da recaptação de serotonina tais como a fluoxetina, a paroxetina, a fluvoxamina, a sertralina e o citalopram. Além desta abordagem farmacológica, as abordagens psicoterapêuticas comportamentais e cognitivas têm alcançado êxito no tratamento dos sintomas fóbicos e nas consequências psicológicas do pânico.

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