O adolescente e suas transições

O adolescente e suas transições
O adolescente e suas transições

Psicologia

14/02/2012

Adolescência
A adolescência é um período caracterizado pela busca de identidade e independência, contestações, rebeldia e mudanças. A busca pela identidade é a grande responsável pelo conhecido “processo de identificação”, onde o adolescente busca identificar-se com seu grupo de amigos, colegas e ídolos.  O indivíduo deixou de ser criança, mas ainda não é um adulto.

Conflitos e Mudanças
As transformações se resumem em mudanças corporais e emocionais, no aparecimento do interesse sexual e outros interesses envolvendo a esfera afetiva e social e ainda, novas formas de se relacionar consigo mesmo e com o mundo. As mudanças drásticas no corpo produzem sentimentos de rejeição, desconfiança e ansiedade. Os distúrbios alimentares são bem comuns, muitos engordam e outros quase não comem por estarem dependentes da imagem corporal.

Os namoros e as paixões avassaladoras geram dúvidas e frustrações sendo vínculos sempre imaturos e conflituosos. Na relação com os pais, há uma importante mudança que exige o afastamento por parte do filho adolescente, que “abandona” seus pais da infância, buscando consolidar sua independência através da identificação grupal. Consolidada sua independência e identificação, o adolescente retorna à família, estabelecendo uma nova relação com os pais.

O acolhimento, a compreensão e o afeto por parte dos pais é de extrema importância neste processo. Cabe salientar que amar, compreender e acolher não significa ausência de regras e limites. É possível amar, acolher e compreender exercendo a devida autoridade. Os conflitos surgem, quando as mudanças se tornam bem evidentes, podendo ocorrer de forma brusca, a partir de algum episódio específico. Muitas vezes a família leva um choque, não entendendo exatamente o que está acontecendo. As mudanças provocam reações diferentes na família que fica sem saber o que permitir, o que proibir, como orientar e ainda como desenvolver uma comunicação saudável e educativa.
A rebeldia
A rebeldia por parte do adolescente, pode ser uma reação à dificuldade do adulto em lidar com esta nova fase, falta de compreensão, apoio e esclarecimentos relacionados às modificações. Quando a família apresenta muita dificuldade em aceitar as mudanças e poucas condições de estabelecer uma relação de colaboração e confiança, a probabilidade de rebeldia por parte do adolescente pode aumentar.

Os pais, antes idealizados e supervalorizados, passam a ser alvo de críticas e questionamentos. A rebeldia pode corresponder à desafios, oposição, isolamento, agressividade, mal humor, insatisfação, contestações, entre outros. Uma certa dose de rebeldia é saudável, deve ser aceita e entendida como uma característica normal e necessária da adolescência.

As contestações são tentativas por parte do adolescente, para o estabelecimento da comunicação e visam o caminho para o alcance da sua maturidade. São considerados recursos que o adolescente utiliza como defesa a favor do seu amadurecimento. A contestação deixa de ser saudável e normal, quando se torna uma rebeldia crônica, capaz de interferir seriamente na rotina do adolescente, causando danos, desordens e rompendo com todos os canais de comunicação com a família.

Depressão na adolescência
É importante que a família esteja atenta para sintomas de depressão. Estes sintomas diferem de estados normais da adolescência e são medidos de acordo com a frequência, duração, gravidade e grau de comprometimento da rotina. A depressão pode interferir negativamente nesta fase de transição, ocasionando sentimentos intensos de tristeza, irritabilidade, raiva e desesperança.

O comportamento é afetado devido à perda de interesse pelas atividades e também pelas pessoas. O adolescente pode tornar-se agressivo e buscar o isolamento social, limitando sua convivência a um número bem reduzido de pessoas. Pode ainda, apresentar sentimentos de baixa autoestima e sensibilidade a criticas, decepções e frustrações.

O efeito da depressão no adolescente pode comprometer o rendimento escolar e favorecer comportamentos de fuga, risco e ao uso de substâncias ilícitas (drogas). Enquanto algumas dores são necessárias nas etapas de crescimento, grandes e dramáticas mudanças de personalidade, humor e comportamento, são sinais de um problema grave, que merece atenção especial. Como os pais e a família podem ajudar:

1) Diálogo:
Manter sempre o diálogo aberto, mesmo quando os filhos ainda são crianças, favorecendo desta forma, uma relação segura e de confiança.

2) Atenção:
Atentar não só aos conflitos externos mais visíveis e sim aos internos, através dos sintomas expressados pelo adolescente. Muitas vezes o adolescente sofre em silêncio e este sofrimento passa despercebido pela família.

3) Participação:
Participação e envolvimento por parte dos pais na rotina dos filhos e seus interesses, favorecendo o vínculo afetivo e o senso de união.

4) Limites:
Os limites e as regras são importantes em qualquer etapa. Conforme os filhos crescem, novas combinações vão sendo feitas. Os pais devem ser firmes, mas justos, procurando respeitar o grau de maturidade e responsabilidade de seus filhos.

5) Independência:
É importante que os pais possam auxiliar e incentivar o processo de independência buscado pelo filho adolescente, cedendo um espaço seguro, para que o mesmo possa desenvolver sua autonomia. O apoio, a orientação e o afeto são ferramentas importantes nesta construção. A família quando bem estruturada representa porto seguro para onde o adolescente se reporta quando sente necessidade.

6) Afeto:
O afeto é um dos mais importantes aliados na tarefa de educar. Quando o indivíduo sente-se verdadeiramente amado e aceito, sua autoestima é fortalecida favorecendo sentimentos de segurança e autoconfiança, necessários para o enfrentamento das adversidades.

7) Apoio Psicológico:
Em alguns casos o apoio psicológico é útil para melhorar a capacidade do adolescente lidar com as situações, evitar formação de traumas e o surgimento vícios e desvios de personalidade. Cabe salientar que a psicoterapia com adolescentes envolve a participação e a colaboração da família.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Vanessa Ebeling

por Vanessa Ebeling

Psicóloga Clinica - Especialização em Psicoterapia de Técnicas Integradas pelo Instituto Fernando Pessoa ( em curso ) . Experiência na área hospitalar com pacientes oncológicos e pediátricos. Experiência clinica com dependentes químicos e pacientes em situação de crise. Atuação clinica em consultório particular: atendimento individual, familiar e casal. Grupos educativos e terapêuticos.

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