Psicologia Infantil: A criança explosiva

A criança explosiva
A criança explosiva

Psicologia

14/02/2012

Uma das situações familiares difíceis de lidar é quando um dos filhos tem o perfil de criança explosiva. Nestas situações em geral a relação familiar sofre um enorme desgaste e a criança na maioria das vezes é rotulada como mal educada, rebelde, mimada, desafiadora e sem limites. Esses rótulos criam um abismo de incompreensão entre pais e filhos, atingindo ambas as partes.

A criança explosiva é aquela que reage às situações com extrema inflexibilidade e pouquíssima tolerância à frustração. Ela reage às mudanças e pedidos simples com extrema rigidez e agressões físicas ou verbais. A criança também pode ser “implosiva”, ou seja, apresentar a mesma dificuldade emocional, mas ao invés de “explodir”, se retrai, se fecha ou tem crises de choro. Os acessos de raiva acontecem quando a situação exige da criança mais do que ela é capaz de oferecer. Isso faz com que seu cérebro fique paralisado e a criança torna-se mentalmente debilitada e incapaz de ter clareza mental e usar a cognição racional. Em outras palavras, é como se a criança não soubesse utilizar as habilidades de controle emocional. As respostas de fácil acesso se resumem no descontrole e são conduzidas por reações totalmente emocionais que anulam qualquer resposta racional. São crianças com inúmeras qualidades, grande potencial, porém a inflexibilidade e a baixa tolerância a frustrações na maior parte do tempo obscurecem os traços positivos, causando imenso sofrimento.

Cabe salientar que a crise de raiva pode ser um sintoma, ou seja, a manifestação de algo que não está bem para a criança. É importante destacar ainda que somado ao comportamento explosivo, podem haver outros transtornos, como o TDAH (transtorno de déficit de atenção e  hiperatividade) que está presente cerca de 80% dos casos. Na verdade, a criança não escolhe ser explosiva, ela têm um retardamento no processo de desenvolvimento das habilidades essenciais à flexibilidade e a tolerância à  frustração.

Algumas crianças são inflexíveis e se frustram facilmente desde o momento em que chegam ao mundo. Por exemplo, os bebês com temperamento difícil podem apresentar cólica, ter o sono irregular, dificuldades para se alimentar, choram mais do que o habitual e reagem de forma muito negativa aos desconfortos.

Outras crianças começam a apresentar sintomas de inflexibilidade e intolerância a frustrações mais tarde, quando aumentam as exigências de habilidades de linguagem, organização, controle dos impulsos, regulação emocional e convívio social.
A criança progride se tem capacidade para isso, portanto, é de extrema importância que os pais possam ajudar seus filhos na superação das dificuldades. Para lidar de maneira eficaz com a criança explosiva, é necessário, em primeiro lugar, compreender por que ela se comporta desta forma. O entendimento dos desencadeadores das crises é o primeiro passo para que os pais possam auxiliar seus filhos para que uma conduta positiva e funcional seja adotada. A compreensão e o entendimento por parte dos pais, não isenta a responsabilidade de educar. Amar também é disciplinar, impor limites e exercitar a autoridade sadia.

Em uma relação saudável, livre de maiores conflitos é possível o exercício da autoridade de forma segura e sem culpas. Entende-se por relação saudável, uma interação positiva, caracterizada por disponibilidade e presença afetiva, respeito, confiança, segurança, diálogo, empatia, compreensão, limites, disciplina e papéis bem definido entre pais e filhos. O fato dos pais passarem a maior parte do tempo fora de casa em virtude de questões profissionais, não significa que não possam amar e disciplinar seus filhos. O importante na relação é a qualidade e não a quantidade de tempo em que pais e filhos passam juntos.

A orientação e mediação terapêutica com pais auxiliam os mesmos, na identificação dos desencadeadores das crises explosivas, sugerindo planos de ações preventivas para questões envolvidas na interação com seus filhos. Auxiliar as crianças explosivas a lidar melhor com a intolerância a frustração é de extrema importância para a construção de uma identidade saudável. A capacidade de resolver problemas, solucionar desavenças e controlar as emoções diante de frustrações são fundamentais para que o ser humano esteja bem adaptado ao mundo.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Vanessa Ebeling

por Vanessa Ebeling

Psicóloga Clinica - Especialização em Psicoterapia de Técnicas Integradas pelo Instituto Fernando Pessoa ( em curso ) . Experiência na área hospitalar com pacientes oncológicos e pediátricos. Experiência clinica com dependentes químicos e pacientes em situação de crise. Atuação clinica em consultório particular: atendimento individual, familiar e casal. Grupos educativos e terapêuticos.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93