Educação cidadã, etnia e raça: o trato pedagógico da diversidade

Educação e Pedagogia

18/06/2017

Ficha de leitura

Referência bibliográfica – texto 2: GOMES, Nilma Lino. Educação Cidadã, Etnia e Raça: O trato pedagógico da diversidade. (pag. 83-95) em CAVALLEIRO, Eliane. Racismo e Anti-Racismo na Educação Repensando Nossa Escola. São Paulo:Summus, 2001.

Breve currículo do autor: Pedagoga/UFMG, mestra em Educação/UFMG, doutora em Antropologia Social/USP e pós-doutora em Sociologia/Universidade de Coimbra. Integra o corpo docente da pós-graduação em educação Conhecimento e Inclusão Social – FAE/UFMG e do Mestrado Interdisciplinar e Socio-biodiversidade e Tecnologias Sustentáveis (UNILAB). Foi Coordenadora Geral do Programa de Ensino, Pesquisa e Extensão Ações Afirmativas na UFMG (2002 a 2013) e, atualmente integra a e equipe de pesquisadores desse Programa. É membro da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN e é integrante da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (gestão 2010 a 2014). Atualmente, é reitora Pró-Tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira UNILAB. Tem interesse nas seguintes áreas de investigação: diversidade, cultura e educação, relações étnico-raciais e educação, formação de professores e diversidade étnico-racial, políticas educacionais, desigualdades sociais e diversidade e movimentos sociais e educação, com ênfase especial na atuação do movimento negro brasileiro. Certificado pelo autor em 22/12/2014. Informações obtidas junto ao CNPq - 0 Currículo Lattes.

Palavras chaves: Educação – Escola – Tradição Africana – Cidadania

Breve Resumo: A autora em seu texto aborda a educação e o tratamento que a escola dá à história e a cultura da tradição africana, sua articulação entre Educação, cidadania e raça. Seu questionamento sobre a prática pedagógica nos projetos e nas políticas educacionais. A Educação é um direito social, que dever ser colocada no campo dos direitos para à implantação de políticas públicas educacionais.

 

Educação Cidadã, Etnia e Raça: O trato pedagógico da diversidade.

Observa que ao abordar a situação do negro na sociedade brasileira, a utilização do termo raça é o termo mais adotado pelos sujeitos sociais. É também o que consegue se aproximar da real dimensão do racismo no Brasil. O próprio Movimento Negro quando fala de raça utiliza baseado em uma nova interpretação de reapropriação social e política, construída pelo próprio negro, pois o racismo e a discriminação contra os negros não é só em decorrência dos aspectos culturais presentes em suas vidas, mas por vários aspectos vistos de maneira negativa e pela existência de sinais diacríticos que remetem esse grupo a uma ancestralidade negra e africana. Quando se discute a relação negro e branco no Brasil, deve-se considerar o peso dos aspectos raciais. Raça é entendida como um conceito relacional que se constitui histórica, política e culturalmente. Quando a autora discute sobre Educação, cidadania e raça referem-se a todas as implicações que essa discussão acarreta ao seguimento da população negra.

Quanto à implementação de políticas educacionais, esta deve observar a realidade sociocultural brasileira. É necessário ao propor uma educação cidadã que se articule a questão racial, observando e estando ciente dessa complexidade que envolve o segmento negro em sua trajetória escolar, pois conforme pesquisas recentes mostram que alunos negros, tem mais dificuldades que alunos brancos, demonstrando que há uma estreita relação entre educação escolar e as desigualdades raciais na sociedade brasileira. Deve-se repensar a estrutura, os currículos, os tempos e os espaços escolares, quanto às particularidades da cultura de tradição africana. A escola muitas vezes desconhece e desconhece essa realidade. A construção de práticas democráticas e não preconceituosas implica o reconhecimento do direito a diferença e isso inclui as diferenças raciais, assim estaremos articulando Educação, cidadania e raça. Para se atingir esses objetivos é necessário a revisão dos valores e padrões considerados aceitáveis por todos. A realidade escolar no Brasil ainda prima por um modelo branco, masculino, heterossexual e jovem. Outro fator a ser observado refere-se à superação do medo quanto a diversidade, pois ser diverso não é um problema, e identidade racial também não, pois isso são aspectos constituintes da formação humana e também uma construção social histórica. A formação histórica no Brasil não foi positiva para os negros, pois a mesma foi marcada pela colonização, pela escravidão e pelo autoritarismo, o que levou a teorias cientificistas quanto à inferioridade das pessoas negras, dos mestiços, o ideal de branqueamento. Isto acarreta numa dificuldade de identificação da maioria da população brasileira quanto a sua identidade. Por tudo isso, ser negro no Brasil possui uma complexidade maior e não se restringe a um dado biológico. “No Brasil ser negro é tornar-se negro”. (pág. 89) Entender isso é tarefa dos profissionais da educação, da escola, que não pode deixar de incluir a questão racial no seu currículo e na sua prática. Começando por uma revisão das práticas racistas veladas no cotidiano escolar, em seus mais variados aspectos, principalmente desvelar o silêncio sobre a questão racial na escola.

Pensar a articulação entre Educação, cidadania e raça é mais do que uma mudança conceitual ou tratamento teórico é possuir uma postura político-pedagógicas, pois Educação lida com sujeitos concretos, estabelecendo vínculos entre vivência cultural, desenvolvimento e o conhecimento escolar, pois o meio sociocultural que dá a base da inserção. Para atingirmos uma escola democrática devemos analisar e superar a ambiguidade do racismo no Brasil, pois o mesmo é um caso complexo e singular, pois ele se afirmar por meio da sua própria negação, onde é negado com veemência, mas mantêm-se presente no sistema de valores de nossa sociedade. Neste contexto a escola está baseada em um ideal branco. Então para atingirmos outro patamar escolar, a mesma não deve mais discutir a questão racial como problema do negro, e sim, repensar novo currículos, novas práticas, entender a beleza, a sensibilidade e a radicalidade da cultura de tradição africana e não somente no segmento negro da população, um aprendizado a ser incorporado pelos que cuidam das políticas educacionais.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Wilson Brasil Júnior

por Wilson Brasil Júnior

Bacharelando em Licenciatura/História

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