A ARTE DA MOTIVAÇÃO AO SABER: processo de aprendizagem do adulto

A ARTE DA MOTIVAÇÃO AOS SABERES ADULTO
A ARTE DA MOTIVAÇÃO AOS SABERES ADULTO

Educação e Pedagogia

28/12/2015

A ARTE DA MOTIVAÇÃO AO SABER: processo de aprendizagem do adulto

O ensino moderno volta-se para várias vertentes, e a tentativa de compreender as práticas sociais cobra dos sujeitos principalmente adultos um domínio mais amplo.  A aprendizagem por sua vez, implica ao aluno uma interação com o meio, captar e processar os estímulos provenientes do exterior selecionados e organizados pelo professor. Todo esse processo de recepção, interação de novas informações com a já existente e aplicação da nova informação, denota-nos que o “aprender” nos dias de hoje exige do sujeito gastar mais energia, implica em sacrifícios quer seja de tempo, financeiro, pessoal ou de outra ordem. O querer saber/aprender supõe grande esforço, afim de, superar barreiras, como por exemplo, vencer o cansaço de um dia de trabalho, perder um fim de semana ensolarado, debruçar-se em planejamentos, relatórios extensos. Sendo assim, toda a mobilização cognitiva que demanda a aprendizagem requer um interesse, uma necessidade, doses de motivação significativas (POZO, 2002, TAPIA, 2003).

O professor contemporâneo depara-se com um comportamento bastante comum entre os alunos: a questão da desmotivação ao conhecimento. O desinteresse em querer aprender o conteúdo ensinado. Parece, pois, importante ao professor o domínio no campo da motivação discente, conhecer seus determinantes, possibilitando nortear a arte da motivação para viabilizar conteúdos, tarefas, métodos mais adequados para os diferentes alunos.

Para tanto nos apoiamos em Gadotti (2002, p.29) quando afirma:

 

Nós educadores precisamos ter clareza do que é aprender, do que é “aprender a aprender”, para entendermos melhor o ato de ensinar. Para nós educadores, não basta saber como se constrói o conhecimento. Nós precisamos dominar outros saberes da difícil tarefa de ensinar. Precisamos saber o que é ensinar, o que é aprender e, sobretudo, como aprender.

 

Nesse panorama emerge a seguinte reflexão: O que determina a motivação dos alunos e como motivá-los? Para tanto, investigaremos possíveis aspectos associados por acreditarmos que esta pode ser a chave a luz da clareza. Primeiramente buscaremos o entendimento do significado do termo motivação, e em seguida investigar fatores que possam estar associados.

Podemos conceber ao termo, a configuração de motivos (de uma pessoa) ou o apelo a eles (por outra pessoa) para fins determinados. Na ótica do ensino, ela compreende a ativação, a manutenção e direção do interesse (BORDENAVE, 2002). Para o professor Tapia (2003, p.71), a ideia da palavra fez-se baseada em diversas pesquisas, dentre estudos dos mais renomados no tema afim de, constituir um guia:

Louis Not (1991) afirma: “Toda atividade requer um dinamismo, uma disciplina, que se define por dois conceitos, o de energia e o de direção. No campo da psicologia, esse dinamismo tem sua origem nas motivações que os sujeitos podem ser”. Diz Gagné (1985): “A motivação é uma pré-condição para a aprendizagem”. Frymier (1970) afirma “A motivação para aprender dá direção e intensidade à conduta humana num contexto educativo”.

Sendo assim, ante as ideias de Tapia (2003), Bordenave e Pereira (2002), podemos aludir ao termo motivação, um conjunto de fatores ou variáveis que determinam e orientam uma ação, uma atividade ou conduta individual no intuito de alcançar um objetivo. Entretanto, para conceber seu entendimento com maior clareza buscaremos possíveis fatores que fazem os sujeitos empreender atitudes para alcançar objetivos.

 

Motivadores da aprendizagem adulta

Antigamente, a questão da motivação na aprendizagem dos alunos era concebida em teorias como, por exemplo, a teoria clássica comportamental. Essa teoria baseava-se na observação do comportamento de animais em experiências. Onde estes eram privados de uma necessidade básica antes de realizar uma tarefa. Associando a comida com a execução e supressão ou indução do comportamento por meio de castigo. Resumindo a questão da motivação a manipulação do prêmio e castigo. A condição da motivação humana no que remete a questão aprendizagem, não funciona totalmente na mesma dimensão ou proporção utilizada nas clássicas teorias comportamentalista. Embora se utilize de bons sistemas de incentivo, em alguns alunos não demonstra bons resultados. Para o autor Pozo, as necessidades básicas não devem ser utilizadas como incentivo na aprendizagem humana, é preciso recorrer à necessidade socialmente construída como valores ou desejos, sendo o resultado destas sobre a aprendizagem bem diferente e sua eficácia depende do nível com que se interioriza (2002, p. 140).

O aprender para alguns não implica o que se aprende e sim as consequências de tê-lo aprendido, como por exemplo, a aprendizagem num contexto de trabalho. Porém num contexto escolar apresenta certas limitações. No entanto, a distribuição do prêmio e castigo é uma das motivações mais comuns na aprendizagem humana.  Ainda no contexto das teorias da motivação, citamos: a teoria das necessidades de Maslow, teoria da conquista, teoria da atribuição (ANTUNES, 2003, p.80). Podemos assim propor quatro classes a motivação para a conduta humana e conduta da aprendizagem:

-        motivação intrínseca ou relacionada à tarefa. Nesta o próprio conteúdo estimula o aluno movendo-o a aprofundar-se e superar obstáculos ao longo do processo aprendizagem. À medida que encontra domínio do novo aprendido com conceitos antigos abrindo-lhes portas sente-se motivado,

-        motivação relacionada com autoestima, com o eu. O processo aprendizagem nesse caso, inferiu o êxito e fracasso. Imprimindo um conceito de nós mesmo. Quando se aprende corporifica um valor positivo que ajudará em novos saberes. Num efeito negativo, as expectativas são negativas reforçando baixa-estima. Esse mecanismo estabelece um círculo vicioso difícil de quebrar,

-        motivação com foco na valorização social. Satisfação afetiva que produz aceitação dos outros, o aplauso ou aprovação de pessoas ou grupos sociais que o aluno considera superiores a ele. Manifesta relações de dependência,

-        motivação externa ou aponta para recompensas. Ao se conquistar o objetivo de aprendizagem se ganha prêmios, dinheiro, presentes, elogios, atenção mais do professor.

Podemos observar que a motivação humana é baseada por variáveis; configurando-a como algo complexo visto que embarca muitas questões para mover a aprendizagem, e quando a alavanca é o desejo de aprender, seus efeitos parecem ser mais sólidos do que o aprender movido por fatores que envolvam recompensas, como por exemplo, toda tarefa realizada o aluno obtém uma nota. Quanto tirado o estímulo “nota” atribuindo apenas o significado “conhecimento”, alguns alunos dentem a não motivar-se a realização da tarefa Pozo, Juan (2002). Concebemos então, uma interação de múltiplos aspectos. Não cabendo apenas à associação à responsabilidade de todo o processo de aprendizagem humana, partindo também de uma construção e de um significado. Possibilitando a compreensão da aprendizagem (POZO, 20002).

Para Tapia (1999) a motivação para aprender esta vinculada à interação dinâmica de fatores condicionantes. Segundo o autor, o interesse escolar não depende apenas de uma variável, e sim de fatores pessoais e contextuais. Onde ao primeiro são atribuídos valores internos como, por exemplo, para que faço ou pro que faço, e ao segundo valores externos como, por exemplo, o sucesso ou fracasso, autoestima:

 

a)        condicionantes pessoais:

-      observar o comportamento do aluno: inferi em diferenças que variam conforme a idade ao realizar as tarefas inerentes a aprendizagens; alguns mostram maior rendimento em tarefas em grupo enquanto outros demonstram dificuldades, as diferentes metas, em alguns casos, o mais importante é aprender algo que faça sentido em outros casos evitar sair-se mal diante dos outros, necessidade de autonomia e controle pessoal da própria conduta. Num outro caso imprime utilidade mais prática, como conseguir nota ou aprovação,

-      padrão de enfrentamento: requer considerar que ao estudar ou realizar tarefas alunos passam por um processo onde desejos, medos, inseguranças, pensamentos, expectativas suas e de outrem emergem e se misturam; configurando um padrão de enfrentamento interligado desencadeando nuances a motivação e aprendizagem,

-      diferentes metas: alunos tendem a agir de acordo com as metas que varia de um para outro. Onde em alguns casos o valor esta em aprender algo que faça sentido como uma nova habilidade, resposta ante a um problema. Estando a atenção voltada para o domínio da tarefa e satisfação que a realização supõe. Em alguns casos traduz evitar sair-se mal diante dos colegas ou ante as perguntas, preservar a própria imagem, agir com autonomia,

-      padrões e processos de comportamento, neste cada aluno tende a reagir em maior ou menor escala, tais fundamentos baseiam-se nas metas visadas pelos alunos durante a realização das atividades escolares.

 

b)      condicionantes contextuais:

-        o início da aula. Neste ponto faz-se necessário ao professor, afim de, motivar os alunos atrair sua atenção por meio da “curiosidade” pelo conteúdo. Esta atitude pode ser ativada pelas características da informação como uma novidade, complexibilidade, aspecto inesperado, sua aplicação na aula, sua importância. Despertar o interesse induz a fixação da atenção em algo, podendo este ser um exemplo, conteúdo, explicação de uma tarefa diferente da curiosidade que é marcado pelo “despertar” da atenção. O segredo esta em criar uma relação do novo com uma informação que já se sabe; facilitando a assimilação e minimizando a adaptação com problemas de falta de capacidade de interpretação ou outros. O conteúdo também se torna relevante neste aspecto, podendo ter um resultado positivo ou negativo a motivação.

-        sendo este um condicionante que irá imprimir o incentivo em querer aprender à medida que colhe a informação, ouve a explicação, estuda um tema, desenvolve uma tarefa,

-        organização da aula. Esta pode compreende diferentes tipos de tarefas como resolução de problemas, experiências, análises, elaboração de textos, relatórios. Elementos como autonomia e interesse são fundamentais neste ponto, pois apesar da atividade ser uma sugestão externa, ou seja, não parti do aluno, no entanto, o mesmo assume espontaneamente. Entretanto, a aceitação ou não depende do nível de dificuldade da tarefa proposta. Para inibir o comportamento de não aceitação o professor necessita disponibilizar opções como escolher o parceiro, temas etc. Imprimindo assim ao aluno a sensação de livre arbítrio. Esse tipo de estratégia implica por parte docente expor a aluno(s) a viabilização de suas escolhas, orientando-o na organização,

-        a interação professor-aluno. Neste a mensagem é um fator determinante podendo facilitar ou dificultar a motivação do aluno(s). Para que sejam efetivas precisam ser claras antes do início da tarefa como uma orientação, coordenadas, objetivos, relembrar conceitos que induzam ao aluno a construir seu próprio caminho na busca do resultado. A habilidade de comunicação do professor torna-se fundamental para que obtenha a clareza por parte dos alunos,

-        avaliação da aprendizagem, considerado como o mais importante ponto motivando ou desmotivando aluno(s). É compreendido como um processo que vai desde o que foi dito e não dito pelo educador no antes, durante e depois da tarefa até a avaliação da execução,

-        estes aspectos são muito mais dependentes da iniciativa docente; podendo interferir, reforçar ou coibir a motivação dos alunos.

 

O autor Tapia (1992a) ainda em estudos sugere o “fator dificuldade” como problemática. Ao quais sejam: programas demasiadamente carregados, muitos alunos em sala, material inadequado, influências negativas da família, perspectivas de futuro pessimista etc. Podemos também considerar ante ao exposto que as relações interpessoais em sala de aula entre docente-discente é ponto crucial, a fim de promover um clima favorável à motivação discente bem como a troca de conhecimento, que no caso da motivação discente tem como premissa as experiências e conhecimentos dos alunos promovendo a participação mais ativa destes na construção do seu próprio saber. Cabendo aqui lembrar, que alunos adultos aparentemente opõem-se ao ensino de instrução, treinamento e de controle do professor, por entenderem que estes aprisionam o homem, limitam suas experiências, perspectivas profissionais e por conceber ao saber uma relação com significado centrado mais na vida, suas necessidades não direcionadas apenas pelos conteúdos.

Os autores Bordenave e Pereira (2002) pontuam o entusiasmo docente pelo ensinar como fundamental a motivação discente, ou seja, o segredo é o amor à profissão e aos alunos; movendo o profissional a criar novos métodos, técnicas, possibilitando caminhos aos alunos a construir seu próprio conhecimento. Segundo Pozo, a motivação dos alunos não deve estar muito distante da tida pelos seus professores, principalmente num contexto de comunidade de aprendizagem em que ambos compartilham muito tempo juntos (2002, p. 145). No entanto, o entusiasmo docente embora imbuído da criatividade, necessita debruçar-se em metodologias e planejamento adequados visando à motivação dos alunos para realizar por iniciativa própria esforços intelectuais que a aprendizagem implica. Ante ao exposto podemos observar que compreender a motivação humana não é tarefa simples visto que embarca um mecanismo com múltiplos significados. E que no processo de aprendizagem estes podemos supor que os alunos necessitam de motivos suficientes para movê-los a aprendizagem

Partindo do exposto, podemos conceber que compreender a motivação e o interesse humano não aduz tarefa fácil, visto a complexibilidade e variedade de significados. Implica ao professor considerar a psicologia cognitiva da aprendizagem como auxiliar, acha vista que o aluno é unívoco, movendo-se por motivos diversos, empregando e gastando sua energia as atividades da mais variadas formas (TAPIA, 1999). De outro ângulo, os alunos universitários não são mais crianças nem precisamente adultos. Alguns destes alunos ainda encontram-se na fronteira jovem-adulto o que exige do educador saber ponderar a sua prática no que diz respeito ao tipo de modelo ou padrão de ensino que será empregado. No que tange ao saber ponderar a prática docente, podemos nos apoiar em (FREIRE, 1996) visto que enfatiza a importância da vigilância do bom senso docente, ou seja, o professor do ensino superior não deve abandonar totalmente um modelo ou usar somente outro. É importante saber adequar na medida do possível e de forma coerente, afim de, atender as necessidades dos adultos sem efeitos desastrosos, ou seja, implica ao professor refletir sobre um modelo que atenda a esses clientes supostamente mais maduros. No processo da aprendizagem humana o conhecimento precisa realizar uma interação com ambos os condicionantes da motivação produzindo o resultado da química que é o interesse, promovendo a motivação.

À medida que a aprendizagem alcança novos níveis, requer ao aluno nova dose de motivação, afim de, atender a demanda do esforço realizado e continuar avançando sem devaneio. É fundamental ao professor estar atendo aos sinais da inércia da motivação, intervendo com novos desejos permitindo-o quando necessário, persistir com a tarefa ou conhecimento, principalmente quando estes imprimem um grau de complexibilidade mais elevado ou muito extenso. Ao que remete a questão da persistência por parte docente em manter a duração do conhecimento, identificamos a questão da atenção contínua. Onde os conteúdos muito extensos ou tarefas demasiadamente elaboradas tendem a causar fadiga mental e física nos alunos; além de esgotar o recurso cognitivo para manter a motivação discente. Apesar de o adulto manter um “tanque” maior do que as crianças outros fatores como cansaço após uma jornada de trabalho, preocupações pessoais e outros subjetivos tendem a contribuir para o declínio da motivação na aprendizagem. Cabe ao professor manter-se atento para combater o abatimento da motivação nesses momentos extremos graduando e intercalando as suas ações no processo da aprendizagem do aluno permitindo que estes recuperem suas forças. Para tanto o professor necessita ter domínio das funções do sistema intencional humano (POZO, 2002, p.150). Os quais sejam: 1. Controle, seleção e vigilância.

 Outro ponto importante no que remete a motivação humana além da intensidade é a questão do sucesso e fracasso. Onde na motivação não implica somente as metas, mas sim o seu resultado. Quando o resultado obtido denota um valor de “satisfação” pessoal do aluno ao aprendido constitui-se outro motivo para seguir adiante no aprender (POZO, 2002; TAPIA, 2003).

Ante a qualquer situação do processo de aprendizagem em que experimentemos sucesso ou fracasso, podemos atribuir esse resultado a diversas causas. Nesse aspecto, identificamos no aluno um comportamento que chamamos de expectativa, porém ela não depende somente da história do sucesso ou do fracasso, mas sim de como o aluno interpreta e que fato atribui as suas dificuldades (POZO, 2002). Para Tapia no que tange ao sucesso e fracasso no processo aprendizagem, as atitudes humanas podem exercer sim influencias casuais sobre sucessos reais. Isto requer a criação de um ambiente educativo propício ao estímulo de sentimentos de competências e controle pessoal que desemboquem em êxito nos alunos (2003, p.116).

 

Metodologia para a motivação

A arte da motivação na aprendizagem humana seja em qual nível for não remete menos complexibilidade. No contexto adulto podemos supor uma dimensão mais sistemática ainda, partindo do princípio que adultos detém apenas 10% do que ouvem, após 72 horas, porém são capazes de memorizar de 85% do que veem e fazem, após o mesmo tempo, e as informações mais lembradas são as recebidas nos primeiros 15 minutos de aula ou palestra.

As pautas motivacionais no processo educativo são produtos de uma gama de situações, valores e desejos como, por exemplo, a expectativa do sucesso, fracasso, a autoestima, desenvolver uma competência, enfim, seja a intenção superficial ou profunda para alcança-la implica ao professor reflexão de várias ações, como por exemplo, planejamento, conteúdos, tarefas, metas, tempo, material adequado, em fim, um conjunto de decisões que possibilite guiar a aprendizagem de forma mais enriquecedora e principalmente motivadora. Cabe lembrar, que as reflexões docentes em suas ações necessitam fundamentar-se em algumas medidas como teorias, formação específica no campo psicopedagógico, afim de, conhecer o que pensam os alunos, atualizar-se, pesquisar em educação. Como podemos observar motivar no processo de aprendizagem educativa imprime algo profundo e sistemático, porém abordaremos aqui estratégias para dar motivos a aprender. Para tanto, buscaremos em (POZO, 2002; TAPIA, 2003; BORDENAVE e PEREIRA, 2002) e outros identificar estratégias que possibilitem melhorar a motivação discente.

Para o autor Pozo, Juan (2002, p.144) sendo a motivação produto da expectativa de sucesso pelo valor da meta proposta, sugere seis princípios:

Para incrementar a motivação dos alunos:

-        adequar tarefa as verdadeiras capacidades de aprendizagem discente, minimizando a margem de fracasso,

-         informar aos alunos sobre objetivos concretos das tarefas e meios de alcança-las, orientar sua atenção e guiar sua aprendizagem por meio da ativação dos conhecimentos prévios adequados,

-        proporcionar uma avaliação do alcance dos objetivos propostos que seja algo mais do que prêmio ou castigo, classificação. Proporcione informação relevante sobre causas dos erros cometidos, de maneira que conduza os discentes a atribuições baseadas em aspectos internos, instáveis e controláveis. Necessita-se corrigir alunos não apenas suas provas.

Para incrementar o valor das metas da aprendizagem:

  1. Identificar um sistema de recompensas e sanções para diferentes alunos, ou, melhor ainda, associar tarefas de aprendizagem com os interesses e motivos iniciais discentes atribuindo a estas uma finalidade intrínseca interessante;
  2. Criar contexto de aprendizagem adequada para o desenvolvimento de uma motivação mais intrínseca, incentivando a autonomia discente, capacidade para determinadas metas e meios de aprendizagem por meio de tarefas cada vez mais abertas, próximas de problemas ao invés de exercícios, promoção de ambientes educativos cooperativos, positivos do ponto emocional, em que o sucesso do aluno depende dos demais, ao invés de situações competitivas. A motivação se aprende mais entre amigos;
  3. Valorizar cada progresso na aprendizagem, não apenas os resultados finais como o interesse manifestado. A expectativa sobre o próprio rendimento, autoestima, se origina sempre de fora para dentro.

Ante aos princípios Dando motivos para aprender proposto por Pozo, Juan (2002) observamos que o papel do professor torna-se fundamental ao aluno afim de, movê-lo ao aprender. No que tange a motivação discente o autor Tapia (2003) ressalta a autonomia do professor nos planejamentos possibilitando uma relação com a realidade discente, seus interesses, oportunizando conteúdos que mais interessem aos alunos quando possível motivando-os ainda mais. Propomos como princípios a motivação discente:

 

-        tirar proveito das experiências acumuladas. No caso da aprendizagem adulta as experiências vividas assumem um grande significado, sendo estas mais numerosas que as crianças. Aceitar a contribuição dos alunos a partir de suas experiências pode trazer muitas das vezes uma agilidade maior no momento da transmissão do conhecimento poupando horas que poderão ser usadas em outra situação que demanda de maior tempo. Isso significa também que, quando formam grupos são mais heterogêneos em termos de conhecimento, necessidades, interesse e metas. A estratégia de trabalhar atividades em grupo pode ser considerada fonte rica valendo-se das experiências variadas. Isso pode ser possível através de discussão de grupo, aprendizagem baseadas em problemas e discussão de casos, permitindo o compartilhamento de conhecimentos já existente entre os alunos do grupo e reforça a autoestima. Poderá surgir uma acomodação do grupo para novas ideais, porém o professor deve manter-se atento para quebra esse comportamento produzindo novos conflitos introduzindo novas discussões. Entretanto, alguns adultos demonstram-se reticente ao trabalho em grupo devido à timidez, situação de embaraço frente a outras pessoas adotando postura reservada. Sendo assim, para evitar o negativismo desses alunos o professor pode adotar a escrita com, por exemplo, relatórios, resenhas, laudas sempre que possível,

 

-        justificar a necessidade e utilidade de cada conhecimento, ou seja, a mensagem deve ter uma organização tanto lógica como psicológica. Despertando a atenção provocando em seguida a curiosidade ou sensação de desafios ao aluno. Adultos sentem-se motivados a aprender quando entendem os benefícios e vantagens do conhecimento adquirido, bem como do comportamento negativo do seu desconhecimento. Métodos que permitam o aluno perceber sua própria deficiência, ou a diferença entre o conhecimento atual e o ponto ideal de conhecimento ou habilidade que lhe será exigido com certeza será til para produzir uma motivação. Cabem aqui utilizar elementos como: pergunta conflitante, situação chocante, dados novos, a revisão a dois, revisão pessoal, autoavaliação e detalhamento acadêmico do assunto,

 

-        propor problemas, novos conhecimentos e situações conectadas com a vida real. Adultos dão mais significados ao que vivem no dia a dia. Assim, demonstram motivação a aprender algo que contribua para seu cotidiano, atividade profissional ou ainda para resolução de problemas reais. Será dado o mesmo com nova habilidade, valore adquirido na aprendizagem quando associados à vida real. Mais uma vez para incrementar a motivação poderá ser utilizadas atividades em grupo com discussões, aprendizagem baseada em problemas reais, sendo sua utilização com maior significado. Cabe ressaltar que poderá haver a necessidade de uma avaliação prévia por parte do professor sobre as necessidades do grupo para direcionar os problemas apresentados para possível sintonia,

 

-        arrumação da sala de aula. A configuração da sala de aula antes das ações do professor é fundamental. As cadeiras devem ser organizadas de maneira que possibilite discussões em pequenos grupos, favoreça a interação dos alunos,

 

-        evitar a tentação de usar somente o método de exposição, pois este tende a colocar alunos em posição passiva. As aulas expositivas devem ter o foco mais no aluno que no conteúdo em si, isto é, propor perguntas de interesse para o aluno mais do que em soluções propostas pelo professor,

 

-        as ideias mais importantes devem ser repetidas, porém de formas variadas. Para tanto pode ser utilizados diagramas, esquemas para não causar monotonia, estimular alunos a utilizar canais variados de informação e aprendizagem, além de escutar o professor como, por exemplo, laboratório, livros, computador, internet. Contribuindo para o enriquecimento do seu repertório delegando ao aluno mais autonomia além de prepara-lo para aprender a aprender,

 

-        diversificar as atividades didáticas de forma equilibrada, possibilitando atender as características individuais do alunado. Podem ser exploradas tarefas individuais, coletiva ou grupal. Os seminários são uma técnica bastante usada principalmente em universidades. O termo vem da palavra “semente”, o que indica que o momento deve ser favorável para semear ideias ou a sua germinação.

Em geral esse momento é constituído como fonte de pesquisa, busca de novas soluções, agregar novas informações. Os alunos torna-se fonte ativa de seu próprio saber. A reflexão pode ser trabalhada tanto num coletivo, grupo e paralelamente ainda num nível individual quando se trata de alunos retraídos.

-        estimular o centro de interesse. Se todos os estímulos estiverem organizados na mesma capacidade de chamar à atenção a probabilidade de o aluno adotar um comportamento alheio ou disperso será inevitável, principalmente se estímulos externos como cansaço, problemas pessoais, situações de competitividade estiverem presentes. Nesse caso convém o professor explorar estímulo de destaque perante aos demais fazendo com que o “centro de interesse” do aluno perceba o elemento como unificador dentre tantos ostros.

Nesse contexto podem ser explorados os gráficos, esquemas, objetos e figuras. Os chamados meios visuais (o equilíbrio dinâmico, trajeto do olho, proporção, contraste e a harmonia do conjunto).

Segundo o autor Tapia (2003), para possibilitar a motivação dos alunos, sugere-se a redução dos fatores motivacionais em quatro, como proposto por Keller e Suzuki (1998) ofertando melhores condições para o processamento da informação recebida. As quais se faz conhecer bem como suas estratégias:

-        atenção: É uma concentração seletiva acerca de algo que encaixa em esquemas prévios. Supõe o primeiro passo para que o aprender seja significativo. Utilizando para tanto como estratégias a introdução de conteúdos através de perguntas-problemas, nascendo à curiosidade,

-        utilidade: A motivação é possível quando o aluno reconhece que pode solucionar questões a partir do conhecimento adquirido seja a questão de ordem pessoal, instrumental ou cultural. Para tanto pode ser utilizado como estratégia, propor atividades com riscos moderados facilitando alguns resultados positivos, estabelecendo uma linha de base. As tarefas são propostas em grupo,

-        expectativa de êxito: Atitudes de uma pessoa ante ao sucesso ou fracasso podem ter influência causal sobre sucesso real. Cabe aqui a criação de um ambiente educativo que estimule o controle pessoal que promova o sucesso. Podem ser utilizado como estratégia informações contendo objetivos, técnicas de estudo do conteúdo, análise de tarefas, afim de, promover situações com acerto por parte do aluno, reforçar o passo a passo,

-        satisfação pelos resultados: A avaliação dos resultados obtidos realizadas por outros e pelo aluno individualmente denota importância na motivação necessária para dar continuidade com a tarefa. Devendo-se buscar o equilíbrio entre as motivações intrínsecas e extrínsecas.

Podem ser utilizados também como estratégias os feedbacks (elogios depois da atuação do aluno, correções antes da atuação seguinte), são utilizados reforços da tarefa, prêmio extrínseco pode ser dado de forma inesperada, mas não obrigatório:

-        responde as perguntas-problemas por meio de experiências ou atividades,

-        permitir alunos apresentarem experiências que elucidem perguntas-problemas,

-        estabelecer relação entre o novo conhecimento e o que o aluno já sabe,

-        organizar ou relacionar os conceitos básicos mediante esquema ou outra forma de representação lógica,

-        gerar problemas que aguce a curiosidade e interesse em solucionar,

-        utilizar exemplos concretos e próximos da realidade dos alunos,

-        fazer uso de casos ou situações que possibilitem uma aula mais animada e descontraída, principalmente em conteúdos complexos e extensos,

-        analisar as características da clientela (aspirações, desejos, necessidades e possibilidades),

-        identificar suas carências sociais, culturais, na sociedade e de conhecimento,

-        identificar sua vivencia social,

-        prever e escolher recursos de ensino mais adequado para motivar a participação discente nas atividades de aprendizagem,

-        organizar conteúdos na ordem do mais fácil para o mais complexo,

-        estimular os avanços do aluno ensinando-lhes técnicas de estudo,

-        estudo-dirigido: se dá a partir de um roteiro previamente elaborado pelo facilitador, para que o aluno responda às questões e estude o tema, individualmente ou em grupo, com a orientação e presença do facilitador.

Diante das colocações, podemos observar que para mover a motivação discente não existe uma linha definida, estudos específicos ou trabalho simples. Tão pouco receita mágica. Implica ao professor refletir acerca do tema, metas, didática, pesquisas pertinente à temática, criatividade, domínio de outras áreas como a psicopedagogia, teorias que embarcam o conhecimento psicológico humano, ou seja, muito esforço para conceber algo quase artístico. Não menos importante que os métodos de motivar alunos adultos, temos a questão do modelo de ensino mais adequado à aprendizagem desse público, pois diante do contexto, não podemos considerar a este público adulto um modelo nos moldes daquele concebido para as crianças. Sendo assim, verteremos para averiguarmos um modelo de ensino que atenda a esse público.

 

MODELO DE ENSINO ADULTO

A fase adulta traz à sua evolução algumas características como: a independência, experiências acumuladas ao longo da vida, capacidade de analisar e criticar situações, aceitar ou rejeitar informações, o aprender com seus próprios erros e outros fatores, ou seja, sua relação com a própria educação. Diferente de alunos de outro nível educacional, por possuírem a percepção da realidade ao seu redor. Sendo assim, faz-se necessário verificar um modelo que favoreça e estimule o aprender adulto.

Algumas instituições de ensino bem como professores ainda equivocadamente tendem a educar adultos com a mesma pedagogia, técnicas, didáticas voltadas para o ensino infantil pelo fato de conceber a todos uma natureza humana com peculiaridades comum e imutável do nascimento até a morte. O modelo da pedagogia tradicional assim trata o homem, imutável até o fim da vida.  Podendo o homem desenvolver-se apenas com uma disciplina rigorosa, possibilitando o afloramento de aptidões com o decorrer do crescimento. (PIMENTA, 2002, p.70). Nesse modelo de ensino, observamos que as emoções, experiências de vida, expectativas, desejos não possui um significado no processo de ensino-aprendizagem na vida do ser humano. Sendo assim, a ideologia do modelo tradicional pode significar para muitos alunos adultos no mundo atual, um atraso no seu desenvolvimento intelectual.

Alguns discentes conseguem manter seus ideais, suas trajetórias, sonhos, reagindo de forma contrária ante as imposições, buscando seu próprio caminho. Estando sujeitos a baixos conceitos visto que não se submetem as normas fixadas; enquanto que a outra parcela tende a permanecer dependentes. O modelo de ensino tradicional detém todo o conhecimento e deposita o que sabe nos alunos; cabendo a estes apenas ouvir e nota.

Para Gadotti, a pedagogia numa época em que adulto e o professor precisam ser educados, considera-se um modelo inadequado. Para tanto o autor parte do princípio da etimologia da palavra que indica “condução de crianças” (2002, p.70). Podemos então, conceber que esse modelo de ensino traz o professor como quem decide sobre o que será ensinado aos alunos, como este conteúdo será trabalhado e resolve a forma de avaliar se o conteúdo foi aprendido.

Sendo assim, o ensino adulto requer um modelo de ensino que caminhe para a direção contrária da pedagogia; que acredite que em todo e qualquer ensino deve haver um espaço para o diálogo, troca e aprendizado mútuo.

Depois da primeira Guerra Mundial, o mundo viu-se mergulhado numa grande crise econômica, e em outra perspectiva, a perda de muitas vidas, na sua maioria homens. Ante a situação social que urgia uma reorganização econômica, mulheres adentraram no mercado de trabalho e os homens remanescentes de pouca instrução voltaram-se a qualificação afim de, minimizar os efeitos econômicos do pós-guerra. A necessidade de atender a demanda de um tipo de ensino voltado mais para o treinamento, e de sujeitos em idade adulta, não cabia perfeitamente ao ensino tradicional. Dessa forma, professores debruçam-se em estudos e pesquisas no intuito de conceber um novo modelo que atendesse a esse público.

O termo Andragogia é bastante antigo e tem sua gênese do grego Andros (adulto) e Gogos (educar). Sendo assim, remete-nos a uma ideia de educação voltada para adultos; sentido contrário do modelo pedagógico, do grego paidos (crianças), ou seja, educação para crianças. A palavra Andragogia ganhou importância através do professor Malcolm Knowles, século XX em meados dos anos 70, onde ampliou o conceito e o definiu como ciências de educar e orientar adultos. Tendo como finalidade, efetivar uma aprendizagem promovendo habilidades, competências e conhecimentos. Knowles percebe que o adulto não aprende através da mesma metodologia empregada na Pedagogia, de forma que a Andragogia questiona o modelo da pedagogia aplicado à educação de adultos, porque entende que o adulto é sujeito da educação e não o objeto desta.

Para o professor Knowles, à medida que o sujeito amadurece passa por transformações. As quais se faz saber:

-        passam de pessoas dependentes para indivíduos independentes, autodirecionados,

-        acumulam experiências de vida que vão ser fundamento e substrato de seu aprendizado futuro,

-        passam a esperar uma imediata aplicação prática do que aprendem, reduzindo seu interesse por conhecimentos a serem úteis num futuro,

-        seus interesses pelo aprendizado se direcionam para o desenvolvimento das habilidades que utilizam no seu papel social, sua profissão,

-        preferem aprender para resolver problemas e desafios, mais que aprender simplesmente um conteúdo,

-        passam a apresentar motivações internas (como desejar uma promoção, sentimento de realização ante uma ação recém-aprendida), mais intensas que motivações externas como, por exemplo, notas ou prova.

Podemos observar nos estudos de Knowles que esse modelo de ensino tem sua colaboração marcada no sentido da quebra do paradigma tradicional; contribuindo de forma significativa no desenvolvimento da educação dos adultos.

Partindo dessa premissa de Knowles, várias pesquisas voltaram-se exaustivamente para este assunto, afim de, sua compreensão como Brundage e Mackeracher (1980), Wilson e Burket (1989), Robinson (1992) e outros. Comprovando os princípios da Andragogia, principalmente o uso das experiências de vida e motivação intrínseca em muitos alunos.

Alguns autores exploraram os princípios para a administração de recursos humanos. A capacidade de autogestão do próprio aprendizado, de auto-avaliação, motivação intrínseca podem ser usados como base para um programa onde empregado assuma o comando de seu próprio desenvolvimento profissional. O setor empresarial mais ágil que o do ensino, já conseguiu implantar vários conceitos da Andragogia, mesmo sem esse rótulo estabelecido pelo universo pedagógico. Cabendo aqui à luz do seu entendimento, fazer conhecer os princípios fundamentais do modelo andragógico. Os quais sejam:

-                     necessidade de saber: Os adultos precisam saber qual a necessidade de aprender e o que eles ganharão no decorrer do processo de aprendizagem,

-                     autoconceito do aprendiz: Os adultos são responsáveis por suas vidas e decisões, portanto precisam ser encarados e tratados como indivíduos capazes de se fazer suas próprias escolhas,

-                     papel das experiências: Os adultos possuem experiências prévias e justamente essas experiências são à base do aprendizado,

-                     prontidão para aprender: Os adultos ficam mais dispostos a aprender quando o conteúdo parece ser útil em seu dia a dia, ou seja, quando o conhecimento tem a finalidade de ajudá-los a enfrentar os desafios cotidianos,

-                     orientação para aprendizagem: Os adultos aprendem melhor quando a aprendizagem é orientada para os fatos, aplicabilidade e resultados,

-                     motivação: Os adultos respondem bem quando fatores motivacionais entram em cena, como por exemplo, a satisfação, qualidade de vida, autoestima e afins.

No que tange a motivação no processo de aprendizagem adulta ressaltamos, embora o motivo externo ainda seja bastante usado, as motivações internas são as mais fortes nestes sujeitos, relacionadas com a satisfação pelo trabalho realizado, melhora de qualidade de vida, elevação da autoestima. Por tanto, um programa educativo alcançará mais êxito se estiver voltado para essas motivações internas ou pessoais como são mais chamadas. Outro ponto que também marcamos como importante é a questão do tempo, oportunidades e meios de acesso, sendo estas, algumas vezes impostas como limitação tornando o processo de aprendizagem para este público desmotivante. Podendo contribuir de forma significante no resultado final.

Ainda cabe aqui lembrar, que nem todos os alunos podem ser concebidos como totalmente adultos. Boa parcela desse público nos dias de hoje encontra-se na faixa de jovens-adultos, sendo assim, próximos desta. Isso requer do professor disposição para ajuda-los com orientação na busca do conhecimento. Ainda precisam que lhes seja dito qual melhor direção, porém devem ser estimulado a desenvolver suas próprias ideais, método de estudar, usar os meios de informação de modo mais eficaz e saber explorar os disponíveis para construir seu conhecimento. Ante ao contexto, é importante ressaltar que um modelo não pode ser mais utilizado em detrimento de outro. O professor necessita buscar um equilíbrio de maneira que possibilite o desafio que é o desenvolvimento da aprendizagem.

 

O PAPEL DO PROFESSOR

A educação é debatida desde a época de Platão, com isso percebemos que a humanidade vê a educação como um processo necessário para o indivíduo, ao qual este faça parte de um contexto social influenciado pelos padrões vivenciados pela sociedade, ou seja, é uma maneira de preparar o individuo a vida. Tais influências manifestam-se por meios de conhecimentos, técnicas, valores, experiências, costumes transmitidos de geração a geração, assimilados e recriados por novas gerações (LIBÂNEO, 1994, p17).

Observamos uma rápida mudança pelo qual tem passeado o ensino atualmente, introduzindo no professor um papel demasiadamente complexo que talvez não caiba em sua consciência levando este profissional a rever sua figura desde a época da ditadura militar (1964-1985) Gadotti (2001).

Na educação do século XX observamos que não basta a esse profissional somente o “ser” professor, apesar de ser um sujeito preparado sistematicamente com habilidade e especialização para transmitir aos alunos os conhecimentos que a história selecionou da cultura e que diz respeito a nossa vida. Sem nos esqueçamos da Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional LDBEN, Plano Nacional de Educação PNE e diretrizes legais que direcionam as exigências para habilitação desse profissional em diferentes níveis do ensino Tosi Raineldes (2001, p.24). 

O professor contemporâneo necessita embarcar num movimento além da constante atualização, mobilização de múltiplos recursos, desconstrução para reconstrução, reflexão de si próprio, suas ações, técnicas, métodos, habilidades, capacidades, especialização e “vocação”, sendo esta ultima, consagrada por definição como inclinação natural. Considerada como relevante, pois, permite que a atividade seja realizada com satisfação. Todo esse aparato na aprendizagem do público adulto contribui de modo significativo para conceber a autonomia e preparação para o trabalho e para a vida. Entretanto faz-se necessário assumir outros personagens.

O autor Alonso Tapia, corrobora com o exposto ao afirmar que o professor deve expor ao aluna diferentes formas de lidar e dar sentido ao novo saber para que sejam “senhores” da sua própria aprendizagem alcançando a autonomia (2003, p.103).

Segundo Kelvin Miller, os adultos conseguem reter apenas 10 % do que ouvem, em um espaço de 72 horas. Porém são capazes de lembrar 85% do que ouvem, veem e fazem. Dessa forma, o professor na aprendizagem adulta deve ser flexível, procurando a construção de conhecimentos necessários ao invés de um currículo rígido. Em estudos, Klevin Miler observou ainda que as informações mais lembradas são aquelas recebidas nos primeiros 15 minutos. Estudos de (BADDLEY, 1990) citados por Pozo (2002, p.152) trata que o envelhecimento produz uma degeneração na aprendizagem, de maneira, que as pessoas mais velhas recordam os fatos mais remotos do que as ultimas informações recebidas. Diante dessas colocações observamos que fatores de limitações podem interferir no resultado final do processo de aprendizagem adulta, faz-se necessário o professor estar atento buscando um meio termo, adaptações ou criar possiblidades para ser usados nesse público em específico.

Para o professor construir um caminho no processo de aprendizagem adulta torna-se imprescindível também o entendimento do aluno enquanto ser humano em todos os seus aspectos, necessidades, anseios, sonhos, dificuldades, crenças, medos. É necessário ao professor um conhecimento e sensibilidade aos propósitos emocionais, pois, estas influenciam as atitudes em sala de aula necessitando de um apoio mais esclarecido como trata Tosi (2001). Lembramos nesse contexto que o aluno adulto é movido ao conhecimento muito mais por motivos internos do que os externos, além de maior consciência de sua realidade, habilidades e experiência de vida. A fonte de maior valor em alunos adultos é a experiência do aprendiz.

Sendo assim, o professor no processo de aprendizagem do público adulto precisa ser um mediador do conhecimento não um mero instrutor, treinando e viabilizando a profissionalização dos sujeitos através de conteúdos e técnicas estabelecidas. Reinventa-se a cada dia à medida que procura possibilitar o aluno aprender a aprender, construindo o seu saber e opiniões conciliando conhecimento com experiência de vida. O professor mediador não mortifica os saberes dos alunos e sim procura traçar caminhos entre os conteúdos estabelecidos com os já adquiridos.  Para Cunha (1998) é fundamental o papel de mediador do professor para os novos rumos educativos embarcando conhecimentos que vão além dos desejáveis. Isso permitirá ao professor interpretar e estabelecer conexões entre os significados das emoções dos alunos e o mundo, inibindo ou minimizando problemas e conflitos que possam interferir no processo da aprendizagem. O professor mediador deve ter consciência da importância do papel que desempenha e precisa estar preparado para tanto organizando e integrando o ensino que desenvolve, coordenado e orientado as atividades e situações que promovam o aprender, com interações e relações na construção do conhecimento adulto. Entretanto, é importante que o professor goste de ensinar. Para tanto, apoiamo-nos na vocação citada por Tossi Raineldes (2001) que trata da satisfação na atividade realizada.  Dessa forma, ele será cumplice do processo de aprendizagem que cabe aos alunos adultos.

No ensino adulto, o professor para ensinar a aprender a aprender, enfatizar a responsabilidade pessoal pelo próprio saber, precisa dedicar um tempo para isto, porém, é sabido que muitos professores assumem várias cadeiras, ministram aulas em outras instituições, alguns desses profissionais trabalham com um quantitativo bastante significante de alunos, chegando a possuir cerca de duzentos ou mais alunado. Não sendo possível a ele um acompanhamento regular como cabe ao ensino básico. Sendo assim, o professor no processo de aprendizagem adulto precisa ser também tutor, aproveitando todos os momentos de interação com os alunos para ensinar a eles a aprender a aprender, visto que, o contado próximo não está determinado e dessa forma seus alunos se tornaram também responsáveis pela construção do seu próprio conhecimento. Nesse contexto nos apoiamos em Alonso Tapias (2003) quando afirma “É importante que os professores dediquem um tempo a ensinar seus alunos a aprender a aprender”.

O autor Demo (2001, p.211) no que tange ao aprender a aprender observa que o processo da aprendizagem ainda é concebido de fora pra dentro e de cima para baixo. Adotando-se uma dinâmica de absorção de conhecimento, onde o aluno é tratado como mero receptor da informação.

Diante do contexto, podemos verificar que além de mediador, o professor precisa voltar-se para a aprendizagem adulta adotando também uma postura de tutor. O tutor desempenha um papel fundamental na educação adulta, pois interage buscando aproveitar cada instante com o educando, incentivando e cuidando para que o processo de autoaprendizagem seja efetivo. Segundo Ignacio o professor tutor age como um guia permite que os alunos assumam parte da responsabilidade de sua aprendizagem. O professor tutor expõe as metas e caminhos que seus alunos possam alcança-los, Pozo (2002, p.92).

Como podemos averiguar o processo de aprendizagem adulto, inferi ao professor assumir várias tarefas diferentes, além disso, precisa também assumir diferentes personagens, num complicado exercício profissional. Tratando o professor para atender as diferenças em sala de aula de adotar a postura de mediador e tutor, intermediando e guiando, permitindo que os alunos assumam parte da responsabilidade na aprendizagem.

Esses múltiplos personagens que se ocultam no professor, requerem um equilíbrio para não confundir os alunos ante a presença de tantos personagens num só ator. Isso requer do professor, além de técnicas para agir, também de alguns princípios que o guie determinando uma postura adequada a cada momento, respondendo a demanda diversificada de aprendizagem de cada discente (POZO IGNACIO, 2002).

Esses diferentes papéis além do “ser” professor, ajudam a responder as necessidades de aprendizagem diversificada dos alunos, em função das diferentes idades, metas e condições sociais em que esta se produza.

 

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho buscou averiguar de forma sucinta como se caracteriza a arte da motivação ao saber no processo de aprendizagem adulta. Fitamos as necessidades de algumas das diferentes situações e relações que se desenvolvem em sala de aula almejando possibilidades que favoreça o processo de aprendizagem desse público.

Com relação à arte da motivação para saberes, identificamos que esta não é produto de receita pronta nem é fruto de uma mágica. Implica ao professor ir além da sua formação inicial para conceber todo processo de recepção, interação de novas informações com a já existente e aplicação da nova informação, possibilitando do domínio de técnicas, metodologias mais adequada, visto que a motivação humana é constituída de múltiplos significados. Identificamos que apesar de o processo de aprendizagem adulta ser considerado como uma fonte de riqueza pode imprimir também um exaustivo exercício docente para manter o equilíbrio entre os conhecimentos; o conhecimento dos alunos, do grupo social e o da cultura universal. Onde o pacote dos conhecimentos ofertados não consegue sintetizar todos os conhecimentos e criar uma relação adequada entre eles nos currículos e planos estabelecidos. Apresentando um conteúdo a ser aprendido tendo significado ou não para os alunos. 

Nos condicionantes da motivação, identificamos uma necessidade de o professor dominar outras áreas de conhecimentos pelo fato da sua dificuldade em saber o que pensam seus alunos. O domínio desses outros campos possibilitara ao professor conhecer mais seus alunos e como é estabelecido a sua relação com o novo conhecimento. Isto pode ser um fator importante principalmente com o público adulto, visto que no processo de aprendizagem destes o valor não esta no conteúdo aprendido e sim na consequência de tê-lo aprendido para a vida do sujeito. Sendo a compreensão dessa relação fundamental; capaz de despertar a atenção, curiosidade e o interesse do aluno ao novo conteúdo.

Podemos conceber então, que, para a arte da motivação no processo de aprendizagem adulta, implica uma metodologia dinâmica, sistemática e extremamente complexa por parte do professor, afim de, promover o conhecimento em diferentes formas de trabalho que possam auxiliá-lo a lidar com as mais diversificadas situações de aprendizagem. Permitindo a ele identificar ritmos variados, interesses, estilos de aprendizagem e outros.

No papel do professor, podemos identificar atores ocultos que emergem desse profissional, diante das diferentes necessidades que surgem no processo de aprendizagem do público adulto. Isso se dá pelo fato de esse público possuir uma capacidade de analisar e criticar situações, sustentar ideais próprias e outras características inerentes ao adulto. Entretanto, é necessário a esse profissional uma preparação sistemática que sustente diferentes nuances a sua postura docente ajudando-o adequá-los evitando resultados negativos ao processo de aprendizagem destes. Podemos então, identificar nesse profissional o papel de mediador e ou tutor, que ao invés de conduzir o aluno ao conhecimento como é concebido no papel tradicional contribui ao aluno assumir parte do compromisso do seu processo de aprendizagem, cabendo ao professor mostrar os caminhos para essa construção. Cabe lembrar, aos alunos que ainda não são concebidos como adultos e permeia a fase jovem-adulto, o professor ainda precisa adotar o papel tradicional, ou seja, a pedagogia tradicional.

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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Marineusa Montenegro Rodrigues

por Marineusa Montenegro Rodrigues

Graduação em Fisioterapia e Fisioterapeuta Forense.Especialista em Docência Superior enfase na motivação.Tutora a distância.Trabalhos relevantes: como fisioterapeuta na equipe de saúde da APAE.Na Educação no ensino-aprendizagem adulto em curso técnico profissionalizante na área da saúde pelo Governo do Estado do Amazonas.

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