TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

Educação e Pedagogia

19/12/2015

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): FALTA DE LIMITES OU HIPERATIVIDADE DIAGNÓSTICADA?

 

Flaviana Aparecida de Mello[1]

Joseani Martins Cardoso[2]

    

 

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo desmistificar a visão que por vezes é equivocada a respeito das pessoas portadoras do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que comumente são relacionadas a pessoas que não tem limites. O estudo fundamentou-se em um arcabouço teórico a partir de discussões sobre o TDAH, definido como um transtorno neurobiológico, inicialmente vinculado a uma lesão cerebral mínima, tendo influências intrínsecas e extrínsecas, ou seja, sendo ocasionados por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Como conseqüência percebe-se problemas comportamentais e fragilidades nas relações sociais, respectivamente. Que por sua vez levam os alunos a se sentirem inferiores, incapazes, conduzindo-os a uma aprendizagem mal sucedida, produzindo déficit de aprendizado. Nota-se que o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade agrava-se quando a família não tem um entendendo aprofundado sobre esse transtorno, pois as mesmas não mantêm uma convivência harmoniosa com os filhos, o fator emocional compromete a educação causando transtornos. Portanto, reconhece-se a importância da participação da família no processo de ensino e aprendizagem, assim como a qualificação profissional do corpo docente das escolas para que de fato compreenda-se melhor essa problemática e elabore alternativas para facilitar o aprendizado e relações inter-pessoais do aluno portador de TDAH.  O empenho de todos os atores é importante para que sejam desenvolvidos no espaço escolar metas educacionais contidas nos projetos políticos pedagógicos para que de  fato sejam alcançadas.

 

 Palavras-chave: TDAH, família, relações inter-pessoais, escola.

1.1 CONCEITO E DEFINIÇÃO  DO TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE - TDAH

 

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) inicialmente foi vinculado a uma lesão cerebral mínima, considerado  como uma doença, um transtorno neurobiologico. Por volta dos anos 60, verificou-se certa dificuldade de comprovação da lesão, e sua conceituação ganhou uma perspectiva mais funcional, configurando-se como uma síndrome de conduta, tendo como sintoma primordial a atividade motora excessiva.

 

De acordo com Mattos e seus colaboradores (2006a), o termo hiperatividade foi descrito “metamorfoseado do grego hipercinese e corresponde ao termo latino superatividade”.

 

O TDAH não deve ser avaliado como procedimento inconveniente, ou falha na educação, pois existe um comprometimento funcional da vida profissional, acadêmica e de relacionamento. Esse transtorno se apresenta de maneiras semelhantes em culturas distintas. É caracterizado por Sam Goldstein, (2006) como hiperatividade, impulsividade e/ou déficit de atenção.

 

Entretanto, é importante deixar clarificado que as crianças hiperativas não são de forma nenhuma pessoas más. O que as diferem de crianças não portadora do transtorno é que elas não facilmente conseguem se concentrar na argumentação dialética dos pais, já que possuem extrema dificuldade em sentar e dialogar.

 

Em decorrência das dificuldades culturais para esse diagnóstico, sobretudo ao fato de que culturalmente não se acredita que crianças possam vir a ter algum problema emocional, por muito tempo hesitou-se acreditar que existisse um transtorno com as características do TDAH.

Somente quando a medicina revelou que, de fato, crianças com portadoras desse transtorno e que podiam ter um diagnóstico clínico, este conjunto de sintomas ganhou o nome de Disfunção Cerebral Mínima.

 

1.2 TIPOS DE TDAH

 

O Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) tem implicações no sentido de conseguir se manter atento na realização de atividades repetitivas, em especifico nas habilidades que exige boa coordenação motora e inibição.

 

            A Hiperatividade, uma deficiência neurobiológica de origem genética é um descontrole motor relevante, que ocasiona movimentos ríspidos e impróprios, modificação de humor e inconstância afetiva nos indivíduos que a possui.

 

As pessoas portadoras de TDAH em sua maioria sabem o que devem e como executar, todavia não possuem um autocontrole ou seja, domínio sobre suas ações, devido a inabilidade de poder refletir antes de praticar qualquer  tarefa, não considerando o espaço no qual está inserido.

 

Conforme Mattos (2001), a desatenção leva a baixa concentração e dificuldades como permanecer em uma mesma tarefa por tempo prolongado. Além disso, portanto as crianças são frequentemente distraídas por estímulos alheios as tarefas.

 

O TDAH segundo Sam Goldstein (2006) surgir comumente na primeira infância e atinge aproximadamente de 3% a 5% da população durante a vida toda, não envolvendo o grau de inteligência, o nível de escolaridade, a classe sócio-econômica ou etnia.

 

Essa afirmação de que o TDAH se manifesta nos primeiros anos de vida é recorrente, porquanto apresenta comportamentos crônicos com duração de no mínimo 6 meses que se instalam definitivamente anterior ao 7º sétimo ano de vida.

Ainda segundo Sam Goldstein (2006),  foram elencadas 4 (quatro) subtipos de TDAH dentre eles:

 

  1. TDAH – com a tipologia desatenta, o individuo deve manifestar as caracteristicas elencadas abaixo:

 

    • no qual o individuo externaliza a dificuldade em observar detalhes ou erros por falta de cuidados;
    • demonstra não estar ouvindo quando lhe dirigem a palavra;
    • mostra-se desorganizado
    • não manifesta o interesse por atividades que exigem esforço mental continuo
    • possui facilidade em dispersar-se;
    • facilidade em perder objetos úteis para a execução de suas tarefas;

 

  1. TDAH – tipo hiperativo/impulsivo – é característico a pessoa que apresenta os seguintes comportamentos:

 

    • Inquieto mexe com as mãos e os pés ou remexe-se continuamente na cadeira;
    • Não possui habilidades para atividades silenciosas;
    • Fala excessivamente;
    • Responde a perguntas sem ao menos elas terem sidos totalmente formuladas;
    • Tem características de interromper as pessoas em quaisquer atividades;
    • Demonstra-se agitados por todo tempo;

 

  1. TDAH – tipo combinado representa a junção dos dois tipos elencados acima desatentos e hiperativos/implusivos.

 

  1. TDAH – sem especificação,  refere-se a pessoas que possuem algumas características, todavia não são suficientes para levar a um diagnostico completo e preciso. Acarrentando assim uma desarmonia no cotidiano do individuo.

 

1.3 DIAGNÓSTICO DO TDAH

 

O diagnóstico de TDAH pode ser complexo, uma vez que os indícios evidenciados pelos pacientes podem ocorrer não só devido ao TDAH, mais também a uma série de problemas neurológicos, psiquiátricos, psicológicos e sociais.

 

De acordo com Eidt e Tuleski (2005), a questão é complexa e envolve fatores macro-estruturais e não apenas individuais. Este assunto corrobora ainda não haver concordância científica, havendo muitas lacunas a serem preenchidas com pesquisas mais abrangentes, que considerem as diferenças sociais e culturais. 

 

Normalmente o diagnóstico começa pela eliminação de outras patologias ou problemas sócio/ambientais, possivelmente causadoras dos sintomas. Além disso, os sinais devem, fundamentalmente, trazer algum tipo de dificuldade na realização de tarefas ou devem causar algum tipo de obstáculo para a realização de tarefas.

 

O diagnóstico de TDAH darse-á de forma clínica, sendo realizado por um profissional especialista em tal transtorno. Quando diagnosticado, o tratamento por sua vez tem como base a utilização de medicamentos e concomitante a isso, o indivíduo deve ter acompanhamento psicopedagógico ou psicológico.

 

Vale ressaltar, que somente o médico poderá confirmar a suspeita levantada por outros especialistas tais como educadores, psicopedagogos, e estes por sua vez devem providenciar o encaminhamento para que de fato seja efetivado o diagnóstico preciso.

 

O tratamento de crianças com TDAH supõe intercessão psicológica, pedagógica e médica, sendo esta a demanda central para o psicopedagogo, além de técnicas de mudança de comportamentos. Uma abordagem que abranja todas as áreas inclui: exercício dos pais em domínio do comportamento; um programa pedagógico adequado; aconselhamento individual e para a família (quando necessário) e medicamento (quando necessário).

 

No processo investigativo para o diagnóstico de TDAH é de enorme relevância considerar a idade e a forma do surgimento dos sintomas, haja vista que a maioria dos sintomas está presente na vida da pessoa há muito tempo, normalmente desde a infância.

 

Por estar atrelado a pessoa e se tratar de um transtorno crônico, os indícios de dificuldade de atenção e concentração, hiperatividade semelhantes ao TDAH, que só aparecem em um ambiente, como por exemplo, só em casa, só na escola, só quando sai de casa dentre outros espaços, devem ser investigados com mais cuidado, para se verificar se não são de origem psicológica, para que não cometa-se o equivoco de diagnosticá-lo como TDAH.

 

1.4 A IMPORTANCIA DA FAMILIA NO PROCESSO DE TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO DO TDAH:

 

O termo família, Segundo Prado (1989, p. 51) vem do latim “famulus”, criado na Roma Antiga com objetivo de denominar os grupos sociais compostos pelo patriarca e seus fâmulos: esposa, filhos, servos livres e escravos.

 

            Não podemos deixar de considerar que família na atualidade é aquela em caracteriza-se por laços de respeito, afinidade e afeto, não simplesmente por consaguinidade. Ou seja independente do grau de proximidade e parentesco esta deve de ter e cumprir suas responsabilidades no que tange proteção, cuidado para com seus membros.

 

E ao falarmos de crianças que na primeira infância se detecta o TDAH, não podemos deixar de enfatizar a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado como está contido na Constituição Federal da República Brasileira:

 

Art. 277º É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

 

 

 

 

1.5 O PORTADOR DE TDAH: TRATAMENTO E ACOMPANHAMENTO.

 

Os portadores de TDAH são estigmatizados como “indisciplinados” por grande parte de profissionais que trabalham na educação. É um preconceito generalizado que dificulta o processo em busca de alternativas para amenizar tais dificuldades. Por exemplo: uma criança com discalculia (transtorno de aprendizagem que ocasiona dificuldade em matemática) é rotulada por muitos educadores como uma criança anormal.

 

Nesse sentido, é preciso preparar continuamente os profissionais da educação para que, tenha o conhecimento e a conduta necessária para poder identificar e lidar com as diferenças no ritmo de aprendizagem dos alunos considerados “anormais”, mas que, no entanto, apresentam necessidades educativas especiais.

 

A orientação aos pais e/ou responsáveis e educadores de crianças e adolescentes com TDAH é um processo de cunho educativo. Freire (1983) corrobora da seguinte forma “ensinar é um exercício do diálogo, da troca, da reciprocidade, ou seja, envolve falar e escutar, aprender e ensinar”. O que corresponde em compreensão e respeito ao tempo individual de cada indivíduo durante a orientação.

 

No principio o TDAH era analisado como um transtorno peculiar a crianças, mais precisamente em meninos e que os sintomas apresentados desapareceriam no iniciar da fase adulta. Não obstante, várias pesquisas foram realizadas na ultima década e pode ser percebido que esse tipo de síndrome atinge a todos independentemente do sexo e em alguns casos persiste na vida adulta.

Estudos realizados recentemente, corroboraram para uma compreensão mais precisa acerca dos critérios já estabelecidos para o diagnóstico do TDAH, uma vez que não deve ser considerado um transtorno que atinja o indivíduo somente de forma cognitiva, contudo envolve aspectos emocionais, de comportamento e de afetividade.

Para o tratamento do TDAH é orientado a psicoterapia denominada de Terapia Cognitiva Comportamental, este tratamento por sua vez deve ser definido com todos os especialistas envolvidos. No entanto, não restringi-se apenas ao âmbito da aplicação de métodos psicopedagógico, mas em alguns casos necessita-se a de tratamento  medicamentoso.

                  

Os atores que se propõe em participar do ensino de habilidades as crianças portadores de TDAH, devem priorizar como meta, um comportamento específico por vez, assim afirmam diversos autores (Mattos, 2001; Jones, 2004), quando for atingida, outra será priorizada e assim sucessivamente.

 

Desidério e Miyazaki (2007) ponderam que os responsáveis e/ou educadores precisam ter clareza sobre os limites e possibilidades da criança a fim de estabelecer metas no qual a criança terá uma boa chance de conseguir realizar o que está sendo exigido dela. Pois conquistando um resultado satisfatório em uma tarefa, a criança sente-se reforçada para continuar tentando.

 

Tal afirmação vai ao encontro do que Mattos (2001) e Jones (2004) discorrem sobre a importância de se ponderar a respeito do estimulo ao progresso, reforçando as potencialidades de modo que a criança continue em constante mudança. Durante o processo de aprendizagem é necessário que a criança seja instruída a parar, avaliar a situação, averiguar as possíveis soluções e conseqüências.

 

Essas estratégias de aprendizagens encontram obstáculos para serem executadas em sala de aula, devido ao tempo limitado dos professores e a sua atitude em relação às estratégias. O professor deve aprimorar seus conhecimentos acerca do que o transtorno e saber diferenciá-lo de falta de limites, má-educação ou preguiça. Além disso, este deverá ter disponibilidade para contrapesar as necessidades das outras crianças com a atenção demandada por uma criança TDAH.

 

A criança com TDAH deve ser reconhecida como uma pessoa que tem potencialidades que poderá ou não se desenvolver, no qual o professor também deve admitir sua responsabilidade sobre o resultado final desse processo, conciliando equilíbrio e criatividade para elaborar alternativas e analisar quais obtiveram melhor funcionamento prático. Deverá saber aproveitar os interesses da criança, criando situações cotidianas que a motivem, e oferecer feedback consistente.

 

Fonseca (1995) discorre que existem fatores que podem se interligar com as dificuldades apresentadas pelos portadores de TDAH, como tais fatores são classificados em biológicos, psicológicos e sociais. Sendo assim:

 

Os fatores biológicos estão relacionados as funções genéticas, fatores cerebrais e forças biológicas que advêm de processos de mal nutrição, anemias, causando assim uma desordem no processo de desenvolvimento.

Os fatores psicológicos estão relacionados às funções de desenvolvimento, fatores de aprendizagem, identificadas assim ao pensamento e a cognitividade, que contribuem para uma série de reações, ansiedades, falta de motivações associadas a problemas emocionais.

Os fatores sociais estão ligados às carências afetivas, presentes no contexto familiar, nas relações aluno/aluno, professor/aluno, etc.; no nível de ansiedade elevado, devido muitas vezes ao desemprego, a insegurança econômica que resultam finalmente numa deficiência de relações interfamiliares.

 

Estes fatores estão relacionados às funções ecológicas, fatores culturais, forças sociais e às relações inter-pessoais, tema no qual nosso estudo propõe-se a uma maior reflexão. É importante destacar que Fonseca (1995) diz,

 

Afirma Fonseca (1995) que:

 

As condições sócio-econômicas [...]. Resultam-se aí também, os desfavorecimentos pedagógicos que atingem crianças desfavorecidas social, cultural e economicamente, ou seja, as crianças vêem-se privadas de instrução, sentindo-se ignoradas pelos professores, não conseguindo na maioria das vezes adquirir estímulo e motivação para aprendizagem.

 

2.0 A INSERÇÃO E ACEITAÇÃO DO PORTADOR DE TDAH NAS ESCOLAS

 

A escola em alguns casos também, tende a colaborar com o desfavorecimento do aprendizado da criança portadora de TDAH, na medida em que tenta justificar o uso de métodos pedagógicos de maneira seletiva e avaliativa.

 

As instituições de ensino em grande parte não contribuem para igualar as oportunidades para crianças em condições socioeconômicas inferior, insistindo assim na função de reprodutora de desigualdades sociais, passando a ser direcionada unicamente para crianças mais aptas, o que certamente aumenta o nível de dificuldades e adequação dessas crianças ao meio escolar. Para que a criança atinja um potencial de desenvolvimento educacional almejado, é necessário ter um ambiente familiar, social e educacional favorável para o seu aprendizado.

 

Os problemas sociais por sua vez se refletem no âmbito familiar e principalmente na escola, onde muitas vezes a criança apresenta dificuldade em se desenvolver devido à insuficiência nas relações que se estabelecem entre aluno/aluno, professor/aluno e escola/família.

 

O portador de TDAH independente de sua condição social deve receber um tratamento igualitário, onde envolva família e escola na realização de um trabalho em conjunto, no sentido de fortalecer as relações inter-pessoais e obtenção de resultados satisfatório no aprendizado das crianças.

 

Todavia, as escolas brasileiras em sua maioria pensam a educação de uma forma ambígua, ou seja, de um lado a inadequação do ensino regular e sua impossibilidade de planejar e executar um projeto pedagógico que incentive os alunos com déficits de atenção e hiperatividade; e de outro lado exigem que aluno motive-se por uma escola desinteressante, em que não oferece atividade que visem contribuir para o desenvolvimento e interesse desse aluno.

 

Patto (1999) relata que “não é possível afirmar que uma escola desinteressante vem se somar um aluno desinteressado; é uma simples questão de lógica: enquanto a primeira não melhorar, não se pode afirmar a falta de motivação como inerente ao segundo”.

 

Essas crianças são em sua maioria populares, pois se destacam por sua inquietude em sala de aula, não fixando sua atenção, logo possuem pequeno índice de aceitação por parte dos colegas de classe.

 

Especialmente se tratando da sua escolha em formar um grupo de trabalho ou participar de atividades esportivas, pois os outros alunos pensam que eles são ‘incapazes’, e requerem constantemente a ‘atenção’ dos professores. Esta exclusão social acarreta um sentimento de inferioridade muito grande e as levam a uma desmotivação generalizada pela escola.

 

A interlocução professor-aluno é posta como decisiva para se conquistar os objetivos educacionais, no que tange à atenção aos conteúdos, como no desenvolvimento cognitivo e social.

 

Entretanto, a interação entre os alunos não pode ser considerada um fator desprezível, ao contrário, tem um papel de fundamental importância para que as metas educacionais do professor e também da escola sejam alcançadas. Para tanto, é necessário ainda, que essa ligação ocorra além do professor e do aluno.

 

         De acordo com Salvador (1994·) “[...] a atividade do aluno como base do processo de construção do conhecimento está inscrita no domínio e na capacidade de interação professor / aluno”.  Desse modo, compreende-se que a influência mútua entre aluno e professor é o elemento desencadeante da construção do conhecimento.

 

2.1 QUAIS AS METODOLOGIAS DE ENSINO REALIZADAS PARA AS CRIANÇAS PORTADORAS DE TDAH?

 

É importante ressaltar que, as relações interpessoais são relevantes para que haja um desenvolvimento cognitivo significativo. Os alunos são sujeitos desse processo e essas relações dependem a priori, da forma como o professor executa suas atividades no grupo como: a autoconfiança, a convivência que juntos proporcionam uma melhor interação.

 

Ao longo dos tempos vários estudiosos vem dedicando-se a estudar a cerca da temática sobre as relações interpessoais dentre esses podemos destacar Vygotsky,  por sendo um dos pontos centrais em sua teoria.

 

Ao analisar a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, estabelecia que “[...] o ser humano cresce num ambiente social e a interação com outras pessoas, é essencial ao seu desenvolvimento”.

 

Conforme a autora OLIVEIRA, (1996) as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, através das relações inter-pessoais, se faz necessario a realização de um trabalho incentivado pelo professor para propiciar na criança um melhor desenvolvimento.

 

Se o aprendizado estimular o desenvolvimento, logo, a escola tem uma função essencial na constituição do ser psicológico adulto, dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas.

 

Sendo assim, a escola avaliando o nível de desenvolvimento em que seus alunos se encontram, terá um respaldo melhor para que assim possa estar planejando de forma mais precisa as intervenções pedagógicas pertinentes.

 

A interferência pedagógica é um caminho pelo qual o professor intervem no desenvolver-se do aluno, orientando-o para obter níveis mais elevados no seu conhecimento. Portanto, é de extrema relevância que se conheça o aluno e trabalhe os aspectos do seu meio social e cultural, e o tipo de relações que se estabelecem nos grupos em que estão inseridos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

Portanto, diante dos resultados obtidos face as leituras realizadas para a produção deste artigo é perceptível a necessidade de práticas de ensino aprendizagem inovadoras, que devem ser assumidas pelas instituições de ensino.

Praticas pedagógica que desenvolvam a melhor forma para que as relações inter-pessoais entre aluno/professor/escola possam de fato acontecer, aprimorando, analisando como e quando elas estão ou não ocorrendo, para sanar as dificuldades de seus alunos.

 

É importante ressaltar, que as relações inter-pessoais na metodologia ensino/aprendizagem só serão melhores desenvolvidas e só se materializarão, se houver um melhor envolvimento por parte dos atores e uma maior interação entre os grupos sociais inseridos nesse processo professor-aluno-escola-família e comunidade.

 

Sendo assim, verifica-se a necessidade da escola desenvolver ações e criar alternativas para suprimir as deficiências na forma como está sendo lecionado o conteúdo para uma criança com TDAH. Cabe a instituição, procurar dinamizar o teor dessas relações, reduzindo assim essas diferenças, viabilizando mecanismos para minimizar o índice da baixa auto – estima devido ao fracasso escolar.

 

Buscar aprimorar sua formação teórico–metodológica mostra-se como alternativa para o desenvolvimento de ações educacionais que melhor atendem as crianças com TDAH.

 

Mediante tais considerações, percebe-se que a qualificação dos profissionais da educação para melhor atender e compreender seus alunos é relevante, contudo  a participação da família no processo ensino aprendizagem faz-se tanto quanto necessária, de modo que a criança não seja culpabilizada pelo insucesso estudantil. Que seja compreendida que ela possui um transtorno de aprendizado e, portanto deve ser entendida na sua particularidade.

 

Em síntese, o TDAH é um transtorno comum na infância e pode ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento posterior, se não receber um devido acompanhamento qualificado e sistemático tão logo for diagnosticado.

 

Desse modo, aos portadores de TDAH requer uma abordagem sistêmica, uma vez que nenhum tipo de tratamento abrange todas as dificuldades experimentadas por estas crianças e adolescentes. Os enfoques terapêuticos são mais utilizados porque incluem uma educação sobre o transtorno para todos que têm contato com a criança, como família e professores. O tratamento deve ser oferecido de forma contínua, considerando e abrangendo os diferentes contextos e pessoas com quem estas crianças convivem.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:    

 

BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado Federal.

 

DESIDÉRIO Rosimeire C. S., MIYAZAKI, Maria Cristina de O. S., Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): orientações para a família. Psicologia escolar educação. vol.11 no. 1 Campinas Junho 2007

 

EIDT, Nádia Mara e TULESKI, Silvana Calvo. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: Compreensão do Fenômeno a Partir da Psicologia Histórico-Cultural Artigo: Publicação, novembro/2005.Campinas, São Paulo

 

FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed 1995.

FREIRE, P. (1983). Paulo Freire ao vivo. São Paulo: Loyola.

GADIOLI, Roseli Aparecida de Oliveira. Um novo olhar para a alfabetização. Campinas São Paulo. 2005.

GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: Compreensão, Avaliação e Atuação: Uma Visão Geral sobre TDAH. Artigo: Publicação, novembro/2006.

JONES, M. (2004). Hiperatividade: como ajudar seu filho. São Paulo: Plexus.

MATTOS, P. (2001). No mundo da lua: Perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. São Paulo. Scipione, 1995.

 

PATTO, Maria Helena de Souza. A produção do fracasso escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.

 

PRADO, Danda. O que é família. Ed. Abril Cultural/Brasiliense, 1989.

 

SALVADOR, César Coll. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. São Paulo: Artes Médicas, 1994.

 

 



[1] Assistente Social, Especialista em Psicopedagogia Institucional, Especialista em Violência Doméstica, Professora universitária no curso de graduação em Serviço Social da Faculdade São Paulo - Uniesp e pós graduação no curso de Serviço Social sócio-jurídico do CEFATEF – São Paulo – SP. Atualmente em formação em Terapia Familiar Sistêmica.

[2] Assistente Social, Especialista em Psicopedagogia Institucional, Especialista em Projetos atualmente servidora do Governo Estadual do Espirito Santo atuando na Secretaria de Estado do Planejamento

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Flaviana Aparecida de Mello

por Flaviana Aparecida de Mello

Assistente Social, Especialista em Psicopedagogia Institucional, Especialista em Violência Doméstica, Professora universitária no curso de graduação em Serviço Social da Faculdade São Paulo - Uniesp e pós graduação no curso de Serviço Social sócio-jurídico do CEFATEF - São Paulo - SP. Atualmente em formação em Terapia Familiar Sistêmica

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