AS MÚLTIPLAS INFÂNCIAS E ADOLECÊNCIAS E A AMPLIAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ESCOLA

Nos dias atuais os estudantes deixam de lado os livros.
Nos dias atuais os estudantes deixam de lado os livros.

Educação e Pedagogia

01/12/2015

AS MÚLTIPLAS INFÂNCIAS E ADOLECÊNCIAS E A AMPLIAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ESCOLA EM FACE DO SEU ALUNADO


O objetivo desse estudo é levantar alguns pontos que caracterizam o processo de elaboração das DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS (Parecer CNE/CEB nº. 11/2010).

Assim, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais, os aprendentes do ensino fundamental são crianças e adolescentes e estão marcados por interesses próprios, levando-se em conta os seus vários aspectos físicos, culturais e sociais, ou seja, estão marcados por seu próprio meio de vida. Entretanto, para as crianças nos anos iniciais, a capacidade de representar é indispensável para a leitura e sua aprendizagem como compreender e conceituar a matemática básica, conhecimento esse que permite reconstruir a própria memória, permitindo-lhe assim descrevê-la e planejá-la fazendo apontamentos de algumas habilidades. Neste sentido, faz-se necessária a associação da leitura e da escrita ao uso social com o ambiente familiar que, por sua vez, é de onde esses alunos veem podendo demandar seu próprio tempo e seus esforços, diferenciando esses alunos da mesma faixa etária, pois a Escola é um universo diverso.

No entanto, as crianças nessa fase já tem uma interação com os aspectos públicos, onde se destaca a Escola orientando o processo de ensino e aprendizagem. Ali e nessa etapa de escolarização os alunos entram na sua puberdade, tornando-se então adolescentes que passam por grandes modificações biológicas, psicológicas e afetivas, ficando mais intensa as suas relações com seus pares da mesma idade, e com suas respectivas peculiaridades e necessidades concernentes ao processo de aprendizagem. Por isso, quando se trata de falar em sexualidade e gênero, acelera-se a ruptura da infância com o universo juvenil, e a construção de novos valores e orientações. Nesse período, amplia-se também o potencial intelectual, resultando em maior capacidade de abstração.

Esses alunos, por seu turno, crescem sendo capazes de ver outras realidades e do ponto de vista dos outros, superando algumas barreiras. Essa descentração é importante para sua autonomia intelectual e moral. Contudo, os educadores devem ficar mais atentos a esse processo de desenvolvimento e devem auxiliar a equipe pedagógica no diálogo com os alunos, conforme suas idades. Com efeito, estes jovens ficam observando o comportamento dos outros da mesma idade, buscando sempre se vestir e falar igual, pois essa língua é utilizada por eles próprios, e suas vestimentas caracterizam sua geração, como as gírias, por exemplo, ou os bonés.

De fato, cabe ao educador entender e compreender essas formas de expressão usadas pelos juvenis, cuja predominância se dá de forma mais explícita nos grandes centros urbanos. Nesse ínterim, podemos dizer que as mídias, de certo modo, contribuem, e muito, para que isso aconteça, pois desde a segunda metade do século passado, o universo juvenil tem se caracterizado como um ideal estético e de consumo, valorizando a juventude e lhe garantindo um espaço cultural e social no capitalismo tardio.

Neste contexto, pedagogos e professores têm encontrado bastante dificuldade em se relacionar com a juventude, à medida que o desenvolvimento dessas expressões comportamentais e linguísticas constituem um obstáculo na relação entre as crianças, os jovens e os adultos, por vezes impedindo o sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Além disso, as novas tecnologias têm conquistado espaços cada vez maiores no público infanto-juvenil, e contribuído para o desenvolvimento de uma nova forma de pensar, muito mais próxima da imagem, e mais distante do universo da escrita, eminentemente argumentativa, usada e valorizada na Escola.

Nos dias atuais os estudantes deixam de lado os livros, uma leitura de maior fôlego, para irem assistir novelas, programas, séries, ou navegar na web.

Até mesmo a música, arte universal, tem sentido essas mudanças, ao passo que as crianças e os jovens quando a apreciam, ainda que seja em parcos gêneros, ouvem um tipo de música diferente das gerações anteriores, pois o que se ouve hoje não é igual antigamente, em que as letras nos traziam alguma mensagem mais sutil, enquanto hoje a maioria das mensagens são explicitamente associadas ao mundo sexual, à ostentação consumista e à vulgaridade.

A Escola, em contrapartida, tem um papel fundamental na inclusão digital dessa sociedade emergente. Para esses alunos a Escola constitui uma instituição essencial no sentido de promover a conscientização e a libertação dessas crianças e jovens, e o parecer nº 11/2010 marca um passo importante nesse caminho. No entanto, a Escola ainda carece de espaços e recursos adequados para que sua função se realize efetivamente, e possa cumprir seus métodos educativos. Portanto, a escola tem um papel importante perante a sociedade, que é formar e transformar esses alunos em consumidores críticos, em cidadãos, e sujeitos políticos, por meio de um processo de ensino aprendizagem que dê conta e ênfase no diálogo entre professor e aluno.

É certo que o educador tenha uma formação adequada para uso das novas tecnologias da informação e comunicação, que assegure seu domínio das provisões de recursos midiáticos sempre atualizados, e que o número de material seja o suficiente para cada aluno. E, por fim, que esses desafios sejam colocados em função dos docentes, seguindo sempre as atualizações e informações na sociedade contemporânea e de suas mudanças. O educador tem de se colocar em situação de aprendente para que junto dos alunos obtenha respostas para certas questões. Assim sendo, o Educador se sobressai como mediador do processo de circulação e construção de conhecimento, e as novas DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS é um marco importante para os novos objetivos que se impõem à educação.

II

Em se tratando da AMPLIAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ESCOLA EM FACE DO SEU ALUNADO, crianças e adolescentes veem sofrendo violência, abusos, e estão à mercê da exploração sexual. E muitas vezes isso tem partido do próprio convívio familiar.

Esses abusos e negligências com a saúde da criança e do adolescente, devem ser energicamente denunciados pela Escola, que é a instituição responsável por seus alunos no período em que ali estiverem, mas, deve atuar também denunciando as mazelas sociais, pois esta deve ser, finalmente, refúgio para essas crianças e adolescentes. Muitas vezes é no meio escolar que estas crianças e jovens se sentem seguros, como único espaço longe da violência doméstica. Por isso a Escola deve estar sempre aberta também às famílias, pois às vezes, também ela precisa de amparo e orientação.

É preocupante como esses abusos afetam, e muito, o aprendizado e o desenvolvimento desses alunos na Escola. Daí então a importância da Escola, professores e pedagogos, se articular com o Conselho tutelar, para que juntos possam prestar um apoio a essas crianças e adolescente.

Se considerarmos ainda o grande aumento da violência e da indisciplinaridade entre as crianças e os adolescente que está ocorrendo não só nas escolas de pequenas cidades mas no mundo todo, dificultando o aprendizado dos alunos e também o trabalho dos professores, que também estão sofrendo violência no âmbito escolar, o quadro se agrava.

Desestimulados, professores e demais trabalhadores da educação estão abandonando a docência, ou se afastando para tratamento de saúde, sendo esse mais um reflexo da sociedade contemporânea, onde a valorização e reconhecimento da Escola e seus trabalhadores não se dá na devida proporção de sua responsabilidade. Onde os agentes envolvidos e a sociedade não dialogam. E, onde, o fracasso escolar dos alunos ultrapassa os muros da Escola, pois é igualmente o fracasso dos profissionais que ali atuam, e o fracasso das sociedades contemporâneas. Por isso,
(...) é necessária forte articulação da unidade escolar com a família e os alunos no estabelecimento das normas de convívio social na escola,
construídas com a participação ativa da comunidade dos alunos e registradas em um regimento escolar pautado na legislação educacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).

III

Neste sentido, a Escola e a Sociedade como um todo se veem num momento crítico. E diante disso tudo, essas leis como a “Escola sem partido”, ou os últimos incidentes na política paranaense, como foi o caso do trágico dia vinte nove de abril deste ano, só fazem agravar ainda mais esta situação. E se as novas DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS apontam um avanço para as futuras gerações, corremos o sério risco dela ser só mais um documento que, por meio da linguagem oficial do Estado, esconda o verdadeiro problema da educação atual, a saber, a falta de dignidade e falta de humanidade com que o capitalismo trata nossas crianças e adolescentes, e suas escolas, lugar sagrado para a humanização e dignificação do homem.

Por fim, o trabalho se fundamenta em dois artigos. Art. 7º De acordo com esses princípios, e em conformidade com o art. 22 e o art. 32 da Lei nº 9.394/96 (LDB), as propostas curriculares do Ensino Fundamental visarão desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, mediante os objetivos previstos para esta etapa da escolarização, a saber: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, das artes, da tecnologia e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 2 III – a aquisição de conhecimentos e habilidades, e a formação de atitudes e valores como instrumentos para uma visão crítica do mundo; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Art. 28 A utilização qualificada das tecnologias e conteúdo das mídias como recurso aliado ao desenvolvimento do currículo contribui para o importante papel que tem a escola como ambiente de inclusão digital e de utilização crítica das tecnologias da informação e comunicação, requerendo o aporte dos sistemas de ensino no que se refere à:

I – Provisão de recursos midiáticos atualizados e em número suficiente para o atendimento aos alunos;

II – Adequada formação do professor e demais profissionais da escola.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/coletaneas/coletanea2010.pf

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7246-rceb007-10&category_slug=dezembro-2010-pdf

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Priscila Kelly Batista

por Priscila Kelly Batista

Educadora na Escola Estadual INDÍGENA Mbya Arandu Ensino Fundamental- Piraquara

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93