A INCLUSÃO DO ALUNO ESPECIAL NO ENSINO COMUM

Somos todos iguais na diferença
Somos todos iguais na diferença

Educação e Pedagogia

06/02/2015

A INCLUSÃO DO ALUNO ESPECIAL NO ENSINO COMUM

 

Gislaine de Fátima Siqueira

Maria Sylvia Padial Nantes

 

RESUMO: Este trabalho busca descrever os pontos positivos e os negativos da inclusão dos alunos especiais no ensino comum. A partir da minha prática pedagógica com esses alunos e com embasamento teórico adquirido através de leituras e estudos relatei algumas dificuldades que podem acontecer se o tema não for amplamente debatido com os envolvidos no processo educativo. Ao meu entender é indiscutível que o processo de inclusão tem que ocorrer, mas não apenas fazendo um “ajuntamento” de alunos. O objetivo da pesquisa junto com os autores foi mostrar a importância da formação continuada para atender a essas pessoas, levantando aqui questões que vão além de acessibilidade e locomoção. Nós como professores saímos da graduação preparados para trabalhar com a inclusão? Com certeza não, cabe a nós especializar mos na área desejada. Mesmo com a escola abrindo as portas para a inclusão nos dias de hoje ainda há muito no que avançar é claro respeitando os limites e o seu modo de pensar e agir.

 

PALAVRAS-CHAVE: 1 Inclusão. 2 Educação Especial. 3 Pesquisa de Intervenção.  4 Classes Comuns de Ensino.

 

INTRODUÇÃO

Com o presente artigo, pretende-se ampliar o conhecimento e a discussão sobre o desafio que é incluir os alunos com deficiência não somente na escola, mas em um contexto mais amplo que é a sociedade e principalmente o meio em que vivem, observando diariamente o desenvolvimento e se há progresso no resultado da inclusão.

O interesse pelo tema surgiu a partir do contato com alunos surdos em sala de aula, deparei-me com uma situação a qual causou uma perturbação pessoal, o despreparo dos professores e do corpo administrativo da escola, a partir de então, busquei aperfeiçoar-me no assunto e tentar de alguma forma fazer minha parte quanto profissional, e principalmente percebendo a dificuldade que a escola comum e seus profissionais apresentam no cotidiano em sala de aula, ao trabalhar com a inclusão.

Para que a Educação seja realmente uma realidade vivida e enfrentada por todos, na qual possam aprender o verdadeiro sentido de se tornar um cidadão pleno tem antes de tudo um ideal que é o de elevar o conhecimento cultural. A educação especial pode ser conceituada como uma educação voltada para as deficiências como: auditivas, visuais, intelectual, física, sensorial, surdo cegueira e as múltiplas deficiências. Para que esses seres humanos possam ser educados e reabilitados, é importante a participação deles em escolas e instituições especializadas. E que eles disponham de tudo o que for necessário para o seu desenvolvimento cognitivo.

A Educação Especial faz parte de "um todo" que é a educação, e ter o seu valor reconhecido é muito importante para que esses alunos com deficiência tenham seu crescimento e desempenho educacional satisfatório.

Nota-se que a Educação Inclusiva é uma educação voltada de todos para todos onde os ditos "normais" e aqueles com algum tipo de deficiência poderão aprender uns com os outros. Uma depende da outra para que realmente exista uma educação de qualidade.

A Educação Inclusiva no Brasil é hoje um desafio a ser enfrentado dia após dia para os profissionais da Educação. Contudo, é bom lembrar que o conceito de inclusão engloba: atender os alunos com deficiência na vizinhança da sua residência; propiciar a ampliação do acesso destes alunos às classes regulares; propiciar aos professores um suporte técnico; perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo objetivos e processos diferentes; levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação às crianças com deficiência; propiciar um atendimento integrado ao professor de classe comum do ensino regular. No entanto, o conceito de inclusão não é: levar crianças às classes comuns sem o acompanhamento do professor especializado; ignorar as necessidades específicas da criança; fazer as crianças seguirem um processo único de desenvolvimento, ao mesmo tempo e para todas as idades; extinguir o atendimento de educação especial antes do tempo; esperar que os professores de classe regular ensinem as crianças com deficiência sem um suporte técnico. É na Educação Especial com a perspectiva da Educação Inclusiva que se atende esses alunos com qualidade, mas é necessário oferecer condições e formação aos profissionais também, para que os objetivos e o desenvolvimento aconteçam corretamente.

Ao longo de todo o processo, a maioria dos profissionais envolvidos na educação não sabe ou desdenham a importância da educação especial e da educação inclusiva. Por essa razão, propusemos a realização deste artigo para o esclarecimento das pessoas envolvidas na educação, seus familiares e pessoas que convivem com esses seres tão especiais que vivem em nossa sociedade. Sabe-se que o ser humano é por natureza um ser pensante e cada um apresenta suas individualidades, vive sua vida de várias maneiras e acredita que tudo na vida precisa de desafios, críticas, conquistas e atenção. E que o mundo gira e, nessas voltas, vai mudando e nessas mutações, ora drásticas ora nem tanto, há um envolvimento e convívio com o novo.

Neste sentido, é necessário discutir e colaborar para um melhor entendimento sobre a Educação Inclusiva, cujo foco principal é mostrar que a Educação Inclusiva não é somente um paradigma ou ideologia no cenário educacional brasileiro, mas sim uma realidade vigente em nosso País e que está abrangendo pontos positivos com muito estudo, pesquisa e dedicação. No decorrer do trabalho buscamos caracterizar o perfil dos professores especialistas para averiguar o quanto estes conhecem sobre as abordagens, métodos e práticas pedagógicas que regem seu trabalho, levantar os desafios enfrentados por esses docentes, e que tipo de formação continuada vem recebendo.           

O intuito é de colaborar com a construção de um campo teórico que auxilie na verificação de lacunas e orientação dos professores, para propor uma educação inclusiva concisa e competente a ponto de atender com precisão os alunos com deficiência. A pesquisa hora apresentada buscou um levantamento bibliográfico que permitisse discutir a temática da inclusão, apontando as perspectivas de trabalho nas escolas, falando sobre e com os alunos especiais, mas nunca por eles.

Contudo no decorrer deste trabalho pretende-se mostrar que a escola especial é o lugar mais adequado à educação de pessoas com deficiência e necessidades educacionais especiais. A preocupação com o bem estar e com o aprendizado é a mesma, o que não ocorre na escola regular, onde o que norteia o professor é o rendimento do aprendizado de forma quantitativa e não o que esse aprendizado vai significar no aluno, o que é diferente em escola especial, pois a aprendizagem é qualitativa e de forma significativa para o aluno.

 

1. PERSPECTIVA DA INCLUSÃO

Entretanto, para um melhor aprofundamento do tema, observa-se que mediante a justiça, o direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos à educação, é um direito constitucional. Uma educação de qualidade para todos implica entre outros fatores a necessidade de um redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças.

Logo, com a vigência da LDB n. 9394/1996, que no seu capítulo V, define educação especial como modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos com deficiência, observou-se a necessidade de capacitar todos os professores, da rede pública, pela responsabilidade que tem em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria das crianças e adolescentes em idade escolar. Esta capacitação deve abordar questões voltadas tanto para o melhor convívio e entendimento com estes alunos com necessidades educacionais especiais quanto aos seus processos de aprendizagem e necessidades adaptativas. Contudo, o que se percebe é que para essa mudança ocorrer torna-se necessário ir muito além de simples capacitações e especializações de caráter informativo para o professore lidar com essa população. Toda a escola deve estar engajada para essa nova etapa, desenvolvendo um projeto político pedagógico que envolva estes alunos especiais, tendo instrumental didático, esclarecimento sobre as necessidades educacionais especiais do aluno, entre muitas outras coisas.

Essa mudança na valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os quais fortalecem a identidade individual e coletiva do indivíduo, bem como pelo respeito do aprender e construir. Cada aluno numa sala de aula representa características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, constituindo um ritmo de aprendizagem, o desafio da escola hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino-aprendizagem de modo que sejam incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos.

De acordo com alguns autores pesquisados (MONTOAN, MAZZOTA, BUENO) uns estão insatisfeitos com os paradigmas que têm predominado em Educação Especial, isto originado pelo fato de que, a despeito de todos os esforços, os alunos com deficiências, condutas típicas e síndromes neurológicas, psiquiátricas ou quadros psicológicos graves e, ainda, os de altas habilidades (Superdotados) continuam excluídos, seja das escolas comuns, seja do direito à apropriação do saber na intensidade e ritmo necessários para sua aprendizagem. A integração dos portadores de necessidades especiais tem sido objeto de sérios questionamentos.

O objetivo é de analisar e melhor entender esse quadro, no qual se inserem as minorias, têm se discutido um novo paradigma: a inclusão de todos. Para tanto, a sociedade precisa assumir mais concretamente o seu papel, criando as condições necessárias para a equalização de oportunidades.

A inclusão escolar em escolas públicas tem gerado inúmeras discussões e controversas, que é comum ouvir que a Educação Especial passa por momentos críticos em todas as estâncias que permeiam: conceitual, nos aspectos das divergências, no aspecto da atribuição de competências, no aspecto da transição do modelo pedagógico, no aspecto da construção da prática pedagógica, no aspecto qualidade docente, no aspecto da educação para o trabalho e o fenômeno da globalização.

No entanto, deve-se entender como é a Educação Inclusiva na sua totalidade, para não torná-la excludente.

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa auto-estima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2005, p. 27).

 

Um dos grandes desafios que se coloca à escola inclusiva são a preparação, interação e conscientização de toda a comunidade escolar, bem como formação continuada dos professores, ainda que se façam necessários programas de formação mais significativos para uma qualificação maior desses profissionais.

Na perspectiva dessa abordagem, não é difícil verificar como a escola pode contribuir para o sucesso ou o insucesso do aluno e, que através desses mecanismos forma-se o tipo de ser humano desejável para uma determinada sociedade. Na questão da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais o especialista deve concentrar-se em uma investigação sobre o funcionamento da instituição, seu currículo, a pedagogia que orienta a ação educativa e o tipo de avaliação, e sugerir as modificações necessárias para reduzir as diferenças e a amplitude dos possíveis insucessos escolares, não só dessas crianças, mas de todos os alunos.

Contudo faz-se importante declarar que esta pesquisa contém a metodologia de pesquisas bibliográficas, tais como: livros, revistas, internet e informações sobre a educação inclusiva no Brasil.

Os instrumentos para atingir os objetivos da inclusão do aluno com necessidades educativas especiais na escola são necessariamente o conhecimento das teorias educacionais e das propostas existentes neste sentido, e sua divulgação aos profissionais da Educação tais com os professores que estão mais perto desses alunos todos os dias, aprendendo e ensinando com os mesmos, para que ocorra a sensibilização e conscientização da comunidade escolar.

 


 


 



 

 

1.1INCLUSÃO

A inclusão que é um movimento educacional, é também social e político que vem solicitar ações afirmativas dos órgãos oficiais de gestão para defender o direito de todos os indivíduos participarem de uma forma consciente e responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceitos e respeitados naquilo que os diferencia dos outros. No contexto educacional, vem, também, defender o direito de todos os alunos desenvolverem e concretizarem as suas potencialidades, bem como de apropriarem de competências que lhes permitam exercer o seu direito de cidadania, através de uma educação de qualidade, que foi talhada tendo em conta as suas necessidades, interesses e características.

Segundo Mazzotta (1996) a preocupação com a educação das pessoas com deficiência no Brasil é recente, tendo se iniciado efetivamente no século XIX inspirado em experiências norte-americanas e européias. O histórico pode ser dividido em quatro grandes períodos, a saber:

Até 1854 os deficientes de qualquer natureza – física mental ou sensorial – eram excluídos tanto da família como da sociedade, sendo acolhidos em asilos e instituições de cunho filantrópico e/ou religioso.

Não raro passavam ali toda a sua vida sem receber nenhum atendimento especial de modo a torná-los produtivos.

Entre 1854 e 1956 foi marcado pelo gradual surgimento de algumas escolas especiais de caráter privado, com ênfase no atendimento clínico especializado. Neste período a sociedade começava a compreender que os deficientes poderiam ser produtivos, e o atendimento foi migrando lentamente do âmbito da saúde para o da educação.

De 1957 a 1993 constituiu-se em um período marcado por ações oficiais de âmbito nacional. A educação especial se estabeleceu como sendo uma modalidade de educação escolar, que assegurava um conjunto de serviços educacionais especiais, organizados nas diferentes instituições de ensino, sendo: apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns. O objetivo era de garantir o acesso à educação escolar formal e desenvolver as potencialidades dos alunos.

Em 1990, com a participação do Brasil na Conferência Mundial sobre Educação para Todos na cidade de Jomtien, na Tailândia, se estabeleceu os primeiros ensaios da política de educação inclusiva. E desde 1994, a concepção de educação inclusiva substituiu definitivamente o conceito de educação especial com base na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que ampliou o conceito de necessidade educacional especial e defendeu a necessidade de inclusão dos alunos especiais no sistema regular de ensino, tendo por princípio uma “Educação para Todos”.

A proposta da educação inclusiva se baseia na adaptação curricular, realizada através da ação de uma equipe multidisciplinar que oferece suporte tanto ao professor quanto ao portador de necessidades especiais, por meio do acompanhamento, estudo e pesquisa de modo a inseri-lo e mantê-lo na rede comum de ensino em todos os seus níveis.

A concretização da escola inclusiva baseia-se na defesa de princípios e valores éticos, nos ideais de cidadania e justiça, para todos, em contraposição aos sistemas hierarquizados de inferioridade e desigualdade. Para SASSAKI (1997, p. 41) “inclusão é um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir em seus sistemas sociais gerais pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade”.

Incluir é trocar, entender, respeitar, valorizar, lutar contra exclusão, transpor barreiras que a sociedade criou para as pessoas. É oferecer o desenvolvimento da autonomia, por meio da colaboração de pensamentos e formulação de juízo de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da via. 1.2 A INTERVENÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL


No Brasil, a implementação de propostas relacionadas aos alunos com deficiência é desafiador, solicitando dos coletivos esforços e sistematização. Não apenas na área educacional, mas também no que diz respeito a emprego e direitos. Essa dificuldade reflete a predominância de uma perspectiva assistencialista que, apesar de todas as lutas e leis instituídas, ainda está diretamente vinculada a iniciativas e disposições individuais.

De acordo com Mazzotta (1982), os dispositivos legais servem como sustento as linhas de ação estabelecidas, pela política educacional e, se constituem em preceitos a serem respeitados e utilizados como ferramentas, para embasar as ações que levem ao cumprimento das determinações contidas nos textos e nas recomendações de organismos internacionais.

A Constituição Federal estabelece como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1° inc. II e III), e como um de seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e credo. No artigo 5º preconiza o direito à igualdade e a educação para todos indistintamente. Esses direitos devem visar o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205). Além disso, determina como um dos princípios para o ensino, a: “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (art. 206 inc. I), acrescentando que o “dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um.” (art. 208 V).

Embora a educação especial tenha o amparo da referida lei, ressaltando mais uma vez, a LDB n. 9.394, 20 de dezembro de 1996 em seu capítulo V, Da Educação Especial, art. 58, “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. (LEI DE DIRETRIZES E BASES N°9394/96, Capítulo V, Art.58,1996).

Ao adotar a prática inclusiva como um objetivo de curto prazo, as políticas públicas desconsideram que: os ambientes físicos não estão preparados para receber esses indivíduos e que a adequação desses espaços exigiu um grande investimento em infraestrutura e equipamentos, cujas verbas geralmente inexistem. A comunidade não foi “educada” para receber, acolher, integrar e aprender a se relacionar com o diferente. Com isso a possibilidade de que haja rejeição por parte dos demais integrantes da sociedade se torna concreta. O professor precisa ter tempo para refletir e adequar as suas práticas pedagógicas aos novos desafios sem comprometer a qualidade de seu trabalho. Como discute ARANHA (2001) “adotar o objetivo de curto prazo, a intervenção junto às diferentes instâncias que contextualizam a vida desse sujeito na comunidade, no sentido de nelas promover ajustes (físicos, materiais, humanos, sociais, legais, etc.) que se mostrem necessários, para que a pessoa com deficiência possa imediatamente adquirir condições de acesso ao espaço comum da vida na sociedade”. (pg. 160-173).

É preciso destacar o despreparo dos professores do ensino regular para receber em suas salas de aula, geralmente repletas de alunos com problemas de disciplina e aprendizagem, os alunos com necessidades especiais. Se considerarmos que o ensino regular tem excluído, sistematicamente, larga parcela da população escolar por apresentar problemas pessoais das mais diversas origens, então será possível ter uma boa ideia de como a inclusão é desafiadora. (BUENO, 1999).

A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa de seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixa autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos. (MANTOAN, 2003, p. 27).

Observando essas constatações é preciso compreender que a profissão docente na contemporaneidade exige um novo perfil, baseado em estudo, reflexão e desenvolvimento de competências práticas realmente significativas. Perrenoud (2000) destaca que uma condição para transformação escolar é a “profissionalização do profissional” da educação e para tanto, ele elenca três aspectos que precisam estar presentes: a responsabilidade, o investimento e a criatividade.

2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A educação inclusiva diz respeito ao direito à educação e, conforme Monteiro (2004) deve buscar-se em princípios tais como: a preservação da dignidade humana, a busca de identidade e o exercício de cidadania.

Segundo Macedo (2005), é preciso refletir sobre os fundamentos da educação inclusiva, procurar saber e repensar o modo de funcionamento institucional, hoje pautado na lógica da exclusão em favor da inclusão.

Conforme consta na Cartilha da Inclusão dos Direitos das Pessoas com deficiência, para se construir uma escola democrática, é preciso criar uma nova ordem social, pela qual todos sejam incluídos no universo dos direitos e deveres. (GODOY, 2000).

Segundo Mantoan (2005) para haver um projeto escolar inclusivo são necessárias mudanças nas propostas educacionais da maioria das escolas, uma nova organização curricular idealizada e executada pelos seus professores, diretores, pais, alunos e todos os que se interessam pela educação na comunidade onde está a escola.

Para Pietro (2006), a inclusão é uma possibilidade que se abre para o aperfeiçoamento da educação escolar e para o benefício de todos os alunos com e sem deficiência; ensinar é marcar um encontro com o outro, e a inclusão escolar provoca, basicamente, uma mudança de atitude diante do outro, esse que é alguém especial e que requer do educador ir além.

Construir um projeto político pedagógico, numa perspectiva de escola includente exige, portanto: reorientar radicalmente o currículo em todos os seus aspectos, desde a organização das turmas, a escolha de cada professor ou professora para cada grupo de alunas, a horários de aula, a seleção de conteúdos culturais que na escola ganham o nome de conteúdos pedagógicos, a escolha dos materiais didáticos, das metodologias e didáticas ao tipo de relações que se dão na sala de aula e no espaço fora da sala de aula, a relação da escola com as famílias das alunas e com a comunidade circundante e, até a repensar a avaliação em suas consequências na vida das alunas. A reorientação curricular leva a um novo projeto político-pedagógico orientada por uma visão intercultural que acolha todas as etnias, contribuindo assim para que a escola se torne efetivamente uma escola includente, sintonizada com um projeto de sociedade mais democrática. (GARCIA, 2003)Freire (1997) uma das virtudes do educador democrático é saber ouvir as diferentes vozes com suas linguagens específicas, construídas a partir de um contexto sociocultural, o que implica em saber silenciar, em estar imerso na experiência histórica e concreta dos educandos, mas nunca imerso de forma paternalista, de modo a falar por eles mais do que verdadeiramente ouvi-los. (FREIRE, 2001)



2.1A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA


Talvez o que deixe o professor mais preocupado, seja a insegurança em relação à sua inexperiência, já que nos cursos superiores aprendeu apenas a lidar com a teoria e não teve acesso às práticas pedagógicas, diretamente com alunos especiais. No que consiste à educação, o dia a dia da escola e da sala de aula exigem que o professor seja capaz de organizar as situações de aprendizagem considerando a diversidade dos alunos. Essa nova competência implica a organização dos tempos e dos espaços de aprendizagem, dos agrupamentos dos alunos e dos tipos de atividades para eles planejadas.

É de extrema importância um planejamento flexível e de acordo com a necessidade e capacidade de cada um, o professor situa-se como mediador e facilitador na organização dos alunos, de forma que possibilite uma melhor interação, mesmo em níveis tão diferentes, incluindo a todos, seja na educação física, capoeira, teatro ou qualquer outra proposta pedagógica. É importante pensar no professor como agente transmissor de conhecimento que respeita as diferenças, e que cada aluno reage de acordo com a sua personalidade, seu estilo de aprendizagem, sua experiência pessoal e profissional, entre outras.

Uma das contribuições da Política Nacional de Educação Especial visando à melhoria e orientação das redes de ensino é o Atendimento Educacional Especializado - AEE, que visa modificar e atender as exigências de uma educação igual para todos. Refere-se a um professor especializado nesse tipo de atendimento que identifica a necessidade de cada um, cria e articula um plano de ensino dentro do ensino comum, provendo recursos para esses alunos, adaptando as situações, trazendo para o seu cotidiano não só na parte pedagógica, mas também preparando para a sociedade.

Ainda há muito para se fazer, pois realmente a formação do professor não é coerente para se trabalhar com a inclusão, enquanto isso a pedagogia da diversidade precisa ser vista como uma pedagogia que seja auxiliadora, onde as práticas pedagógicas precisam ser repensadas e modificadas, dependendo da criatividade de cada professor, o modo com o qual desenvolverá seu projeto com a sala, de forma a incluir a todos, através de um planejamento flexível para novas adaptações.

É também importante que essa formação não seja voltada apenas para os professores, como também para todos os profissionais da área da educação na escola, onde os centros de apoio, por sua vez, também farão o seu papel, disponibilizando profissionais especialistas, como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo, psicólogo, entre outros.

A inclusão é formada por um conjunto, coordenado por serviços tanto sociais como educacionais e em outras áreas dando suporte nos serviços de assistencialismo. A escola deve funcionar como um centro de apoio para essa criança, porém, o problema é que muitas vezes esses pontos de apoio acabam acomodando os familiares, que fazem da escola um depósito, onde acabam deixando essas crianças em período integral. E para que esses alunos tenham um atendimento de acordo com as suas necessidades, precisam ter profissionais qualificados, capacitados para atender cada aluno dentro de sua necessidade, onde se encontra até esmo a falta de materiais acessíveis para o profissional da área.

Ainda falta muito para que esse trabalho seja concluído com êxito, o que devemos levar em conta é que todos devem estar dispostos a participar de cursos de formação continuada e repensar a sua prática pedagógica mesmo quando ainda não se têm essa prática. O professor precisa ter o domínio da classe; se ele consegue dominar a sua sala com tantos alunos diferentes com alunos inclusivos não é diferente, a prática acontece todos os dias junto aos profissionais capacitados para lidar com cada aluno. As escolas devem apoiar e juntar-se a esses profissionais do AEE para um melhor planejamento e andamento nessa relação do aluno com a escola.


2.2INCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL


Abordagem dessas categorias conceituais, relativas à pessoa com necessidades educativas especiais, implica, em buscar o conceito de “inclusão”, que no entendimento de Forest &Pearpoint, significa “estar com”, “viver com o outro”, sair da condição de marginalidade na qual se encontra. Inclusão significa convidar aqueles que (de alguma forma) têm esperado para entrar e pedir-lhes para ajudar a desenhar novos sistemas que encorajamento das pessoas a participar da completude de suas capacidades – como companheiros e como membros. (apud MANTOAN, 1997, p.137).

Segundo ainda FOREST; PEARPOINT (apud MANTOAN, 1997), inclusão, significa estar com o outro e cuidar uns dos outros, que se traduz em convidar pais, estudantes e membros da comunidade para ser parte de uma nova cultura, de uma nova realidade, juntar-se a novos e excitantes conceitos educacionais (tecnologia da informática, pensamento crítico, educação cooperativa).

Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o caminho ideal para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que possamos – juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de cidadania e nos beneficiar dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento”.Karagiannis e Stainback (1999, p. 21), afirmam que “a educação é uma questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos”, esta é a mensagem claramente transmitida pela Conferência Mundial de 1994 da UNESCO sobre Necessidades Educacionais Especiais.

Inclusão social é o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder receber em seus sistemas sociais, cidadãos que dela foram excluídos, no sentido de terem sido privados do acesso aos seus direitos fundamentais. (PAULA, 2004, p. 93).

Segundo Mendes (2001, p.17), “ao mesmo tempo em que o ideal de inclusão se populariza, e se torna pauta de discussão obrigatória para todos interessados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais, surgem às controvérsias, menos sobre seus princípios e mais sobre as formas de efetivá-la.”. Para Góes e Laphane (2004) muitos dos alunos com diferenças individuais e sociais são mais prevalecentes em populações mais carentes e menos favorecidas econômica e culturalmente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS


É preciso pensar se apenas o ato de colocar todas as crianças na mesma escola é satisfatório para promover a inclusão. Somente a aglomeração no mesmo ambiente escolar não é suficiente para consolidar o processo da educação inclusiva.

Antes de tudo se faz necessário à inclusão do ser humano de forma global e irrestrita na sociedade. Não imputando a ele arbitrariamente a sua permanência em espaços com barreiras físicas e sensoriais que lhe impeçam a locomoção. É preciso que a infraestrutura dos ambientes seja coerente com os princípios da inclusão. Tem que se buscar o respeito a estes alunos oferecendo instalações, tecnologias e equipamentos aptos a recebê-los sem restrições.

Uma sociedade que não abre espaço, para aqueles desprovidos dos padrões pré-estabelecidos por uma minoria dominante, não é capaz de se sensibilizar com aqueles que são portadores de necessidades especiais. Apenas demonstrarem comoção não é o suficiente para que ocorram mudanças. Todos os seres humanos portam algum tipo de deficiência, umas bem mais simples quase imperceptíveis, outras mais agravantes É preciso desmistificar essa cultura preconceituosa.

É preciso que as escolas se tornem espaços vivos de acolhimento e de formação para todos os alunos e de como transformá-las em ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. (MANTOAN, 2003, p.55).

Além da preparação do espaço escolar a preparação do corpo docente de forma a dar-lhes esclarecimentos e formação que contemplem suas dificuldades para que não se sintam impotentes e/ou insuficientes é fator primordial na transição desse processo. É preciso uma formação inicial e contínua e de qualidade.

Faz-se necessário uma formação que crie um movimento de desconstrução do modelo educacional excludente e por consequência na construção de novos paradigmas que desafiem a recriação do sentido de educar.

É essencial que os professores se adaptem a este novo processo, pois é preciso um novo olhar para com as pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Superando a visão, padronizadora e classificatória que condena a todos que dela fugirem. Mesmo as práticas discriminatórias menos explícitas, quase que imperceptíveis, que são tão cruéis quanto as mais duras e que devem ser totalmente desestimuladas.

Entender que deficiência não é doença é um passo importante para aceitação das diferenças. Ter uma necessidade educativa especial não significa a incapacidade para a aprendizagem. Apenas que ela acontece em ritmos diferenciados, há um espaço de desenvolvimento real e as possibilidades que nela se anunciam.

Para fazer a inclusão acontecer não existe uma receita pronta, mas existem aspectos que devem ser considerados e discutidos: é preciso uma política pública com maior clareza no referencial conceitual quanto às necessidades educativas especiais; maior clareza nas metas estabelecidas, observando prioridades como a adaptação curricular e com avaliação constante de todo processo.

A inclusão é indiscutível, mas tenho receio quanto ao modelo que vêm ocorrendo sem preparação adequada dos espaços físicos e do corpo docente para que não ocorra uma “inclusão” apenas de aglomeração de alunos no mesmo espaço e que os alunos com necessidades educacionais especiais e deficientes fiquem exclusos dentro de uma pseudo “inclusão”.

Portanto é necessário repensar sobre o processo de inclusão e se pode afirmar que a escola especial é, sim, o lugar mais adequado para receber o deficiente e os alunos com necessidades educacionais especiais, onde os professores recebem os alunos e trabalham suas potencialidades. Já, na escola regular o professor, muitas vezes, é obrigado a receber um aluno especial, pois a legislação prega isso, e os pais querem que seu filho estude em uma escola regular, mesmo que o professor e a escola não ofereçam condições para essa inclusão.

Identificar as necessidades individuais sem poder supri-las é muito frustrante. Entra aí a importância da interação entre as vertentes individual e social, pois, embora as escolas possam desenvolver inúmeras ações em prol da inclusão, também é verdade que elas enfrentam inúmeros limites que só poderão ser superados com mudanças sistemáticas nas políticas nacionais, com ênfase para as que dizem respeito diretamente a educação. (CARVALHO, 2006, p.15).

A educação especial é, portanto, a melhor modalidade de educação aos deficientes e a melhor forma de inserir o aluno deficiente na sociedade, pois a escola especial não ‘esconde’ o aluno, acolhe-o e torna-o uma pessoa cidadã. É um tema polêmico e que muitos ainda preferem não discutir sobre as consequências de uma inclusão escolar mal elaborada.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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PAULA, Jairo de (Org.). Inclusão: mais que um desafio, um desafio social. SãoPaulo, 2004.CONSIDERAÇÕES FINAIS



É preciso pensar se apenas o ato de colocar todas as crianças na mesma escola é satisfatório para promover a inclusão. Somente a aglomeração no mesmo ambiente escolar não é suficiente para consolidar o processo da educação inclusiva.

Antes de tudo se faz necessário à inclusão do ser humano de forma global e irrestrita na sociedade. Não imputando a ele arbitrariamente a sua permanência em espaços com barreiras físicas e sensoriais que lhe impeçam a locomoção. É preciso que a infraestrutura dos ambientes seja coerente com os princípios da inclusão. Tem que se buscar o respeito a estes alunos oferecendo instalações, tecnologias e equipamentos aptos a recebê-los sem restrições.

Uma sociedade que não abre espaço, para aqueles desprovidos dos padrões pré-estabelecidos por uma minoria dominante, não é capaz de se sensibilizar com aqueles que são portadores de necessidades especiais. Apenas demonstrarem comoção não é o suficiente para que ocorram mudanças. Todos os seres humanos portam algum tipo de deficiência, umas bem mais simples quase imperceptíveis, outras mais agravantes É preciso desmistificar essa cultura preconceituosa.

É preciso que as escolas se tornem espaços vivos de acolhimento e de formação para todos os alunos e de como transformá-las em ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. (MANTOAN, 2003, p.55).

Além da preparação do espaço escolar a preparação do corpo docente de forma a dar-lhes esclarecimentos e formação que contemplem suas dificuldades para que não se sintam impotentes e/ou insuficientes é fator primordial na transição desse processo. É preciso uma formação inicial e contínua e de qualidade.

Faz-se necessário uma formação que crie um movimento de desconstrução do modelo educacional excludente e por consequência na construção de novos paradigmas que desafiem a recriação do sentido de educar.

É essencial que os professores se adaptem a este novo processo, pois é preciso um novo olhar para com as pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Superando a visão, padronizadora e classificatória que condena a todos que dela fugirem. Mesmo as práticas discriminatórias menos explícitas, quase que imperceptíveis, que são tão cruéis quanto as mais duras e que devem ser totalmente desestimuladas.

Entender que deficiência não é doença é um passo importante para aceitação das diferenças. Ter uma necessidade educativa especial não significa a incapacidade para a aprendizagem. Apenas que ela acontece em ritmos diferenciados, há um espaço de desenvolvimento real e as possibilidades que nela se anunciam.

Para fazer a inclusão acontecer não existe uma receita pronta, mas existem aspectos que devem ser considerados e discutidos: é preciso uma política pública com maior clareza no referencial conceitual quanto às necessidades educativas especiais; maior clareza nas metas estabelecidas, observando prioridades como a adaptação curricular e com avaliação constante de todo processo.

A inclusão é indiscutível, mas tenho receio quanto ao modelo que vêm ocorrendo sem preparação adequada dos espaços físicos e do corpo docente para que não ocorra uma “inclusão” apenas de aglomeração de alunos no mesmo espaço e que os alunos com necessidades educacionais especiais e deficientes fiquem exclusos dentro de uma pseudo “inclusão”.

Portanto é necessário repensar sobre o processo de inclusão e se pode afirmar que a escola especial é, sim, o lugar mais adequado para receber o deficiente e os alunos com necessidades educacionais especiais, onde os professores recebem os alunos e trabalham suas potencialidades. Já, na escola regular o professor, muitas vezes, é obrigado a receber um aluno especial, pois a legislação prega isso, e os pais querem que seu filho estude em uma escola regular, mesmo que o professor e a escola não ofereçam condições para essa inclusão.

Identificar as necessidades individuais sem poder supri-las é muito frustrante. Entra aí a importância da interação entre as vertentes individual e social, pois, embora as escolas possam desenvolver inúmeras ações em prol da inclusão, também é verdade que elas enfrentam inúmeros limites que só poderão ser superados com mudanças sistemáticas nas políticas nacionais, com ênfase para as que dizem respeito diretamente a educação. (CARVALHO, 2006, p.15).

A educação especial é, portanto, a melhor modalidade de educação aos deficientes e a melhor forma de inserir o aluno deficiente na sociedade, pois a escola especial não ‘esconde’ o aluno, acolhe-o e torna-o uma pessoa cidadã. É um tema polêmico e que muitos ainda preferem não discutir sobre as consequências de uma inclusão escolar mal elaborada.



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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Gislaine de Fatima Siqueira

por Gislaine de Fatima Siqueira

Nascida em 28/04/1983, Gislaine é professora de Língua Portuguesa de redação e literatura, formou-se em Letras pela UFMS em 2012. A colunista é Psicopedagoga e especialista em Educação Especial. E-mail para contato: professoragislaine28@gmail.com

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