Superação, simbologia e linguagem sintética em o velho e o mar, de Hemingway

O Velho e o Mar
O Velho e o Mar

Educação e Pedagogia

08/11/2014

O romance O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway relata a história de um velho pescador, que após anos de profissão e com larga experiência, se vê diante de uma realidade não muito atrativa, pois há meses (84 dias) não consegue pescar nenhum peixe.


Ao ouvir as palavras de incentivo de um jovem rapaz, Manolin, o velho encontra forças e esperança para superar suas dificuldades. No percurso de sua nova jornada, o velho se depara com uma criatura diferente de tudo que já viu: um peixe enorme, e a narrativa se desenvolve a partir de seu grande esforço em manter-se vivo, capturar o grande peixe, bem como levá-lo em boas condições até sua cidade.      

 

O texto apresenta uma temática envolvente que não relata apenas a história de um homem que precisa vencer uma luta contra um grande peixe, mas, também, narra a determinação de um homem que precisa vencer, antes de tudo, suas limitações enquanto ser humano.

 

 Diante de diversas adversidades a personagem principal, Santiago, busca dentro de si forças para superá-las. Sair vencedor frente aos obstáculos físicos encontrados no decorrer de sua jornada, é de certa forma, superar objeções psicológicas e emocionais. Existem muitos momentos em que podemos comprovar a persistência do aventureiro.

 

Um bom exemplo é o momento em que Santiago decide que necessita tentar pescar novamente e mesmo sem ter conquistado nenhum peixe por longos dias, se lança ao mar, porém, antes de fazê-lo, relata sentir confiança: - Muito bem, Manolin – respondeu o velho. – Hoje estou muito confiante (HEMINGWAY, p.30). Já em alto mar, o velho procura dentro de si, alguma motivação:

 

“andei experimentando os poços mais fundos durante uma semana e não consegui nada”, pensou. “Hoje vou tentar mais para largo, por onde andam os cardumes de peixes menores, e pode ser que encontre um grande entre eles.” (HEMINGWAY, p.33).

 

Agora no ápice de sua batalha, o velho demonstra muita coragem e ânimo para enfrentar o grande peixe:

  

- só me resta o gancho – disse. – mas não servirá para nada. Tenho dois remos, o leme e o pequeno martelo. “Agora estou derrotado”, pensou ele. “Sou muito velho para conseguir, com marteladas, matar um tubarão. Mas continuarei a lutar enquanto tiver os dois remos, o martelo e o leme.”. (HEMINGWAY, p.30).   

     

Além de observar a coragem da personagem, a obra de Hamingway demonstra diversos aspectos interessantes, um deles é a simbologia presente na obra.

 

por muitos, O velho e o Mar é considerado uma fábula ou uma alusão aos grandes heróis e mitos que colocam o ser humano em confronto com deuses ou com forças naturais, opressivamente superiores. (HEMINGWAY, p.9).

 

 

Além da alusão aos grandes heróis e mitos, temos, também, outras simbologias, como se pode observar nos fragmentos a seguir:

 

estava ali, limpo e pronto, e o velho pegou com a mão esquerda e começou a comê-lo, mastigando as espinhas cuidadosamente. Comeu-o todo, da cabeça à cauda. (HEMINGWAY, p.86).  

 

O fragmento citado pode ter uma relação com a simbologia cristã da purificação, uma vez que, o velho come o peixe que estava limpo, mastigando cuidadosamente as espinhas, quase que como em um momento de adoração. Já em: “O sol estava nascendo pela terceira vez desde que se fizera ao mar quando o peixe começou a nadar em círculos”. Pode-se relacionar, o fragmento acima, à capacidade da natureza em renovar-se, posto que, o peixe girava em círculos.

 

 Também, é possível afirmar que há uma alusão a trindade, levando-se em consideração o fato de o sol ter nascido pela terceira vez. Temos outra simbologia cristã no seguinte fragmento: “Rezarei uma centena de Padre-nossos e uma centena de Ave-Marias.” (HEMINGWAY, p.88). Neste trecho a relação é clara e é possível observar a ideia cristã de que após as batalhas travadas contra o mal se alcança as recompensas.

 

O Velho e o mar apresenta, ainda, uma linguagem objetiva e direta, construída a partir de frases curtas. A síntese é perceptível tanto na construção da fala das personagens, quanto na construção da narrativa em si.

 

É evidente que o narrador detalha os acontecimentos com bastante precisão, porém as ideias centrais são apresentadas pelo uso de frases que resumem tais ideias como em: “Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe.” (HEMINGWAY, p.13).

 

Evidentemente, tal descrição será completada mais tarde. Ainda no início da narrativa vemos o diálogo sucinto entre as personagens. A maioria das frases são compostas por uma ou duas palavras e os períodos são simples: “- obrigado- disse o velho pescador.”. (HEMINGWAY, p.17). Tais construções corroboram, também, com a personalidade da personagem.

 

         

Referências Bibliográficas

 

BECHARA, Evanildo. Lições de Português Pela Analise Sintática. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.

____________. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009.

HEMINGWAY, Ernest. O Velho e o Mar. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2008. 

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Karla Purcino

por Karla Purcino

Graduada em Letras - Licenciatura em Inglês/Português (2013). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estilística e Alfabetização.

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