Perspectivas Pedagógicas diante do paradigma da inclusão

As crianças com deficiência física também necessitam de adaptações
As crianças com deficiência física também necessitam de adaptações

Educação e Pedagogia

03/02/2014

A educação inclusiva, fruto da movimentação da luta por direitos dos desassistidos nos últimos 40 anos, se baseia na diversidade como elemento de fomentação da aprendizagem, tendo o princípio da heterogeneidade, e não mais da homogeneidade, como o norte para entender a qualidade da educação.


Dessa forma, temos na Declaração de Salamanca (1994) um dos marcos da Inclusão Escolar. Nela está descrita que “todas as escolas devem acolher a todas as crianças, independentemente de suas condições pessoais, culturais ou sociais; crianças deficientes e superdotados/altas habilidades, crianças de rua, minorias étnicas, linguísticas ou culturais, de zonas desfavorecidas ou marginalizadas, o qual traça um desafio importante para os sistemas escolares.” A Lei de Diretrizes e Base da Educação (1996), reforça que a Educação Especial ocorra preferencialmente nas classes regulares, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) essa conceito ganha força, e os alunos com Necessidades Educacionais Especiais-NEE passam não ser mais só de responsabilidade das escolas especiais, mas também das classes comuns.


Para efetivação desse processo inclusivo o sistema educacional se estrutura em duas modalidades de atendimento: escola regular e AEE (Atendimento Educacional Especializado). A escola regular continua trabalhando todas as questões curriculares comuns à obtenção de uma educação científica e cidadão como previsto na LDB. Já o AEE se destina ao atendimento especializado em tuno oposto ao da escola regular, onde será trabalhada a superação/diminuição de todas as barreiras que impedem o indivíduo de estabelecer sua socialização comum.


A educação especial na perspectiva inclusiva requer mais do que modificações organizacionais, necessita de mudanças metodológicas, de concepções e atitudinais, já que a responsabilidade do desenvolvimento deste educando e de todos os professores da instituição, tanto da sala de aula regular como do AEE.


Dependendo das necessidades educativas dos educandos, as mudanças podem ir além dos aspectos metodológicos, estruturais e funcionais. Faz-se necessário investir em formação especializada para atender a deficiência do docente. Assim, podemos observar os casos dos educandos com Altas habilidades/Superdotação, deficiência visual, e dos educandos com deficiência física.

Os discentes com Altas habilidades/ Superdotação não necessitam de mudanças nas estruturas da escola, mas necessitam de adaptações curriculares e metodológicas que atendam as necessidades desses educandos. Estes, devem ter a oportunidade de participar de atividades de enriquecimento curricular desenvolvidas no âmbito de suas escolas em interface com as instituições de ensino superior, institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes, dos esportes, entre outros ( MEC,2006).


Alunos com deficiência visual requerem um espaço físico onde ela consiga desenvolver sua independência, sem obstáculos, com os materiais acessíveis, comunicação escrita em Braille . O educador precisa complementar o currículo, adaptar as atividades para as crianças cegas ou com baixa visão fazer uso de materiais concreto, mobiliários adequados podem ajudar nas atividades pedagógicas e adequar às avaliações as suas necessidades (MEC, 2006).


As crianças com deficiência física também necessitam de adaptações no espaço físico (rampas, banheiros, barras de apoio), adaptações de mobiliários (cadeiras, mesas) e de materiais pedagógicos (ponteiras, computadores que funcionem por contato ou pressão). Dependendo do comprometimento da deficiência o professor pode adaptar as metodologias levando em consideração as suas limitações e incluindo no currículo as atividades de vida de diária para desenvolver no educando a autonomia. O uso da comunicação aumentativa ou alternativa é um excelente aliado no desenvolvimento educacional (MEC,2006).


Para todas estas ações o professor da classe comum deve contar com o apoio dos especialistas do AEE para auxiliar nas atividades e orientar acerca das especificidades dos educandos. Seja qual for à sua necessidade , considero ser de suma importância que o professor conheça as suas limitações. A participação em seminários, fóruns, palestras e cursos relacionados com as dificuldades educativa do seu educando, ajuda o professor a entender com mais apreço as suas especificidades e auxilia no desenvolvimento de estratégias metodológicas que melhor se adequem a sua realidade. Um dos objetivos da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva é a formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissional da escola inclusiva.


A educação inclusiva só terá sucesso se o professor mudar atitudes, se libertar do preconceito, acreditar no potencial do educando, ressignificando a prática pedagógica rumo a um processo de construção do conhecimento com significado implícito e explícito capaz de possibilitar liberdade, autonomia e empoderamento numa perspectiva de aceitação e respeito à heterogeneidade.
REFERÊNCIA


BRASIL. Ministério da Educação e cultura Educação infantil : saberes e práticas da inclusão : dificuldades de comunicação e sinalização :deficiência física. [4. ed.] / elaboração profª Ana Maria de Godói – Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD... [et al.]. – Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 98 p. : il.

_______. Ministério da Educação e cultura. Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação sinalização: deficiência visual. [4. ed.] / elaboração profª Marilda Moraes Garcia Bruno – consultora autônoma. – Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 81 p. : il.

________. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 1996.

________. Ministério da Educação e Cultura. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. MEC, 2008. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>.Acesso em: 09 de Set. de 2013.

________. Ministério da Educação e cultura.Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC.-Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.143 p.

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de Ação sobre necessidades educativas especiais. Salamanca: Espanha, 1994.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Luciane Ferreira Bomfim

por Luciane Ferreira Bomfim

Formada em Pedagogia, Esp. em Libras e Atendimento Educacional Especializando. Atualmente trabalho em uma escola municipal com crianças especiais.

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