A alegria de ensinar, reflexões sobre a obra de Rubem Alves

Rubem Alves
Rubem Alves

Educação e Pedagogia

28/05/2013

Rubem Alves famoso educador brasileiro traz em “A Alegria de Ensinar” vários textos que abordam dentre outras coisas a necessidade de sentir-se alegre em uma sala de aula para que o aprendizado seja pleno.

“A sala de aula tem por obrigação ser um lugar agradável para professores e alunos, uma extensão da casa de ambos”...

Crianças vão a escolas alegres e sorridentes, ao passar dos anos tudo parece mudar a alegria evidente de ir a escola em crianças, dá lugar a um sentimento quase que de obrigação de ir à escola para obter no futuro uma boa profissão.

No texto “Escola e sofrimento” o qual inicia o livro, Alves se mostra um tanto quanto contraditório em suas ideias faz paralelo entre a escola dos dias atuais com as escolas talvez nas quais tenha estudado. Uma escola onde havia palmatorias e réguas prontas para agredirem alunos o que trazia medo e angustia aos alunos. Entretanto aborda novas formas de torturas que para ele é o excesso de informação que na maioria dos casos em nada tem haver com a realidade dos alunos. Sendo assim a alegria, dá lugar ao desconforto a praticamente as mesmas angustias de tempos atrás. Também faz uma critica sobre o método de avaliação que para ele são maneiras de classificar os alunos por notas alcançadas e não pelo conteúdo aprendido.

“A lei de Charlie Brown” baseia-se em uma charge deste famoso personagem quando o mesmo deixa clara sua visão de que só vai à escola para ter no futuro uma vida bem sucedida profissionalmente, ou seja, teoricamente seria algo como tirar boas notas ser igual a bom emprego no futuro.

Rubem Alves se mostra mais uma vez decepcionado e indignado com sistema educacional, ele o descreve como um sistema que ao invés de formar, deforma os alunos em sua essência, pelo que são submetidos a passarem em nome da educação, o desgaste físico e mental que na maioria das vezes é em vão, já que o aluno não consegue integrar o conhecimento a sua vida e acaba esquecendo de quase tudo que estudou.

Em “boca de forno” basicamente o autor faz uma comparação com o que acontece nas escolas. Onde as crianças são ensinadas. “Aprendem bem. Tão bem que se tornam incapazes de pensar coisas diferentes”.

Estudantes seriam programados apenas para decorar tudo, sem questionar, apenas concordarem com o que é dito pelo professor.

Rubem Alves diz dentre outras coisas que o saber se torna funcional economicamente falando; a de poupar trabalho, a de evitar erros, a de tornar desnecessário o pensamento.

Assim educadores ensinam seus educandos para que eles não precisem pensar por si, sendo eles programados apenas para o trabalho funcional da sociedade.
Alves chama a atenção sobre o método equivocado de ensinar aos alunos que a ciência, o saber, a vida são feitos de respostas certas e erradas. Pois quando a prendem as respostas certas, desaprendem a arte de se aventurar e errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de tentativas erradas devem ser feitas.

O texto “Lagartas e borboletas” trás como tema o ”corpo”. Como numa lagarta mora adormecida uma borboleta, e na borboleta uma lagarta, assim, mora adormecido em nosso corpo um universo fantástico. E o que vai acordar é aquilo que a Palavra chamar. O autor diz que as Palavras estão dentro de nossos corpos em estado de hibernação, como sonhos. A esse processo em que a Palavra desperta os mundos adormecidos, se dá o nome de “educação”. E aos que têm esse poder de despertar mundos adormecidos através da Palavra, dar-se o nome de “educadores”.

Rubem Alves mostra que a educação pode ser algo que nos faz esquecer o que somos, a fim de nos recriar a imagem do Outro, ou seja, é preciso esquecer-se do aprendido, a fim de poder lembrar daquilo que o conhecimento enterrou. Moldar jovens e crianças a este ”Outro”, pode trazer um retorno econômico ao fim do processo, mas ele só se realiza ao preço da morte dos universos que um dia viveram, como possibilidades adormecidas no corpo das crianças: toda borboleta deve se transformar numa lagarta. Por isso que as pessoas passam as suas vidas com a estranha sensação de não era bem aquilo que desejavam, pois foram transformadas em alguma coisa diferente dos seus sonhos, e isto as condenou à infelicidade.

“Um corpo com asas” é um texto em que, o ”vovô” Rubem Alves, relata o crescimento constante do aprendizado de sua neta Mariana.

Assim como uma borboleta, ao aprender a usar as palavras, Mariana começou a voar em espaços infinitos. Ao aprender a falar, ganhou o poder de voar pelos mundos que moram nas palavras. O autor descreve o corpo de uma criança como um espaço infinito onde cabem todos os universos. E quanto mais ricos forem estes universos, maiores serão os voos da borboleta, maior será o fascínio, maior será a possibilidade de amar, maior será a felicidade. Porém, às vezes acontece o contrário, a borboleta volta ao casulo e se transformam em lagartas.

Porque voar é fascinante, mas perigoso. É preciso que não se tenha medo de flutuar sobre o vazio com asas frágeis.
A alegria de ensinar é um livro em que o seu autor, Rubem Alves, deixa claro que ensinar é um exercício de imortalidade, que de alguma maneira continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pelo instrumento fascinante da palavra, sendo que o educador é assim, não morre jamais, estando a cada dia no pensamento daquele que ele ensinou.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Rafael da Silva Camargo

por Rafael da Silva Camargo

Graduado em História pela Universidade Norte do Parana (UNOPAR) 2012. Com experiencia tanto na área de pesquisa quanto na docência. Foi responsável durante (2010-1012) pelo Museu Vila Rica de Julio de Castilhos -RS onde desenvolveu alguns projetos pedagógicos e lúdicos. Atualmente redator do Blog Porque Rafael, mídia eletrônica ligada a História, Cultura local e regional

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