A autoestima do aluno vem de casa, mas é desenvolvida pela escola?
Educação vem de casa
Educação e Pedagogia
25/04/2013
A autoestima pode ser entendida como aquela que nasce com o sujeito, caracterizada como um processo de autovalorização, no qual está inclusa a autopreservação, e por isso, temos um medo natural de sermos agredidos e hostilizados, bem como, tememos naturalmente pela nossa vida – física e mental.
Mas, a autoestima também é um processo de desenvolvimento humano que requer orientação e aprimoramento, e para isso devemos dar atenção aos afetos, sentimentos e emoções que desenvolvemos em nós e em nossos filhos, já que estes últimos são reflexos dos pais.
Não se trata apenas de vínculos familiares, mas de comportamentos que promovem estabilidade e segurança na criança e no futuro sujeito social.
Precisamos, então, entender que toda relação é ou não afetiva, mas se houver sentimentos implicados na relação, então, a afetividade é manifestada pela amorosidade. Nessa relação de afetos, na qual a amorosidade é manifestada, se insere a proteção familiar que, se for equilibrada, gera diálogos e os laços familiares tornam-se laços de amizade. Por outro lado, se a proteção for exagerada – o que chamamos de superproteção – teremos relações em que os afetos são conflituosos e marcadamente impositores, pois alguém nessa relação terá que se submeter aos caprichos de outro – essa reação é para acreditar que tudo está bem; basta apenas aceitar o que o outro diz ou manda. Em outras palavras, no trato da superproteção, um manda e o outro obedece. Nesse caso há um prejuízo, progressivo, da autoestima, seja dos pais ou, mais ainda, dos filhos.
Nesses campos de afetividade estão as emoções, as quais são condições nem sempre objetivadas pelos sujeitos, pois o ato de “sentir” é uma função íntima do sujeito, tanto que não saímos verbalizando o que sentimos, a não ser quando estamos sufocados pelas emoções. Nesse caso, rimos à toa, choramos de alegria ou tristeza, nos desesperamos diante da perda, quase enlouquecemos por amor – seja qual for a situação deixamos claro qual é o nosso nível de autoestima.
Há alguns anos atrás, tive uma experiência de formação como estagiário num hospital psiquiátrico - já que também atuo no campo da saúde. Convivi, alguns meses, assistindo pacientes que tinham distúrbios depressivos, os quais exigiam muita atenção dos médicos, pois eram pacientes que tinham risco de cometer suicídio, sendo que alguns deles já haviam tentado, pelo menos uma vez, contra a própria vida.
Entre o grupo de pacientes, três me chamaram muito a atenção: um jovem de 19 anos, que se dizia abandonado pelos pais, por isso recorria às drogas; uma jovem adulta de 26 anos, que não se conformava com o fim do casamento de sete anos, por isso só dormia à base de medicamentos; e um jovem senhor de 42 anos, que se tornava muito agressivo – batendo-se, com a ideia fixa de autoflagelo – porque tinha contrariado os pais ao se casar com uma mulher que já o abandonara anos atrás.
Esses pacientes me faziam pensar que tipo de autoestima foi alimentada quando crianças. Deveríamos nos perguntar que tipo de autoestima valorizamos nos nossos filhos? De afeto e amor? De afeto para convivência? De muito afeto, para acreditarem que seremos presentes em suas vidas eternamente? Enfim, que autoestima temos para compartilhar com os que nos rodeiam?
Portanto, a autoestima vem de casa, é parte das bases da família, da sua forma de viver, sentir e agir, do equilíbrio e sensatez que se manifesta de diferentes maneiras e níveis de intensidade, pois nela estão contidas as emoções.
Já, a escola desenvolve a autoestima num outro plano de vivência, pois é um lugar que amplia a interação do sujeito com o seu entorno. Certa vez, alguém, que ama a educação tanto quanto eu, disse que a escola é o pior lugar do mundo para a criança. Na hora em que ouvi isso não pude conter a minha indignação, pois ia contra o que sempre pensei e senti pela escola. Mas, essa figura amiga me convenceu quando disse que na escola a criança não tem uma sala só para ela; que a criança não tem uma mesa e cadeira só para ela; não tem amigos só para ela; não tem uma professora só para ela; não tem um material só dela; o pátio não é dela, as pessoas, ela desconhece, porque não são a família dela. Que lugar é esse?
Assim, pude ver a escola despida por verdades que nunca havia pensado. Então, receio que a escola tenha sim que trabalhar e desenvolver a autoestima da criança. Digo receio porque não sei até que ponto ela tem condições para isso; claro que deveria ter, mas ter nem sempre é sentir e, nem tampouco, fazer. Pois, nessa relação, o foco da autoestima é fazer com que a criança se assegure de sua importância no contexto escolar e, de forma segura e tranquila se aproprie de sua aprendizagem de forma consciente (autônoma e autora), conduzindo-se na sua formação.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Colunista Portal - Educação
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