Os Desafios da Criança ao Adulto

A criança culpa os pais para conseguir o que quer
A criança culpa os pais para conseguir o que quer

Educação e Pedagogia

19/02/2013

A criança enquanto produto de uma sociedade que não pára, que acumula informações em excesso, que veicula mensagens distintas na mídia, que toma o tempo dos pais, tem sua mente assombrada, amedrontada.

A criança desse meio acumula mil questionamentos:

- Que sociedade é essa a qual o tempo equivale a dinheiro, a investimento?

– Que sociedade é essa que toma de mim meus pais em detrimento do trabalho intenso e não permite o diálogo em família?

– Que sociedade é essa que não permite que as famílias se reúnam mais nas refeições?

- Que sociedade é essa que tirou de mim o meu pai?

- Que sociedade é essa onde educar é correr contra o tempo?

E quem deve responder essas perguntas e antever essas interrogações infantis é a família. Por menor que seja o contato entre os pais e os filhos diariamente, há de se ter um tempo juntos, ainda que reduzido e com qualidade.

Pais e mãe: por mais que cheguemos cansados, por mais que não tenhamos tempo e que a nossa qualidade de tempo não seja das melhores, não há porque adiar a conversa diária com os nossos filhos. Essa conversa poderá fazer falta no futuro, para você e para ele.

Com tantos questionamentos sem solução, sem consolo e sem uma palavra, a criança passa a ter “gritos interiores” que são expressados em agressividade, em birras momentâneas, em relutâncias, em queda de estima e outros conceitos que, nós, educadores, identificamos facilmente no cotidiano.

A criança vive em um campo de batalha

É isso mesmo. Além da batalha exterior ela vive grandes contradições ininteligíveis para sua alma e mente. O educador é o Peter Pan das crianças: conduz seu aluno para um tempo e lugar mágicos na Terra do Nunca.

Educar é proporcionar a vivência do conto de fadas sem recrutar as crianças para ida ao mc donald´s!

Motivar é a palavra. Proporcionar uma vivência de conto da fadas é fantasiar o aprendizado. A criança é MOTIVADA naturalmente por três coisas:

Realizar, socializar e controlar.

Quando a criança aflora seu lado contraditório ela está impelida por apenas uma dessas motivações: Controlar e ser controlada
Ela quer controlar e não admite ser controlada. Passa em seu subconsciente a liderança do controle das situações para satisfazer a sua auto realização egônica. Qualquer movimento contrário a esse ensejo é para ela uma ameaça e surge a desobediência que, de certo modo, repercute no ambiente social no qual ela se insere. Ela passa a amar a negatividade.

Quando ela percebe o quanto a sua ação contra as regras influencia em seu meio, ela passa a utilizá-la como uma carta na manga, usando de todos os recursos materiais e imateriais para mobilizar a todos para proveito próprio.

Quando ela mobiliza ou tenta mobilizar os demais em ambiente sócio familiar e escolar, ela anula sua participação no contexto das ações. Exemplo: Joãozinho, para tirar a atenção do colega ao seu lado, rabisca o trabalho dela, desarruma os seus lápis, puxa seu cabelo e não dá ouvidos á professora. Quando o colega reage agressivamente dando-lhe um chute ou um tapa e redimensiona esta última ação do outro como causa principal do conflito. Por quê isso? Porque essa criança passa a suportar cada vez com mais intensidade o negativo, o ruim. Apanhar, ser xingado, ser isolado, ser aviltado, não é tão doloroso para ele. Alguns educadores assustam-se com essa postura do infante. Classificam-no como frio. Na verdade, não. Essa criança não é fria. Ela é machucada interiormente e essas cicatrizes não mais importam.

O que Montessori diria para esse educador? Resposta: ame-a sempre!

Caro educador: não seja agressivo, não dê mais palavras negativas ou machuque mais essa criança. Ela precisa de você. Dar um castigo, isolá-la, rotulá-la é colocar mais lenha na fogueira de uma situação tenebrosa vivida pela criança.

Que tipo de postura pode desencadear mais rebeldia e agressividade?

• Quando o professor tenta controlar a situação em excesso, valendo-se da sua autoridade. Nesse caso ele está meramente disputando a atenção da classe com a criança;

• Quando o professor pacifica demais (joga panos quentes). Esse professor faz o que está fora do seu alcance para não desencadear mais uma situação conflituosa;

• Quando o professor não impõe ou não consegue impor limites a essa criança, valendo-se de regras especiais para ela. É o professor com medo.

“Quando temos medo de disciplinar ou nos tornamos pais amedrontados, permitimos que nossos filhos tenham a última palavra e não lhes damos a orientação necessária, que surge naturalmente quando se educa com amor.” ( LEVY e O´HANLON, 2004, p. 41)

Que circunstanciam geram esse comportamento?

Quando a criança vive um ócio interior, ela demonstra que há falta de preenchimento no espaço sócio familiar, o que produz certas reações. Os pais com pouco tempo exigem obediência instantânea e sabe-se que cada criança tem o seu tempo de desenvolver, compreender, evoluir nas ações. O tempo dos pais, dos professores e da escola não é o mesmo que o da criança. Elas não mudam de acordo com as exigências da vida.

As transições inesperadas também geram mudanças internas na criança como resposta emocional. Outra cidade, nova escola, a puberdade, a chega de um irmão, a separação dos pais, dentre outras circunstâncias, são fatores preponentes.

Quando os pais, professores e demais agentes educacionais demonstram volubilidade mediante a desobediência das regras, isso também gera a predominância das ações desobedientes. Estas podem ser identificadas quando a criança:

1) A criança culpa os pais para conseguir o que quer;

2) A criança choraminga até os pais cederem;

3) A criança barganha com diálogo indutivo;

4) A criança agride física e verbalmente;

5) A criança diz que vai fugir de casa, cometer suicídio ou qualquer violência que gere susto em pais e educadores.

Educador, já acompanhou situações acima?

Para agir com essas crianças, batamos em nossa boca quando emitimos paradigmas tais como:

1º. Essa criança precisa de uma boa surra, isso sim!

2º. Nada funciona com esse garoto!

3º. Ele não tem capacidade de cooperação.

4º. Ele tem que entender que isso gera consequências.

5º. Deixa ele descarregar a raiva.

6º. É genético.

7º. Dá passiflora que melhora.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

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