A linguagem e a literatura infantil na educação inclusiva

a literatura infantil nas séries iniciais os alunos vivenciado histórias
a literatura infantil nas séries iniciais os alunos vivenciado histórias

Educação e Pedagogia

30/01/2013

1 Introdução
Nos tempos atuais há uma necessidade dos educadores discutirem e refletirem sobre as relações humanas e sociais, visando suas causas e conseqüências com um olhar crítico sobre a história filosófica, com o intuito de buscar novas propostas que se baseia na re-estruturação do sistema educacional, buscando a valorização do homem como um todo; tornando-o agente do processo histórico e a diversidade para a construção de identidades. Com isso, pode-se evidenciar que a linguagem tem uma difícil missão no papel do currículo na educação inclusiva, mediante a prática de formação docente. Sendo uma missão complexa por muitos fatores que se apresentam no âmbito escolar." (MARTINS, 2002, p. 12).

Percebemos que a cada dia mais os indivíduos necessitam comunicar-se, fazer-se entender, tendo acesso a todo tipo de informação disponível na sociedade atual. Porém percebemos que há uma dificuldade dos educandos em registrar suas ideias de modo correto e coerente, devendo utilizar como instrumento de aprendizagem escolar e social a linguagem. (GARCIA, 1998, p. 23).

Vê-se que a escola é uma instituição servindo a sociedade e sendo instrumento na construção de novos leitores e escritores. Por isso, defende-se que a leitura estimula e prepara o educando para o contato com os mais variados tipos de textos, exigindo um reconhecimento do professor sobre a importância da leitura. Pois o professor tem papel considerável na criação de um ambiente estimulador. (AISCOW, 1997, p. 56).

Segundo Zardo (2004), a literatura infantil nas séries iniciais faz com que os alunos vivenciem histórias, desenvolvendo a criatividade e a imaginação, percebendo com isso as dificuldades dos alunos na escrita.

Martins (2002) comenta que o processo de inclusão pressupõe adaptação da instituição para atender as necessidades especiais dos alunos na sala regular, tornando função da escola conciliar o ensino com o trabalho de inclusão, mediante as necessidades significativas do ensino-aprendizagem. Este trabalho objetiva-se em estudar a linguagem e a leitura no contexto da educação inclusiva, procurando estabelecer assimilação de valores a vida cotidiana e social, desenvolvendo ainda mais suas capacidades, através de estratégias para o ensino dos diferentes alunos como parte integrante do processo de aperfeiçoamento escolar.

O texto literário nos concede a possibilidade de educar para incluir, pois a diversidade é encontrada nas mais variadas manifestação da língua que abre espaço para as vozes excluídas socialmente. Com isso, percebe-se que a Literatura é transdisciplinar possibilitando o conhecimento da realidade humana de um modo simbólico de caráter problematizador, político e criativo. A literatura possui uma função social de facilitadora da compreensão humana, possui uma função libertadora e que promove uma prática sócio-cognitiva. (ZARDO, 2004, p. 57). Por isso, hoje muitos têm procurado utilizar da leitura infantil no trabalho com crianças que possuam algum tipo de necessidade especial.

Zardo (2004) afirma que Literatura Infantil é uma forte aliada na superação de representações sociais. Com a linguagem expressa na Literatura possibilita uma troca entre leitor e espectador onde acontece o momento de aprendizado e prazer. Pode-se definir e a educação inclusiva como um processo que abre para a participação de todos nos ambientes de ensino regular, onde trata uma recriação da cultura, da prática e políticas escolares que atentem às diversidades dos alunos. Aborda humana e democraticamente, percebendo que o sujeito e suas singulares integridades, objetivando no crescimento, satisfação e inclusão social. Essa educação ampara a diversidade apresentada na espécie humana entendendo e percebendo suas necessidades educativas do sujeito aluno, nas salas de aulas comuns no ensino regular, promovendo a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal em todos. (MARTINS, 2002, p. 28).

Com isso, a prática pedagógica na coletividade, multifacetada, dinâmica e flexível necessita de mudanças importantes e necessárias para a estrutura e funcionamento das escolas na formação humanística do professor e no relacionamento das famílias com a escola, apontando uma ação transformadora da educação inclusiva para a sociedade. Com o presente trabalho tenta-se capacitar, teórica e tecnicamente, os profissionais para atuarem junto aos alunos com alguma dificuldade de aprendizagem, deficiência, síndrome e transtorno, nas diferentes modalidades de atendimento.

Refletir sobre a educação inclusiva da pessoa com dificuldade de aprendizagem, bem como, o uso de literatura infantil para a promoção do desenvolvimento; capacitar os profissionais para uma análise crítica dos processos educacionais didáticos literários em uma educação inclusiva; capacitar os profissionais para o uso frequente da literatura infantil no método de aprendizagem a leitura. Crianças especiais, seja qual for o problema, necessitam de educação, atenção e ensino diferenciados para poderem desenvolver suas habilidades, e quanto mais cedo for detectado o problema, melhorarem seus resultados." (MARTINS, 2002, p. 34).

É dever dos educadores terem a ética como compromisso do desenvolvimento digno e efetivo na aprendizagem de seus educandos, buscando meios diferenciados de aprendizagem que colaborem no processo de inclusão destas crianças no mundo da leitura e da linguagem, ajudando-os a sobreviver esse meio social no qual foram inseridas. (BAMBERGER, 1977, p. 13).

2 A linguagem, a literatura infantil e a educação inclusiva

A perspectiva de integração de crianças com necessidades educativas especiais no ensino regular não é nova, no entanto, o movimento de integração escolar surgiu na década de 70. Na década de 80 esse movimento é intensificado, já considerando eu a classe regular é o melhor ambiente para alunos com deficiência. (AISCOW, 1997, p. 17).

O novo referencial surge a partir dos anos 90 com proposta de uma escola inclusiva, ou seja, escolarização de todos e um mesmo contexto e com uma perspectiva diferenciada, tendo como norte a incorporação de crianças especiais no ensino regular, porém nota-se que integração não é o mesmo que inclusão. Essa integração transpassa que o problema encontra-se nas características dos alunos deficientes, e a inclusão percebe com outra ótica onde reconhece a existência de diferentes questões: crianças superdotadas, deficientes, crianças de rua, exploração da mão-de-obra infantil entre outros. A inclusão no ambiente escolar depende da adequação dos materiais didáticos, espaço físico e cuidados que devem ser observados durante a convivência. (ZARDO, 2004, p. 23).
Vygotsky (1991) destaca a importância do social na construção do sujeito, enfocando a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem, defendendo que o desenvolvimento não se dá apenas numa dimensão biológica, mas, principalmente depende da aprendizagem que ocorre através das interações sociais, vendo a deficiência sob dois aspectos: primário (problema biológico) e secundário (condição social). Com isso, cabe ao professor observar a condição social através de sondagem para impor limites, com isso estabelece o nível de preconceito e a exclusão.

Para Vygotsky (1991) o universo social tem fundamental importância no processo de constituição do sujeito, portanto, a mediação do professor é crucial, nessa mesma constituição. Considera o papel do professor como essencial no processo de ensino-aprendizagem, sendo o mediador antecipando o desenvolvimento do aluno, propondo desafios que lhe auxilie na busca pelo significado de seu mundo. Quando se fala de inclusão é importante ressaltar sobre as atitudes preconceituosas da sociedade, que vincula pensamento e ação, através da discriminação, sendo necessário mudar essa realidade através de reflexões das próprias concepções dentro e fora da escola." (MARTINS, 2002, p. 53).

Quando se menciona escola inclusiva não se refere apenas a alunos deficientes, mas um mesmo espaço onde há troca de experiências, socialização sendo respeitados nas suas diferenças, não submeter uma cultura rígida, a uma forma de aprender, sentir-se parte integrante do grupo, fazer uma real identificação com ele, conhecimento próprio e mútuo. Incluir então não é simplesmente tornar-se igual e sim considerar respeitosamente suas diferenças dentro de um meio social que estabelece padrões únicos. (MANTOAN, 1989, p. 41).

Define-se inclusão como um movimento conjunto, em que a sociedade também se modifica para atender a diversidade, garantindo os seus direitos, o respeito, possibilitando aos alunos deficientes tornarem-se sujeitos ativos, reflexivos e críticos." (MARTINS, 2002, p. 7).

Montoan (1989) revela que a educação inclusiva deve ser inserida na escola regular para que haja inclusão, pois o ensino especial deve ser absorvido pelo ensino regular, mas, para isso é necessário que a escola passe por um processo de transformação. Para que a escola de fato seja inclusiva tem de ter uma filosofia de profundo respeito às diferenças. Para Vygotsky (1991), a inclusão escolar precisa ser significativa para o sujeito, dando sentido e significado a sua vida, ou seja, propor interações sociais que sejam mediadoras, dando ao sujeito, meios que compreenda o mundo social em que está inserido, se tornando autônomo, participativo e ativo na construção de sua própria história e na construção do mundo. A escola inclusiva deve provocá-lo a buscar formas de não se sentir incapaz, mas desenvolver e lutar por suas potencialidades. Essas mudanças, porém, ainda precisa concretizar-se na sociedade, que ainda convive com práticas discriminatórias nos mais diferentes sentidos, como também nos espaços educacionais, uma vez que pensar a inclusão é pensar a conquista e o exercício da cidadania. Sendo assim, a escola, deve ser um dos espaços onde o aluno adquire saberes que lhe permitam saber seus direitos, exigir o cumprimento deles e compreender a necessidade de exercê-los. (ZARDO, 2004, p. 26).
O principio da escola é o ato educativo intencional, baseado no respeito às diferenças educacionais, produzindo uma forma diferenciada de educação, possibilitando o trabalho consciente colocada na adversidade, desafiando a quebra de preceitos e efetivando a igualdade para todos. Atualmente é comum perceber que as crianças iniciam sua forma de leitura de mundo conforme as oportunidades que lhes são oferecidas pelos educadores. Não deve haver mãe ou pai que não tenha se deslumbrado com as coisas feitas ou ditas por seus filhos pequenos. Já aos dois ou três anos as crianças são capazes de mostrar uma criatividade e sensibilidade impressionante. Por isso o trabalho da Educação Inclusiva tem um aliado incrível, no caso com a própria criança, numa fase em que aprender a brincar é puro prazer, e que a partir daí pode-se desenvolver atividades inúmeras que irão dentro da educação infantil oportunizar situações; nas quais as crianças possam interagir em seu processo de construção do conhecimento, possibilitando assim, o seu desenvolvimento e integral. (GARCIA, 1998, p. 33).

Mostra-se então que na educação infantil inclusiva o trabalho educativo que orienta em direção da criação de meios para os alunos conhecerem, descobrirem e reconstruírem significados dos sentimentos, dos valores, ideias, costumes, papel na sociedade, com isso, a educação infantil promove a educação da sensibilidade; pois nessa etapa estão no momento exato para construírem e desenvolverem seus valores internos e externos. Com a leitura as informações são agregadas internamente através do modo de como veem novos significados e horizontes adquirindo habilidades nas novas perspectivas. A leitura torna-se um meio de nos apropriarmos da realidade em que estamos constantemente inseridos. Precisa-se uma conscientização da importância e necessidade básica de formação de novos leitores já nas séries iniciais do ensino, o que leva a enfatizar o tipo de leitura, sendo informativa ou não, relacionando-se com o real, criando um despertar do imaginário, a criatividade, havendo um realce no ser humano, criando uma comunicação entre si. (GÓES, 1990, p. 47). É evidente que o melhor instante para o ser humano é a infância, pois inicia sua emancipação através da função liberatória da palavra. A infância é a fase em que as crianças despertam o interesse para a leitura.

Bamberger (1977, p. 61) reforça a ideia da importância de habituar a criança a leitura. "Se conseguimos fazer com que a criança tenha sistematicamente uma experiência positiva com a linguagem, estaremos promovendo o seu desenvolvimento como ser humano". Vê-se que vários pesquisadores empenham-se em mostrar aos progenitores e docentes a importância de incluir a leitura no cotidiano da criança. Bamberger (1977) ressalta que ca leitura possui vantagens singulares em relação ao cinema, ao rádio e a televisão. Com isso, ao invés de escolher entre a variedade apresentada, proponha a disposicão ao leitor vários meios em que o leitor possa escolher entres os melhores escritos, presente ou passado. A leitura acontece no momento conveniente, com o tempo estipulado mediante sua adequação podendo ler muito ou pouco conforme sua disponibilidade, poder interromper, reler, refletir da maneira que achar melhor, ou seja, lê o que, quando e onde e como bem entender. Essa flexibilidade garante o interesse contínuo pela leitura, tanto em relação à educação quanto ao entretenimento. (GARCIA, 1998, p. 45).

A construção da linguagem não é apenas determinada pela maturação biológica do ser humano, ela é influenciada pela vivência e experiência sociocultural do sujeito. É mediada pela qualidade das relações e interações com o meio." (VYGOTSKY, 1991, p. 30).

A linguagem é vista como o pensamento em ação, isto é, a construção do sistema de significação depende da possibilidade que a criança tem de interagir com pessoas e objetos, de agir, de perceber e coordenar suas ações no tempo-espaço e compreender a causalidade; e, principalmente, da qualidade da interação e solicitação do meio, pois a linguagem depende da função semiótica, que é a capacidade de distinguir o significado do significante, que a criança adquire por volta dos dois anos de idade.

3 Considerações Finais

É importante para os pais e educadores discutir o que é leitura, a importância do livro no processo de formação do leitor, bem como, o ensino da literatura infantil como processo para o desenvolvimento do leitor crítico. Percebe-se que a linguagem símbolo presente na literatura infantil influencia na formação da criança, pois a leva a conhecer o mundo em que vive compreendendo o bem e o mal, o certo e o errado, o belo e o feio, amor e ódio, dor e paz etc..

Aos poucos a criança vai percebendo o mundo do qual faz parte. Com isso, fica evidenciado que a leitura para a criança não é apenas um meio de evasão ou compensação pelo que se ouve, mas uma representação do real, através do fingimento, do faz de conta a criança reage, reavalia, experimentando as próprias emoções e reações. Tornando evidente que a literatura infantil nos dias atuais tem cumprido sua meta de ser responsável pelo entretenimento e divertimento, formando na criança uma concepção de mundo, por isso torna-se importante o incentivo à leitura, através das fabulas e contos abordando as origens, conceitos e moral.

Vê-se que a leitura é uma forma de recreação necessária para a criança, que desenvolve o seu intelectual, psicológico e afeto, desenhando um papel fundamental na construção de saber da criança enriquecendo suas motivações, ou seja, seu real desenvolvimento social e cognitivo. O hábito da leitura deve ser realizado desde os primeiros anos de idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.

Portanto, em relação à leitura juntamente com a literatura infantil, pais e professores necessitam utilizar o método educacional do texto literário com desenvolvimento do lúdico, propiciando o domínio da linguagem com textos de ficção, poesias, livros infantis através de projetos de literatura infantil, para um meio de ensino multidisciplinar. Encontra-se estratégias para o uso de textos infantis no aprendizado da leitura, interpretação e produção de textos, podendo ser explorados com o objetivo de promover a inclusão e o ensino de qualidade, criando um ambiente prazeroso e direcionado às crianças, visando um país de leitores.

Conclui-se que professor e escola devem favorecer a leitura, preparando a criança para o desenvolvimento do senso crítico, o raciocínio, ressaltando os momentos prazerosos e possibilitando novas descobertas e conhecimentos; além de enriquecer o vocabulário, o aprimoramento da grafia e consequentemente a dicção. Evidencia-se que a leitura promove resultados benéficos para sua vida social. Nesse sentido, a atualidade instiga os educadores a repensar a prática literária, sua utilização em sala de aula e os objetivos que se alude a esta prática. Certamente, isso compromete a formação do professor, seu conhecimento acerca da história da literatura, dos gêneros literários, como também seu próprio gosto e hábito para a leitura que, evidentemente contribuirá para que este pesquise livros e propostas de trabalho que sejam adequadas aos alunos.

Resgatar a literatura enquanto forma de arte e expressão pode auxiliar na transformação do meio escolar, valorizando aspectos que até então apagados pelo conteúdo e pela disciplina, nem sempre cabíveis na realidade dos educandos. Finalizando, a literatura infantil possibilita a construção de uma educação inclusiva, operando a partir da fantasia e da imaginação socializar, permitindo a compreensão dos problemas e demonstra-se uma pré-disposição para o conhecimento real e a adoção de uma atitude que valorize as diferenças e as particularidades.

Referências Bibliográficas

AISCOW, Mel. Caminhos para as escolas Inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1997.
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Cultrix, 1977.
GARCIA, Cássia Leslie. De olho no futuro: Português. 1º grau/ Garcia, Cavequia, Almeida. São Paulo: Quinteto Editorial, 1998.
GÓES, Lucia Pimentel. A aventura da Literatura para crianças. São Paulo: Melhoramentos, 1990.
MANTOAN, M.T.E. Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. São Paulo: Scipione, 1989.
MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. A inclusão do portador da síndrome de Down: o que pensam os educadores? Rio Grande do Norte: EDUFRN, 2002.
VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ZARDO, Sinara Polom. A literatura Infantil como auxilio pedagógico para uma educação inclusiva.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Anelise Bronhara Sanitá Lima

por Anelise Bronhara Sanitá Lima

Graduada em Pedagogia - Especialista em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva. Professora da 4ª série da Escola Iang Tao - Colégio Universitário em São Joaquim da Barra Coordenadora do Projeto Guri - Polo São Joaquim da Barra

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