O pesadelo dos bruxômanos

Odontologia

01/01/2008

O administrador de empresas Marcelo de Souza, 40 anos, está sendo assombrado agora por um problema que surgiu na infância e que o acompanhou ao longo da vida: o bruxismo. Mesmo sem apresentar nenhuma cárie, teve que se submeter, nos últimos meses, a um tratamento de canal em quatro dentes. "Está sendo um pesadelo. Além do incômodo do tratamento em si e do tempo perdido no consultório do dentista, tenho que ouvir minha mulher reclamando do ranger de dentes durante a noite. Às vezes ela não agüenta e vai dormir no outro quarto", conta.

Outro inconveniente enfrentado por Marcelo é o comprometimento do sono. "Não é raro acordar assustado à noite com o barulho que faço involuntariamente. E, na manhã seguinte, acordo com dores fortes no maxilar", diz. Segundo o administrador de empresas, o problema piora quando ele tem um dia muito estressante ou quando ingere bebidas alcoólicas. Para os especialistas, o ranger noturno dos dentes, conhecido como bruxismo, está estritamente relacionado a fatores emocionais e psicológicos como ansiedade, estresse e depressão. Estima-se que a disfunção esteja associada ao estresse em 100% dos casos.

De acordo com o dentista e membro da Federação Européia de Periodontia Mário Kruczan, o bruxismo é um dos maiores desafios para a odontologia restauradora, uma vez que a estrutura dentária sofre um desgaste contínuo. "Além da dor no maxilar e do desconforto na mastigação, os bruxômanos podem apresentar dores de cabeça, no pescoço, nas costas e nos ombros", diz o especialista. Ele acrescenta que o exemplo do administrador de empresa, que só buscou tratamento recentemente, não deve ser seguido. Quanto mais cedo se inicia o tratamento, maiores são as chances de se evitar a perda dos dentes. O caso de Marcelo é ilustrativo: alguns dentes diminuíram e outros racharam. Se tivesse procurado tratamento no início, é bem provável que hoje ele não tivesse de ficar horas na cadeira do dentista.

De causas variadas, o bruxismo pode surgir em qualquer idade, sendo mais comum na infância e na adolescência. Trabalhos apontam que 10% das crianças com sete anos de idade apresentam a disfunção todos os dias. Uma pesquisa com 213 crianças bruxômanas de dois a 11 anos mostrou que 27,8% delas eram ansiosas; 31,1% eram hiperativas; e 51% tinham afecções alérgicas respiratórias. Alguns estudos estimam que a prevalência de bruxismo entre adultos varie de 6 a 10%, dependendo da idade. Entretanto, sinais e sintomas do problema são observados, em algum momento da vida, em até 90% das populações estudadas.

No tratamento da disfunção, os dentistas têm optado pelo uso de uma placa estabilizadora que protege as superfícies dentais e diminuem as tensões sobre os músculos mastigadores. Mas a colocação de placas é um recurso apenas sintomático. O ideal é conjugar o tratamento dentário com o tratamento dos estados tensionais, estressantes ou ansiosos que produzem o bruxismo.


Fonte: Saúde News Journal

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