Como atuam os antioxidantes no organismo

Nutrição

14/02/2015

O oxigênio é um elemento indispensável para a vida pode, em determinadas situações, conduzir a efeitos deletérios sobre o corpo humano. A maioria dos efeitos potencialmente nocivos do oxigênio é devida à formação e atividade de vários compostos químicos, conhecidos como espécies reativas de oxigênio (ROS) que incluem os radicais de oxigênio e vários agentes oxidantes não radicais, como HClO (ácido hipocloroso), peróxido de hidrogênio, ozônio, etc. Os danos oxidativos causados pelas espécies reativas podem ser aceleração do envelhecimento, carcinogênese, neurodegeneração e aterosclerose dentre outras patologias (KUMAR, 2011).


Os antioxidantes são substâncias que podem prevenir ou reparar os danos oxidativos causados por espécies reativas de oxigênio em lipídios, proteínas e ácidos nucleicos, ou seja, os antioxidantes possuem a capacidade de reagir com os radicais livres e assim impedir os seus efeitos maléficos ao organismo (COUTO, CANNIATTI-BRAZACA, 2010, VASCONCELOS et al., 2014). Dentre os antioxidantes, se destacam as vitaminas C e E, carotenoides, ácidos fenólicos, flavonoides, óleos essenciais, glutationa, coenzima Q, ácido lipóico, compostos organossulfurados e as enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase, catalase, tiorredoxina e a glutationa peroxidase.


Os antioxidantes podem exercer os seus efeitos também indiretamente ao influenciarem a regulação de genes envolvidos em mecanismos de defesa ou de reparação do DNA. Isto demonstra uma maior influência dos antioxidantes na manutenção da homeostase metabólica ou integridade da célula (BERGER et al, 2012).


Os alimentos de origem vegetal apresentam compostos bioativos (fitoquímicos) com atividades biológicas promotoras da saúde, tais como atividades antioxi¬dante, anti-inflamatória e hipocolesterolêmica. Entre estes podemos citar as catequinas do chá verde e do vinho, as antocianinas das frutas vermelhas, os flavonóis das folhas, os ácidos clorogênicos do café e as isoflavonas da soja (BARBOSA et al., 2006).


Os antioxidantes são considerados os principais responsáveis pelos efeitos benéficos do consumo diário e diversificado de vegetais. A ampla variedade de fitoquímicos presentes nas frutas, verduras e legumes fornecem efeitos protetores à saúde, principalmente devido aos efeitos antioxidantes aditivos ou sinérgicos (LIU, 2006; JOSEPH et al, 2009).


Dentre os processos fisiológicos, o motor e o cognitivo têm suas capacidades diminuídas com o envelhecer, assim como a proteção antioxidante e anti-inflamatória, demandando maiores cuidados em termos de antioxidantes para a população idosa (JOSEPH et al, 2009).


Um exemplo da relevância do consumo adequado de antioxidantes por idosos é o estudo elaborado por GALÁN e colaboradores. Comparando a prática de atividade física por idosos que tomaram uma bebida a base de suco de frutas rica em antioxidantes e contendo alimentos funcionais com os indivíduos que não ingeriram esta bebida, Galán et al notaram que ocorreram mais benefícios devido ao consumo da bebida rica em antioxidantes.


Houve uma melhora no perfil lipídico devido a prática de exercícios físicos, como aumento da HDL-C e diminuições nas razões de colesterol total/HDL-C e LDL-C/HDL-C. A prática de atividade física sem o consumo de antioxidantes, foi responsável pelo aumento do estresse oxidativo, medido através de danos oxidativos às proteínas, ácidos graxos poli-insaturados e DNA. Estes danos não ocorreram nos que ingeriram a bebida rica em frutas, sendo os valores dos biomarcadores do estresse oxidativo inclusive diminuídos comparando ao início da prática de treinamento físico (GALÁN et al, 2006).

Referências

BARBOSA, A.C.L ; HASSIMOTTO,N. M. A. ; LAJOLO, F. M. ; GENOVESE, M.I.. Teores de Isoflavonas e capacidade antioxidante da soja e produtos derivados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, p. 921-926, 2006.


BERGER R.G.; LUNKENBEIN, S.; STRÖHLE, A.; HAHN, A. Antioxidants in Food: Mere Myth or Magic Medicine? Critical Reviews in Food Science and Nutrition, 52:162–171 2012.


COUTO, M.A.; CANNIATTI-BRAZACA, S. G. Quantificação de vitamina C e capacidade antioxidante de variedades cítricas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 30, p. 15-19, 2010.


GALÁN MI, PALACIOS E, RUIZ F, et al. Exercise, oxidative stress and risk of cardiovascular disease in the elderly. Protective role of antioxidant functional foods. Biofactors. 2006;27:167–183.


JOSEPH,J.A.; BARBARA SHUKITT-HALE, AND LAUREN M. WILLIS. Walnuts Affect Grape Juice, Berries, and Brain Aging and Behavior J. Nutr. 139: 1813S–1817S, 2009.


KUMAR, S. Free Radicals and Antioxidants: Human and Food System. Adv. Appl. Sci. Res., 2 (1):129-135, 2011.
LIU, R.H. Health benefits of fruits: implications for disease prevention and health promotion. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 19., Cabo Frio. Anais... Cabo Frio: SBF/UENF/UFRural-RJ, v.1, p.36-44, 2006.


VASCONCELOS, T. B. ; CARDOSO, A. R. N. R. ; JOSINO, J. B. ; MACENA, R. H. M. ; BASTOS, Vasco Pinheiro Diógenes . RADICAIS LIVRES E ANTIOXIDANTES: PROTEÇÃO OU PERIGO?. UNOPAR Científica. Ciências Biológicas e da Saúde, v. 16, p. 213-219, 2014.