Disfagia no idoso

Dificuldade na efetiva condução do alimento da boca até o estômago
Dificuldade na efetiva condução do alimento da boca até o estômago

Nutrição

16/05/2014

Autores: DIERY MELO; RENATA PAMELA; MARIA DO ROSARIO RODRIGUES; WESLLAYNE TAMARA TELES MENDES.


Resumo


Introdução:
A alimentação é o processo responsável por manter os indivíduos nutridos e hidratados, ou seja, clinicamente saudáveis. O alimento é transportado da boca até o estômago pelo ato da deglutição, o ato de engolir. O processo de deglutição consiste de atividade neuromuscular complexa, que é iniciada conscientemente no adulto e envolve quatro fases: antecipatória, oral, faríngea e esofágica. Distúrbios no processo da deglutição podem causar problemas na alimentação (Furkim,et al,2008).


Objetivo do trabalho: É avaliar a prevalência de disfagia em idosos e o risco nutricional que esta trás.


Metodologia:
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de aspecto quantitativo. A coleta de dados foi realizada na base de dados disponíveis na internet, como Google acadêmico, Scielo, Revista Brasileira de Nutrição, Pubmed, Medline, biblioteca virtual de saúde onde os artigos selecionados eram em língua portuguesa publicados no período de1997 a 2010.


Resultados
: Estudos apontam uma prevalência em cerca de 50% dos pacientes idosos internados e associados com a diminuição do apetite causando comprometimento do estado nutricional do idoso.


Conclusão:
Podemos verificar na presente revisão que a disfagia é frequente nesta população e que mesma implica em alterações no estado nutricional de idosos.


Introdução

A alimentação é o processo responsável por manter os indivíduos nutridos e hidratados, ou seja, clinicamente saudáveis. O alimento é transportado da boca até o estômago pelo ato da deglutição, o ato de engolir. O processo de deglutição consiste de atividade neuromuscular complexa, que é iniciada conscientemente no adulto e envolve quatro fases: antecipatória, oral, faríngea e esofágica. Distúrbios no processo da deglutição podem causar problemas na alimentação (Furkim,et al,2008).


Para nomear essa dificuldade de deglutir, é utilizado o termo disfagia (do grego Dys-dificuldade e phagien-comer), que resulta em ingestão e absorção inadequadas de alimentos, o que leva à desnutrição e a várias deficiências nutricionais (SOUZA et al., 2003; RANGEL, 1998).


Disfagia é qualquer dificuldade na efetiva condução do alimento da boca até o estômago por meio das fases inter-relacionadas, comandadas por um complexo mecanismo neuromotor (Consenso Brasileiro, 2010). Essa dificuldade pode resultar na entrada de alimento na via aérea, resultando em tosse, sufocação/asfixia, problemas pulmonares e aspiração. Também, gera déficits nutricionais, desidratação com resultado em perda de peso, pneumonia e morte (Padovani A.R. et al, 2007). Essa dificuldade também pode ocorre quando há um descontrole na coordenação das funções de respiração e alimentação e pode ocorrer como resultado de alterações neurológicas congênitas ou adquiridas, estruturais ou funcionais, ou ainda como consequência de estados mórbidos(Silverio,et al,2010).


A presença das disfagias pode ocasionar implicações significativas para o desenvolvimento global, nutrição, hidratação, e estabilidade clínica, principalmente no sistema respiratório. Dessa forma, torna-se necessário o adequado diagnóstico e o conhecimento sobre tais alterações, podendo assim minimizar os impactos clínicos (Lucchi C. et al, 2009).


A disfagia pode ser classificada em leve
: a dificuldade concentra-se no transporte do bolo, ocorrência de pequena quantidade de estase em recessos faringeais sem penetração laríngea, sem história de broncopneumonia de repetição ou sem perda nutricional; disfagia moderada: dificuldade no transporte oral do bolo, ocorrência de estase em recessos faringeais com sinais sugestivos de penetração laríngea e pequena quantidade de material aspirado, além de esporádicas pneumonias déficit nutricional e alteração do prazer alimentar; e disfagia severa: grande quantidade de estase em recessos faringeais, sinais sugestivos de penetração laríngea e grande quantidade de material aspirado, pneumonias de repetição, desnutrição e alteração do prazer alimentar com impacto social (Moraes A.M.S. et al, 2006).


Por isso torna-se necessário que se avalie e personalize a dieta às necessidades do paciente, para que ela seja o mais equilibrado possível e previna a desnutrição e outras complicações. É de suma importância que o paciente seja visto de maneira integral, com a equipe sempre pensando em melhorar a cada dia os cuidados prestados a ele (MORENO et al., 2006).
Na tentativa de se adaptar ao sintoma, o paciente altera a consistência dos alimentos e/ou das preparações acrescentando maior quantidade de água, reduzindo, assim, o valor calórico total. O profissional nutricionista tem importante papel no acompanhamento desses pacientes, uma vez que realiza a adequação das necessidades calóricas à ingestão e à consistência adequada a cada caso.


O principal objetivo da terapia nutricional ao paciente disfágico é prevenir a aspiração e a sufocação, buscando meios de facilitar uma alimentação segura e independente, e ainda recuperar ou manter o estado nutricional e a hidratação do paciente, com a dieta adaptada às suas necessidades (RANGEL, 1998; COSTA et al., 2003; WAITZBERG, 2004).


Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de aspecto quantitativo. A coleta de dados foi realizada na base de dados disponíveis na internet, como Google acadêmico, Scielo, Revista Brasileira de Nutrição, Pubmed, Medline, biblioteca virtual de saúde onde os artigos selecionados eram em língua portuguesa publicados no período de 1997 a 2010. Para a realização do presente trabalho, realizou-se um levantamento de dados realizado no período de agosto a outubro de variadas fontes, a partir de leitura para se obter dados fidedignos. Para a análise teve-se como critério de inclusão os artigos que abordavam a forma de como a disfagia ocorre e seus riscos nutricionais.


Desenvolvimento


Causa da disfagia

A disfagia pode acontecer devido a uma causa funcional (perturbação oufalta de coordenação das etapas da deglutição ou a uma causa estrutural, ou seja, um estreitamento da luz esofagiana ligado a um processo inflamatório ou de um tumor.(Rangel,2008).


Completando esta informação, MARCHESAN (1995) acrescenta como causas mais comuns da disfagia são por problemas neurológicos como AVC, Parkinson, mal de Alzheimer, Miastemia Gravis, Distrofia muscular, nos traumas cranianos e câncer de cabeça e pescoço, tumores cerebrais e desordens Esclerose Lateral Amiotrófica, Paralisia Cerebral entre outros.


As disfagias também podem ocorrer por próteses mal adaptadas e pelo próprio envelhecimento do indivíduo, quando o peristaltismo fica diminuído. As disfagias decorrentes destas causam não são em geral valorizadas ou mesmo diagnosticadas.(Castro,2008).
Disfagia em Idosos

Nos pacientes idosos, a prevalência exata de disfagia é desconhecida; frequentemente aparece em cerca de 50% dos pacientes idosos internados (Maciel,et al 2008). Com o avançar da idade, muitas alterações fisiológicas vão ocorrendo no processo de deglutição do idoso, levando à ocorrência de disfagia, pois, além dessas modificações, está mais propenso a afecções e ao uso de medicamentos (DANIELA et al, 2007).


Os idosos representam uma população frágil, devido às alterações morfológicas, biomoleculares e funcionais no organismo. Essa fragilidade indica que a idade é um determinante importante para o aparecimento de doenças, agravadas pelo sedentarismo, pela má alimentação e fatores extrínsecos, principalmente em relação a doenças crônico-degenerativas e múltiplas que duram mais tempo necessitando cuidados à saúde (FERNANDA et al, 2009).


Existe elevada incidência de disfagia nos idosos, e a explicação deve-se:
aos problemas de mastigação (dentição péssimo estado, incompleta ou próteses inadequadas), fala inarticulada, tosse ou sufocamento enquanto come diminuição da força mastigatória e de língua, movimento excessivo da língua causando extrusão do alimento, resíduo do alimento na cavidade oral, penetração no vestíbulo laríngeo, diminuição de reflexos projetivos, aumento de refluxo gastresofágico, voz molhada depois de comer ou beber, degeneração senil do esôfago, doenças e medicamentos que comprometam a atividade muscular dos órgãos envolvidos na deglutição e que podem causar xerostomia. No idoso, a disfagia tem consequências desastrosas, tais como; pneumonia aspirativa, alterações na ingestão alimentar e subnutrição, devido à relutância de consumir alguns tipos de consistências de dieta (LUCY, et al, 2009).


Apontada também como a principal causa de morbidade e mortalidade nos idosos e em outros indivíduos em condições que afetam sua capacidade para ingerir e absorver nutrientes. O termo disfagia é utilizado para se referir os todos os danos de qualquer parte de unidade de deglutição. Ainda, segundo Campbell &Taylor (1996), as causas mais comuns da disfagia são: idade avançada; alterações do sistema nervoso central; alterações das junções neuromusculares; níveis séricos aumentados ou diminuídos de cálcio, glicose e/ou sódio; alterações endócrinas; câncer de cabeça e pescoço; alterações de movimento e alterações de nervos periféricos.


A disfagia pode ser orofaríngea ou esofágica, sendo a esofágica a mais frequente, devido à obstrução mecânica pela alteração da motilidade. Pirose, perda de peso, regurgitação da comida, tosse e chiado ocorrem tipicamente com a obstrução esofágica, mas podem estar associados a uma motilidade normal. A disfagia orofaríngea é entendida como distúrbio da deglutição, com sinais e sintomas específicos, que se caracteriza por alterações em qualquer etapa e/ou entre as etapas da dinâmica da deglutição, podendo ser congênita ou adquirida após comprometimento neurológico, mecânico ou psicogênico e pode causar pneumonia, devido às aspirações (FERNANDA et al, 2009).


A redução do tônus da língua, aliada à flacidez da musculatura, dificulta a mastigação de alimentos mais sólidos ou consistentes, levando o idoso a preferir alimentos macios, úmidos e, consequentemente, de deglutição mais fácil, resultando em manifestações de disfagia decorrente da redução do tônus muscular e de certa incoordenação, própria do processo de envelhecimento (TEREZA et al, 2007).


Um aspecto relevante na avaliação da deglutição do idoso é que uma mesma queixa pode representar mais de uma alteração, e a avaliação por imagem permite delimitar o local, a função ou a fase da deglutição que está alterada (DANIELA et al, 2007).


As queixas só aparecem quando a doença se encontra em estágio mais avançado. Uma vez sendo progressiva, considera-se importante uma avaliação fonoaudiológica específica e sistemática voltada a esse distúrbio. Para observar as alterações dinâmicas, um dos exames utilizados é a videofluoroscopia da deglutição. Esse exame, proposto por Logemann, em 1983, avalia a dinâmica do mecanismo de deglutição através da ingestão de alimentos de diferentes consistências misturadas ao meio de contraste bário (MISLENE et al, 2007).
O prejuízo na ingestão alimentar, diminuição do apetite podem causar comprometimento do estado nutricional e um aumento na frequência de doenças, resultando em sério comprometimento do estado geral do idoso. A alimentação merece grande atenção por parte dos profissionais de saúde que atendem a população idosa, visto que estes são responsáveis diretos pela nutrição e hidratação, e consequentemente pela saúde geral. Em idosos com deterioração da função cognitiva, geralmente está associado o quadro disfágico, na evolução da doença (LUCY, et al, 2009).


A anamnese alimentar associada à avaliação do estado nutricional, estabelece a conduta dietética a ser tomada pelo profissional nutricionista, enfatizando a elaboração, preparo e administração da dieta no domicílio. Dependendo da via de acesso da alimentação, a escolha do tipo da dieta e sua consistência, condições econômicos e higiênicos sanitárias, compreensão pelo cuidador e a possível interação medicamentosa são determinantes para uma boa recuperação do paciente (FERNANDA et al, 2009).


A consistência da dieta deve ser determinada com base nas escalas de severidade de disfagia e de evolução do Functional Oral Intake Scale (Fois).


A disfagia grau I requer uma dieta pastosa homogênea (os alimentos são cozidos, batidos, coados e peneirados); na disfagia grau II, é indicada a dieta pastosa (alimentos bem cozidos, em pedaços ou não, que requerem pouca habilidade de mastigação); para disfagia grau III, prescreve-se a dieta branda (alimentos macios que requerem certa habilidade de mastigação. Excluem-se os alimentos que tendem a se dispersar na cavidade oral e as misturas de consistências); a disfagia grau IV permite uma dieta geral (inclui todos os alimentos e texturas).A terapia oral tem efeito positivo no estado nutricional, com ganho de peso, redução do tempo de permanência hospitalar e redução da mortalidade (Mitsue Isosaki e Elisabeth Cardoso).


O tratamento dietoterápico para a disfagia tem alguns objetivos:

- Prevenir que o paciente aspire, sufoque-se ou engasgue-se com o alimento ou líquido;

- Facilitar a deglutição, deixando-a segura e independente, diminuindo, assim o risco de aspiração (entrada de líquido nos pulmões);

- Fornecer nutrientes necessários, manter e recuperar o estado nutricional do paciente, evitando e corrigindo a desnutrição (Leila Sicupira C. e Maria do Carmo Rebello).


O propósito fundamental da identificação e tratamento das causas da dificuldade de deglutição é o de evitar, o máximo possível, desidratação e subnutrição. Ressalta-se que a subnutrição proteica é considerada o fator agravante na vulnerabilidade do paciente às infecções (Castro, 2008).


Resultados


Estudos apontam uma prevalência em cerca de 50% dos pacientes idosos internados e associados com a diminuição do apetite podendo causar o comprometimento do estado nutricional e um aumento na frequência de doenças, resultando em sério comprometimento do estado geral do idoso.


Conclusão


Podemos verificar na presente revisão que a disfagia é frequente nesta população e que a mesma implica em alterações no estado nutricional de idosos.

Referências

Tsuda LB. Disfagia neurogênica em paciente com paralisia cerebral. São Paulo: Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica; 1999.


CAMPBELL; TAYLOR, I. Drogas, disfagia e nutrição. Pro-Fono - Revista de Atualização Científica, 9 (1): 41-58-1997.


ROCHA, E.M.S.S. Disfagia. In: MARCHESAN, I.Q. Fundamento em Fonoaudiologia: Aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1998. p.91-98.

Maciel.J.R.V.Oliveira.C.J.R.TADA.C.M.P. Associação entre risco de disfagia e risconutricional em idosos internados em hospital universitário de Brasília. Rev. Nutr., Campinas, 21(4):411-421, jul./ago., 2008.


Padovani AR, Moraes DP, Mangili LD, Andrade CRF, Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia (PARD), Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2007;12:199-205.


Lucchi C, Flório CPF, Silvério CC, Reis TM, Incidência de disfagia orofaríngea em pacientes com paralisia cerebral do tipo tetraparéticos espásticos institucionalizados, Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2009;14(2):172-6.


Moraes AMS, Coelho WJP, Castro G, Nemr K, Incidência de disfagia em unidade de terapia intensiva de adultos, Rev CEFAC, São Paulo, v.8, n.2, 171-7, abr-jun, 2006.


Schelp A. O., Cola P. C., Gatto A. R., Silva R. G.,Carvalho L. R., Incidência de disfagia orofaríngea após acidente vascular encefálico em hospital público de referência, Arq Neuropsiquiatr 2004;62(2-B):503-506.


Oliveira M. M. G.,Teruel S. L., Lima J. L.,Bergamasco C. M. e Aquino R. C., Terapia nutricional em disfagia: A importância do acompanhamento nutricional, Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano VI, nº 16, abr/jun 2008.


Consenso brasileiro de disfagia, 2010.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Wesllayne Tamara Teles Mendes

por Wesllayne Tamara Teles Mendes

FORMAÇÃO ACADÊMICA Ensino Superior: Completo Curso: Bacharelado em Nutrição Instituição: Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí- NOVAFAPI Ano de Conclusão: 2013 Local: Teresina-PI Especialização: Em andamento Curso: nutrição clinica Ano de conclusão: 2015 Local: São Luis EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: preceptora de estágio INFORMAÇÃO ADICIONAL: voluntária no Hospital

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