Fruto da vinagreira como matéria-prima

A vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.) pertence à família Malvácea
A vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.) pertence à família Malvácea

Nutrição

26/10/2013

As matérias primas vegetais podem provir de exploração extrativa, mas para sucesso dos empreendimentos comerciais e industriais. Por meio de culturas racionais, a extensão varia de acordo com a demanda do mercado e capacidade técnica econômica do produtor. Em todos os casos, os resultados na obtenção da matéria prima dependem de uma serie de operações, escolha de sementes aos trabalhos de plantio, calagem, adubação, cultivo, combate as pragas e doenças, colheita, transporte e armazenamento.

Pelo dicionário, a fruta é a designação de frutos, pseudofrutos e infrutescências comestíveis. Deve ser complementada com ricos em sucos ou polpa açucarada, agradável ao paladar ingeridos natural. A abóbora madura tem açúcar em sua composição, não consumida in natura. O pepino-fruto não consumido como sobremesa, assim acontece com a berinjela. Embora não tenha um significado satisfatório de fruta. Os exemplos explicaram a diferença entre fruta, fruto e sentido botânico, acima que não e adequado para os frutos secos e que eles não se enquadram na classificação de frutas.

Os frutos são resultantes da fecundação das flores, angiospermas e do desenvolvimento dos tecidos do ovário. Seu ciclo vital inicia com a polinização e a fertilização que termina a senescencia. São classificados em deiscentes e não deiscentes, drupas, bagas, simples e compostos. Os deiscentes são os que se abrem quando a maturação esta completa e deixam cair às sementes. Já os nãos deiscentes são frutos que se mantêm fechados, entre os deiscentes se encontram a laranja, banana, abacaxi; os nãos deiscentes estão capsulas de jacarandá e sapucaia, folículos-grevilhas, legumes- vagem e ervilha. As bagas são frutos carnosos, não deiscentes, com muitas sementes como: mamões acerola e caqui. Já as drupas são carnosas, não deiscentes e possuem uma única semente contida em um endocarpo duro, denominado de caroço o pêssego, nectarina e manga (URGEL, 2010).

Para entendermos a utilização das frutas como matéria prima, precisamos estudar a formação dos frutos; estando maduros fornecem o pólen, que cai sobre o estigma e emite um tubo polínico que penetra no pistilo ate o ovário. No ovário o pólen e os óvulos se fundem realizando a fecundação que gera um estimulo hormonal que causa modificação na flor. A corola murcha e seca, o ovário, órgãos ou tecidos se desenvolvem e dão formação ao fruto. Na estrutura anatômica dos frutos é caracterizado o epicarpo - parte mais externa; o mesocarpo- parte comestível e carnosa o endocarpo que corresponde aos caroços e sementes. Nos aquênios- caju e girassol, o epicarpo é o mesocarpo constituem uma única peca, sobre a qual o endocarpo se prende em um único ponto. Já nas cariopses- grãos, o epicarpo é o mesocarpo não se distinguem facilmente e são fortemente aderidos ao endosperma em todos os pontos. Nos aquênios e cariopses, a semente e mais importante do fruto.

A vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.) pertence à família Malvácea,é um arbusto semi-lenhoso, fibroso, anual, ereto, ramificado e que dar fruto. Podendo chegar a três metros de altura. As flores são simples, semelhantes ao hibisco ornamental, amareladas mudando de cor no final do dia para um rosado, e hermafroditas tendo os dois sexos na mesma flor e autoférteis. São formadas ao longo da haste da planta e axilares, emitidas na base das folhas com o caule. Os frutos são vistosos pelas escamas-cálice, pentalocular de forma cônica ovoide, carnosos, sua coloração e vermelho escuro. Tem mais ou menos dois centímetros de comprimento, que recobrem os frutos ovais onde contêm as sementes (KUROZAWA,2013). As condições favoráveis ao bom desenvolvimento vegetativo são: temperatura amena a quente, pois a planta não tolera baixa temperatura, solos bem drenados, não sujeitos a inundação, ricos em matéria orgânica e boa disponibilidade de água.

Por exemplo, pelo conhecimento empírico as pessoas dizem que a vinagreira não precisar ser plantada nascem sozinhas, ate chamo de mandinga por invadir plantações vizinhas. Já pelo conhecimento cientifico o que acontece tem outra explicação, pela manha bem cedo as flores da vinagreira se abrem que em seu interior guarda a cápsula das sementes que caem, e são levadas pelo ar para outros espaços. Esse fenômeno faz nascerem vários pés da planta.

É conhecida em algumas regiões brasileiras pelos nomes: azedinha, caruru azedo, caruru da Guiné, quiabo azedo e quiabo de angola. Já os frutos são popularmente conhecidos por: botão, cálice, sépalas, brácteas, semente e flor.Quanto à origem da vinagreira ha controvérsia, alguns autores citam a África Tropical e outros a Índia. Sabe-se que está distribuída pela África, Ásia, Europa e Américas(MAPA, 2010). No Maranhão, somente as folhas da vinagreira são utilizada na alimentação humana, sendo empregadas em pratos típicos da região. O restante da planta é desperdiçado como os frutos (MARTINS, 1985).
Para a produção de frutos deixa-se a planta se desenvolver plenamente até a fase reprodutiva, com florescimento a partir de 150 a 180 dias. Efetuando as colheitas sucessivas duas a três vezes por semana, para uma colheita ideal. O cultivo de frutos imaturos para produto alimentício rende cerca de um a 1,5 kg por planta; portanto 10 a 15 ton/ha e a de sépalas para chá, algo como 100 a 150 g por planta ou 1 a 1,5 ton/ha que, quando secos renderão 50 a 75 kg/ha de chá seco. Pode-se utilizar 1,2 m, entre linhas e 0,7 entre covas, aproveitando a produção de sementes, sendo desenvolvida naturalmente ate a maturação e secados em local protegido, separando e acondicionando as sementes em recipiente hermético (MAPA, 2010). O processo de maturação e importante, aumentando a concentração de licopeno, que da a cor vermelha aos frutos. Quando as plantas estiverem com cinco a dez cm de altura- uma semana após a germinação, deixando dois a quatro plantas por cova. No plantio por estacas os espaçamentos são os mesmos para sementes, colocando em segurança duas a três estacas por covas.

É a parte mais valiosa da planta, com o sabor azedo, cheiro agradável, fornece gossypetin – uma sustância tintorial e contém ácidos cítricos, hibístico, málico, tartárico e oxálico. Muito apreciado no mercado pelo método da secagem, podendo ser utilizado, colocando água para que intumesçam e retomem a aparência e as propriedades da fruta fresca. A partir do fruto se produzir vários produtos como: geleias, doces, pastas, sucos, licores,xaropes, vinhos, conservas, vinagre, gelatinas, sorvetes e chás (PIMENTEL, 1985). E dizem que são afrodisíacos; também pode ser utilizados na decoração de pratos, em saladas de alto valor antioxidante, molhos ou consumido in natura.

Conforme a Resolução RDC nº 218 de Julho de 2005; define alimentos e bebidas preparados com vegetais; substancia ou mistura obtida da polpa ou de outras partes de vegetais, acrescida ou não de outros ingredientes, destinada ao consumo, tais como água de coco, caldo de cana, polpas, saladas de frutas, sucos de frutas e hortaliças, vitaminas ou batidas e similares.

Os frutos da vinagreira higienizados podem ser picados e adicionados em saladas de frutas. Na África, são frequentemente cozinhados como um prato lateral- comido com amendoim pulverizado. Para as receitas ou recheio de tortas e empadas, podem ser deixadas intactas e cozido com açúcar. O produto será quase indistinguível de receitas de cranberry em sabor e aparência. Para fazer umas receitas de textura mais fina, xarope, doces, compotas, relish ou geleia, os frutos podem ser primeiro picado dentro de uma tigela ou moído. Os frutos, depois de cozinhado, podem ser espremidos em uma peneira. Alguns cozinheiros faz a vapor com o sistema operacional de cozinha, um pouco de água até ficar macio antes de adicionar o açúcar, colocando para ferver por 15 minutos (MORTON, 1987).

Molho ou xarope pode ser adicionado em sobremesas, cobertura de bolo, gelatinas e salada, também sobre pão, sorvete, panquecas, suffles. Não é necessário adicionar pectina na geleia, os frutos possuem pectina 3,19% fazendo com que a geleia tenha uma consistência firme.

No Paquistão, tem sido recomendado com fonte de pectina para a indústria de preservação da fruta. Com os resíduos da geleia se faz um bom vinagre, já a conserva e preparada com o fruto fresco com sal e açúcar, apreciado pela colônia japonesa e consumido nas refeições. Os sucos são preparados pelo os frutos crus ou cozidos, triturados no liquidificador com água, coado e adoçado a gosto. É usado para bebidas frias e podem ser congelados ou engarrafados, sendo esterilizado, lacrado em garrafas ou frascos, mantém a conservação mesmo nao sendo adicionado açúcar. In the West Indies e América tropical. Nas Antilhas é valorizado principalmente para o resfriamento de bebidas, como limonada feita a partir dos seus frutos é "uma das bebidas mais populares do verão do México", no Egito, roselle "ade" é consumido no frio ou verão.

Na Jamaica, a bebida tradicional do Natal e preparada colocando frutos em um jarro de barro com um pouco de gengibre ralado e açúcar à vontade, jogando água fervente sobre ele e deixá-la repousar durante a noite. O líquido é drenado e servido com gelo e muitas vezes com uma pitada de rum. Uma bebida semelhante ao temperado tem sido feito pelos coquetes do oeste da África tropical. O suco faz um vinho muito colorido. John Ripperton um havaiano da estação experimental sustentou que para uma geleia e vinificação, é necessário tomar uma cápsula de sementes, mas deixando de fazê-lo resultando em um produto "pegajoso", estaria contaminado com os cabelos minutos do serviço da cápsula e estes pelos são muito susceptíveis de serem menos prejudiciais cuidadosamente filtradas. Os congelados e secos ao sol ou artificial estao fora da estação de abastecimento, comercialização ou exportação. No México, os frutos secos são embalados para venda em sacos de plástico. Ele é calculado que desidratam 11 libras (5 kg) de frutos frescos para uma libra (0,45 kg) de seco, que é igual a frescos para a maioria dos fins culinários. No entanto, frutos secos vendidos para "chás" não produzir alta cor e sabor; deve ser fervidos. Para o varejo em África, fruto seco é pressionado em bolos sólidos. No Senegal, os frutos secos são comprimidos em grandes bolas de pesagem 175 libras (80 kg) para permitir a transferência para a Europa, onde eles são utilizados para extratos e aromatizantes em licores. Nos Estados Unidos, regulamentares alimentar e Drug Administration permitir uma utilização de extratos em bebidas alcoólicas.

Nutricionistas analisaram a composição química e propriedades dos frutos frescos, por 100 g da parte comestível vendidos nos mercados da América Central. Encontrou 9,2 g de umidade, 1.145 g de proteína, 2.61 g de gordura, 12.0 g de fibra, 6.90 g de cinzas,1.263 mg de cálcio, 273,2 mg de fósforo, 8,98 mg de ferro, 0,029 mg de caroteno, 0,117 mg de tiamina,0,277 mg de Riboflavina, 3.765 mg de niacina e 6,7 mg de ácido ascórbico.CORREA (1931) relataram que os frutos contem 86,5% de água,2,1% de proteína, 0,3% de gordura,10,3% de carboidratos e 0,8% de cinzas. BARROS (1996) analisou também os frutos frescos e encontrou 85,8g de umidade 1,2g de cinzas, 0,5g de lipídios, 2,5g de proteínas e 10, 0g de glicídios.

Os frutos são utilizados na parte medicinal ha muito tempo, na hipertensão arterial, Com grande aceitação no tratamento de muitas doenças em quase todo o Brasil. A bebida popular é utilizada pela população para o tratamento da obesidade. Já na Nigéria, o consumo da bebida preparada com os frutos do hibisco é elevado. Estudos têm comprovado o uso do hibisco como agente diurético, uricosúrico, antimicrobiano, laxante, sedativo, anti-hipertensor, antitússico e também na diminuição dos níveis de lipídios totais, colesterol e triglicérides, no tratamento gastrointestinal e de pedra nos rins, como os danos no fígado e efeitos da embriaguez (VIZZOTTO, 2008). Recentemente, há indicativo de que o hibisco agir como antioxidante, antimutagênico, antitumoral e antileucêmico.

Alguns componentes antioxidantes foram encontrados no fruto de hibisco, como as antocianinas delfinidina 3-xilosilglucosídio, cianidina 3-xilosilglucosídio, cianidina 3-glicosídeo e a delfinidina 3-glicosídeo. A hibiscetina, sabdaretina, gossipetina, quercetina, ácido ascórbico - teores mais elevados que na laranja e manga, ácido protocateico e taninos, também foram identificados e sugeridos como possíveis substâncias responsáveis pelas atividades benéficas à saúde. O chá obtido a partir do fruto da flor contém polissacarídeos com boas quantidades, açúcares redutores, como a glicose e frutose, rico em cálcio, magnésio, niacina, riboflavina, ferro e vitaminas A e C, além de quantidade significativa de fibras alimentares.

Contém altos níveis de antioxidantes, como os flavonoides substâncias importantes para nosso organismo. Flavonoides, como as antocianinas responsáveis pela coloração do vinho, melancia, pitanga, e outras frutas. Esses antioxidantes ajudam nosso organismo a lutar contra os radicais livres, os quais podem causar danos às células de nosso corpo, levando a doenças crônicas, as cardiovasculares e o câncer. O chá de hibisco é livre de cafeína.

Para preparar chá de hibisco coloque numa chaleira um litro de água, seis hibiscos frescos sem sementes, três rodelas de maçã, um pau de canela, dois cravinhos. Leve para ferver por três minutos até o pigmento ser todo liberado - os frutos devem ficar esbranquiçados. Adoce e tome quente ou frio, em dietas de desintoxicação. Neste contexto, o trabalho explorado tem o objetivo de caracterizar os frutos da vinagreira quevem atraindo as indústrias de alimentos, bebidas e farmacêuticas, as quais começam a ter uma visão ampla do fruto, a possibilidade de exploração deste vegetal como alimento e corante natural, demonstrando grande potencial econômico.


REFERÊNCIAS

BARROS. M.S. Contribuicao ao estudo comparativo do valor nutritivo da folha e fruto do (Hibiscus Sabdariffa L.) Visando seu uso na alimentação humana. São Luis: UFMA, 1996. p 23-26. (Monografia- Curso de Farmácia) Universidade Federal do Maranhão- UFMA, São Luis- MA, 1996.

CORREA, M. P. Dicionário de plantas uteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura; 1931 p-96-98.

KUROZAWA, Chukichi. ABC do Globo Rural:Asdescrições de mais de 200 termos rurais, com explicações em texto e vídeoCapturado em: 20 Jan 2013.Online:disponivel na internet.

MAPA- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Hortaliças não-Convencionais. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Brasília: Mapa / ACS, 2010. 92 p.

MARTINS, M. A. S. Vinagreira (Hibiscus Sabdariffa L.) Uma riqueza pouco conhecida. São Luis, EMAPA, 1985.8 p.(Documentos, 6).

MORTON, J. F. Roselle (Hibiscus Sabdariffa L.)Em: frutos de climas quentes. Miami, 1987. FL. p. 281–286.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Marcia Veronica Santos Padilha

por Marcia Veronica Santos Padilha

Especialista em Vigilância Sanitária dos Alimentos, Graduada em Tecnologia de Alimentos e Técnica de Alimentos dos Produtos Agropecuários pela Universidade Estadual do Maranhão- UEMA. Pesquisadora e Colunista Oficial do Portal Educação na área de ensino do conhecimento com publicação de artigos. *Autora da obra: A cultura maranhense e sua Culinária típica da coleção 400 anos de São Luis- MA, publicado no ano de 2012 pela editora da Universidade Estadual do Maranhão- EDUEMA. Atuo na área de Tecnologia de Alimentos, Origem vegetal, pesquisa e produção cientifica. Email: m.santospadilha@yahoo.com.br.

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