Maconha, jararacas e má-fé

Contesta psiquiatras que são contra a utilização da maconha medicinal
Contesta psiquiatras que são contra a utilização da maconha medicinal

Medicina

15/06/2015

Em 22/11/2014, a página Opinião ZH, do Grupo RBS, de Porto Alegre, publicou o artigo “MACONHA MEDICINAL: VAMOS RECEITAR JARARACAS?”, onde o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos faz capcioso paralelo entre o canabidiol (CBD), derivado da maconha, com a bradicinina, encontrado no veneno de jararaca, usada como remédio para baixar a pressão arterial. Em 11/06/2015, requentada pelo psiquiatra Marcos Estevão S. Moura, no artigo “'POR QUE NÃO LIBERAR?”, publicado no Correio do Estado, de Campo Grande (MS), a polêmica comparação voltou à baila.


Defensores do retrógrado PLC 37/2013, do deputado federal Osmar Terra (PMDB/RS), que visa exacerbar, no Brasil, a fracassada Política de Guerra às Drogas Mundial, esses psiquiatras destilam mais veneno do que as jararacas de seus artigos. Senão, vejamos: no Brasil, segundo o artigo “Envenenamento Crotálico: epidemiologia, insuficiência renal aguda e outras manifestações clínicas”, publicado na Revista Eletrônica Pesquisa Médica, Vol. 2, nº 2, as Bothrops são responsáveis por 90,5% das picadas de cobras, à taxa de letalidade de 0,31%, com as notificações de 2005 contabilizando 185 MORTES; enquanto a maconha, em 10.000 anos, nunca matou ninguém!


Quanto à segurança da droga, não custa lembrar: overdose de água mata. Maconha, não!


No entanto, ao que parece, os citados psiquiatras não foram buscar inspiração na ciência, mas no fantasioso e aterrorizador artigo “Maconha – Assassina da Juventude”, escrito por Harry Jacob Anslinger, em sua CRUZADA CONTRA A MACONHA, em 1937: “O assassino foi um narcótico conhecido na América como maconha, e na História como haxixe. É um narcótico utilizado sob a forma de cigarros, relativamente novo para os Estados Unidos e tão perigoso quanto uma cascavel enrolada.” Apenas trocaram a cobra: sai cascavel; entra jararaca!


Por outro lado, o tratamento com MACONHA que vem sendo aplicado COM SUCESSO em crianças com raros casos de epilepsia infantil – onde todo o arsenal médico disponível fracassou –, segundo o “PROVINCIAL MEDICAL JOURNAL”, de Londres, já era utilizado pelo Dr. O’Shaughnessy, em 1843. Portanto, a referida comparação não passa de um embuste embasado em preconceito e ignorância, ou pior: em escusos interesses econômicos, uma vez que estamos diante de uma “novidade” conhecida pela Medicina há 172 anos!


No caso, vem a calhar as palavras do Dr. Elisaldo Carlini, farmacologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), estudioso do assunto há mais de 50 anos, na Conferência da 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): “Pura burocracia, preconceito e desinformação. (...) Não há mais empecilhos científicos para que a maconha seja liberada para fins de pesquisas e uso medicinal, mas há sempre a barreira social e política. As restrições que existem são mais de cunho ideológico e moralista e partem de pessoas que simplesmente não querem aceitar que a maconha não é a erva do diabo.”


Então, baseado nisso, vamos liberar e receitar a maconha!

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Ubirajara Ferreira Solano Ramos

por Ubirajara Ferreira Solano Ramos

Ubirajara [Ferreira Solano] Ramos (1949), nasceu e vive no Recife. Bacharel em Comunicação Social pela UNICAP, com Curso de Extensão em Auditoria Contábil pela UFPE, é Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, pesquisador independente e autor do livro TÁ TODO O MUNDO ENGANADO! - Sobre a Maconha e a Política de Guerra às Drogas Mundial.

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