26/01/2015
Introdução
Esta é a terceira parte dos relatos de casos clínicos. O objetivo desta produção é reunir casos clínicos em saúde e abordar cada caso de forma resumida, sendo que as publicações têm a sua própria particularidade. Ressaltando que os dados apresentados na revisão são incompletos. Isso permite despertar o interesse para a leitura dos respectivos artigos aqui abordados.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, que reúne três artigos selecionados na base de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online).
Caso 09: “Peritonite esclerosante encapsulante pós-diálise peritoneal”
Cestari et al. (2013) relataram o caso de um paciente de 52 anos, do sexo masculino, que portava somente um rim por conta de uma nefrectomia aos dois anos pela pielonefrite aguda. Quando tinha 40 anos, passou a apresentar sinais de deterioração da função renal, como também progressão para uma insuficiência renal terminal, a despeito de medidas do tipo clínico, sendo indicada a terapia de substituição renal com diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPAC). Com 7 anos de DPAC apresentou peritonite bacteriana espontânea (PBE). Em resumo, o peritôneo foi sendo substituído por tecido fibroso, gradualmente. Teve outras intercorrências após o começo da DP, como hiperparatireoidismo terciário e colelitíase. Depois de oito anos de DP, o paciente foi transferido para hemodiálise por conta da diminuição de ultrafiltração e casos de suboclusão intestinal. O diagnóstico foi de peritonite esclerosante encapsulante (PEE) e o paciente foi submetido a tratamento (corticoterapia), respondendo positivamente ao mesmo. Os autores afirmaram que “A ocorrência da PEE parece estar relacionada ao tempo de exposição do peritônio ao líquido dialítico” (p. 65).
Caso 10: “Insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia em organização secundária à terapia antineoplásica para linfoma não Hodgkin”
O caso apresentado por Santana et al. (2012) foi de um homem de 37 anos, admitido na UTI apresentando um quadro de tosse seca há 4 dias, com febre de 38,5°C e dispneia progressiva. Também estava em terapia para linfoma não Hodgkin. E insuficiência respiratória aguda hipoxêmica. TC de tórax mostrou opacidades pulmonares em aspecto predominante de “vidro fosco” bilaterais. Inicialmente, optou-se pela ventilação mecânica não invasiva e pela antibioticoterapia empírica de amplo espectro. No dia 2 de internação, teve piora da mecânica respiratória e de trocas gasosas. A melhora ocorreu no 6º dia e o paciente foi extubado após o teste de ventilação espontânea, voltando a piorar no 15º, apresentando também instabilidade hemodinâmica, quando a noradrenalina foi iniciada. Exames como urocultura, pesquisa de BAAR, hemocultura e cultura do lavado broncoalveolar foram negativos. Pelo fato de que o paciente fez uso de drogas para a pneumonia em organização (rituximabe, ciclofosfamida e doxorrubicina) e os seus quadros radiológico e clínico serem sugestivos, começou a pulsoterapia com metilprednisolona, apresentando boa resposta. A pneumonia em organização (PO) é também apresentada pelos autores como “uma doença que vem aumentando sua incidência nos últimos anos e pode evoluir ocasionalmente com insuficiência respiratória aguda” (p. 418). Apresenta quadro clínico semelhante ao PAC (pneumonia adquirida na comunidade), o que dificulta o diagnóstico. No entanto, uma avaliação criteriosa do histórico clínico, principalmente no que diz respeito à exposição a drogas que causem PO secundária pode contribuir à suspeita diagnóstica.
Caso 11: “Neurofibromatose tipo I”.
Moraes, Santos e Salomão (2013, p. 128) definiram a neurofibromatose tipo I como “uma doença autossômica dominante cujo diagnóstico presuntivo é feito com base em critérios clínicos”. As manifestações principais são: nódulos de Lisch, neurofibromas e manchas café com leite. Foi relatado o caso de um jovem de 16 anos, encaminhado pela pediatria ao serviço oftalmológico da Faculdade de Medicina do ABC sob a investigação de neurofibromatose tipo I. Negou sintomas oculares, antecedentes tipo obstétrico e do desenvolvimento psicomotor, e não apresentava antecedentes de patologia ocular prévia. No entanto, tinha histórico familiar positivo para a patologia. A inspeção geral permitiu observar manchas café com leite, encontradas no tronco e abdome. Foram observados não só os aspectos clínicos do paciente, mas também os exames de imagem, a exemplo da ressonância nuclear magnética (RNM) cranioencefálica, que apresentou uma massa com envolvimento das estruturas quiasma óptico e hipotálamo, e outros aspectos observados. Ressaltando que o acompanhamento do paciente continua nos setores de oftalmologia e neurologia (o artigo é de 2013). Os autores afirmaram que “O diagnóstico precoce da doença por meio de exame clínico, história familiar e exames de imagem mostraram-se indispensáveis para o acompanhamento terapêutico e controle das lesões” (p. 131).
Conclusões
O diagnóstico prévio é fundamental para que o tratamento possa apresentar melhores resultados. A realização de exames clínicos e laboratoriais é fundamental para a elucidação diagnóstica.
Referências
CESTARI, A.T. et al. Peritonite esclerosante encapsulante pós-diálise peritoneal. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 35, n. 1, p. 65-68, 2013.
MORAES, F.S.; SANTOS, W.E.M.; SALOMÃO, G.H. Neurofibromatose tipo I. Revista Brasileira de Oftalmologia, v. 72, n. 2, p. 128-131, 2013.
SANTANA, A.R. et al. Insuficiência respiratória aguda causada por pneumonia em organização secundária à terapia antineoplásica para linfoma não Hodgkin. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 24, n. 4, p. 415-419, 2012.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
As publicações neste portal correspondem ao período em que fui Estudante de Graduação em Biomedicina. Hoje, sou Bacharel em Biomedicina (2015) pela Faculdade Nobre de Feira de Santana (BA), Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela Fundação Visconde de Cairu (BA), Mestrando.
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