Verruga no pênis associada ao HPV

Saúde do homem: Fique atento!
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Medicina

19/12/2014

Em relação a uma doença associada à verruga no pênis, podemos discutir sobre o HPV. A infecção pelo HPV (papilomas vírus humano) tem sido considerada atualmente uma das infecções por via sexual mais frequente em todo o mundo, acometendo aproximadamente 30% da população sexualmente ativa. Muito se tem estudado a respeito do HPV em mulheres, entretanto poucos estudos de mesmo cunho têm sido realizados em homens. Na mulher, este vírus está associado à neoplasia intra-epitelial e ao câncer invasor do colo uterino, e no homem, ele representa um dos fatores de risco para o câncer de pênis.


O câncer de pênis é uma doença rara, sendo o carcinoma de células escamosas responsável por 95% dos casos de neoplasias malignas do pênis. Acomete, em geral, homens entre a quinta e a sexta década de vida.


Apesar de sua etiologia ser desconhecida, vários estudos indicam a associação entre o papilomavírus humano (HPV) e o carcinoma de células escamosas do pênis, principalmente em lesões com padrão basalóide ou verrucoso. Embora a associação entre HPV e a carcinogênese peniana ainda requeira elucidação, o vírus é potencialmente carcinogênico entre as mulheres, podendo ter alguma participação entre os homens. Com base nos achados dos estudos, conclui-se que o HPV demonstrou uma média de associação de 30,3% com o câncer peniano.


O vírus do papiloma pode ser responsável por vários problemas no corpo humano. Essas verrugas comuns que acometem as crianças, por exemplo, são provocadas por ele que também pode instalar-se nas cordas vocais e provocar o aparecimento de papilomas que causam um quadro de rouquidão progressiva exigindo, às vezes, intervenção cirúrgica para a sua retirada.


Do ponto de vista humano, porém, a doença mais importante provocada pelo papilomavírus são as infecções genitais, porque esse micro-organismo é transmitido predominantemente por via sexual. As características anatômicas dos órgãos sexuais masculinos permitem que as lesões sejam mais facilmente reconhecíveis. Nas mulheres, porém, elas podem espalhar-se por todo o trato genital e alcançar o colo do útero, uma vez que, na maior parte dos casos, só são diagnosticáveis por exames especializados.


Quando o papilomavírus entra em contato com o aparelho reprodutivo humano, as reações são diversas. A mais comum é a pessoa infectar-se e nunca desenvolver qualquer patologia, pois elimina o vírus espontaneamente. Em situações um pouco mais sérias, especialmente nas mulheres, o HPV pode provocar uma alteração discreta, perceptível apenas no exame de Papanicolaou, um teste de rotina para controle ginecológico. Se as alterações forem mais graves, as células atingidas pelo vírus começam a ficar bizarras indicando que não se trata de uma infecção simples. Alguns desses casos, felizmente muito poucos, acabam evoluindo para um comportamento mais agressivo. As células perdem os controles naturais sobre o processo de multiplicação, invadem os tecidos vizinhos, formando um tumor maligno: o câncer do colo do útero.


A principal forma de transmissão do vírus do HPV é pela via sexual. Para ocorrer o contágio, a pessoa infectada não precisa apresentar sintomas. Mas, quando a verruga é visível, o risco de transmissão é muito maior. O uso da camisinha durante a relação sexual geralmente impede a transmissão do HPV, que também pode ser transmitido para o bebê durante o parto.

A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis. No homem, é mais comum na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. Na mulher, os sintomas mais comuns do HPV surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. As lesões do HPV também podem aparecer na boca e na garganta. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas.


Foram desenvolvidas duas vacinas contra os tipos de HPV mais presentes no câncer de colo do útero: a vacina bivalente e a vacina quadrivalente. Essas vacinas, na verdade, previnem contra a infecção por HPV. Mas o real impacto da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas. Uma dessas vacinas é quadrivalente, ou seja, previne contra quatro tipos de HPV: o 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero, e o 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos de HPV 16 e 18.


É fundamental deixar claro que a adoção da vacina contra o HPV não substituirá a realização regular do exame de citologia, Papanicolau (preventivo). A vacina contra o HPV é mais uma estratégia possível para o enfrentamento do problema e um momento importante para avaliar se há existência de DST.


A vacina do HPV funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.


A duração da imunidade conferida pela vacina do HPV ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo, desde 2007. Até o momento, só se tem convicção de cinco anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer do colo do útero.




- Referências Bibliográficas:


DE CARVALHO, Newton Sergio et al. Associação entre HPV e câncer peniano: revisão da literatura. DST-Jornal brasileiro de doenças sexualmente transmissiveis, v. 19, n. 2, p. 92-5, 2007.


ARCOVERDE, Marcos AM; WALL, Marilene L. Assistência" prestada ao ser" masculino portado do HPV: contribuições de enfermagem. DST-Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis, p. 133-137, 2005.


MENDONÇA¹, Márcio L.; NETTO, Joaquim CA. Importância da infecção pelo papilomavírus humano em pacientes do sexo masculino. DST–J Bras Doenças Sex Transm, v. 17, n. 4, p. 306-310, 2005.


DE OLIVEIRA, José Martinez. Semiologia Ginecológica. 2011.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Rodrigo de Paiva Souza

por Rodrigo de Paiva Souza

.Acadêmico de Medicina da UFJF

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