Conduta médico no pré e pós-operatório e na administração de medicamentos

Acompanhamento do paciente na unidade de saúde e no hospital
Acompanhamento do paciente na unidade de saúde e no hospital

Medicina

01/08/2014

A avaliação pré-operatória tem como objetivo otimizar a condição clínica do paciente candidato a cirurgias com vistas a reduzir a morbidade e a mortalidade perioperatória. Esta avaliação requer a realização de anamnese, exame físico adequado e, quando necessário, exames complementares, sendo esses definidos a partir de dados sugestivos encontrados na história e no exame físico e, também, na necessidade de monitorizar condições clínicas específicas que possam sofrer alterações durante as cirurgias ou procedimentos associados.


A avaliação de exames, já realizados previamente, pode eliminar a necessidade de exames pré-operatórios adicionais, a menos que o estado clínico do paciente tenha mudado significativamente. Por exemplo: exames de laboratório e ECG realizados há até 3 meses e RX há até 6 meses, antes do procedimento cirúrgico, são válidos.


A avaliação pré-operatória inicia pela anamnese e pelo exame físico cuidadoso e orientado, avaliando: História da doença atual e de seu tratamento, tolerância ao exercício, última visita ao clínico, medicações em uso e história de alergia, história social (incluindo drogas ilícitas, álcool e tabaco– uso e cessação), qualquer condição de doença crônica, particularmente os aspectos cardiovasculares, pulmonares, hepáticos, renais, endócrinos e neurológicos, antecedentes anestésicos e cirúrgicos (importando: complicações, dor, náuseas e vômitos, sangramentos, transfusão, febre, reações adversas, tempo de internação, terapia intensiva), sangramentos e cicatrização, via aérea – Condições de intubação. História anestésica familiar – complicações. Acesso venoso, pulsos, local das punções. Exames laboratoriais e necessidade de consultoria.


Os protocolos para prevenção de infecção através de antibióticos com uso profilático objetivam diminuir a morbidade e mortalidade associada com infecção de sítio cirúrgico, bem como a seleção adequada e o momento de administração desses antibióticos. De 2% a 5% dos pacientes submetidos a cirurgias limpas extra-abdominais e até 20% das cirurgias abdominais desenvolvem infecção de ferida operatória. A antibioticoterapia profilática deve ser baseada na avaliação dos benefícios em relação aos possíveis efeitos adversos. A utilização inadequada do antibiótico profilático eleva o índice de infecção, implica um custo desnecessário e pode produzir ou piorar os efeitos da resistência bacteriana. A antibioticoprofilaxia tem como finalidade prevenir a infecção da ferida operatória.


Na prática é usada em cirurgias limpo-contaminadas e naquelas com emprego de próteses. Há estudos demonstrando menores taxas de infecção em cirurgias gastrointestinais, biliares ou colônicas quando o antibiótico é administrado no período de no máximo uma hora antes da incisão cirúrgica, sendo habitualmente indicado no momento da indução anestésica. Estudos mostraram que a administração da primeira dose de antibiótico no pós-operatório resultou em taxas de infecção iguais àquelas de pacientes que não receberam antibióticos.

Por fim, a fase pós-operatória compreende o período existente após a realização do procedimento anestésico-cirúrgico e se divide em três etapas: Recuperação Anestésica (RA), que vai desde a chegada do paciente até sua alta para a unidade de origem; pós-operatório imediato, que vai desde a alta do paciente da RA até as primeiras 48 horas; pós-operatório tardio, que se inicia à partir de 48 horas após a cirurgia até a alta do paciente. Todos os períodos citados variam bastante quanto ao tempo de permanência, dependendo da complexidade do procedimento cirúrgico realizado. O desenvolvimento e a aplicação da cirurgia minimamente invasiva possibilita, dentre outras vantagens, uma rápida recuperação funcional e consequente encurtamento do tempo de hospitalização.


As infecções representam as complicações mais frequentes do período pós-operatório, sendo responsáveis por elevada mortalidade dos pacientes submetidos à cirurgias. A adoção de medidas preventivas que preconizam o uso adequado e as indicações dos antibióticos profiláticos é imprescindível para minimizar a problemática gerada pela infecção hospitalar. Os analgésicos evitam desconfortos e dores que surgem logo após a diminuição do efeito da anestesia. E os antibióticos diminuem os riscos de infecções que normalmente surgem após tratamentos cirúrgicos.



Referências Bibliográficas:

DE OLIVEIRA FERNANDES, Eduardo et al. Avaliação pré-operatória e cuidados em cirurgia eletiva: recomendações baseadas em evidências.Revista da AMRIGS, v. 54, n. 2, p. 240-258, 2010.


DE SOUSA, Maesterli Silva et al. Indicações e Tempo de Permanência em Internação Pós-Cirúrgica em um Hospital Público da Cidade de São Paulo-SP.Revista de Gestão em Sistemas de Saúde ISSN: 2316-3712, v. 1, n. 1, p. 108-115, 2012.

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Rodrigo de Paiva Souza

por Rodrigo de Paiva Souza

.Acadêmico de Medicina da UFJF

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