24/02/2014
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno psiquiátrico que afeta 3-5% das crianças em idade escolar. Esta patologia, geralmente é caracterizada principalmente pela impulsividade, desatenção e hiperatividade(1). Envolve o desenvolvimento do autocontrole, sendo marcada por déficits referentes ao período de atenção, ao manejo dos impulsos e ao nível de atividade. ² Caracterizada pela dificuldade do paciente em manter atenção, devido a uma agitação e inquietude.² De origem biológica marcada pela hereditariedade manifesta-se antes dos sete anos de idade. Durante algum tempo, acreditou-se que os sintomas desapareciam com a idade. Entretanto, existem evidências indicando que 30 a 60% dos indivíduos continuam a apresentar sintomas significativos na vida adulta.³
O diagnóstico do TDAH é formulado mediante o desenvolvimento de sintomas de impulsividade inadequada, desatenção e inquietação motora, que são perceptíveis antes dos 7 anos de idade, e persistente ao longo da adolescência e idade adulta. Métodos de imagem demonstraram anormalidades estruturais localizadas em algumas regiões do cérebro e redes neuronais associadas com a cognição e comportamento, consistente com o quadro clínico de TDAH, contudo os estudos feitos através de imagens contribuíram apenas para validar a doença como um distúrbio neurológico, um quadro conceitual evidenciando os sistemas neuronais afetados por este distúrbio ainda está faltando. 4
Cerca de 80% dos indivíduos com diagnóstico de TDAH apresentam sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade e impulsividade (Rappley, 2005). Entretanto, para alguns há um predomínio de um sintoma em relação ao outro, e o subtipo apropriado deve ser indicado quando o diagnóstico é realizado, com base no padrão sintomático predominante nos últimos seis meses. No Tipo Combinado estão presentes tanto critérios de desatenção quanto de hiperatividade e impulsividade. No Tipo Predominantemente Desatento, estão presentes principalmente critérios de desatenção e no Tipo Predominantemente Hiperativo principalmente critérios de hiperatividade.5
Durante a pré-escola, a criança com TDAH pode não se diferenciar dos colegas, uma vez que o baixo nível de atenção concentrada, agitação motora e impulsividade são comuns nesta faixa etária. No início do ensino fundamental, entretanto, a criança com TDAH começa a ser vista como diferente das demais e os problemas começam a aparecer com maior intensidade. Além disso, problemas durante passeios aos shoppings, supermercados ou em visitas a familiares, começam também a ficar evidentes (Harpin, 2005). Um diagnóstico adequado do problema é imprescindível para que um melhor tratamento possa ser indicado.³
Essas dificuldades influenciam muito no processo pedagógico, pois o aluno se comporta de maneira impulsiva e hiperativa e estes são comportamentos inadequados nas diversas atividades escolares. O despreparo dos docentes para lidar com este tipo de situação também contribui para o déficit de aprendizagem.²
Os tratamentos comprovadamente eficazes para o manejo do TDAH, além da farmacoterapia, incluem treino de pais em manejo de contingências, aplicação do manejo de contingências em sala de aula e uma combinação destas estratégias. É importante ressaltar que nenhum destes tratamentos promove a cura do TDAH, mas sim uma redução temporária dos sintomas e das dificuldades associadas ao problema. 7
Referências:
1- REIS, M. G. F.; CAMARGO, D. M. P. Práticas escolares e desempenho acadêmico de alunos com TDAH. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), v. 12, Janeiro/Junho 2008.
2- GRAEFF, R. L.; VAZ, C. E. Personalidade de Crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) por Meio do Rorschach. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 22, nº 3, p. 269-276, Set-Dez 2006.
3- ROSEMEIRE, C. S. D.; MIYAZAKI, M. C. O. S. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH): Orientações para a família. Psicol. Esc. Educ., Campinas, v.11, nº 1, jan./jun. 2007.
4- MAKRIS, N. et al. Towards conceptualizing a neural systems-based anatomy of attention-deficit/hyperactivity disorder. Developmental Neuroscience, Switzerland, v. 31, p. 36-49, abr. 2009.
5- KEBIR, O.; TABBANE, K.; JOOBER, R. Candidate genes and neuropsychological phenotypes in children with ADHD: review of association studies. Journal Of Psychiatry & Neuroscience: JPN, Estados Unidos, v. 34, nº 2, p. 88-101, dez. 2011.
6- BANASCHEWSKI, T. et al. Molecular genetics of attention-deficit/hyperactivity disorder: an overview. European Child & Adolescent Psychiatry, Germany, p. 237-57, fev. 2010.
7- BIEDERMAN, J.; FARAONE, S, V. Attention-deficit hyperactivity disorder. Lancet, England, p. 237-48. 22, jun. 2005.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
Graduando em Medicina pela Faculdade de Medicina de Barbacena FAME-FUNJOB. Monitor Introdução a Prática Medica 2012-2012 Técnica Cirúrgica 2011-2012,Iniciação Científica I 2012-2012 e Iniciação Científica II 2012-2012 da Faculdade de Medicina de Barbacena. Membro integrante e efetivo da Liga Acadêmica de Psiquiatria LAPSI-FAME 2010-2013. http://lattes.cnpq.br/4147348357058748
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