É normal a pessoa não possuir apetite após essas cirurgias
Medicina
19/02/2014
A porção proximal do intestino identifica os nutrientes e libera vários hormônios e substâncias que contribuem para a saciedade, como a colecistocinina. Porém, as substâncias mais com ação mais efetiva na indução da saciedade são produzidas principalmente em sua porção distal. Exemplos destas substâncias são o GLP-1 a OXM e PYY, os quais são hormônios intestinais produzidos por células que se localizam no intestino distal.
Esses hormônios são responsáveis pela indução do término de uma refeição. Atuam reduzindo o esvaziamento gástrico e a velocidade do trânsito intestinal, a secreção de ácido, provocam maior produção e secreção da insulina, proporcionando uma intensa sensação de saciedade ao aturem na região do hipotálamo responsável pelo controle do apetite.
O GLP-1 e o PYY também contraem o piloro, esfíncter que controla a passagem do alimento do estômago para o intestino, e favorecem a distensão gástrica. Desta forma, quando se ingere uma quantidade satisfatória de nutrientes, capaz de percorrer todo o trato gastrointestinal, chegando ao intestino distal, irá apresentar sinais de distensão estomacal, reduzidas concentrações de grelina e elevadas concentrações de hormônios do intestino proximal e distal (GLP-1 a OXM e PYY) que induzem a saciedade. Esta complexa rede de ações, é responsável por uma sensação de saciedade completa.
A importância fisiológica do GLP-1 vai além da sua importante ação de ativar a ação da insulina. O GLP-1 é também responsável pela manutenção da integridade das células beta. Além disso, a sua deficiência crônica e a favorece o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Diante o exposto, pode-se concluir que a identificação de nutrientes nas porções distais do intestino é crucial para indução efetiva da saciedade.
Estudos mostram que indivíduos com obesidade possuem uma secreção diminuída de hormônios produzidos pelo intestino distal, em especial o GLP-1 e o PYY. Como são hormônios extremamente importantes para induzirem término de uma refeição, imagina-se o resultado desta resposta atenuada:
- o piloro demora a fechar;
- o trânsito intestinal não se reduz;
- o esvaziamento gástrico é mantido;
- os sinais de distensão do estômago chegam atrasados;
- há redução da resposta insulínica.
Desta forma a sensação de saciedade demora muito para acontecer ou pode mesmo, nunca ocorrer. A causa desta redução na produção destes hormônios está na qualidade da dieta, facilmente digerida, não permitindo a chegada do alimento nas porções mais distais do intestino e não havendo secreção dos hormônios da saciedade.
A dieta ocidental caracteriza-se pela presença de nutrientes de rápida absorção, incluindo elevada presença de açúcar e a farinha de trigo refinados quantidade cada vez mais baixa de fibras. Esta refeição “pré-digerida” e de fácil absorção, pode ser absorvida de forma eficaz nas porções iniciais do intestino. Assim, os nutrientes não chegam ao intestino distal. Este tipo de alimentação causa picos de absorção de nutrientes e consequentemente um intestino distal sem nutriente, vazio. Nesta situação, a secreção de hormônios produzido na região distal não acontece.
Então, conclui-se que os obesos apresentam secreção reduzida de GLP-1 e PYY e que poderiam produzir esses hormônios em quantidade adequada caso os nutrientes alcançassem o intestino distal. De fato, obesos e com diabetes tipo 2 possuem diminuída secreção de GLP-1 e aqueles que apresentam secreção, após refeição, diminuída de PYY, são resistentes a sua ação anorexígena.
Algumas cirurgias bariátricas que retiram uma porção do intestino, geralmente o inicial, enviando os nutrientes diretamente para o intestino distal reestabelecem a secreção normal de GLP-1. Estudos mostram que os nutrientes introduzidos diretamente no íleo (porção distal), sendo eles carboidrato ou gordura, elevam a secreção de GLP-1 no sangue. Portanto, os obesos voltam a produzir os hormônios do intestino distal responsáveis pela saciedade normalmente. Como o GLP-1 é também importante para a adequada resposta da insulina, pacientes.
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por Colunista Portal - Saúde
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