É imprescindível que haja uma atenção especial para a amebíase
Medicina
10/01/2014
Introdução
A amebíase leva milhares de pessoas ao óbito por ano, superada apenas pela malária em relação às mortes por protozoários, segundo Andrade et al (2010). Entretanto, grande parte dos casos costuma ser assintomáticos. Destacam-se duas espécies: “Entamoeba histolytica” e “Entamoeba dispar”, sendo que a primeira é mais evidenciada. A nível intestinal, a doença é basicamente caracterizada pela presença de úlceras no cólon, sigmoide e reto, decorrendo da migração dos trofozoítos.
Esta produção tem como objetivo apresentar os principais aspectos que se encontram em torno da amebíase, destacando o parasito, a evolução, os aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da patologia supracitada.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura composta por uma seleção de dois artigos apresentados resumidamente nesta referida produção.
Amebíase
- Do parasito à virulência
Destaca-se aqui a espécie “Entamoeba histolytica”, pertencente à família Entamoebidae, integrando o grupo das Entamoebas. Encontra-se amplamente distribuída em todo o mundo, prevalecendo nas zonas tropicais e subtropicais do globo, principalmente nas regiões com más condições de saneamento básico, exemplificando a população tida como de baixa renda.
Seu ciclo biológico é composto de dois estágios bem definidos: trofozoítos e cistos. Na primeira forma, também conhecida como vegetativa, mede entre 10 e 60 μm., com forma ameboide, núcleo com cariossoma central e cromatina periférica, sendo que seus pseudópodos podem ser visualizados na microscopia eletrônica de varredura, além da grande quantidade de vesículas e vacúolos de diversos tamanhos, conforme Cordeiro e Macedo (2007). Já na forma cística, possui de 10 a 20 μm de diâmetro, com parede rígida e resistente (por causa da quitina e das glicoproteínas), um a quatro núcleos, corpos cromatóides e vacúolos de glicogênio no citoplasma, que vão desaparecendo com o amadurecimento.
A transmissão dessa doença ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados, que contenham o referido parasito, além de contato do tipo fecal-oral. O desencistamento acontece no intestino delgado, ocorrendo a liberação de trofozoítos ao intestino grosso, que se multiplica binariamente e encistam, liberando novos cistos nas fezes.
Fatores do hospedeiro, do parasito, como também do microambiente influenciam em sua virulência.
- Aspectos Clínicos
De um lado existem as formas assintomáticas, mas, de outro, a forma invasiva intestinal, esta caracterizada por disenteria, colite, apendicite, megacólon, peritonite, abscesso hepático, abscesso pleuropulmonar, lesões oculares e genitais, de acordo com a pesquisa de Cordeiro e Macedo (2007). A doença inicia quando os trofozoítos aderem às células epiteliais do cólon, que perdem suas funções e estruturas. Diversos fatores estão relacionados nesse processo, em que o parasito invade e danifica o tecido. A resposta do hospedeiro à infecção é um fator muito importante, visto que pode ocorrer inflamação, desenvolvimento de colite amebiana (que pode estar acompanhada com diarreia sanguinolenta profusa, febre, leucocitose, dor abdominal frequente com sinais peritoneais e extenso comprometimento do cólon), abscesso amebiano.
O uso de diabetes e álcool podem interferir, além das situações de gravidez, indivíduos imunocomprometidos e pacientes que receberam corticoides, considerados como grupos de alto risco à doença fulminante. A forma invasiva que causa mais mortes é a amebíase hepática, ressaltando que outros sistemas podem ser acometidos pela doença, como o trato respiratório, o sistema urinário, genital, região perianal, pele e, inclusive, osso (lembrando que há casos raros).
- Diagnóstico
A microscopia de amostra de fezes e da mucosa do cólon de pacientes com diarreia é fundamental para o diagnóstico, contudo, a habilidade técnica é um fator primordial neste processo. O mercado também disponibiliza testes de ELISA, que ajudam na distinção das espécies de amebas, como também a PCR. A sorologia e o ultrassom contribuem significativamente ao diagnóstico de abscessos hepáticos amebianos.
Conforme Andrade et al (2010), em sua abordagem terapêutica das parasitoses intestinais, o tratamento tem sido realizado com os derivados nitroimidazólicos: metronidazol, tinidazol ou secnidazol. Dentre eles, o mais utilizado é o metronidazol, principalmente por ser de baixo custo, integrando a cesta básica de medicamentos do SUS – Sistema Único de Saúde. Geralmente podem apresentar como efeitos colaterais: vertigem, náuseas, cefaleia, gosto metálico.
Conclusão
É imprescindível que haja uma atenção especial para a amebíase, com o objetivo de combatê-la, pondo em pratica, assim, uma prevenção cada vez mais eficaz, e consequentemente diminuindo o número de mortes ocasionadas pela referida parasitose. Também pode ser recomendada a execução de estudos que visem conhecer a virulência, os aspectos enzimáticos e a interação com outros microorganismos, como Cordeiro e Macedo (2007) ressaltaram, aprimorar o tratamento, além de desenvolver uma vacina específica para combater essa parasitose, o que traria melhorias em sua aplicação no sistema de saúde.
Referências
ANDRADE, Elisabeth Campos de et al. Parasitoses intestinais: uma revisão sobre seus aspectos sociais, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos. Rev. APS, Juiz de Fora, 13(2), p. 231-240, abr./jun. 2010.
CORDEIRO, Thiago Guimarães Pires; MACEDO, Heloisa Werneck de. Amebíase. Revista de Patologia Tropical, 36(2), p. 119-128, mai./ago., 2007.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Samuel José Amaral de Jesus
As publicações neste portal correspondem ao período em que fui Estudante de Graduação em Biomedicina.
Hoje, sou Bacharel em Biomedicina (2015) pela Faculdade Nobre de Feira de Santana (BA), Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela Fundação Visconde de Cairu (BA), Mestrando.
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