O tratamento é de fundamental importância para o combate de qualquer doença
Medicina
07/01/2014
Introdução
O presente artigo se refere a uma continuação da primeira parte dos relatos de casos clínicos. Esta segunda parte apresenta um conjunto de quatro situações (acontecimentos) que ocorreram com determinados pacientes, diferentes das situações e patologias anteriormente apresentadas, sendo aqui relatadas pela sua singularidade ou raridade. Podem incluir mais uma vez o curso da enfermidade, os meios e a conclusão diagnóstica, como também o tratamento realizado e a própria evolução do enfermo, podendo novamente servir de base para outros estudos que possam vir a ser realizados.
Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura, de temática aberta, composta por uma seleção de artigos do tipo relato de caso, apresentados de forma resumida nesta referida produção, assim como foi aplicado no artigo anterior a este.
Caso 05: Insuficiência renal aguda por picada de abelhas
As abelhas africanizadas (da hibridização de abelhas africanas com as europeias) se caracterizam por serem agressivas e atacarem o indivíduo em enxame, o que pode causar não só anafilaxia e/ou a morte do sujeito, mas também insuficiência renal aguda (IRA). Esta insuficiência se baseia na deterioração renal que pode resultar em sua falência de sua propriedade excretora (produtos nitrogenados) e manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico. Neste processo, os autores também apresentaram a ocorrência de uma síndrome conhecida como rabdomiólise, esta caracterizada por lesão extensa, a nível muscular, liberando diversas substâncias intracelulares na circulação, seja por trauma muscular, mal convulsivo, exercício físico extenuante, entre outras causas, incluindo os ataques das abelhas africanizadas. Daher et al. (2009) apresentam dois casos. No primeiro, um paciente de 54 anos, do sexo masculino, agricultor, havia levado múltiplas picadas de abelhas três dias antes do internamento e, com muitas lesões, evoluiu com mioglobinúria para anúria. Continuou assim mesmo tentado com estímulo furosemida 100mg, realizou várias sessões de hemodiálise, persistindo a anúria mesmo com melhora do edema e dos níveis pressóricos. No 13º dia de internamento, o mesmo recebeu alta, realizando a hemodiálise três vezes por semana e, após 40 dias da admissão, o tratamento dialítico foi suspenso por conta do aumento progressivo do débito urinário e recuperação da função renal. Já no segundo caso, por sua vez, também com um agricultor, este de 61 anos, chegou com edema generalizado e anúria há um dia, relatando ter sido atacado por abelhas oito dias antes, com múltiplas picadas (face, membros superiores e tronco). Mesmo usando altas doses de furosemida, evoluiu dispneico e oligúrico (3º DIH), passando a realizar hemodiálise, surgiram pústulas nos locais das picadas, iniciando vancomicina e ceftazidima. Contudo, o caso se agravou e veio a obtido no 8º DIH. Essa insuficiência por ataque de abelhas, segundo os autores, decorre de mecanismos tóxicos-isquêmicos com choque hipovolêmico e anafilático associados à lesão tubular por pigmentos, seja por lesão muscular (mioglobinúria), hemólise (hemoglobinúria) e/ou necrose tubular aguda por efeito tóxico direto do veneno. A rabdomiólise contribuiu ao desenvolvimento da insuficiência renal aguda. Ressalta-se que os exames mostraram que ambos os pacientes apresentavam baixos níveis de hemoglobina e hematócrito, com elevação da desidrogenase láctica (DHL). A hemodiálise auxilia na depuração eficiente de produtos tóxicos. Foi concluído que a IRA com rabdomiólise induzida, em casos de picadas por abelhas africanizadas, deve ser tratada precocemente e de forma agressiva.
Caso 06: Intoxicação por carambola (em insuficiência renal crônica)
A insuficiência renal crônica apresenta alta morbidade e mortalidade, com causas que incluem a glomerulonefrite, a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Fatores como idade e, inclusive, comorbidades associadas, podem influenciar nesse processo. A carambola, de origem asiática e bastante difundida em grande parte dos países tropicais, apresenta, conforme certas pesquisas, como contendo uma neurotoxina capaz de causar alterações neurológicas em pacientes com histórico de nefropatia crônica, que vão de soluços e confusão mental até convulsões e morte. O caso apresentado por Moreira et al (2010) é de um paciente nefropata crônico, de 56 anos de idade, que apresentou uma série de sintomas após ingerir a referida fruta (mal-estar, cefaleia, náuseas e vômitos), além de convulsões e consequentemente o óbito, mesmo tendo sido realizada a hemodiálise convencional. Os mesmos destacaram a dificuldade em explicar a causa fundamental da intoxicação, como também a veracidade dos sintomas apresentados e as dúvidas que permeiam a questão do tratamento. Foi recomendado o alerta aos pacientes com nefropatia crônica que não venham a ingerir a carambola, cabendo à equipe multiprofissional de saúde essa orientação. Caso 07: Lesão renal aguda (linfoma não Hodgkin)
A lesão renal aguda (LRA) pode estar associada aos casos de doença linfoproliferativa (10 a 30%), ou seja, os diferentes tipos de linfoma podem resultar no acometimento dos rins, seja em função do efeito direto do tumor, manifestações extrarrenais ou envolvimento renal primário pelo tumor (este mais raro). O caso de LRA apresentado por Nascimento e Honorato (2011) ocorreu por causa da infiltração de células tumorais em parênquima renal, sendo que a paciente, de 37 anos, mostrou-se com LRA secundária linfoma não Hodgkin (LNH), destacando que evoluiu para anasarca e oligúria, além de apresentar hematúria, hipertensão arterial e anemia de doença crônica. A histologia indicou achados morfológicos de infiltração por LNH de grandes células A biópsia renal percutânea possibilitou o diagnóstico, o qual destacou a infiltração dos rins através da neoplasia. A tomografia de tórax apresentou nódulos pulmonares de origem inespecífica e atelectasias no pulmão direito; no abdome, linfonodos na cadeia ilíaca esquerda. Mesmo iniciado a quimioterapia com esquema Chop, evoluiu com sepse foco abdominal, havendo piora hemodinâmica e óbito após oito dias. Foi destacada a importância do diagnóstico e da execução do tratamento adequado, em tempo hábil.
Caso 08: Eosinofilia (giardíase e alergia à proteína do leite de vaca)
Casos de giardíase podem ocasionar eosinofilia no hospedeiro, além do risco de alergia alimentar, especialmente em crianças. Aguiar, Saraiva, Pontes e Coelho (2011) expuseram em seu artigo um caso que ocorreu em um recém-nascido prétermo do sexo masculino, com prematuridade de 33 semanas e quatro dias, que apresentou eosinofilia persistente, além de vômitos e distensão abdominal, estes últimos que ocorriam constantemente com a ingestão fórmula láctea não hidrolisada. Foi detectada a intolerância à proteína do leite de vaca (RAST positivo, grau II/III) A técnica PCR foi positiva na detecção de giárdia nas fezes, sendo dado início ao tratamento com metronidazol, por sete dias, o qual normalizou progressivamente o número de eosinófilos séricos, indicando uma boa evolução clínica. Não foi encontrada evidência de transmissão vertical (mãe para feto) do parasito, sendo sugerida a possibilidade de infecção precoce após o parto. Os autores reforçaram a importância do aleitamento materno no combate às parasitoses intestinais na criança pequena.
Conclusão
Todos os casos apresentaram patologias distintas, porém, alguns apresentaram ocorrências raras. Em comum, as três primeiras produções aqui relatadas apresentaram doenças relacionadas com o funcionamento dos rins, enquanto a última relatou a eosinofilia que levou a dois diagnósticos distintos, como foi apresentado anteriormente. De modo geral, foi possível constatar mais uma vez que o tratamento é de fundamental importância para o combate de qualquer doença, principalmente pelo fato de que o mesmo auxilia a prolongar a vida dos pacientes, em especial aqueles tidos como de risco. Com certeza, os casos aqui apresentados poderão servir de base para muitos outros estudos sobre as enfermidades aqui referidas.
Referências
DAHER, Elizabeth de Francesco et al. Insuficiência renal aguda por picada de abelhas: relato de casos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 42(2), p. 209-212, mar.-abr., 2009.
MOREIRA, Fábio Gonzaga et al. Intoxicação por carambola em paciente com insuficiência renal crônica: relato de caso. Rev Bras Ter Intensiva. 22(4), p. 395-398, 2010.
NASCIMENTO, Sueli Oliveira; HONORATO, Priscila Rosal. Lesão renal aguda como manifestação inicial de Linfoma Não Hodgkin. Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas. 10(1-2), p. 91-94, 2011.
AGUIAR, Ana; SARAIVA, Sílvia; PONTES, Margarida; COELHO, Elisabete. Eosinofilia em recém-nascido – um caso de giardíase e alergia à proteína do leite de vaca. Acta Med Port. 24(3), p.463-466, 2011.
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Samuel José Amaral de Jesus
As publicações neste portal correspondem ao período em que fui Estudante de Graduação em Biomedicina.
Hoje, sou Bacharel em Biomedicina (2015) pela Faculdade Nobre de Feira de Santana (BA), Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior pela Fundação Visconde de Cairu (BA), Mestrando.
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