Características da coinfecção HIV / Mycobacterium tuberculosis no Brasil

A coinfecção HIV / tuberculose tem alto índice de mortalidade
A coinfecção HIV / tuberculose tem alto índice de mortalidade

Medicina

01/03/2013

A alta prevalência do HIV em determinadas áreas, faz com que a tuberculose tenha sua profilaxia e tratamento extremamente dificultados. Ações voltadas à prevenção e tratamento do HIV/AIDS devem ser otimizadas para que o controle da tuberculose seja efetivamente realizado .

No Brasil, único país da América Latina incluído na lista das 22 nações responsáveis por cerca de 80% do total de tuberculose do mundo era almejado que até 2010 as taxas de detecção da tuberculose alcançassem 90% , as de cura para 85 % e que o abandono ao tratamento ficasse no máximo em 5%. As regiões com maior incidência de tuberculose no país são o Norte, Nordeste e Sudeste.

Pouco mais da metade dos casos da doença no Brasil apresentam a forma pulmonar (cerca de 53%), com cerca de 5.500 morte/ano , sendo a principal causa de morte dos paciente com AIDS. Cerca de 8% dos pacientes com tuberculose apresentam AIDS. Em relação às demais regiões o Sul do país é onde se concentram as menores taxas de coinfecção, porém com destaque negativo para Santa Catarina aonde esta chega a 20,3% superando a proporção nacional de 15,0% 30.

Um estudo da OMS em 2005 destacava que a taxa de cura no Brasil estaria próximo a 81% , sendo a nona pior entre todos os países analisados . A pandemia e evolução da AIDS influenciaram negativamente na epidemiologia da tuberculose pelo fato do HIV comprometer o sistema imunológico favorecendo a multiplicação do Mycobacterium ou sua reativação nos casos latentes.

A faixa etária mais atingida pela coinfecção é a de 19 a 65 anos , dado este em acordo com vários estudos realizados no país. Desde o inicio da década de 90 estudos de diversas partes do Brasil descreveram a coinfecção relatando seu perfil com maiores prevalência e incidência de indivíduos do sexo masculino.

Em estudo realizado por pesquisadores da USP observou-se que 75,4% dos coinfectados eram homens. Este maior número de casos ocorre também quando analisados isoladamente tuberculose e HIV. Poucos indivíduos menores de 15 anos foram acometidos, o que pode ser justificado em parte pela eficiência da vigilância do Programa Municipal DST/AIDS na transmissão vertical do HIV e a cobertura da vacina BCG.

As taxas da coinfecção, assim como os dados referentes à infecção somente pelo HIV ou pela tuberculose apesar de manter-se em alta em indivíduos do sexo masculino sofre tendência a feminilização, podendo sofrer alterações em decorrência das transformações ocorridas na epidemia de AIDS nos últimos anos.

O nível de escolaridade dos acometidos pelo HIV é muito baixo ,girando em torno da 4ª série do ensino fundamental (analfabetismo funcional) muito em decorrência dos altos índices de evasão escolar .O fator escolaridade reflete diretamente na predominância da coinfecção nestes indivíduos devido à diminuição do autocuidado e da maior dificuldade no acesso aos serviços de saúde .

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Leandro Reis

por Leandro Reis

Bacharel e licenciado em Ciências biológicas com especialização em Ciências do laboratório clínico e diagnóstico "in vitro". Atualmente lecionando para diversos segmentos do ensino em rede pública e privada do Rio de Janeiro. Possui experiência em Saúde Pública tendo atuado junto a Escola Nacional de Saúde Pública ( ENSP/ FIOCRUZ) com a análise de matrizes biológicas e pesticidas dentre outros.

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