Vírus Epstein-Barr - EBV

A infecção pelo EBV é restrita a humanos e alguns primatas não-humanos
A infecção pelo EBV é restrita a humanos e alguns primatas não-humanos

Medicina

19/02/2013

A descrição do vírus Epstein-Barr (EBV) ocorreu a partir de um estudo para a possível verificação da etiologia do linfoma de Burkitt (LB) em várias tribos de diferentes regiões da África subsaariana, quando Denis Burkitt, um cirurgião inglês, observou em duas crianças a presença de tumores de aspecto multifocal nos maxilares. Burkitt coletou células do linfoma e enviou a Anthony Epstein, que estabeleceu em laboratório linhagens derivadas das células do LB, que analisadas ao microscópio eletrônico revelavam partículas virais semelhantes às dos herpesvírus. O vírus Epstein-Barr é um vírus biológica e antigenicamente diferente dos outros tipos de vírus da família Herpesviridae. A infecção pelo EBV é restrita a humanos e alguns primatas não-humanos. O EBV foi o classificado como o primeiro vírus candidato a induzir a formação neoplásica, devido ao seu potencial oncogênico.

Classificação e Morfologia

O EBV foi descrito como pertencente ao grupo do herpesvírus e está classificado na família Herpesviridae, subfamília Gamaherpesvirinae, gênero Lymphocryptovirus; também é denominado herpesvírus humano tipo 4 (HHV-4). A partícula viral consiste em um core contendo o genoma de DNA de fita dupla linear, composto de aproximadamente 100 genes. Durante a replicação viral, as proteínas codificadas pelo vírus participam da regulação da expressão dos genes virais, na replicação do DNA, na formação dos componentes estruturais do vírion e na modulação da resposta imunológica. O core é circundado por um capsídeo icosaédrico com 162 capsômeros, um tegumento composto de proteínas circundando o capsídeo e um envelope contendo espículas glicoproteicas.

Patogênese

A infecção humana por EBV geralmente ocorre pelo contato direto com secreções orais. Contudo, a transmissão entre crianças também pode ocorrer em idades precoces devido ao contato oral com utensílios contaminados. Os indivíduos infectados por EBV podem eliminar o vírus na saliva durante a reativação mesmo não apresentando sintomas.

Infecção Latente

A infecção primária resulta em posterior infecção latente, que é caracterizada pela abundante produção de pequenos filamentos de RNA transcritos pelo EBV, por antígenos nucleares e proteínas latentes da membrana. A infecção latente pode tornar-se ativa e é marcada pela expressão da proteína transativadora do EBV. O estado de latência é aquele no qual o vírus estabelece uma infecção persistente não-produtiva no organismo do hospedeiro. Durante essa fase, o genoma viral intacto reside no interior da célula infectada, porém a maioria dos genes não é expressa. No estado latente, o genoma viral encontra-se no formato epissomal, sem a produção de novas progênies virais.


Manifestações Clínicas

Cânceres associados ao EBV


O carcinoma de nasofaringe (CN) constitui-se num câncer relativamente raro, representando um total de 0.25% das neoplasias malignas na América do Norte. No entanto, possui alta incidência entre os asiáticos, representando cerca de 18% de todos os cânceres na China. Também é prevalente no nordeste africano e entre os esquimós do Alasca. Foi observado que o genoma do EBV está presente nas células epiteliais transformadas e em lesões displásicas pré-invasivas ou em carcinomas in situ, porém não em linfócitos presentes no tumor, o que demonstra que a infecção pelo EBV precede o desenvolvimento de tumores invasivos. Em relação à faixa etária, o CN acomete com mais frequência indivíduos entre 35 e 50 anos de idade, com presença mais comum em homens do que em mulheres.

As manifestações clínicas do CN dependem da localização, do tamanho e do percurso de disseminação gerado por esses tumores, e as lesões de menor tamanho são assintomáticas. Porém, os pacientes podem apresentar otite, cefaleia, obstrução nasal, epistaxe, dor de garganta, sensação de ouvido tampado e trismo, o que estará relacionado com o grau de acometimento das estruturas adjacentes e da extensão da lesão. O CN caracteriza-se como uma neoplasia sem ligação entre o tamanho do tumor e a presença de metástases linfonodais.

Ainda nos pacientes com CN avançado que receberam tratamento quimioterápico foi realizada uma investigação nas concentrações plasmáticas do DNA do EBV quando comparado com a do tumor primário por meio de PCR em tempo real e observou-se que a quantificação do DNA do EBV plasmática foi útil para monitorar pacientes com CN e predizer o resultado do tratamento.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Colunista Portal - Educação

por Colunista Portal - Educação

O Portal Educação possui uma equipe focada no trabalho de curadoria de conteúdo. Artigos em diversas áreas do conhecimento são produzidos e disponibilizados para profissionais, acadêmicos e interessados em adquirir conhecimento qualificado. O departamento de Conteúdo e Comunicação leva ao leitor informações de alto nível, recebidas e publicadas de colunistas externos e internos.

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93