Médico que praticar auto-hemoterapia pode ter registro cassado

Medicina

01/01/2008

Estudo do Conselho Federal de Medicina diz que técnica não tem validação científica.

Uso da terapia seria 'aventura irresponsável' para o CFM.

A prática da auto-hemoterapia não tem validação científica e não pode ser considerada medicina, segundo um parecer do CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgado nesta sexta-feira (7) e enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Médicos que utilizarem a técnica estão sujeitos a julgamento da entidade e podem ter seu registro cassado, declarou o órgão.

A auto-hemoterapia consiste na retirada do sangue do paciente e na reinjeção, na mesma hora, no músculo do braço ou das nádegas. Quem defende a técnica alega que o organismo vê o sangue reinjetado como um corpo estranho, estimulando o sistema de defesa do corpo, o que, para eles, poderia curar até o câncer e a Aids. O assunto chamou a atenção em abril desde ano, quando DVDs do médico carioca Luiz Moura defendendo a prática foram distribuídos pelo país.

Devido à polêmica, a Anvisa pediu um parecer ao Conselho Federal de Medicina, que destacou um de seus membros, Munir Massud, para avaliar todos os estudos já feitos sobre a auto-hemoterapia. O resultado indica que não há qualquer prova sobre a eficácia da técnica e sequer sobre sua segurança. De acordo com o vice-presidente do CFM, Roberto D'Ávila, as pesquisas feitas sobre o assunto não apresentam qualquer metodologia científica aceitável. "É puro achismo", afimou ele ao G1.

Para elaborar seu parecer, Massud analisou estudos da década de 1930 até hoje, publicados em diversas línguas, como inglês, francês, italiano, espanhol, russo, alemão, chinês e até polonês.

Com a avaliação, o CFM adotou a posição oficial de que a técnica não pode ser usada pelos médicos. "O uso dessa terapia é uma aventura irresponsável e o médico que fizer isso estará sujeito ao julgamento do seu conselho regional", disse D'Ávila.

O médico alerta que, além de não funcionar, a técnica pode ser muito arriscada. "Considero extremamente perigoso que a sociedade acredite nisso. Não sabemos quais podem ser as conseqüências", disse ele.

A Anvisa informou que analisará o parecer e depois decidirá sobre quais providências serão adotadas.

Marília Juste

Fonte: G1               07/12/2007

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