"Qualidade de vida de indivíduos com fibromialgia: poder de discriminação dos instrumentos de avaliação"

Medicina

01/01/2008

Tese de Livre Docência
Título original Qualidade de vida de indivíduos com fibromialgia: poder de discriminação dos instrumentos de avaliação.
Autor Marques, Amelia Pasqual
E-mail pasqual@usp.br
Unidade Faculdade de Medicina (FM)
Especialidade 
Banca Examinadora ¤ Andrade, Claudia Regina Furquim de
¤ Carvallo, Renata Mota Mamede de
¤ Ciampone, Maria Helena Trench
¤ Fonseca, Rosa Maria Godoy Serpa da
¤ Heloani, José Roberto Montes
 
Data da Defesa 06/12/2004
Palavras-chave ¤ avaliação
¤ Fibromialgia
¤ medição de dor
¤ Qualidade de vida
¤ questionários
 
Resumo Original
Fibromialgia é uma síndrome de dor difusa e crônica, caracterizada pela presença de pelo menos 11 dos 18 pontos anatomicamente específicos chamados de tender points, dolorosos à palpação. A dor difusa é o sintoma principal, podendo estar associada a rigidez, fadiga, distúrbio do sono, ansiedade, depressão, parestesia, dificuldade de memória, tontura, dor torácica, cefaléia crônica, dispnéia etc. Ao mesmo tempo que analisava a qualidade de vida de indivíduos com fibromialgia, este trabalho visou avaliar o poder de discriminação dos instrumentos utilizados para avaliar fibromiálgicos. A amostra foi composta por 482 indivíduos divididos em dois grupos: Grupo teste (GT), com 302 fibromiálgicos com idade média e desvio padrão 48,7 ± 10 anos; e Grupo controle (GC), composto por 180 saudáveis, com idade média e desvio padrão 49,1 ± 9,1. Os pacientes eram atendidos no Ambulatório de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e os participantes do GC, funcionários do mesmo hospital, bem como acompanhantes de pacientes. Do total, só nove indivíduos eram do sexo masculino: seis fibromiálgicos e três do grupo controle. Foram utilizados diferentes instrumentos de avaliação: Fibromyalgic Impact Questionnaire (FIQ) e Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF- 36), para estimar a qualidade de vida; Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), a ansiedade; Post Sleep Inventory (PSI), o sono; fita métrica, a flexibilidade; a Escala de Depressão de BECK, a depressão; a intensidade da dor foi estimada pelo Questionário de Dor McGill e escala analógica visual; e o dolorímetro mediu o limiar de dor nos tender points (gerando o índice TP). Para verificar o poder de discriminação dos instrumentos, as medições obtidas foram submetidas a análise descritiva pela comparação de percentis, análise inferencial, que incluiu o teste Qui-Quadrado da mediana, e cálculo de associação de Yule. Todos os instrumentos usados têm poder discriminatório entre os grupos, já que todos apresentaram o valor de p<0,05. Contudo, os que têm mais poder de discriminação são o IDATETraço e a aferição do limiar de dor nos tender points – pois seus respectivos valores da estatística de Yule estão fora do intervalo (-0,6;0,6) –, seguidos pelo VAS, FIQ e PSI. Quanto ao nível de dor, no GT, 75% dos sujeitos tiveram mais de 10 tender points positivos e, no GC, 19%; mas alguns valores foram muito elevados nos dois grupos, como o do tender point cervical (90,2% no GT e 68,9% no GC). Os achados indicam que sujeitos com fibromialgia, comparados a saudáveis, têm níveis mais altos de dor, ansiedade, depressão, menor flexibilidade e pior sono e qualidade de vida. Os instrumentos utilizados para avaliar os sintomas da fibromialgia têm bom poder discriminatório, destacando-se a dolorimetria, VAS, FIQ e IDATE-Traço. A elevada presença de tender points sensíveis no grupo controle faz supor que pontos dolorosos podem ser uma característica da população brasileira.
Título em Inglês Quallity of life in fibromyalgia patients: discrimination power of assessment instruments
Palavras-chave em Inglês ¤ Assessment
¤ Fibromyalgia
¤ Instruments
¤ Pain evaluation
¤ Quality of life
 
Resumo em Inglês
Fibromyalgia is a rheumatic syndrome characterised by diffuse and chronic muscle pain, and low pain threshold on at least 11 tender points (out of 18 over the body). Other associate symptoms may be sleep isturbance, morning stiffness, fatigue, anxiety, depression, paraesthesia, memory blanks, dizzyness, chest ache, chronic headache, dyspnea etc. While assessing subjects’ quality of life, this study aimed at evaluating the discriminating power of instruments used to assess fibromyalgia patients. The sample was made up by 482 subjects divided into Test Group (TG, 302 with fibromyalgia) and Control Group (CG, 180 healthy ones). Only 9 subjects were male: 6 patients and 3 healthy ones. TG subjects, averaging 48,7 ± 10 years old, were outpatients at the Rheumatology Clinic of the Hospital das Clinicas of the University of São Paulo (HCFMUSP); the control group, averaging 49,1 ± 9,1 years old, consisted of healthy volunteers chosen from the hospital staff and from people accompanying patients. Several instruments were used: Fibromyalgic Impact Questionnaire (FIQ) and Medical Outcomes Study 36- item Short-Form Health Survey (SF-36), to assess quality of life; STAI for anxiety; PSI for sleep; a ruler for flexibility; Beck’s Depression Inventory; and, to assess pain, the McGill Pain Questionnaire, the visual analogic scale (VAS), and an algometer to measure pain threshold on tender points (generating TP index). In order to assess instruments discriminating power, measures obtained were submitted to descriptive analysis through percentile comparison, inferential analysis using the Chi-square Test, and Yule’s association. Statistical significance was set at the 0.05 level. All instruments were found to show good discriminating power between the two groups (p<0.05). STAI-trait and tender point algometry show the highest discriminating power – since respective Yule’s test values are outside the interval [-0.6;0.6] –, followed by VAS, FIQ, and PSI. Yule’s test points to negative association for TP (-0,62), SF-36 (-0,11), and PSI (-0,58), and positive for the other instruments. As to pain level, 75% of GT subjects had over 10 positive tender points and GC ones, 19%; but some values were very high in both groups, like the cervical tender point (90,2% in GT and 68,9% in GC). Findings show that, as compared to healthy ones, subjects with fibromyalgia have higher levels of pain, anxiety, and depression, less body flexibility, and worse sleep and quality of life. All instruments revealed good discriminating power between the two groups, specially the STAI-Trait, algometry, VAS, and FIQ. The high presence of positive tender points among CG allows suggesting that painful points may be a characteristic of Brazilian population.

Fonte: Teses USP

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