Câncer de Estômago Associado a Infecção pelo H. pylori
O H. pylori é o principal fator de risco determinante na carcinogêneses gástrica
Medicina
19/11/2012
O câncer gástrico ( CG ) é uma das principais causas de óbito por câncer em ambos os sexos no Brasil e no mundo [1,2]. Atualmente, tem-se associado a infecção pelo Helicobacter pylori ( H. pylori ) como um importante fator de risco determinante para o desenvolvimento na carcinogênese gástrica [ 3 ]; embora a etiologia do câncer de estômago seja multifatorial, envolvendo fatores dietéticos e não dietéticos; com relação a alimentação caracteriza-se por elevada ingestão de sal e nitrato [ 4 ].
O desenvolvimento do CG, induzido pela infecção do H. pylori, compreende um processo contínuo e evolutivo a longo prazo, por meio de uma sequência de lesões pré-cancerosas e alterações histopatológica na mucosa gástrica, incluindo gastrite crônica até gastrite atrófica, metaplasia intestinal, displasia e neoplasia [ 5,6 ].
Isso decorre de um complexo processo de múltiplas variações envolvendo genética múltipla e alterações epigenéticas de oncogenes, supressores de tumor, genes de reparação, reguladores do ciclo celular e moléculas de sinalização [ 6 ].
H. pylori , é uma bactéria gram-negativa encontrado na superfície luminal do epitélio gástrico em processos infecciosos, são em forma de espiral com flagelos polares; foi isolado pela primeira vez por Warren e Marshall, em 1983 [ 7 ].
A colonização da mucosa gástrica por H. pylori ocorre geralmente na infância, com maior vulnerabilidade em crianças cujo padrão socioeconômico é precário, particularmente nos países em desenvolvimento [ 8 ].
Seu mecanismo de transmissão ainda não está totalmente claro; de grande importância prática as principais vias são oral-oral, oral-fecal e gastro-oral [ 9 ]. Devido a recorrência da infecção entre indivíduos de uma mesma família, a transmissão intrafamiliar têm sido atribuído como o modo predominante de contaminação [ 10 ].
Baseado em artigos da literatura, câncer gástrico ( CG ) é uma doença maligna do estomago cuja manifestação corresponde a um crescimento descontrolado das células e assim como outros tumores malignos possuem a capacidade de migrarem de seu local de origem, disseminando-se para sítios distantes; a maioria tem origem glandular sendo considerados adenocarcinomas [ 11 ].
Tradicionalmente o CG é dividido em dois tipos histológicos principais, o tipo intestinal e o tipo difuso, de acordo com a classificação de Lauren ( Lauren, P.; 1965 ), consiste em uma classificação de base morfológica; dividindo os carcinomas gástricos em tipo intestinal e tipo difuso. A infecção com H. Pylori está relacionada à ambos os tipos de carcinoma; outras classificações podem ser caracterizadas a fim de ajudar no prognóstico dos diferentes tipos de tumor e deverá ter relação com a histogênese e, se possível, com a etiologia dos diferentes tipos de tumor [ 12 ].
Dados atuais indicam que a erradicação do H. pylori em indivíduos infectados e sem apresentação de lesões pré-cancerosas, resulta em diminuir significativamente o risco de CG [ 1 ]. O tratamento de primeira linha de acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia-FBG ( Abril, 2012 ) segue um esquema terapêutico baseado nas recomendações dos consensos ( Espanha, 2005; Brasil, 2005; Itália, 2007; AGA, 2007; Maastricht, 2007; China, 2008; Ásia-Pacífico, 2009 ), considera a tríplice terapia como sendo um esquema padrão; com o uso de um agente inibidor da bomba de prótons-IBP e mais dois agentes antimicrobianos.
No entanto, ao longo do tempo a bactéria adquiriu resistência a algumas classes de antibióticos como, por exemplo, a claritromicina, o metronidazol e a amoxicilina considerados os mais importantes na terapia de erradicação [ 13,14 ]. À luz da evidência científica, este trabalho tem por objetivo compreender a patologia do câncer de estomago associada a infecção pelo Helicobacter pylori, bem como os seus mecanismos de transmissão, prevenção, erradicação e diagnóstico.
Referências Bibliográficas
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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.
por Itamar José Moreira
Farmacêutico; possui graduação em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Nove de Julho - UNINOVE. Pós-graduado em Farmácia Clínica em Oncologia pela Universidade Estácio de Sá - UNESA.
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