Trabalho Radiográfico Consciente do Operador de Raios-X

As mãos de Clarence Dally
As mãos de Clarence Dally

Medicina

06/11/2012

Desde o descobrimento dos raios-x, o uso indevido vem causando um mal e que ainda mais passou a ser um tabu nos consultórios radiológicos. Quando o Prof. Roentgen fez a primeira radiografia da mão de sua esposa Dna. Bertha abriu a porta do uso das radiações-x (Raios-x Roentegen) que logo após foi usado também na odontologia. Em dezembro de 1895, 14 dias após a descoberta dos "Raios X", o Dr. OTTO WALKHOFF (Braunschweig) realizou a primeira radiografia dentária, de sua própria cavidade bucal, utilizando ainda uma placa fotográfica de vidro, envolta em papel preto.

Em 12 de março de 1896, a revista NATURE publicava anúncio, de um fabricante de Edinburgo, oferecendo conjuntos completos para amadores e profissionais que desejassem produzir radiografias. O anúncio menciona que um dos conjuntos permite obter a sombra dos ossos da mão após longa exposição; um conjunto mais caro permitia obter a mesma coisa com uma exposição de 30 minutos. Alguns milionários compravam esses aparelhos e colocavam em suas festas para que as pessoas visualizassem as suas partes expostas aos raios. Apesar de tudo que se passou, não tardou a se apresentar o espírito satírico da época, apresentando os raios - x como método terrível, o qual poderia ser visto através das paredes, portanto desapareceria a vida privada definitivamente, argumentos como estes foram veementemente sustentados por revista francesa, inglesa e norte americana, como que se fosse trocado os refletores do palco de um teatro, os artista se apresentariam nus ou mesmo somente seus esqueletos e o espetáculo se tornaria em uma dança macabra, de funesta consequência sobre a moral publica.

Em fevereiro de 1896, em Nova Jersey nos Estados Unidos chegou - se a ponto de emitir uma lei, proibindo o uso dos raios -x no interior de teatros. Mas ao se findar o ano de 1986 todos os rumores e sátiras a respeito dos raios - x haviam desaparecido e os raios ficaram incorporados ao acervo cientifico, como mais uma conquista da ciência posta ao serviço da humanidade. Em 25 de março de 1896, Edison obteria a licença para a produção comercial do aparelho e pouco tempo depois um "Thomas A. Edison X-ray kit" estava a venda no mercado. Em maio do mesmo ano ele exibiu o aparelho em uma exposição promovida pela "Electric Light Association" em Nova Iorque e posteriormente no resto do país; durante a exibição o público podia expor partes de seus corpos a radiação, e vê-los projetados na tela fluorescente.

Nestes primeiros dias não eram conhecidos os danos que a exposição aos raios X, sem controle, poderia trazer para a saúde. Logo, porém, se descobriria que a nova radiação não deveria ser tratada como algo inofensivo. Começava aqui um sistema de segurança contra a radiação ainda pouco conhecida. Os raios X passaram a ser utilizados não apenas com finalidades de diagnóstico, uma prática que viria a se tornar corriqueira em medicina e odontologia, mas também de terapia. Sessões de raios X eram recomendadas para cancerosos, tuberculosos e pacientes com inflamações dolorosas. Em alguns casos, a prescrição parecia funcionar, ainda que ninguém soubesse como; em outras situações o "remédio" teve efeitos piores que a doença. Em dezembro de 1896 o médico vienense Leopold Freund, pioneiro no uso sistemático de raios X para tratamentos, submeteu sua primeira paciente, uma menina de 5 anos, a duas horas diárias de exposição durante 16 dias, para a remoção de uma verruga com pelos de suas costas.

Após 12 dias os pelos começaram a cair e toda a região ficou intensamente inflamada, levando um longo tempo para voltar ao normal. Após esta experiência o médico passou a limitar suas sessões a 10 minutos de exposição, comentando secamente que "o acidente estava pleno de ensinamentos". Um dos primeiros casos registrados de danos físicos causados por raios X ocorreu com Clarence Dally, que era assistente de Edison. O inventor dedicava-se ao desenvolvimento de uma lâmpada que funcionaria por meio da produção de raios X dentro de um tubo de vidro recoberto por material luminescente, que passaria a brilhar quando atingido pela radiação. Clarence Dally, que fazia parte de um grupo de sopradores de vidro, já havia auxiliado na produção do fluoroscópio e trabalhava no novo projeto. Segundo Edison: "Eu comecei a fazer um número destas lâmpadas, mas logo percebi que os raios X afetaram venenosamente o meu assistente, Mr. Dally, de tal forma que seu cabelo caiu e sua carne começou a ulcerar. Conclui então que não daria certo, e que este tipo de luz não seria muito popular, de modo que parei". Apesar disso Dally continuou a trabalhar com raios X até 1898. As ulcerações transformaram-se em câncer, e ele veio a falecer em 1904 com 39 anos de idade, tendo antes se submetido a várias cirurgias, incluindo amputações dos membros superiores. Ao final de 1896, 23 casos de danos severos causados por raios X haviam sido registrados em revistas científicas. Mesmo assim, o entusiasmo pela nova tecnologia fez com que muitos atribuíssem os danos a outras causas (eletricidade, ozônio, equipamento defeituoso) que não aos próprios raios X.

Portanto o uso indiscriminado dos raios-x, criou vários mártires, como Edmund Kells que teve três dedos amputados, Clarence Dally, perdeu várias partes do seu corpo, aqui no Brasil, Álvaro Alvim faleceu, após a amputação das duas mãos devido a lesões causadas pela exposição às radiações, Jose Carlos Ferreira Pires, perdeu parte de seu rosto, mais precisamente o nariz devido a uma dermite nasal. Em 1902 foi observado o primeiro caso de câncer radio induzido na pele de um fabricante de tubos de raios X. Nos anos seguintes muitas descrições semelhantes foram relatadas na literatura médica, de modo que, em 1922, cerca de 100 médicos radiologistas eram considerados falecidos em consequência de ficarem expostos a elevadas de doses de radiação. Portanto podemos ver que esses mártires com o uso indiscriminado dos raios-x, vieram a contribuir com o mito de que raios-x é um vilão em potencial. As técnicas radiográficas usadas no inicio e até a pouco tempo, eram feitas com baixo valor de kilovolts e milamperagem, mas com um tempo bastante longo.

Os kilovolts baixo eram totalmente absorvidos pelo órgão radiografado e o tempo de exposição bastante longo, gerava uma taxa de radiação também alta. Hoje os aparelhos com suas capacidades altas, os filmes e écran de alta eficiência permitem técnicas radiográficas com menores taxas de radiação e se tornaram mais seguros aos pacientes e operadores. As Normas Regulamentadoras, que obriga a manter os aparelhos com seus parâmetros dentro do valor real, evitando erros nas técnicas radiográficas, ou repetições desnecessárias. A obrigatoriedade de cursos de aperfeiçoamento dado aos operadores dos aparelhos, novos conhecimentos sobre proteção e uso de equipamentos de proteção, faz com que essas taxas realmente sejam reduzidas. Bom! Surgiu o aparelho digital em sua versão de CR (radiografia computadorizada) e o DR (radiografia digital) e assim começou vários problemas dentro do consultório os quais quase que inconscientemente o técnico passa a aumentar a dose do paciente, sua e um desgaste maior do aparelho.

Taxas de Repetição em Radiografia digital e estratégia para a sua melhoria. Objetivos: determinar a taxa de repetição (RR) de radiografias adquiridas com sistema de radiografia computadorizada (CR) e sistema de radiografia direta (DR), desenvolver e avaliar estratégias para diminuir a (RR) Repetição Radiográfica. Materiais e Métodos: A RR e as razões para repetição das radiografias digitais, foram documentadas em um tempo maior que 6 meses, enquanto um estudo com radiologista, supervisor, técnicos, continuaram a analisar o fluxo de trabalho para as causas subjacentes. Intervenções decrescentes os RR foram concebidos e implementados Conclusões: Encontramos o RR de radiografia digital direta, ser significativamente maior do que o de radiografia computadorizada indireta. Acreditamos que isto é devido ao caso das imagens repetidas que podem ser obtidas e descartadas sem a supervisão do médico responsável técnico e isto sugere a necessidade de vigilância contínua do RR. Fomos capazes de demonstrar que as estratégias para reduzir a RR, que tinha sido desenvolvido na era da película baseada em imagem, pode ser adaptado para o ambiente digital. Com base nos nossos resultados, nós encorajamos os radiologistas para avaliar suas próprias RRs departamentais para radiografia digital e considerar intervenções semelhantes se necessário para alcançar RRs aceitáveis para esta modalidade. Portanto palestras para conscientizar os técnicos e operadores dos aparelhos para evitar essa pratica, pois estará ele causando um aumento na taxa de dose do paciente assim como desgastes do aparelho e perda de tempo dentro do consultório radiográfico. Para que esse método possa se tornar eficaz alguns itens devem ser usados e observados. Lembrete visual de boas práticas publicado em todas as unidades de aquisição. Use marcadores iniciais de chumbo e só "L" Remova fios e fechos fora do caminho ou todo e qualquer material que venha a prejudicar a radiografia. Posição se em supina ou em pé, mas não "semiereto" • Use 100 cm. como distância para supina, e 1,50 cm.

Para a imagem na vertical ou em pé. Aponte feixe, raio diretor (RD) no meio da área a ser radiografada. Colimar a imagem em sua área menor possível. Verificar com o responsável por técnicas radiográficas / radiologista se não tiver certeza de se repetir ou não a radiografia. Anotar se a repetição foi necessária e seu motivo. Acreditamos que o uso dessa pratica ira melhorar as radiografias, assim como reduzir a taxa de repetição e radiação desnecessária no paciente. Devemos mais uma vez lembrar que o técnico em radiografia trabalhando dentro da área de saúde está intimamente sujeito a IATROGENIA e suas consequências.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Mac Antonio Camargo Silva

por Mac Antonio Camargo Silva

Técnico em eletrônica, Técnico em eletromedicina, Técnico em radiologia geral, Gestor em Administração e Informatica, proprietário de uma Firma de aparelhos Eletro-médicos e Raios-x, professor de Radiologia em escola técnica .

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