Perigos da Dieta Rica em Proteína e em Gordura e Pobre em Carboidratos

Alimentos com elevado teor de proteína e de gordura
Alimentos com elevado teor de proteína e de gordura

Medicina

11/10/2012

Perigos da dieta rica em proteína e em gordura e pobre em carboidratos para redução de peso As dietas ricas em proteína são relacionadas com uma maior perda de peso em curto prazo. É fato que o aumento da ingestão de proteínas leva a um aumento da termogênese induzida pela dieta, aumentando consequentemente o gasto energético e levando à redução de peso.

Acrescente-se a isso o fato de que a elevação do nível de aminoácidos plasmáticos atua sobre o centro da saciedade, resultando na redução do apetite. No entanto, parte do peso perdido, sobretudo no início da dieta, provém da perda de água e não da gordura propriamente dita. Além disso, é necessário aliar exercícios de resistência à dieta rica em proteínas (porém não em gorduras) para ganhar musculatura e emagrecer.

A dieta para redução ponderal, que consiste em elevada quantidade de proteínas e de gorduras e baixo teor de carboidratos, se encontra bastante difundido atualmente. Este tipo de estratégia, entretanto, conta com o inconveniente de possuir maior quantidade de lipídeos (gordura) advindos das proteínas de origem animal que podem levar a efeitos deletérios a médio ou longo prazo a se saber:
Hiperlipidemia: por ser uma dieta rica em gordura animal (ovos, leite, carnes) possui maior quantidade de colesterol e de gordura saturada, o que consiste em fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

O excesso de ácidos graxos circulantes aumenta a formação de corpos cetônicos. Uma dieta cetogênica pode levar à acidose metabólica, natriúria (eliminação de sódio na urina) elevada e desidratação. Além disso, o aumento de ácidos graxos pode aumentar a concentração circulante de ácido úrico, podendo ocasionar gota.

Por ser uma dieta hipoglicídica (baixo conteúdo de carboidratos) ocorrem prejuízos das funções cognitivas (nervosismo, fadiga mental, frustração, diminuição no desempenho do trabalho) além de correr o risco de levar ao consumo de carboidratos simples (que são realmente os vilões das dietas) pela baixa concentração de triptofano (precursor da serotonina envolvida na regulação das emoções, do humor) no sistema nervoso central.

Há risco de hipovitaminose, principalmente vitamina C, devido ao baixo consumo de vegetais e frutas.

O aumento de gorduras saturadas pode aumentar o risco de cálculos biliares e até mesmo de câncer.

É difícil manter essa dieta por um longo período, sendo assim as pessoas a abandonam.

Dietas hiperprotéicas sem a devida orientação podem levar a uma perda maior de cálcio na urina o que pode contribuir para o desenvolvimento de osteopenia/osteoporose.

Dietas hiperprotéicas de fontes diferentes levam à diminuição global da absorção de proteínas (competitividade pelo sítio de absorção) e podem levar à desnutrição por perda de massa magra.

Há um aumento da sobrecarga renal pela maior excreção de ureia, o que pode ser extremante prejudicial em indivíduos que já apresentam algum grau de falência renal. A qualidade das proteínas ingeridas também interfere na função renal. Proteínas vegetais têm uma menor sobrecarga renal que as proteínas de origem animal.

Conclusão
Vários estudos indicam que não há uma diferença significante entre a alta ingestão de carboidrato ou de proteína em dietas hipocalóricas e posteriormente em dietas para manutenção do peso, em indivíduos com sobrepeso ou obesos, a curto e longo prazo. O que realmente levaria ao objetivo final seria a quantidade e não a qualidade das calorias ingeridas.

Apesar de possuírem alguns benefícios como o controle dos níveis glicêmicos, melhora da resistência insulínica (que são comuns em indivíduos obesos) e um aumento de ganho de massa muscular (se associado a exercícios de resistência), esse tipo de estratégia deve estar em conjunto com atividade física regular, consumo regular de fibras oriundas de fontes vegetais (frutas e verduras), e na qualidade de proteínas e de gorduras, onde as proteínas e gorduras oriundas de fontes vegetais apresentam menor risco de sobrecarga renal e aparecimento de doenças cardiovasculares.

A melhor estratégia para diminuição do risco de doenças crônicas, tratamento da obesidade ou mesmo de ganho de massa muscular em indivíduos saudáveis deve ser avaliada caso a caso e juntamente com um profissional habilitado.

Referências
1. Brinkworth GD, Noakes M, Keogh JB, Luscombe ND, GA Wittert, Clifton PM. Long-term effects of a high-protein, low-carbohydrate diet on weight control and cardiovascular risk markers in obese hyperinsulinemic subjects. Int J Obes, 2004; 2: 661-70. 2. Foster GD, Wyatt HR, Hill JO, McGuckin BG, Brill C, Mohammed BS et al. A randomized trial of a low-carbohydrate diet for obesity. N Engl J Med, 2003; 348:2082-90. 3. Paiva, ACP, Alfenas RCG, Bressan J. Efeitos da alta ingestão diária de proteínas no metabolismo, Rev Bras Nutr Clin, 2007; 22(1):83-8. 4. Pedrosa RG, Donato J, Tirapegui, J. Dieta rica em proteína na redução do peso corporal. Rev. Nutr., 2009; 22(1):105-11. 5. Samaha FF, Iqbal N, Seshadri P, Chicano KL, Daily DA, McGrory J et al. A low-carbohydrate as compared with a low fat diet in severe obesity. N Engl J Med, 2003; 48: 2074-81. 6. World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases: report of a joint WHO/FAO expert consultation, 2003; 916.

Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Portal Educação.


Thaís Policário Chagas Stoco

por Thaís Policário Chagas Stoco

Formada em Medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo Médica com título de especialista em Nutrologia pela ABRAN/AMB Membro da Associação Brasileira de Nutrologia - ABRAN Pós graduanda em Base Nutricionais da Atividade Física - Universidade Gama Filho

Portal Educação

UOL CURSOS TECNOLOGIA EDUCACIONAL LTDA, com sede na cidade de São Paulo, SP, na Alameda Barão de Limeira, 425, 7º andar - Santa Cecília CEP 01202-001 CNPJ: 17.543.049/0001-93