26/09/2012
Enfermagem no Transplante Com Doador Vivo
A enfermagem exerce fundamental papel no transplante desempenhando ações em todas as esferas descritas a seguir.
Cuidados de Enfermagem no Pré-Operatório
A equipe de enfermagem é responsável pela coleta, de exames de sorologia e pré-operatórios, e encaminhamento do material para análise laboratorial. Além disso, deve providenciar para que haja reserva de sangue para a cirurgia.
A realização da prova cruzada não deve ser esquecida (teste imunológico). Esse teste é o mais importante no pré-operatório e define a presença de anticorpos pré-formados do receptor contra os antígenos do doador. O transplante só será realizado se o resultado do teste for negativo.
Cabe ainda a equipe de enfermagem providenciar reservas no centro cirúrgico e na unidade de terapia intensiva. Deve ser feita ainda uma análise da arteriografia renal do doador (quando doador vivo) para determinar qual dos órgãos será removido. Essa análise é uma importante ação da equipe de enfermagem a fim de detectar possíveis equívocos que possam levar a retirada do rim diferente do doador.
O jejum por oito horas antes da cirurgia deve ser garantido pela equipe de enfermagem tanto do receptor quanto do doador. No caso de doador vivo, este deve ser hidratado por via parenteral com aproximadamente com dois litros de solução salina durante a noite antecedente a cirurgia.
Cuidados de Enfermagem no Operatório
No doador: após a anestesia geral, realiza-se anti-sepsia da pele da região abdominal e genital com solução anti-séptica degermante e cateterismo vesical com sonda Folley que permanecerá instalada por 24 horas. Logo após, prepara-se o paciente posicionando-o em decúbito lateral, mantendo elevado lateral do corpo onde será realizada a retirada do rim (nefrectomia).
No receptor: realiza-se também a degermação da pele e cateterização vesical com sonda Folley de três vias para irrigação após a cirurgia, e será mantida por quatro dias. O posicionamento do receptor será decúbito dorsal, já que o enxerto será posicionado na fossa ilíaca.
Após a realização da nefrectomia no doador, ocorre o início da perfusão renal que deve ser realizada com 500 mL de solução de preservação de órgãos a 4°C. A perfusão ocorre em mesa auxiliar numa altura de 60cm, até que seja observada a drenagem pela veia renal. Assim ocorre o preparo do órgão para implante no receptor. Esse período entre a perfusão do órgão e a anastomoses vasculares chama-se isquemia fria.
Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório
Os cuidados de enfermagem no pós-operatório imediato, com o doador, são:
- Lavagem das mãos sempre, antes e após prestar assistência ao paciente;
- Manutenção do jejum oral;
- Elevação da cabeceira da cama a 30°;
- Manutenção do repouso absoluto no leito;
- Controle dos sinais vitais e diurese horária nas primeiras 12 horas e a cada 2 horas nas 12 horas seguintes;
- Manutenção da hidratação venosa;
- Manutenção da perfusão na sonda vesical;
- Realização de controle hídrico;
- Troca de curativo da incisão cirúrgica, caso haja necessidade ;
- Sedação e antibioticoterapia segundo prescrição médica.
Após 24 horas:
- Oferecer dieta leve e observar aceitação;
- Pesar o paciente;
- Retirar a sonda vesical e o acesso venoso;
- Auxiliar no banho de aspersão;
- Retirar o curativo da incisão cirúrgica;
- Observar débito urinário;
- Controlar sinais vitais;
- Observar o funcionamento intestinal.
Deve ser dada orientação ao paciente e seus familiares quanto aos cuidados pós-cirúrgicos, a observação dos sinais e sintomas de infecção e a que serviços recorrer no caso de complicação. A alta hospitalar é programada para o dia seguinte.
A assistência de enfermagem ao receptor tem por objetivo evitar as intercorrências ligadas à instabilidade hemodinâmica e a necessidade de reposição parenteral em grande quantidade. As ações de enfermagem são:
- Lavagem das mãos sempre, antes e após prestar assistência ao paciente;
- Elevação da cabeceira da cama a 30° ;
- Manutenção do repouso absoluto no leito por 24 horas;
- Monitorização cardíaca;
- Observação do nível de consciência, alterações respiratórias, cianose de extremidades e hipotermia;
- Controle dos sinais vitais e diurese horária;
- Garantir oxigenação;
- Reposição da hidratação volêmica com Soro Fisiológico 0,9% alternando com Soro Glicosado 5% monitorado pela bomba infusora, não excedendo 500mL/hora;
- Verificação da glicemia capilar a cada 2 horas;
- Manutenção da perfusão na sonda vesical; iniciar irrigação vesical se for observada hematúria;
- Controle de debito urinário;
- Controle hídrico rigoroso;
- Observar sangramento na incisão cirúrgica, realizando a troca de curativo caso haja necessidade ;
- Sedação e antibioticoterapia segundo prescrição médica;
- Observar sinais e sintomas de infecção e possível rejeição do enxerto .
A característica predominante da rejeição crônica é a alteração vascular oclusiva, que causa isquemia do tecido do rim. Ao exame histológico é possível notar alterações em diferentes regiões:
Complicações Tardias
Inúmeras complicações podem surgir ou evoluir de maneira tardia em pacientes que foram submetidos a transplantes renal. Elas estão associadas a fatores próprios do enxerto (rejeição crônica) e do paciente.
- Doença cardiovascular: representa uma importante causa de morbi-mortalidade em paciente transplantados devido a complicações cardiovasculares influenciadas por doenças pré-existentes como hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito e doença vascular;
- Dislipidemias: possui prevalência elevada, englobando cerca de 80% dos pacientes transplantados, em geral surge de maneira precoce e segue durante toda a sobrevida do enxerto. Atribui-se aos corticosteróides e à ciclosporina a responsabilidade pelo surgimento da dislipidemia, pois induzem o aumento da produção hepática de lipoproteínas e triglicerídeos, além de diminuírem o catabolismo de partículas periféricas;
- Doença hepática: ocorre principalmente por toxicidade de drogas ou infecções por vírus hepatotrópicos e constitui uma complicação importante pós-transplante;
- Neoplasias: sua incidência acomete cerca de 5% dos pacientes pós-transplante; os fatores de risco estão relacionados a terapia imunossupressora e são: exposição ao sol, raça branca, idade avançada e sexo masculino; observa-se maior incidência de neoplasias nos lábios, linfomas, carcinoma de cérvice uterina e sarcoma de Kaposi. O prognóstico, em geral, é ruim, e o principal tratamento é a excisão cirúrgica;
- Diabetes melito: o surgimento do diabetes melito pós-transplante é verificado em cerca de 20% dos pacientes sendo a hiperglicemia assintomática a forma mais comum de apresentação da doença; acredita-se que muito dessas variações ocorrem em função da terapia imunossupressora, em especial os corticosteróides que atuam reduzindo o número e a afinidade dos receptores de insulina, o que causa uma resistência periferia à sua ação; o tratamento consiste basicamente em dieta, podendo, mais raramente, haver necessidade do uso de insulina e, de modo geral, sendo utilizado hipoglicemiantes orais;
- Disfunção renal tardia: pode ocorrer eventualmente e envolve causas:
- Vasculares: estenose de artéria renal;
- Obstrutivas: obstrução no trato urinário;
- Nefropatias:doença crônica do enxerto;
- Glomerulopatias: a recorrência de glomerulopatias primárias ou secundárias. Neste caso, deve-se considerar a possibilidade de rejeição aguda tardia do enxerto devido a falhas na terapia de imunossupressão por não-adesão do paciente; esta representa uma importante causa de perda do enxerto, principalmente, em pacientes jovens de baixo padrão socioeconômico;
- Infecciosas: pielonefrite; uso de agentes nefrotóxicos como contraste ou fármacos.
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